cavalo: Curso de Equitação corporal

Algumas coisas tornam famoso o estado norte-americano de Kentucky, entre elas a criação de cavalos e grama tom azul conhecido como grama azul. E foi esse o nome que José Carlos e Mia Vaz Guimarães escolheram para o haras que criaram em 1990 na cidade de Sorocaba (SP). “Nada melhor do que nomear a nossa coudelaria com esta excelente referência”, diz José que falou com o Portal Cavalo para contar a história do Bluegrass e sua criação de Cavalos Árabes e Enduro.

Como surgiu a ideia de criar um cavalo árabe?

Sempre fui apaixonado por cavalos e pela vida rural. Desde criança, quando passava férias em sítios ou fazendas, sumia de casa e só era encontrado em estábulos e currais. Casei-me em 1986 e o ​​sonho de ter um sítio para passar os fins-de-semana tornou-se um sonho comum a Mia, minha mulher. Sempre acreditamos nesse sonho, tanto que guardamos a duplicata dos presentes de casamento por 4 anos.

E quando eles finalmente realizaram esse sonho?

Em 1990, após quatro tentativas frustradas, finalmente conseguimos comprar 10 alqueires no km 95 da Rodovia Castelo Branco. A partir de então, íamos religiosamente todos os fins de semana à propriedade recém-adquirida.

E os cavalos?

Antes disso, já tínhamos dois cavalos árabes na fazenda do meu cunhado Adolfo de Souza Naves Júnior e, com a compra concluída, os trouxemos para curtir o convívio. Inicialmente iniciamos a criação de cavalos PSI e PSA e em 1994 nos mudamos definitivamente para o Haras Bluegrass onde gradativamente a criação começou a aumentar. Hoje mantemos cerca de 30 cavalos na coudelaria.

Como você descreveria a estrutura do Haras Bluegrass?

Considerando que a haras de bluegrass situa-se numa pequena propriedade para criação de cavalos – 10 alqueires -, podemos defini-la como “Coudelaria Boutique”, pois é um pequeno espaço que lhe acrescentamos qualidade e competências. Procuramos personalizar, para cada indivíduo, a criação e treino, dispomos de 16 boxes divididas em 2 pavilhões, picadeiro, passeador, farmácia, expedidor, selaria e 16 piquetes, mantendo estes cavalos a pasto a maior parte do tempo.

Estes 2 estábulos têm vidas muito diferentes, pois um deles é uma instalação de quarentena oficial do Ministério da Agricultura e apenas os cavalos que serão exportados ou importados podem ter acesso a ela. Essa quarentena também agrega competência à minha empresa de exportação e importação de cavalos – atividade que exerço há 30 anos.

Quais eram e quais são as maiores dificuldades enfrentadas por um dono da raça árabe?

O maior problema para um criador de cavalos no Brasil sempre foi a falta de uma política governamental para a criação de cavalos, e nos últimos governos – social-democratas – essa atividade sempre foi tratada como um hobby, um “jogo de rico”, quando deveria ser tratada como uma atividade geradora de empregos.

Quais são os principais prêmios conquistados ao longo desses anos pelo Haras?

Inicialmente, nossa criação era voltada para o Halter. Naquela época tínhamos uma égua que se tornou a melhor cabeça em uma Exposição Nacional e depois foi exportada para o Chile. Algum tempo depois, veio nosso terceiro filho, Caio, que nasceu em Bluegrass em 2000 e sempre foi muito ligado a cavalos, então a criação passou a ser voltada para cavalos de esporte, tendo como foco principal o cavalo de Enduro.

Então foi através do Caio que você começou o Enduro. E quais foram os principais títulos desse fato?

Nossas maiores conquistas vieram com sua participação no Enduro, inclusive por diversas vezes, foi campeão do Ranking CBH, medalha no Campeonato Pan-Americano de Enduro em 2017 e ainda terceiro no ranking FEI Young Rider. Ele também foi o melhor par de Young Rider do mundo com o cavalo ZANE GREY ENDURANCE.

Você poderia falar sobre os momentos mais importantes do Haras Bluegrass nessa trajetória?

Direi que os momentos mais marcantes do Bluegrass foram aqueles vivenciados em nosso dia a dia antes das competições, pois como vivemos aqui, estamos muito próximos de nossos colaboradores.

O projeto e a obra são construídos com a colaboração de todos. Nossos treinadores Daniel e Valmir estão conosco há mais de uma década; nosso gerente Erone está presente diariamente há 25 anos; nosso veterinário Dr. Henrique Garcia está conosco desde 2008 e tem sido de grande importância no crescimento do Caio como atleta e, completando esse time, temos o olhar atento e crítico da Mia e do Caio em todos os detalhes da criação e treino no dia a dia base.

 

Quais são os principais animais do enduro?

Dentre os principais cavalos que tivemos o prazer de trabalhar no Enduro, podemos destacar VG FAME, égua que iniciou a trajetória de sucesso de Caio na categoria mirim, conquistando diversos rankings anuais da CBH nas categorias Mirim e Young Rider e que fez venceu os 120 Km Young Rider em sua primeira corrida.

Destaco também o CABO FRIO CSM, cavalo que levou Caio ao seu primeiro Campeonato Brasileiro e com quem conquistou sua primeira vitória nos 160 km. Tem ZANE GREY ENDURANCE, que foi o responsável pela medalha no Pan Americano e campeão do Ranking FEI. Agora temos muita esperança na égua SAZIRA BV, de Gastão de Souza Mesquita Filho, nossa aposta para o Panamericano do Chile.

Fale-nos dos principais projetos dentro da modalidade enduro?

Este ano estamos focados em ser convocados para defender o Brasil no Pan-Americano de Endurance, que será disputado no Chile em novembro. Também queremos participar das principais provas do ranking da CBH.

Quais são os projetos para outras modalidades com animais de produção?

Desde o ano passado, estreamos cavalos na modalidade de corrida no Jockey Club de São Paulo com um cavalo de nossa criação chamado VG RAJ AL MARED que estreou em agosto de 2022 e já tem quatro vitórias em cinco apresentações. Ele ainda é o recordista da PSA nas distâncias de 1.400 e 1.500 metros na pista do Hipódromo Cidade Jardim.

Por Wesley Vieira/Redação Cavalus,