**Introdução:**

Nas fazendas da empresa Carapreta, localizadas em São João da Ponte e Jequitaí (MG), os currais que abrigam 70.000 cabeças de boi das raças wagyu e angus são monitorados 24 horas por dia. Essas fazendas são referências no cuidado e bem-estar animal, com tecnologia avançada e práticas inovadoras. A preocupação com o bem-estar animal é um tema relevante nos dias atuais, e a Carapreta se destaca no setor ao adotar medidas que garantem o conforto e a saúde dos animais durante todo o processo de produção.

**Subtítulo 1: O cuidado nas fazendas da Carapreta**

A Carapreta mantém um modelo de negócios exemplar, focado na padronização e regularidade no fornecimento de carnes. Com uma política própria de bem-estar animal, a empresa se destaca pela integração da saúde humana, animal e ambiental em seus processos. O cuidado com os animais é evidente em cada etapa, desde a criação até o abate, garantindo a qualidade e o respeito por suas vidas.

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**Subtítulo 2: A importância da saúde única veterinária**

A abordagem da saúde única veterinária, proposta pela OMS, OIE e FAO, destaca a interconexão entre o ambiente, as doenças animais e a saúde humana. A Carapreta é pioneira nesse conceito, atuando em todas as fases de produção e mantendo altos padrões de bem-estar. Essa visão integrada reflete o compromisso da empresa com a saúde e a qualidade dos produtos.

**Subtítulo 3: A certificação e os padrões de bem-estar animal**

Além das práticas avançadas, a Carapreta possui certificações importantes, como a da Humane Farm Animal Care, que atesta o cuidado e respeito pelos animais. Com padrões rigorosos para criação, manejo, transporte e abate, a empresa se destaca no mercado pela valorização do bem-estar animal. A conscientização e importância dessas práticas são fundamentais para a qualidade e segurança dos produtos.

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Transporte adequado reduz o estresse

Uma das questões mais importantes no bem-estar animal é o transporte adequado, considera a americana Temple Grandin, doutora em ciência dos animais e considerada uma das principais autoridades mundiais na área. “É muito importante que as carretas tenham a quantidade correta de gado. Se os caminhões estão sobrecarregados, os animais podem ser pisoteados por outros”, diz. “Uma boa condução também é importante, porque, se acelerar muito rapidamente ou frear bruscamente, pode desequilibrar os animais”, acrescenta.

Comunicação mais transparente

As empresas que trabalham com o compromisso de bem-estar animal devem se comunicar melhor com o público. Na avaliação de Beatriz Veloso, gerente de relações corporativas da ONG Mercy For Animals (MFA), a tendência é que as empresas invistam mais em transparência. “Isso é importante porque as indústrias e o varejo devem falar não apenas sobre preço, mas também sobre valor, o que o bem-estar animal agrega ao seu posicionamento”, afirma.

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Transparência e Comunicação: O Futuro do Bem-Estar Animal

Empresas comprometidas com o bem-estar animal devem investir em transparência e comunicação, de acordo com Beatriz Veloso, da ONG Mercy For Animals (MFA). A tendência é que as companhias sejam mais claras sobre os valores e benefícios que o respeito aos animais agrega ao seu posicionamento no mercado.

“Indústrias e varejistas precisam focar não apenas em preço, mas também no valor que o bem-estar animal traz para suas operações”, destaca Veloso.

A MFA desenvolveu o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (Mica) para analisar as empresas de hotelaria e alimentos mais influentes da América Latina em relação à eliminação do confinamento de galinhas em gaiolas. O foco é garantir o monitoramento e a transparência das iniciativas corporativas em prol do bem-estar animal, principalmente na produção de ovos, onde os animais sofrem de forma extrema.

Os dados do Mica de 2023 revelam que cerca de um quarto das empresas avaliadas caíram um nível devido à falta de transparência na comunicação de seus avanços em relação ao bem-estar animal. Segundo Veloso, embora haja avanços nos compromissos do setor corporativo, a falta de transparência na divulgação das iniciativas tem sido um obstáculo para algumas empresas.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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O que é bem-estar animal?

O bem-estar animal refere-se ao estado de saúde física e mental dos animais, garantindo que suas necessidades básicas sejam atendidas e que vivam livres de sofrimento.

Como a empresa Carapreta garante o bem-estar dos animais em suas fazendas?

A empresa Carapreta garante o bem-estar dos animais monitorando constantemente os currais, utilizando tecnologias como termômetros e QRcodes, e fornecendo treinamentos para os colaboradores sobre os procedimentos de manejo adequados.

Quais são os benefícios do respeito ao bem-estar animal na produção de carne?

O respeito ao bem-estar animal na produção de carne resulta em produtos de maior qualidade, redução do estresse dos animais, melhor eficiência na produção e valorização dos produtos, além de atender às exigências dos consumidores conscientes.

Como o transporte adequado dos animais contribui para o bem-estar animal?

O transporte adequado dos animais reduz o estresse durante o deslocamento, garantindo a segurança e conforto dos animais, melhorando a qualidade da carne e contribuindo para resultados mais positivos na produção.

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Por que a transparência é importante na comunicação sobre bem-estar animal?

A transparência na comunicação sobre bem-estar animal é importante para que as empresas demonstrem seus compromissos e avanços na eliminação de práticas cruéis, agregando valor ao seu posicionamento e atendendo às demandas dos consumidores por produtos éticos e responsáveis.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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Nas duas fazendas da empresa Carapreta nos municípios de São João da Ponte e Jequitaí (MG), os currais que abrigam 70.000 cabeças de boi das raças wagyu e angus são monitorados 24 horas por dia. Neles também estão instalados termômetros que medem a temperatura e a umidade do ambiente, além de diversos cartazes com QRcodes que permitem aos colaboradores acessarem vídeos sobre os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) com o passo a passo do manejo dos animais para nutrição, vacinação, prevenção de parasitas, protocolos de biossegurança e doenças infectocontagiosas.

“Os funcionários podem esclarecer dúvidas a qualquer momento”, conta Frederico de Queiroz Vieira Campos, diretor geral de operações da Carapreta. Já os termômetros, associados aos relatórios semanais sobre a previsão climática, ajudam a antecipar riscos de estresse térmico e a planejar intervenções antecipadas no manejo.

Foi em 2015 que os proprietários do Grupo ARG, com atuação na construção civil, estruturaram o atual modelo de negócios. Após pesquisa sobre o mercado de proteína animal, identificaram como gargalos a falta de padronização e a irregularidade no fornecimento de carnes.

Criaram a Carapreta e elaboraram a própria política de bem-estar animal. De acordo com o veterinário Gabriel Gonçalves Martins, o projeto foi estruturado com base no conceito de saúde única veterinária, termo que representa uma visão integrada entre saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.

— Foto: Davi Augusto

O termo é uma abordagem recente que foi proposta em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que reconheceram a existência de um vínculo estreito entre o ambiente, as doenças em animais e a saúde humana.

A Carapreta atua em todo o processo que envolve cria, recria, engorda, transporte, abate e elaboração de cortes de bovinos e ovinos. O frigorífico onde o gado é abatido fica em Contagem (MG), distante 500 km das fazendas. Os animais são embarcados às 3h da madrugada para não sofrerem com calor. Há câmeras nos caminhões que filmam o embarque, e a velocidade é controlada por monitoramento.

A cada 100 km rodados, o motorista tem que parar para avaliar a condição dos “passageiros”. Há também o controle individual de hematomas, com o registro da imagem de cada animal na origem e no destino. As carretas são constantemente vistoriadas para que não tenham pregos soltos ou piso irregular.

Além dos bovinos, a Carapreta mantém um rebanho de 25 mil ovinos da raça dorper e, desde 2021, tem certificação das duas cadeias pela Humane Farm Animal Care, organização sem fins lucrativos.

A ONG estabelece padrões para a criação, manejo, transporte e abate de animais destinados ao consumo humano sob o programa Certified Humane, que atestou 108 fazendas e granjas no Brasil em 2019. Já no ano passado, foram 333 unidades certificadas no país.

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A ciência que estuda o bem-estar animal é recente, mas a preocupação com o tema é antiga. “A própria temática da domesticação envolve respeito”, afirma o veterinário e pesquisador Adroaldo Zanella, que criou em 1996 um dos programas de comportamento e bem-estar animal mais influentes do mundo, na Michigan State University (EUA). Ele recorda que foi a partir do livro “Animal Machines” escrito em 1964 pela jornalista britânica Ruth Harrison, que a sociedade começou a discutir as condições precárias da produção animal.

“Criou-se o Comitê Brambell, que analisou os sistemas de produção, as necessidades dos animais e ajudou a definir critérios básicos para a produção que contemplavam o estado emocional dos animais e inauguraram o conceito das cinco liberdades”, explica Zanella.

— Foto: Davi Augusto

Estas cinco liberdades preconizadas à época defendiam uma vida livre de fome e sede; de desconforto; de dor, ferimentos e doenças; de medo e angústia; e livre também para os animais expressarem seu comportamento natural. “Com o tempo as cinco liberdades foram traduzidas para um sistema de produção que virou dezenas de regras”, detalha o veterinário Glauber Souza Machado.

Os protocolos da Fairfood, por exemplo, têm cerca de 300 itens de verificação. Com 19 anos de mercado, a empresa atua na gestão de protocolos de livre adesão que são auditados por órgãos internacionais associados à International Accreditation Fórum (IAF). “As auditorias externas é que certificam os procedimentos”, resume Flávia Fontes, diretora executiva da Fairfood.

O respeito ao bem-estar imprimiu maior eficiência na produção e valorização dos animais e dos produtos. Rapidamente essas discussões se estenderam por todos os países da Europa. “As celas de gestação para as porcas foram banidas no Reino Unido em 1989. Na Europa foram completamente extintas em 2012. As gaiolas para as aves de postura também estão proibidas em toda a Europa”, diz Zanella.

No Brasil o interesse pelas práticas de bem-estar se deu principalmente pela pressão dos importadores de carnes. “A partir dos anos 2000 começamos a exportar para a Europa em grande volume. Em função das exigências deste mercado, os frigoríficos brasileiros começaram a prestar atenção nas práticas de bem-estar”, observa o pesquisador Mateus Paranhos, especialista no tema.

Várias pesquisas científicas demonstram que o respeito ao bem-estar produz resultados na qualidade da carne. Um manejo em que o animal fique estressado, por exemplo, vai alterar a cor da carne, com um produto final mais escuro e menos suculento.

Na avicultura, as altas temperaturas e altas densidades das poedeiras podem comprometer a qualidade das cascas de ovos. Estudo publicado na Fronties in Animal Science, conduzido pelo pesquisador Adroaldo Zanella, mostrou que suínos machos criados em confinamento geraram filhotes com indicativos de ansiedade e medo.

Nem 10% da produção nacional de ovos é oriunda de galinhas livres de gaiola — Foto: Korin/Divulgação

No ano 2000 foi publicada a Instrução Normativa nº3, do Ministério da Agricultura e Pecuária, que criou normas para o abate humanitário no Brasil. No rastro desta normativa, grandes empresas como McDonald’s e Carrefour divulgaram seus próprios protocolos de respeito ao bem-estar animal.

Neste contexto, a maior conscientização de consumidores tem sido uma grande aliada. Pesquisa encomendada pela ONG Mercy For Animals e realizada pelo Instituto IPSOS em 2017 consultou 1.001 internautas que avaliaram imagens reais do tratamento ao qual são submetidas as galinhas que vivem em sistema de gaiolas em bateria (vários andares). Entre os entrevistados, 82% qualificaram a prática como inaceitável e 71% consideraram inaceitável a venda desses ovos em supermercados e restaurantes.

Outro estudo, realizado em 2021, e conduzido pelo Instituto Datafolha a pedido da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, mostrou que praticamente nove de cada dez brasileiros maiores de 16 anos se importam, em maior ou menor grau, com o sofrimento dos animais nas fazendas. Foram entrevistadas 2.073 pessoas, das quais 64% indicaram se importar muito e 24% se importar um pouco.

— Foto: Davi Augusto

De acordo com relatório da Business Benchmark on Animal Welfare (BBFAW), a maior parte das gigantes globais de alimentos reconhece a importância do bem-estar animal e está tratando o assunto com políticas de compromissos e governança mais claras. No entanto, não comunicam corretamente as implementações bem sucedidas.

Um total de 150 produtores de alimentos, varejistas e empresas de serviços alimentares globais, que juntos faturam US$ 4,9 trilhões, incluindo empresas como McDonalds, Tesco e Tyson Foods, foram classificados pelo BBFAW. Entre os pontos positivos do relatório destacam-se que a grande maioria das empresas avaliadas (95%) agora identifica o bem-estar de animais de criação como uma questão comercial relevante, contra 79% em 2012.

“Embora as cadeias de produção tenham características particulares, a avicultura e a suinocultura possuem um tema específico: eliminar as gaiolas”, analisa Mateus Paranhos.

Como a pressão pela sociedade tem sido forte, o setor segue em busca de alternativas. “Hoje para montar uma granja nova que respeite o bem-estar animal, o custo não é mais alto que o de uma estrutura convencional. No entanto, inverter o sistema tem custo alto e isso é um entrave”, indica. Uma granja com seis andares de gaiolas, acrescenta, chega a alojar cerca de 100 mil galinhas.

Para Flávia Fontes, da Fairfood, trata-se de um desafio imenso, mas que deve ser enfrentado. Segundo ela, atualmente nem 10% da produção nacional de ovos é oriunda de galinhas livres de gaiola. Outro importante gargalo na avicultura de postura é que apenas as fêmeas têm valor comercial. Além de não botarem ovos, os machos não podem ser destinados à produção de frango de corte por não terem a linhagem genética apta para a carne. Por isso, são mortos no primeiro dia de vida.

Uma das alternativas a esse manejo é a adoção de uma tecnologia de sexagem in ovo, que permite identificar o sexo do embrião antes de sua formação, antecipando o descarte. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os métodos de eutanásia praticados no Brasil seguem as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

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Ainda de acordo com a associação, as “empresas da área de genética avícola utilizam a mais avançada tecnologia e atuam ativamente em diversas pesquisas, incluindo métodos viáveis para sexagem embrionária ou utilização comercial dos pintos machos”. Para a ABPA, este é um avanço prioritário para as empresas, que permitiria, por exemplo, a ampliação da capacidade de produção de alimentos pelo setor.

No caso da eliminação de gaiolas das porcas em gestação, a migração no Brasil tem sido mais simples, porque a transição não gera perda de resultado zootécnico. “Mantém ou até melhora o resultado em alguns casos”, atesta o veterinário Glauber Machado.

Foi o que fez a granja Miunça, de propriedade da Hartos Agropecuária Cenci, em Brasília. “Investimos em uma suinocultura tecnificada e moderna”, salienta o diretor Alexandre Cenci. Há oito anos, a criação é voltada para a raça de suínos duroc por características como ganho de peso e rusticidade, além de marmoreio, sabor e suculência da carne. Características que, aliadas ao bem-estar, são potencializadas e resultam em maior qualidade dos cortes.

— Foto: Davi Augusto

Toda a produção da granja Miunça, onde são criadas quatro mil matrizes, é certificada pela Fairfood desde 2022. “Os animais que vivem com conforto são mais produtivos e mais calmos”, garante Cenci.

A instrução normativa (IN) nº 113 do governo federal preconiza a eliminação total das gaiolas de gestação na suinocultura. “O problema é que a IN dá um prazo muito grande, de 25 anos, para o suinocultor se adequar, ou seja, apenas em 2045 as gaiolas de gestação devem ser totalmente banidas do país”, ressalva Mateus Paranhos.

Outra empresa pioneira na obtenção do selo Certified Humane é a Korin. A companhia trabalha em sistema de integração com 35 parceiros produtores de frangos para corte e seis parceiros fornecedores de ovos. “Todas as granjas estão adaptadas para bem-estar animal. As de frango de corte são certificadas desde 2009, e as de ovos desde 2013, quando ingressamos na atividade”, conta Ana Paula Nadai, gerente de qualidade da empresa.

Entre os cuidados na criação de frango de corte, a gerente destaca o controle da formulação da ração e dos ingredientes para garantir alimentação adequada para cada fase da ave, oferta de água à vontade e densidade do galpão de, no máximo, 30 quilos por metro quadrado.

“Quando estão prontas para o abate, as aves são recolhidas por equipe treinada, pois devem ser apanhadas de forma gentil, por trás e com as duas mãos”, informa.

As galinhas poedeiras são criadas em galpões e têm acesso a uma área externa, com piquete e sombra. Os produtores integrados são treinados por colaboradores da Korin, que é auditada uma vez por ano pela certificadora. As aves também têm acesso à luz natural da noite. “São garantidas, no mínimo, oito horas sem luz artificial”, assegura Ana Paula.

A preocupação com o conforto climático é um tema recorrente quando o assunto é bem-estar animal. Na Fazenda Milk Farm, em São João do Oeste (SC), as 320 vacas alojadas quase não sentem o extremo calor nos meses de verão. Na região, em março, houve picos de 38ºC.

Produtores usam ventiladores e jatos de água para amenizar calor em animais — Foto: Régis Scheid/Divulgação

A média de produção é de 38 litros por dia por animal, e o patamar no mês de março estava em 34 litros. No entanto, antes da adoção de algumas práticas nas instalações, a média de produtividade não passava de 23 litros diários. Gigantes ventiladores de teto ligados 24 horas por dia e chuveirinhos acionados a cada poucos minutos são os principais aliados do bem-estar das vacas, que também não dispensam uma boa cama e uma farta oferta de alimentação.

“A vaca é de rotina”, afirma Maurício Splendor, gerente da propriedade. E a rotina regrada não tem um detalhe fora do eixo: ordenha, descanso, alimentação, saúde em dia e até uma “coçadinha” de vez em quando. A área de repouso é um dos destaques. A cama dos animais é arrumada três vezes por dia, e não estranhe: as fezes e a urina cumprem um papel importante. Os dejetos, junto de maravalha (lascas de madeira), são “mexidos” por tratores quando as vacas estão na ordenha.

Com a fermentação da cama, a umidade sai do ambiente e fica apenas uma matéria seca e confortável, como um colchão natural. “70% dos dejetos ficam incorporados na cama das vacas, junto com as maravalhas, casca de arroz, pó de serra e casca de amendoim. Já os outros 30% viram adubo”, enumera Splendor, que é gerente da fazenda que pertence à família Grasel, acionista da Ultracheese, companhia responsável pela captação do leite produzido.

Pioneiro na região do oeste catarinense na utilização do chamado “compost barn”, ele explica que o sistema consiste em um grande galpão coberto para descanso das vacas e com espaço para que circulem livremente. Splendor percebeu de cara a melhoria na longevidade e sanidade dos animais, que são monitorados por colares que captam diferentes comportamentos, como mastigação e respiração em dias de calor.

— Foto: Davi Augusto

Distante 20 quilômetros de São João do Oeste, fica a propriedade da família Ritter, em Iporã do Oeste. Lá também foi adotado o sistema compost barn para o rebanho de 93 vacas. “Temos poucos problemas como mastite, pneumonia, doenças de casco. A sanidade está sempre em dia”, destaca o produtor Valmir Ritter.

Já na fazenda da família Ott, são 140 vacas que vivem no sistema “free stall”, que divide os animais por baias, com camas individuais, corredores de acesso e pista de trato. O pecuarista José Paulo Ott valoriza cada ferramenta que minimiza o estresse dos animais, porque o resultado aparece no aumento da produção. Alguns escovões – como os de lava-rápido – espalhados pelo galpão são feitos para as vacas se coçarem e se limparem, e é difícil ver o “brinquedo” desocupado. Ventiladores e aspersão de água também são utilizados para amenizar o calor.

A propriedade fechou 2023 com uma média de 34 litros por animal ao dia. Desde 2014 com o gado confinado, o produtor recorda que sua média com os animais a pasto era de cerca de 25 litros por dia. “Nós não queremos 40 litros de média se a vaca for sofrer. Nós ajustamos até onde conseguimos sem causar danos para o animal”, salienta Gilberto Ott, filho de José Paulo.

A família Ott cria os bezerros desde o seu nascimento. Enquanto os recém-nascidos vão para o crechário, a vaca recém-parida segue para um lote especial para receber uma solução de mineral e cálcio. A oferta de colostro é feita em até duas horas após o nascimento.

Daí em diante, os animais são separados por faixa etária. Depois de quatro meses, as terneiras deixam o crechário e são instaladas nos barracões. Já os bezerros machos são destinados para a recria e confinamento.

Transporte adequado reduz o estresse

Uma das questões mais importantes no bem-estar animal é o transporte adequado, considera a americana Temple Grandin, doutora em ciência dos animais e considerada uma das principais autoridades mundiais na área.

“É muito importante que as carretas tenham a quantidade correta de gado. Se os caminhões estão sobrecarregados, os animais podem ser pisoteados por outros”, diz. “Uma boa condução também é importante, porque, se acelerar muito rapidamente ou frear bruscamente, pode desequilibrar os animais”, acrescenta.

Diagnosticada com autismo, Temple Grandin tem como missão conscientizar produtores sobre transporte de animais — Foto: Divulgação

Para a especialista, o transporte correto – que inclui a colocação de pisos antiderrapantes nas carretas – é um importante redutor do estresse, especialmente o psicológico, que ela associa ao medo. Já fome, sede, fadiga ou extremos térmicos podem causar estresses físicos.

Diminuir fatores de estresse no transporte e no processo de abate melhora a qualidade da carne, garante. Além de contribuir com a segurança das pessoas que lidam com os animais de criação, que ficam menos agitados no manejo. No campo, manter o rebanho calmo também conduz a melhores resultados.

“Se você usar métodos de manejo calmos, com baixos níveis de estresse, os animais vão ganhar mais peso. É o mais correto a fazer porque animais sentem medo e dor”, ressalta.

Com base em seu trabalho em propriedades rurais e em outros integrantes da cadeia produtiva, como varejistas e redes de restaurantes, ela avalia que, em diversos casos, o manejo e o transporte melhoraram. Afinal, diz ela, as pessoas estão prestando mais atenção no assunto.

Temple Grandin tem 76 anos e é dona de uma história que virou filme. Diagnosticada com autismo na infância, transformou a sua condição e seu modo diferente de ver o mundo em base para suas técnicas que revolucionaram o tratamento de animais em propriedades e abatedouros. Controle de barulho, adequação de espaço físico e eliminação de choques fazem parte do seu método de manejo. “Tudo precisa ser medido continuamente. Temos que dar aos animais uma vida decente”, ensina.

Comunicação mais transparente

As empresas que trabalham com o compromisso de bem-estar animal devem se comunicar melhor com o público. Na avaliação de Beatriz Veloso, gerente de relações corporativas da ONG Mercy For Animals (MFA), a tendência é que as empresas invistam mais em transparência.

“Isso é importante porque as indústrias e o varejo devem falar não apenas sobre preço, mas também sobre valor, o que o bem-estar animal agrega ao seu posicionamento”, afirma.

Neste contexto, a MFA desenvolveu um índice para analisar as empresas de hotelaria e alimentos mais influentes da América Latina quanto ao seus posicionamentos e avanços na eliminação do confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de suprimentos. Trata-se do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (Mica).

“Embora a MFA trabalhe para impulsionar melhorias em todas as cadeias de produção especificamente no monitoramento das iniciativas corporativas, o enfoque principal tem sido da cadeia da produção de ovos, porque são os animais que sofrem de forma extrema”, avalia Cristina Mendonça, diretora executiva da MFA.

Dados do Mica de 2023 mostram que um quarto das empresas avaliadas, de um total de 59, caiu um nível devido à falta de mecanismos de transparência suficientes para verificar os avanços em relação ao bem-estar animal em suas cadeias de suprimentos.

Na avaliação de Beatriz Veloso, embora o segmento corporativo esteja avançando nos compromissos, algumas empresas caíram no ranking justamente por não terem costume de reportar ou ferramentas para comunicar de forma transparente suas iniciativas.

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