Pular para o conteúdo

Antigo conhecido dos produtores, traça do tomate volta a causar danos na safra 2022

  • Produtores do DF e MS relatam perdas de até 50% nas lavouras de tomate por causa da praga e os ataques se tornam mais graves a cada ano.
  • Os produtores no Paraguai também relatam uma infestação 40% maior do que em anos anteriores.
  • A mariposa do tomate é mais comum nos períodos mais quentes e secos do ano.
  • Pesquisadores recomendam ações como limpeza de material usado e destruição de restos culturais como medidas de controle.
  • A peste foi detectada pela primeira vez em 1917 no Peru.

Os produtores de tomate do Distrito Federal registraram perdas de até 50% na safra de 2022. A causa de tantos danos é um velho familiar, a traça do tomateiro (Tuta absoluta), praga nativa da América do Sul, detectada pela primeira vez em 1917 no Peru. “Este ano a infestação é muito maior do que no ano passado”, avalia o produtor Maurício Severino Rezende (foto à direita), que também é presidente da Cooperativa Agropecuária da Região Planaltina (Cootaquara). com traça do tomate não atingiu 10%. “Este ano perdi metade da produção, e algumas plantações tiveram que ser abandonadas, porque não era economicamente viável colher”, diz Rezende.

A situação foi agravada pelo baixo preço oferecido pelo tomate. “No plantio anterior, os preços estavam altos e, portanto, o mercado conseguiu absorver um produto de qualidade um pouco inferior. Nesta safra, com o preço quatro vezes menor – R$ 40,00 a caixa contra R$ 160,00 do ano passado – a seleção teve que ser muito mais rigorosa”, explica. Como resultado, grande parte da produção virou ração animal ou foi simplesmente descartada.

A gestão adequada pode evitar perdas

O entomologista Alexandre Pinho de Moura (foto à esquerda), pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF), observa que esses picos de infestação pela traça do tomateiro têm sido recorrentes no país. “Há cerca de três anos tivemos uma situação semelhante no Brasil, mas ainda não foi possível identificar os fatores que determinam essa sazonalidade”, enfatiza.

Moura destaca que as infestações são mais comuns nos períodos mais quentes e secos do ano, quando a praga completa seu ciclo mais rapidamente e é possível obter várias gerações em um curto período de tempo.

A traça do tomateiro ataca a cultura durante todo o ciclo produtivo, causando danos às folhas, galhos e frutos, que são perfurados pelas lagartas e perdem seu valor comercial.

Mas o pesquisador explica que perdas tão altas, de até metade da produção, não são comuns. “Em geral é possível manter um controle razoável. Eventualmente, pode haver algum desequilíbrio na lavoura, devido à aplicação errada de agrotóxicos, por exemplo, que faz explodir a população da praga.”

Também é importante que o produtor adote alguns cuidados, inclusive na entressafra. “Algumas medidas são bem simples, como a destruição de restos culturais contaminados e limpeza de todo material utilizado na plantação, além de cuidados durante toda a colheita, como monitoramento da infestação e escolha correta dos produtos a serem aplicados”, recomenda o entomologista . Ele informa ainda que o uso associado de defensivos químicos com um inimigo natural da praga trouxe bons resultados nos experimentos.

Inimigo natural ajuda no controle de pragas

Recentemente, Moura concluiu um projeto de pesquisa que avaliou o controle da traça do tomateiro por meio do uso exclusivo de agrotóxicos e do uso de defensivos seletivos associados a um inimigo natural (controle biológico) da Tuta absoluta, um parasitoide de ovos chamado Trichogramma. pretiosum.

“O tratamento utilizando apenas defensivos foi eficiente, mas quando associado ao uso do parasitóide, a redução da praga foi mais expressiva, mantendo a infestação próxima aos níveis de controle – 20% de folhas atacadas e 5% de frutos emborrachados”, relata o relatório. investigador.

O experimento foi realizado em dois segmentos de casa de vegetação da Embrapa Hortaliças, utilizando o tomate híbrido BRS Kiara. A divisão da casa de vegetação foi feita de acordo com o tipo de controle utilizado: uma parte com defensivos recomendados para o cultivo de tomateiro e outra com o parasitóide T. pretiosum combinado com defensivos seletivos.

Em ambas as partes, foram dispostos 210 vasos, espaçados de um metro entre fileiras de plantas e 0,30 m entre plantas. Na última avaliação realizada dentro do estudo, foi encontrada uma taxa de infestação de 0% nas folhas para ambos os tratamentos. No caso dos frutos, os percentuais de ataque foram de 6,67% para o tratamento com uso combinado de agrotóxicos seletivos e T. pretiosum, e 20% para o tratamento com agrotóxicos isolado.

Para acompanhar e saber o momento exato de adoção de medidas adicionais de controle, foi realizado um monitoramento semanal da população da praga durante o estudo – nas folhas em fase vegetativa da planta e nos frutos em período de frutificação. “Recomenda-se que o produtor faça o mesmo na propriedade”, diz Moura, lembrando que a aplicação de defensivos junto ao inimigo natural deve ser feita de forma compatível, por meio de produtos seletivos, que sejam eficientes no controle da praga. , mas não causa dano ao inimigo natural.

Problema vai além do DF

Em Mato Grosso do Sul, o produtor Uilson Júnior, do município de Angélica, relata perdas semelhantes às do presidente da Cootaquara no Distrito Federal. “De cada 20 caixas, dez são jogadas fora e dez consigo vender, mas por um preço bem menor. Já perdi uma estufa inteira e agora estou perdendo a segunda. Aplicar veneno não resolve mais o problema. A única solução é arrancar tudo e plantar do zero”, informa o produtor mato-grossense. , a infestação por Tuta absoluta em plantações de tomate este ano é pelo menos 40% maior do que nos anos anteriores, causando grandes prejuízos aos produtores.

O representante da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) na área de atuação da Cootaquara, Fabiano Ibraim Regis Carvalho, afirma que esse percentual de perdas não foi uniforme em toda a região. “Algumas lavouras tiveram que ser arrancadas antes da colheita, mas outros produtores conseguiram manter a produtividade. Depende muito da gestão que cada um adotou”, enfatiza.

Um fato, porém, é inegável na avaliação do extensionista: o ataque da traça do tomateiro vem se agravando a cada ano.

Vídeo sobre a traça do tomate

https://www.youtube.com/embed/GPxrN9USGu4

um problema mundial

A partir da década de 1960, a Tuta absoluta se espalhou do Peru para outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai. A praga foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1979, no estado do Paraná, e após três anos já estava presente em todas as regiões produtoras de tomate do país.

Na década de 1990, a traça do tomateiro atingiu a região Nordeste com tanta intensidade, principalmente o Submédio do Vale do São Francisco, que boa parte das indústrias de tomate industrializado teve que fechar as portas e migrar para outras regiões, por causa da drástica redução da oferta de matéria-prima. Em 2006, T. absoluta foi detectada na Europa, na província de Valência (Espanha), e logo se espalhou para outras regiões da África e Ásia. Ainda não há registros oficiais da entrada da praga na China, o maior produtor de tomate do mundo, mas a mariposa do tomate foi encontrada no sul da Índia em 2014 e dois anos depois em fazendas no Nepal e no norte de Bangladesh. .

Segundo Moura, apesar da capacidade de voo do T.

absoluta é pequena e pode ser potencializada pelo vento, a disseminação da praga pelo planeta se deve principalmente à globalização do comércio mundial. “Basta uma fêmea fertilizada em uma caixa de tomates para levar a praga para outro continente”, diz ela.

o mercado de tomate

O Brasil produziu 3.679.160 toneladas de tomate em 2021, em uma área de 51.907 hectares (ha), o que representa uma produtividade média de 70.880 kg/ha. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor estimado dessa produção é de R$ 6.478.833,00, sendo São Paulo o maior estado produtor do país.

Ainda segundo o instituto, o valor estimado da produção vem crescendo ano a ano no Brasil, saltando de R$ 4.354.465,00 em 2017 para o valor registrado no ano passado; um aumento de quase 50% em apenas cinco anos.

Originário da região andina – que abrange Peru, norte do Chile, Equador e Ilhas Galápagos – o tomate é hoje produzido em mais de uma centena de países e está presente na mesa da população de diversas formas, desde a mais simples salada até produtos industrializados. , como molhos e extratos.

Sua importância alimentar e nutricional é caracterizada pela alta concentração de licopeno, um poderoso antioxidante que ajuda a proteger o organismo contra os radicais livres e até mesmo o câncer.

No Brasil, o tomate é uma das principais hortaliças, produzida em todas as regiões, com destaque para os estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, que concentram mais da metade da área e da produção nacional, e onde estão as principais indústrias processadoras de tomate. As boas condições edafoclimáticas são os principais fatores de concentração do cultivo nesses estados.

Há uma grande variedade de tomates pelo mundo, desde os tradicionais, com a casca vermelha do fruto, até os verdes e roxos. A forma e o tamanho também são variados: redondos, oblongos, planos, minitomates.

O uso de híbridos já está consolidado e atende a todos os mercados de produção de tomate, principalmente para os dois grandes grupos, tomate para indústria e tomate de mesa.

As cultivares de tomate destinadas ao consumo in natura podem ser divididas em quatro grandes grupos:

  • Cereja: as variedades apresentam frutos pequenos, com 12 a 18 cachos, em forma de pêra e cor vermelha a amarela, com altos teores de sólidos solúveis. Utilizado na decoração de pratos e couvert, este grupo vem apresentando grande procura por parte dos consumidores, alcançando preços razoáveis ​​no mercado.
  • Santa Cruz: são as mais conhecidas do mercado, com preço mais baixo e sabor levemente ácido. Tradicional na culinária, usado em saladas e molhos. Frutos oblongos, pesando entre 80 e 220 gramas.
  • Italiano: frutos longos (7 – 10 cm), em alguns casos pontiagudos e oblongos. Polpa espessa com coloração intensa, firme e saborosa. Usado principalmente para molhos, podendo também fazer parte de saladas. Embora tenha sido observado um aumento frequente da demanda, muitos consumidores ainda não sabem disso.
  • Salada: também conhecida como tomate ou gaúcha. Sua forma é plana globular, os frutos são muito grandes e podem atingir até 500 g, com coloração vermelha ou rosada. Eles têm pouca acidez.

Apesar de ser classificado como fruta, o tomate é estudado dentro do grupo das hortaliças, pois faz parte da dieta brasileira, juntamente com outras espécies, como parte de saladas. Dentre todas as hortaliças, o tomate se destaca entre as mais consumidas, depois da alface, associada principalmente às principais refeições diárias ou lanches e fast food.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Patrocinadores