Polícia apreende 41 cavalo do ex-deputado federal Valdevan Noventa

41 cavalos da coudelaria de propriedade de Valdevan Noventa, ex-deputado federal e presidente licenciado do Sindmotoristas, foram apreendidos pela Polícia de São Paulo.

O ex-deputado Valdevan está entre os alvos da operação contra diretores do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas) suspeitos de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, direitos ou valores e organização criminosa.

A Coudelaria está localizada em Sergipe, no município de Arauá. A polícia disse que os cavalos são de raça pura, não possuem documentação e um deles pode valer R$ 2 milhões. A transferência de animais para a cavalaria da PM será solicitada à Justiça.

A defesa de Valdevan disse que ele tem apenas 5 cavalos e os demais são de criadores locais.

Operação

Na sexta-feira (12) a Polícia Civil realizou uma operação de busca e apreensão em nove endereços em São Paulo e Sergipe. Cinco dos endereços visitados estão ligados a Valdevan.

De acordo com a investigação, o grupo é suspeito de movimentar R$ 20 milhões por ano em recursos indevidos recebidos a título de propina. O dinheiro seria desviado de subsídios pagos pela Prefeitura de São Paulo a empresas de ônibus. Crimes como ameaças, extorsão e peculato também são investigados. Pelo menos 17 pessoas estariam envolvidas no esquema criminoso.

Ainda segundo a polícia, a diretoria do SindMotoristas pressionou trabalhadores e empresas de ônibus, obrigando as empresas a contratarem prestadores de serviços que repassariam propina para a diretoria sindical. Os trabalhadores foram obrigados a permanecer sindicalizados.

Vandevan também é suspeito de enriquecimento político, segundo a investigação, cerca de R$ 29 milhões de seu patrimônio são provenientes de extorsão de trabalhadores e empresas durante sua atuação no sindicato.

O SP2 teve acesso a documentos que fazem parte da investigação. Em uma das denúncias, há informações de que Valdevan “coleciona antecedentes criminais”, incluindo “roubo e estupro” e “o assassinato do sindicalista Severino Teotônio do Nascimento”, que trabalhava para o Sindicato dos Motoristas e Catadores de Ônibus de São Paulo.

Ainda de acordo com esses documentos, em 2013, durante a eleição para presidente do sindicato, Valdevan e os demais integrantes da chapa eleitoral agrediram adversários políticos com arma de fogo.

Apesar de licenciado, Valdevan Noventa teve participação ativa no sindicato. Inclusive, participou das negociações das últimas greves da categoria com o poder público. Em 14 de junho, o deputado cassado chegou a assinar um acordo para suspender o movimento junto com o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, juntamente com Valmir Santana da Paz, atual presidente do sindicato.

Investigação

A Justiça determinou o cumprimento de pelo menos dez mandados de busca e apreensão em endereços de dirigentes do SindMotoristas na capital paulista, Grande São Paulo, Baixada Santista e Arauá, em Sergipe. A ação, denominada Operação Chapelier, foi realizada pela 1ª Delegacia Seccional Central. Não houve prisões.

“Temos indícios nos autos de que se trata de uma organização criminosa armada, em que são utilizadas ameaças, essa diretoria do SindMotoristas estaria ligada a uma facção criminosa, isso acaba constrangendo empresas e testemunhas que querem se opor a esse esquema criminoso”, diz Roberto Monteiro, delegado de caso.

Ainda de acordo com o delegado, Valdevan também obrigou os sindicalistas a contratarem planos de saúde de empresas, que foram repassados ​​como propina para ele e outros diretores.

Valdevan Noventa

Valdevan Noventa é presidente licenciado do Sind Motoristas em São Paulo. Seu mandato como parlamentar foi cassado pela Justiça Eleitoral de Sergipe em maio de 2020. Ele foi condenado por receber e arrecadar fundos ilícitos de origem não identificada. Em março de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve a decisão por unanimidade.

Valdevan é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em junho deste ano, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou o impeachment do deputado Bolsonaro por entender que o Tribunal Superior Eleitoral inovou em relação ao entendimento das regras vigentes para impeachment de político.

Mas, no mesmo mês, a Segunda Turma do STF decidiu por maioria anular a decisão individual do ministro Nunes Marques e manteve a perda do cargo de Valdevan.

procurado por g1 Para comentar o assunto, Valdevan disse que está sendo perseguido pelo governo por ter realizado greves recentes de motoristas de ônibus na capital paulista e que a polícia não encontrou nada de ilegal nas buscas realizadas em suas residências.

“Não passa de uma grande perseguição montada pelo poder público da cidade de São Paulo”, disse Valdevan.

“Invade minha casa pela segunda vez e não encontra nada. Se encontrou canetas. Canetas que uso… valor supérfluo”.

Sinddrivers

Por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa, o Sindmotoristas informou que o sindicato se coloca à disposição das autoridades para colaborar com a investigação da Polícia Civil.

“A assessoria de imprensa do Sindmotoristas esclarece que a entidade respeita e se coloca à disposição das autoridades para quaisquer atos que se façam necessários à investigação policial. Informa ainda que sua diretoria foi surpreendida com a notícia da operação e que seu departamento jurídico está acompanhando o caso.

Preliminarmente, a entidade esclarece que se trata de apontamentos de possíveis indícios de uma investigação AINDA EM ANDAMENTO, a qual nem os investigados e seus advogados tiveram acesso. Portanto, tais respostas serão oportunamente apresentadas aos autos e aos veículos de comunicação.

Por fim, é importante destacar que o Sindmotoristas é um dos sindicatos mais atuantes e comprometidos com a classe trabalhadora do país. E no que diz respeito à transparência, a entidade tem todas as contas aprovadas em assembleias e por unanimidade de toda a categoria, eventos que têm ampla divulgação e cobertura da imprensa”, informa nota enviada pela comunicação do sindicato.