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AS 10 PRINCIPAIS RAÇAS DE GADO DE CORTE

raças de gado de corte

9 minutos para ler

A produção de carne bovina é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil. Para os pecuaristas, a prática tende a ser bastante rentável, desde que alguns cuidados sejam tomados, e certos pontos, avaliados. Por exemplo, conhecer bem as raças de gado de corte é fundamental para entender o quanto as características dos animais impactam a produção.

Isso porque cada linhagem se adapta de maneira diferente aos diversos biomas brasileiros, bem como apresenta resultados ímpares de produção — fruto dos melhoramentos genéticos promovidos. Portanto, ao calcular o custo de produção do gado de corte, o pecuarista deve saber exatamente em que está colocando seu dinheiro, para ter certeza de que é um investimento seguro.

Por isso, elaboramos este artigo para falar sobre as principais raças de gado de corte, as características de cada uma e como elas se adaptaram às regiões do país. Aproveite as informações!

1. Angus

A raça Aberdeen Angus é uma das mais conhecidas do Brasil, tendo grande destaque nos mercados de carne bovina nacional e internacional. A qualidade da carne é a principal responsável por esse reconhecimento, já que ela apresenta excelente habilidade para o marmoreio, além de uma cobertura de gordura espessa e uniforme.

Contudo, existem outros fatores que justificam o sucesso da raça na pecuária de corte. A alta fertilidade, a precocidade e a facilidade de parto asseguram um ótimo retorno financeiro aos produtores.

A precocidade não se refere somente ao fato de as fêmeas iniciarem o ciclo reprodutivo entre os 14 e os 18 meses, mas também ao seu rápido crescimento e terminação.

A raça, originária da Escócia, possui uma carne de qualidade com 3mm a 6 mm de espessura de gordura e com alto grau de marmorização, atendendo tanto para mercado interno e como o externo, tendo se adaptado muito bem ao clima do pampa gaúcho, mas respondendo de maneira igualmente produtiva em regiões mais quentes do país.

Como se não bastasse, esses animais são mochos e dóceis, o que facilita o manejo dentro da porteira. Para muitos especialistas, Angus é uma raça completa de gado de corte.

2. Nelore

O Nelore é uma raça bovina originária da Índia. Esses animais foram trazidos para o Brasil com o objetivo de melhorar o gado nativo e constituem a raça que mais recebe seleção, resultando em ótimos índices produtivos.

Calcula-se que cerca de 80% do rebanho nacional de corte é composto por bovinos Nelore ou anelorados, sendo a raça predominante nas fazendas da região central do país. São animais grandes, que alcançam bom desenvolvimento, e são direcionados exclusivamente à produção de carne.

O apreço dos pecuaristas se deve à rusticidade da raça que, por apresentar muitas glândulas sudoríparas, adapta-se bem às regiões quentes do Brasil. Além disso, a pelagem é espessa, o que confere boa proteção ao ataque de parasitas — isso significa que o produtor pode ter menos gastos com medicamentos.

As fêmeas têm partos fáceis, além de serem protetoras com seus bezerros. Estes, por sua vez, nascem fortes e sadios, o que faz com que a perda de bezerros seja mínima. Ademais, as carcaças do Nelore podem alcançar 20 arrobas aos 26 meses, com rendimento de 50 a 55% em uma dieta de pastagens. Para completar, também toleram bem as restrições alimentares.

3. Brahman

O Brahman teve origem nos EUA e é resultado de cruzamentos entre importantes raças zebuínas, que tiveram início com um gado brasileiro predominantemente Guzerá, com participação de Gir e de Nelore. As seleções visavam ao desenvolvimento de animais tolerantes à umidade, ao calor, aos endo e ectoparasitas e a determinadas doenças.

Os cruzamentos das linhagens resultaram em uma raça que herdou a qualidade da carne, a precocidade dos bezerros e a fácil adaptação ao clima tropical brasileiro, suportando bem as pastagens mais grosseiras. São animais que costumam dar ótimos rendimentos aos produtores, tanto na produção de carne quanto na reprodução.

Ou seja, os pecuaristas podem usar os touros para fortalecerem seus rebanhos. As fêmeas são bastante utilizadas em programas de inseminação artificial, em transferência de embriões e em fertilização in vitro.

4. Brangus

O Brangus é uma raça fruto dos cruzamentos entre Brahman e Aberdeen Angus, aprimorados simultaneamente nos EUA, no Brasil, na Austrália e na Argentina. As seleções tinham como objetivo aumentar a rusticidade das raças europeias e diminuir a vulnerabilidade a parasitas, com a contribuição das raças zebuínas.

Os Brangus também apresentam precocidade sexual, habilidades maternas e excelente acabamento de carcaça e marmorização da carne. São animais muito utilizados em confinamento por se adaptarem bem e terem um elevado ganho de peso.

5. Senepol

O Senepol tem uma história recente no Brasil, já que chegou aqui nos anos 2000. Mesmo assim, o país já é referência no melhoramento genético da raça, e a carne tem sido cada vez mais encontrada nos frigoríficos nacionais.

Esses animais têm um crescimento acelerado e um ciclo de engorda curto, o que os torna prontos para o abate mais precocemente. Além disso, têm uma excelente conversão alimentar, e seus bezerros têm maior peso ao desmame, sendo vendidos por valores acima da média do mercado de reposição.

São altamente adaptáveis a qualquer dieta e tolerantes ao calor, à umidade e aos parasitas. Também são longevos e têm alto desempenho reprodutivo. Essas características fazem com que eles sejam mais utilizados em cruzamentos industriais e para aumentar o número de sobreviventes ao parto nas fazendas.

6. Hereford

A raça tem origem na Inglaterra, mas os primeiros exemplares chegaram ao Brasil pela Argentina e pelo Uruguai. A sua performance, combinada à praticidade no manejo, torna esses animais muito populares em várias regiões do mundo, reconhecidos como raça básica.

São bovinos de grande porte e notável estrutura muscular. No entanto, são mochos e bastante dóceis no campo. Têm elevada fertilidade, longevidade e eficiência alimentar, além de serem rústicos e apresentarem ótima adaptabilidade a diversos sistemas de produção.

Os Hereford têm excelente capacidade de engorda e de acabamento de carcaça, chegando ao peso ideal para o abate entre os 20 e os 26 meses, em média. A gordura da carcaça é bem distribuída, o que dá à carne o aspecto marmorizado e uma elevada qualidade que garante destaque no mercado.

7. Caracu

O Caracu tem procedência direta de antigas raças ibéricas e portuguesas e está no Brasil desde o período colonial. Após quatro séculos sendo criados sob condições adversas, como clima forte, alimentação escassa e parasitas diversos, a seleção natural moldou animais rústicos. Assim, suas características revertem boa rentabilidade para os criadores.

É seguramente a raça europeia mais bem-adaptada ao clima tropical brasileiro, apresentando resistência ao calor e a endo e a ectoparasitas. Seus cascos também resistem bem, tanto a solos duros como a encharcados, e as fêmeas têm facilidade no parto.

O Caracu apresenta menor exigência alimentar, tem aptidão dupla e tem sido aproveitado em cruzamentos para aumentar a rusticidade de outras raças. Os machos cobrem em campo, o que facilita o manejo reprodutivo.

8. Charolês

A raça Charolês tem origem francesa, especificamente no distrito de Charolles, onde foi criado por fornecer carne de excelente qualidade e palatabilidade. Os animais também sempre foram utilizados como força de tração, pois são musculosos, grandes e pesados.

Apresentam alto rendimento de carcaça (tanto a pasto quanto em confinamento), com pouca gordura superficial e elevada marmorização. A raça é conhecida pela precocidade nos cruzamentos e nos abates.

O Charolês também é muito utilizado em cruzamentos industriais. Como a pele, os chifres, os cascos, o focinho e as mucosas não são pigmentados, a raça é mais bem-adaptada ao clima temperado.

9. Guzerá

De origem indiana, Guzerá é outra raça de gado de corte que também tem aptidão para a produção leiteira. Foi a primeira raça zebuína introduzida no Brasil, em 1870, com o objetivo de arrastar pesadas carroças de café pelas íngremes colinas do Rio de Janeiro, além de fornecer carne e leite.

Na Índia, se desenvolveu em terras férteis de clima quente e úmido, mas hoje está distribuído em várias regiões brasileiras. Porém, se destaca por ter sido a única raça que sobreviveu — e produziu — durante 5 anos consecutivos de seca na região Nordeste do Brasil (1978–1983), além de ter enfrentado outros períodos de seca histórica.

É a maior raça zebuína indiana, sendo que até mesmo os animais selecionados para a produção de leite têm porte avantajado. A precocidade, o bom rendimento da carcaça, a rusticidade e a habilidade materna são as principais características do Guzerá.

10. Tabapuã

O Tabapuã surgiu do cruzamento entre as raças Guzerá, Nelore e Gir e é conhecido como o “zebu brasileiro”. O nome faz referência ao local de origem da raça, interior do estado de São Paulo. Entre características mais marcantes do Tabapuã estão a precocidade, a fácil fertilização e a docilidade.

É a primeira raça zebuína mocha, e o seu melhoramento genético tem critério econômico, já que animais mochos apresentam vantagens na estabulação e no transporte. Os criadores buscam desenvolver o rendimento da carcaça, o ganho de peso e a precocidade, em detrimento das características raciais, que são supervalorizadas em outros animais.

Como gado de corte, o Tabapuã já demonstrou seu potencial em provas de ganho de peso e, na produção leiteira, tem respondido de modo surpreendente aos estímulos de seleção zootécnica.

O sucesso da pecuária brasileira se deve a muitos fatores, mas a busca por linhagens mais produtivas e resistentes foi responsável por nossos resultados mundialmente reconhecidos. Entender as características das raças de gado de corte é uma das principais incumbências dos produtores para que a sua produtividade e a sua rentabilidade sejam maximizadas.

Gostou da leitura do artigo? Trabalha com alguma das raças que apresentamos aqui, ou com outra que não está na nossa lista? Deixe um comentário no post e compartilhe a sua experiência!

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