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Milho: excelente opção para nutrir o gado

Aproveitamento dos Coprodutos na Nutrição de Ruminantes

Benefícios dos Coprodutos no Agro

O máximo aproveitamento dos recursos disponíveis no sistema de produção é fundamental para a diminuição dos custos de produção, em especial no agronegócio. O setor de produção de carne bovina é um exemplo de grande eficiência no aproveitamento, abordando criteriosamente o segundo uso dado às matérias-primas. A utilização de coprodutos provenientes de outras indústrias, como etanol, açúcar e algodão, é de grande valia para a produção de ruminantes, reduzindo a competição por produtos destinados à alimentação humana e contribuindo para a redução do passivo ambiental. Além disso, a inclusão desses coprodutos na dieta dos animais é uma prática cada vez mais comum e vantajosa.

Emprego Sustentável de Coprodutos na Nutrição de Ruminantes

O uso dos coprodutos provenientes de outras cadeias produtivas na alimentação dos ruminantes tem se mostrado como uma prática sustentável e com grandes benefícios para a produção na pecuária. Com a crescente inclusão desses produtos na dieta dos animais, é essencial ressaltar a importância de avaliar as características físicas, como teor de umidade, composição e possibilidades de trato dos coprodutos, para garantir um uso eficiente e rentável desses recursos. O emprego desses produtos não apenas tem ganhos ambientais, mas também traz vantagens econômicas para os produtores.

Grãos de Destilaria do Milho na Dieta Animal

Os coprodutos resultantes do processo de destilação do milho, conhecidos como DDG (dried distillers grains) e WDG (wet distillers grains), são ricos em proteína, gordura e fibra, apresentando grandes vantagens nutricionais para a alimentação dos ruminantes. No entanto, é crucial entender as diferenças entre esses coprodutos, incluindo características de armazenagem, custos e logística, para fazer uma escolha assertiva. Além disso, a avaliação das características bromatológicas desses grãos e a combinação adequada com a alimentação tradicional dos animais são aspectos essenciais para otimizar a utilização dos coprodutos na dieta dos ruminantes.

Escolha Inteligente e Eficiente dos Coprodutos

Diante das especificidades dos coprodutos provenientes da destilação do milho, é fundamental realizar uma escolha inteligente e eficiente na sua inclusão na dieta dos ruminantes. Com análises detalhadas dos atributos físicos e químicos dos coprodutos, é possível determinar as melhores práticas de armazenagem, forma de utilização e níveis de inclusão na alimentação dos animais. Essa abordagem contribui não só para a maximização dos recursos disponíveis, mas também para a eficiência e rentabilidade do sistema de produção de ruminantes. Aproveitar esses coprodutos de forma consciente e estratégica é um passo importante na busca por uma produção sustentável e economicamente viável no setor pecuário.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

O máximo aproveitamento dos recursos disponíveis dentro de um sistema, é fundamental para a diminuição dos custos de produção, essa máxima se estende por toda a cadeia produtiva do agronegócio.

Explorar todas as possibilidades da matéria-prima é uma grande virtude da cadeia produtiva da carne – tudo na produção de carne bovina é aproveitado.

Esse aproveitamento, entretanto, não deve se restringir às últimas etapas do sistema de produção. Frigoríficos têm grande eficiência no aproveitamento de 100% do animal abatido e as etapas anteriores, que sucedem o frigorífico, também devem seguir esse caminho.

 

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O uso de coprodutos no agro

Um grande avanço nesse sentido está diretamente relacionado ao aproveitamento de coprodutos de outros negócios envolvidos no agro, a utilização de produtos advindos das cadeias produtivas do etanol (por exemplo, os grãos de destilaria), do açúcar, do algodão e tantas outras, podem ser de grande valia na produção dos ruminantes.

Além de diminuir a concorrência de utilização de produtos utilizados na alimentação humana, a utilização de coprodutos tem grande potencial quanto ao passivo ambiental.

A principal forma de interação e aproveitamento dos recursos está direcionada justamente a esses coprodutos, que são a cada dia mais utilizados na dieta de ruminantes.

Casca de soja, torta de algodão, bagaço de cana, são alguns exemplos de “resíduos” de outras indústrias de grande importância para a nutrição de ruminantes.

Nos últimos anos, cresceu no Brasil, principalmente no Centro-Oeste brasileiro, o número de agroindústrias que utilizam a destilação do milho na produção do etanol. Esse processo tem como resíduos subprodutos de grande potencial para a inclusão nas dietas de ruminantes.

Resíduo úmido da destilaria do milho, conhecido como WDG (wet distillers grain). Fonte: Material complementar, aula César Borges, Pós-Graduação Gado de Corte – Rehagro

Resumidamente, nesse processo, utiliza-se o amido presente no milho como substrato para a fermentação e para a produção do etanol. O material remanescente é um produto rico em proteína, gordura e fibra, mais concentrados do que originalmente encontrados no milho. A proporção desses materiais varia entre as indústrias de etanol, dependendo do processo fermentativo que adotam.

O cozimento do milho irá proporcionar a gelatinização do amido, enzimas alfa amilase, termoestáveis, são adicionadas ao material e quebram o amido em glicose, que por sua vez será utilizado por leveduras adicionadas ao processo em etanol e gás carbônico (CO2).

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Coprodutos DDG e WDG

Os principais coprodutos de grãos de destilaria são grãos secos ou úmidos de destilaria, mais conhecido no Brasil pela sigla em inglês DDG e WDG (dried distillers grains with solubles e wet distillers grains, respectivamente). Esses coprodutos se diferem basicamente, como diz sua nomenclatura, pelo teor de umidade.

Durante o processo de fabricação do etanol, o material fermentado passa por uma etapa de secagem, dando origem ao DDG e quando retirado antes da fase de secagem temos o WDG. Além da característica principal, relacionada à umidade, esse processo de secagem irá interferir em alguns pontos importantes quando avaliamos a utilização desses produtos na nutrição de ruminantes.

Antes de chegar à fazenda, e serem realizadas as devidas considerações sobre nutrientes e inclusões nas dietas, devemos pensar nos custos e na logística que envolve a utilização desses produtos.

Composição e utilização do WDG

O produto úmido, WDG, apresenta, em média, na sua composição, 65% de água, o que acarreta, consequentemente, em maiores custos tanto no transporte, tornando mais atrativo para propriedade vizinha da indústria.

Também devemos destacar a armazenagem deste produto. A umidade diminui a densidade do produto, sendo necessário maior espaço para estocagem, além de necessitar de maiores cuidados com o aparecimento de mofos.

A utilização do WDG deve ser realizada de forma relativamente rápida nas propriedades. Estima-se que o tempo de vida útil do produto gire em torno de 3 a 4 dias, quando armazenado da forma “convencional” nos galpões de fábrica de confinamento, devendo ser o abastecimento da propriedade com esse produto uma rotina diária.

Uma alternativa a esse problema, pode ser a ensilagem do produto, hoje em dia a principal forma de ensilagem do WDG é feita por bags. Muitos produtores têm aproveitado a baixa nos preços para estocar e ensilar esse material.

A umidade interfere, ainda, nas possibilidades de trato para os animais, suplementação de menores consumos, por exemplo, são praticamente inviáveis com WDG, o suplemento como um todo fica bastante úmido, fazendo com que o mesmo, estrague com mais facilidade.

Grãos de destilaria WDGWDG. Fonte: Site da FS Bioenergia.

Em contrapartida, justamente por não passar por uma etapa do processo de secagem, o WDG tem normalmente menores custos do kg de MS, quando comparados ao DDG. Ainda referente ao quesito umidade, outro benefício do WDG está relacionado à sua maior capacidade de mistura, diminuindo inclusive a seleção dos animais.

Composição e utilização do DDG

O DDG, por todos os motivos supracitados, parece ser então uma opção mais viável, principalmente àquelas propriedades que estão distantes geograficamente das grandes usinas de etanol.

Sua composição com 10 a 12% de umidade, normalmente, permite que esse produto seja armazenado como a maioria dos concentrados comumente utilizados em uma propriedade de corte, ou seja, nos barracões e expostos ao ar.

Por ser um produto de MS mais elevado (88 a 90% de MS), pode inclusive ser utilizado como suplementação de animais a pasto, tendo maior vida útil nos cochos quando comparado ao WDG.

Um adendo importante, que deve ser observado com bastante atenção em relação ao DDG, está relacionado justamente ao processo de secagem, onde, quando esse processo ocorre em demasia, pode levar à queima daquele material, levando à não disponibilização importante de alguns nutrientes.

Grãos de destilaria DDGDDG. Fonte: Site da FS Bioenergia

Uso dos grãos de destilaria do milho na dieta animal

Tida algumas observações importantes sobre as características físicas desses produtos, principalmente em relação aos teores de MS e às consequências observadas em virtude da diferença entre esses produtos, a utilização e os níveis de inclusão desses coprodutos, passam a ser avaliadas pelas características bromatológicas dos mesmos.

Características comuns a esses grãos de destilaria do milho, justamente pelo processo fermentativo para produção de etanol utilizar o amido como substrato, são que esses nutrientes apresentam baixas concentrações, tanto no DDG quanto no WDG, em torno de 2 a 5%.

A principal forma de utilização desses coprodutos é como fonte proteica, e se justifica quando avaliamos os níveis de proteína desses materiais, sendo em média, 32% e 25 a 32% de proteína bruta no WDG e no DDG, respectivamente, sendo um substituto do farelo de soja.

Materiais comerciais podem variar quanto aos teores de proteína do produto, sendo vendido DDG com 19% de PB, por exemplo. Esses parâmetros devem ser observados na hora da compra para comparar preços.

Segundo uma pesquisa de Corrigan e colaboradores feita em 2006, podemos considerar, em inclusões superiores a 20% da dieta total, como fonte também energética, principalmente quando há a substituição do milho ao DDG.

Essa prática é mais usual em situações de suplementação a pasto dos animais. Nos confinamentos, inclusões próximas a 20% costumam suprir as exigências de proteína da dieta, e até mesmo alcançar valores superiores.

A substituição da fonte energética pode se justificar pelos níveis de NDT do DDG e do WDG, 90% e 98% respectivamente.

Armazenamento de DDGArmazenamento de DDG. Fonte: Acervo pessoal, Paulo Eugênio, consultor e coordenador de consultoria do Rehagro.

Outro ponto de avaliação desses produtos, diz respeito aos níveis de PNDR, que podem ser até 2,6 vezes maior do que os níveis encontrados no farelo de soja, por exemplo, na média o WDG apresenta 55% de PNDR enquanto o DDG apresenta 60 a 70% da PB de proteína não degradável no rúmen.

Entre os pontos de atenção e cuidados em relação à utilização desses insumos, dois chamam atenção, o primeiro deles está relacionado à inibição de consumo. Estudos como de Klopfenstein e colaboradores, feito no ano de 2014, sugerem que inclusões superiores a 30% da MS da dieta podem inibir consumo, refletindo em desempenhos inferiores.

Em contrapartida, estudos como Buckner e colaboradores obtiveram desempenhos semelhantes com inclusão de até 40% na dieta. Ainda como ponto de atenção, é importante sempre a análise dos níveis de enxofre desses produtos.

Portanto, a utilização dos grãos de destilaria, secos ou úmidos, são uma excelente alternativa, principalmente como substitutivos para fontes proteicas como o farelo de soja. Os valores da MS devem ser considerados no momento da escolha de qual produto utilizar na propriedade.

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Cristiano RossoniCristiano Rossoni

FAQ sobre Utilização de Coprodutos no Agro

1. O que são coprodutos na produção animal?

Os coprodutos na produção animal são subprodutos de outras indústrias que podem ser utilizados na alimentação do gado, como por exemplo, casca de soja, torta de algodão e bagaço de cana.

2. Qual a importância da utilização de coprodutos na nutrição de ruminantes?

A utilização de coprodutos na nutrição de ruminantes é importante para diminuir a concorrência de utilização de produtos destinados à alimentação humana, além de ter grande potencial para reduzir o passivo ambiental.

3. Quais são os principais coprodutos provenientes da destilação do milho na produção de etanol?

Os principais coprodutos da destilação do milho são o Dried Distillers Grains (DDG) e o Wet Distillers Grains (WDG), que se diferem principalmente pelo teor de umidade.

4. Quais são as principais diferenças entre o DDG e o WDG?

O WDG tem maior teor de umidade, o que acarreta em maiores custos de transporte e armazenagem, enquanto o DDG tem teor de umidade mais baixo, permitindo uma maior vida útil e facilitando sua armazenagem.

5. Como os grãos de destilaria do milho podem ser utilizados na dieta animal?

Os grãos de destilaria do milho podem ser utilizados como fonte de proteína e energia na dieta animal, substituindo outros concentrados como o farelo de soja e o milho.

6. Quais são os pontos de atenção na utilização de grãos de destilaria do milho na dieta animal?

É importante atentar-se aos níveis de inclusão na dieta, em relação à inibição de consumo e aos níveis de enxofre dos produtos.

Aproveitamento de coprodutos na produção de carne bovina

O máximo aproveitamento dos recursos disponíveis dentro de um sistema, é fundamental para a diminuição dos custos de produção, essa máxima se estende por toda a cadeia produtiva do agronegócio. Esperamos que este artigo tenha sido informativo e útil para você!

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