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Identificação, prevenção e manejo eficiente de riscos

identificação, prevenção e manejo eficiente

O Parto Distócico em Vacas
Fases do Parto
O parto propriamente dito é um processo marcado por alterações hormonais e fisiológicas tanto da mãe quanto do feto. Ele pode ser classificado como eutócico, um parto natural e sem complicações, ou como distócico, que apresenta complicações. Para entendermos o parto distócico em vacas, é essencial conhecer as fases do parto, tais como a preparação, dilatação e expulsão.
O que é um parto distócico?
O parto distócico ou distocia refere-se à dificuldade durante o parto, podendo ocorrer por diversas causas maternas ou fetais. Uma causa comum de distocia está relacionada com a estática fetal no momento do nascimento. É essencial compreender a estática fetal ideal para checarmos eventual necessidade de intervenção.
Quando e como intervir?
A intervenção em um parto distócico só é necessária quando houver suspeita de distocia de causa fetal. O sucesso da manipulação obstétrica dependerá de diversos fatores, como tempo da evolução do parto e viabilidade fetal. A utilização de cordas para tração forçada é uma das formas de intervenção.
Como prevenir partos distócicos?
A prevenção de partos distócicos envolve uma abordagem abrangente que vai desde o manejo dos animais até a nutrição. O monitoramento da condição corporal e o momento ideal para liberação das novilhas para reprodução são práticas que auxiliam na prevenção de distocias. Além disso, a seleção genética para características reprodutivas também é essencial.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

O parto propriamente dito é o processo no qual o feto é expelido do útero da mãe, esse processo é mediado por diversas alterações hormonais e fisiológicas tanto da bezerra que vai nascer quanto da vaca.

Esse parto pode ser classificado como eutócico ou distócico, onde o eutócico se refere a um parto natural, sem complicações, tendo todo o processo ocorrendo de forma espontânea e sem necessidade de intervenção e o distócico a um parto complicado, com necessidade de intervenção.

Nesse texto inicialmente iremos discutir sobre fases do parto, a fim de evidenciá-lo fisiologicamente, além de tratar sobre a definição de um parto distócico, como reconhecer e suas principais causas. Por fim trataremos sobre quando e como intervir, como prevenir e os principais impactos desses partos em uma fazenda.

Quais são as fases do parto?

Para iniciarmos o entendimento sobre o parto distócico em vacas, primeiramente é essencial termos o conhecimento fisiológico do parto, para que a partir daí possamos reconhecer alterações.

O parto pode ser dividido em três estágios:

Fase 1 – Preparação

Os sinais que o parto está próximo podem começar a ser percebidos cerca de 3 semanas antes, sendo que 1 semana antes do parto teremos essas características mais evidenciadas. Nessa fase ocorre:

  • Demonstração de desconforto, inquietação, ansiedade e procura refúgio;
  • Relaxamento dos ligamentos isquiático e articulação sacro-ilíaca;
  • Desmineralização da sínfise púbica seu afastamento;
  • Dilatação da cérvix;
  • Atividade da glândula mamária;
  • Edema de vulva;
  • Liquefação do tampão mucoso;
  • Pico de cortisol do feto.

Poucas horas antes do parto o feto assume uma posição que vai facilitar o momento do nascimento que é a estática fetal, o bezerro fica com a cabeça e membros anteriores voltados para o canal do parto, essa posição é denominada apresentação anterior.

Também é possível encontrar animais com a apresentação posterior com as patas traseiras estendidas dentro do canal pélvico, que apesar de não ser tão comum é considerada normal, essas apresentações vão facilitar no momento do parto aumentando a chance de a vaca ter uma parto eutócico, ou seja, normal, sem auxílio externo.

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Fase 2 – Dilatação

Nessa fase, o feto já se encontra insinuado no canal do parto. Essa fase pode ter duração de 2 a 6 horas.

Nessa fase não se observam manifestações evidentes de contrações musculares da parede abdominal e muitas vezes esta fase só é reconhecida quando as bolsas fetais já são visíveis na vulva. Nesse momento tem-se a dilatação completa da via fetal mole, ou seja, a cérvix está dilatada.

Vaca em fase de dilataçãoVaca em fase de dilatação

Vaca em fase de dilatação com bolsas fetais visíveis. Fonte: Acervo Rehagro

Fase 3 – Expulsão

Essa fase inicia com o rompimento das bolsas fetais e nesse momento temos ação de contração uterina e abdominal. A vaca normalmente nessa fase deita, olha para o flanco, e é nesse momento que ocorre a liberação de relaxina e estrógenos responsáveis pelo relaxamento e liberação de muco lubrificante.

A expulsão do feto pode apresentar diferenças a depender da categoria (primíparas e pluríparas), onde temos o nascimento após a bolsa romper:

  • Primíparas = 4 horas;
  • Pluríparas = 2 horas.

Nessa fase temos:

Contrações uterinas + Reflexo de Ferguson/Contrações abdominais/Canal sob efeito de estrógeno e relaxina = EXPULSÃO DO FETO 🡪  Início da desconexão placentária.

A liberação dos anexos fetais é considerada a última fase do parto e nela ocorre estímulos físicos, imunes e hormonais para que todos os envoltórios fetais sejam expulsos do útero. 

Vaca na fase de expulsão do fetoVaca na fase de expulsão do feto

Vaca na fase final de expulsão do feto. Fonte: Acervo Rehagro

O que é um parto distócico?

Sabemos então que o parto distócico ou distocia é a dificuldade durante o parto e que essa dificuldade pode ter causa materna (anomalias pélvicas, vulvares, vaginais cervicais e uterinas, contrações excessivas ou hipotonia uterina e falta de dilatação), ou causa fetal (alterações na estática fetal, gestação prolongada ou deformações).

Uma causa comum de distocia está relacionada com a estática fetal no momento do nascimento, ou seja, quando o feto de encontra em uma posição não ideal para nascer e entender sobre a estática fetal ideal é necessária para checarmos se não há alterações e consequentemente necessidade de intervenção.

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Estática fetal

Caracterizada pela disposição do feto no interior do útero durante a gestação bem como sua postura no momento do parto.

É indispensável conhecê-la para termos um diagnóstico, prognóstico e tratamento de um parto distócico. Ela pode ser descrita pela relação do feto com a pelve materna ou pela definição de apresentação, posição e atitude. 

Apresentação

É a relação com o eixo longitudinal materno.

  • Anterior (cefálica);
  • Posterior (podálica).

Posição

É a relação da porção dorsal do feto sustentada pela calota craniana e pela coluna vertebral com o dorso materno.

Atitude

É a relação entre as partes móveis do feto – membros posteriores, cabeça e pescoço – e seu próprio corpo.

Em um parto eutócico espera-se: apresentação longitudinal anterior, posição dorsal ou superior e atitude estendida.

Exemplos de estática fetalExemplos de estática fetal

Exemplos de estática fetal normal (primeira imagem) e alterações na estática fetal. Fonte: Eu Medicina Veterinária

Quando e como intervir em um parto distócico?

Durante a segunda fase do parto é essencial que a vaca fique sob monitoramento, porém a intervenção não é urgente pois o parto transcorre mais lentamente.

Então a intervenção somente será feita quando houver suspeita de distocia de causa fetal, não houver progressão no parto após o surgimento dos membros da bezerra, comprometimento do estado geral da vaca e da bezerra e presença de corrimento vaginal de odor pútrido.

É importante destacar que o sucesso da manipulação obstétrica das distocias fetais dependerá:

  • Tempo da evolução do parto;
  • Viabilidade fetal;
  • Grau de dilatação das vias fetais dura e mole;
  • Equipamentos disponíveis;
  • Preparo do pessoal de apoio.

Antes da intervenção é necessária uma criteriosa higiene do períneo, dos membros posteriores e da cauda da vaca, além disso, é imprescindível que se tenha uma adequada proteção e segurança do obstetra e que o mesmo esteja com vestuário apropriado.

Além disso, é importante que esteja organizado e de prontidão materiais que serão utilizados durante o procedimento, como por exemplo água, substância lubrificante, anti séptico, correntes/cordas, ganchos e protocolo anestésico.

Na intervenção, inicialmente deve ser feito um exame obstétrico interno, por via vaginal para que então seja possível avaliarmos a viabilidade, resposta contrátil do útero, grau de lubrificação, dilatação das vias fetais, o tamanho do produto e presença de rigor mortis.

Quando temos um feto vivo ou recém-morto a correção da distocia em sua grande parte pode ser facilmente corrigida, havendo maior dificuldade quando temos fetos transversos, apresentação posterior com flexão bilateral da articulação coxofemoral e em casos de monstruosidades.

Quando não há possibilidade de correção do feto vivo, é indicado a realização da cesariana e quando se tem morte fetal, a fetotomia parcial ou total.

Manobra de extensãoManobra de extensão

Manobra de extensão

Tração forçada sendo feita com a utilização de cordasTração forçada sendo feita com a utilização de cordas

Utilização de cordas para tração forçada. Fonte: Jackson, 2004

Como prevenir partos distócicos?

A prevenção de partos distócicos dentro de uma fazenda envolve uma abordagem abrangente que engloba desde aspectos relacionados ao manejo dos animais, a saúde reprodutiva e a nutrição. Dentre as práticas que podem auxiliar na prevenção de distocias em vacas leiteiras, podemos citar:

  • Manejo nutricional adequado: dieta balanceada e adequada às necessidades nutricionais de vacas e novilhas gestantes é fundamental, pois a escassez ou falta de nutrientes essenciais pode comprometer o desenvolvimento e crescimento fetal, aumentando o risco de distocia.
  • Monitoramento da condição corporal: vacas com condição corporal inadequada podem ter uma maior disposição à distocia.
  • Momento ideal para liberação de novilhas para reprodução: é importante que as novilhas sejam liberadas com idade e peso corporal adequado (de 90 a 92% do peso adulto), pois quando se tem animais entrando em reprodução muito cedo, ou seja, sem desenvolvimento físico ideal, temos maiores chances de partos distócicos nesses animais.
  • Seleção genética: devemos considerar a seleção genética para características reprodutivas, avaliando sempre a facilidade do parto e o tamanho do bezerro ao nascer. Essa abordagem é implementada no momento da escolha do touro para reprodução.
  • Monitoramento pré-parto: é importante que o monitoramento dos animais em pré-parto seja realizado inúmeras vezes no decorrer do dia e também a noite quando possível. Esse monitoramento inclui observar sinais de trabalho de parto e também sinais de distocias.
  • Treinamento e conscientização: a equipe de manejo deve ser treinada para reconhecer sinais de distocia e também agir prontamente em casos de emergência.

Qual o impacto dos partos distócicos na propriedade leiteira?

Os partos distócicos podem impactar de várias maneiras nas fazendas leiteiras, afetando tanto a saúde e bem-estar animal quanto também a parte econômica.

Um parto difícil vai debilitar tanto a vaca quanto a bezerra.

Na bezerra podemos ter: 

  • Lesões e debilidade;
  • Aumento nos riscos de doenças;
  • Menor vitalidade e dificuldade de desenvolvimento;
  • Maior mortalidade.

Já a vaca pode ocorrer:

  • Lesões físicas;
  • Aumento dos riscos de infecções;
  • Redução na fertilidade;
  • Deslocamento de abomaso.

Quanto aos impactos econômicos, podemos citar:

  • Redução na produção de leite: visto que vacas que passam por distocias podem ter uma recuperação pós-parto mais lenta e consequentemente uma menor produção de leite nesse período.
  • Desempenho reprodutivo prejudicado: devido a um parto distócico, a vaca pode ter um desempenho reprodutivo comprometido, resultando em um intervalo entre partos maior e menor eficiência reprodutiva.
  • Aumento de custo com tratamento e mão de obra especializada: a necessidade de assistência técnica em casos de distocias pode ser realidade em muitas fazendas, principalmente quando se trata do insucesso da realização de manobras de correção da estática fetal e se faz necessária a realização de cesariana ou fetotomia. Além disso, há um aumento do custo com medicamentos nesses animais, seja no momento dos procedimentos ou posteriormente a fim de prevenir ou tratar possíveis agravantes.

Considerações finais

Em resumo, sabemos então que os partos distócicos podem gerar impactos na saúde e desempenho dos animais, além de afetar no ponto de vista econômico.

É imprescindível que sejam adotadas medidas preventivas atrelada a um manejo adequado quando essas situações se fizerem presentes a fim de minimizar esses impactos.

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leite devido ao estresse causado pelo parto distócico e a possível redução na fertilidade da vaca;
Aumento nos custos com veterinários e medicamentos para tratar possíveis complicações pós-parto;
Redução na lucratividade devido à mortalidade e menor produtividade do rebanho.

Conclusão

O parto distócico em vacas é um evento que requer atenção e cuidado, tanto para a saúde da mãe quanto do filhote. É importante conhecer as fases do parto, saber identificar sinais de distocia e estar preparado para intervir quando necessário. Além disso, a prevenção é fundamental para evitar impactos negativos na fazenda. Através de um manejo nutricional adequado, seleção genética e monitoramento pré-parto, é possível minimizar o risco de partos distócicos e seus impactos. É essencial que os produtores e pessoas envolvidas na pecuária leiteira estejam cientes dos riscos e saibam como agir em caso de distocia, a fim de garantir a saúde e produtividade do rebanho.

Referências

– Eu Medicina Veterinária. Estática fetal: definição e importância no parto. Disponível em: .

– Jackson, Peter G. Manual de Obstetrícia Veterinária. 2004.

– Rehagro. Distocia em vacas leiteiras. Disponível em: .

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