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Os estoques de café certificado podem chegar a zero?

Brasil busca melhorar safra do café

Foto: Divulgação

A queda constante dos estoques de café arábica certificado tem se somado às dúvidas sobre a produção brasileira para sustentar os preços.

Atualmente, o contexto da conjuntura econômica mundial tem se mostrado bastante complexo para o mercado, que além de ainda lutar para se recuperar das interrupções logísticas causadas pela pandemia de Covid-19, tem enfrentado a forte aceleração da inflação e o medo de uma recessão na economia. economia global. O contexto turbulento tende a atuar em baixa nos preços do café, aumentando a aversão ao risco e reduzindo o apetite dos investidores por ativos de risco – como o café – e por um possível impacto no crescimento do consumo da bebida.

No entanto, a constante queda nos estoques de café arábica certificado tem se somado às dúvidas sobre a produção brasileira para sustentar os preços acima de US¢ 200,00/lb. Em 2022, o contrato de café arábica mais líquido oscilou até o final de julho entre US¢ 195,30/lb e US¢ 258,45/lb, com valor médio de US¢ 227,60/lb no período. Esse valor é significativamente superior às médias de 2020 e 2021, por exemplo, que foram de US¢ 112,05/lb e US¢ 169,26/lb, respectivamente.

Estoques de café arábica certificados na ICE NY (mil sacas)

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Este ano, os estoques certificados pela ICE em Nova York caíram de aproximadamente 1,5 milhão de sacas para cerca de 700.000 sacas, uma queda acentuada de 837.000 sacas, ou 54,5% em volume. Se considerarmos a partir do momento em que os estoques iniciaram sua queda acentuada, em meados de setembro de 2021, quando os armazéns da ICE tinham mais de 2,1 milhões de sacas, a queda observada é de mais de 1,4 milhão de sacas. sacos, ou 67,6%.

Após a redução no mês de julho, os estoques voltaram a suas mínimas em quase 23 anos, atingindo níveis não registrados desde 1999. em meio a esse cenário, uma pergunta que vem sendo feita pelos agentes é até onde esses cafés podem voltar, e se podem repetir o que aconteceu há mais de duas décadas.

Evolução das principais origens dos estoques de café certificado na ICE NY (mil sacas)

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Assim, vale lembrar como funciona a dinâmica das ações certificadas e qual o impacto delas no mercado. Em um primeiro momento, é preciso entender o que despertaria o interesse de um agente comercial em certificar seu café em bolsa. Uma empresa exportadora de café, por exemplo, que tem contratos vendidos na bolsa de Nova York, geralmente tem duas opções para comercializar o café, exportando-o em formato FOB (Free On Board), formato CIF (Cost Insurance & Freight) ou certificando-o na mochila. Naturalmente, os agentes procuram fazer o negócio que lhes trará mais lucro.

No caso da ICE New York, a bolsa tem regras para certificar, que podem aplicar um prêmio ou desconto sobre o valor cotado na bolsa pelos cafés enviados, dependendo da origem daquele produto, conforme pode ser visto na tabela 1 .

No caso do Brasil, o câmbio aplica um desconto de 600 pontos, ou US₵ -6,00/lb para cafés originários do país. Por exemplo, se um exportador brasileiro deseja certificar seu café na bolsa de valores em um determinado momento, e o café está cotado a US₵ 200/lb, a bolsa pagará o preço de cotação após aplicar o desconto de US₵ -6,00/ Libra. lb, ou seja, US₵ 194/lb. Para isso, portanto, para que a certificação em bolsa se torne interessante, os exportadores precisam adquirir seu produto no mercado interno a um preço que faça sentido financeiro.

O preço pago para originar o café precisa ser significativamente menor do que o observado na bolsa, para compensar os US₵ -6,00/lb descontados pela ICE, além de todos os custos logísticos para levar o café ao certificado armazéns do ICE. saco, que são suportados pelo vendedor. Além disso, vale ressaltar que o intercâmbio exige um padrão específico para certificação, possuindo um custo elevado, exigindo processos de processamento para atingir o padrão de certificação no intercâmbio. De acordo com as regras do câmbio, estes são os padrões mínimos para entrega sob o Contrato Futuro de Café “C” na ICE/NY:

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Focando agora nos principais fornecedores de café para a bolsa, Brasil e Honduras. Para o caso brasileiro, historicamente, o breakeven, ou seja, o diferencial entre as cotações domésticas e de ações para que a certificação de um café se tornasse atraente, costumava ficar em torno de US₵ -14/lb, em um cálculo que considera os descontos que ser aplicado pela troca por café brasileiro (US₵ -6,00/lb) e os encargos logísticos para a realização da entrega, estimados até então em US₵ -8,00/lb. Para o café hondurenho, não há desconto imposto pelo câmbio, e os custos logísticos para certificação ficaram em torno de US₵ -4,00/lb.

No entanto, a realidade desde meados de 2021 tem sido bem diferente. Devido aos graves gargalos logísticos causados ​​pela pandemia, o custo do frete para exportação disparou. Neste contexto, os spreads de equilíbrio caíram para níveis significativamente mais baixos. A StoneX estima que o atual ponto de equilíbrio para a certificação ICE de um café brasileiro está em torno de US₵ -33/lb (FOB), e pode ser ainda menor.

Lembrando que o spread de um café FOB no padrão Semi Washed NY 2/3 FC 14/16 – que não é exatamente o padrão exigido pela bolsa, mas está próximo – foi visto em meados de julho a US₵+3 , 00/lb, é muito improvável que cafés de origem brasileira sejam certificados em bolsa. Em um exemplo hipotético, se um contrato futuro de café arábica em Nova York for cotado a US₵200,00/lb, se uma empresa entregar o café à bolsa, ela receberá US₵167,00/lb. Se essa mesma empresa vendesse esse café FOB, receberia US₵203,00/lb. Portanto, torna-se mais lucrativo comercializar café FOB do que certificá-lo em bolsa.

Índice de Diferença de Preços do Café Arábica Suave na América Central, Colômbia e Peru em relação à Bolsa de Nova York (US¢/lb)

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Além do Brasil, os diferenciais do café permanecem em níveis elevados em outros países produtores. Para se ter uma ideia, os spreads de café SHG em Honduras ficaram acima de US₵ +43,00/lb, um aumento de mais de 140% desde o início do ano. Na Colômbia, o spread de café Excelso EP atingiu patamares próximos a US₵ +80,00/lb, indicando um aumento de 44% desde janeiro. Na Guatemala, os spreads de café lavado atingiram valores acima de US₵ +80,00/lb, o que foi 78% superior aos spreads vistos no início do ano.

O cenário não é diferente em muitas outras origens. Portanto, seguindo a mesma lógica apresentada acima, é improvável que novos cafés sejam certificados, se os diferenciais se mantiverem nos níveis atuais. Adicionalmente, os custos logísticos das importações pelos países consumidores, apesar de terem caído um pouco nas últimas semanas, permanecem em patamares significativamente superiores aos do período pré-pandemia. Enquanto esta situação se mantiver, os novos cafés terão maior probabilidade de serem descertificados, pois esses cafés tendem a ser os mais baratos.

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Fonte: StoneX

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