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O alto consumo de leite CCS afeta a saúde do bezerro?

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O alto consumo de leite CCS afeta a saúde do bezerro? 3

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Os custos de manutenção de novilhas e novilhas representam cerca de 20% das despesas gerais da propriedade, sendo o período de aleitamento a fase mais onerosa (Boulton, Rushton e Wathes, 2017). Devido a esses altos custos, os produtores buscam formas mais baratas de alimentar os bezerros, sendo o leite de descarte uma das opções mais utilizadas disponíveis nas fazendas.

O leite residual é proveniente de vacas recém-paridas, que incluem colostro de baixa qualidade e leite de transição, ou leite de vacas que estão recebendo tratamento antibiótico, principalmente devido à mastite clínica. Em ambas as situações a contagem de células somáticas (CCS) é alta e o uso deste leite pode causar diversos problemas de saúde e desempenho para os bezerros.

As células somáticas são células de descamação do epitélio da glândula mamária e leucócitos do sangue, que aumentam em número por meio de infecção causada por diversos microrganismos, que incluem bactérias, fungos e algas. Em geral, a oferta de leite com alto CCS prejudica os animais devido à variação em sua composição nutricional, riscos de contaminação por microrganismos, presença de endotoxinas e antibióticos, além de aumentar os riscos de resistência de bactérias no trato gastrointestinal.

Problemas sanitários quando leite com alto teor de CCS é fornecido a bezerros estão associados à contaminação por Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Mycobacterium, Salmonella spp, Mycoplasma spp e Escherichia coli., entre outros. Esses microrganismos são responsáveis ​​pelo aumento da incidência de diarreias, doenças respiratórias e são um dos principais fatores de risco para mastite em novilhas. Abaixo está um resumo dos problemas causados ​​pela ingestão dessas bactérias via leite, na saúde dos bezerros.

Contagem de c%C3%A9lulas som%C3%A1ticas

É importante ressaltar que os animais recém-nascidos são ainda mais suscetíveis a essas doenças, pois a permeabilidade do intestino é maior que a dos animais mais velhos. O que acontece é que os neonatos apresentam enterócitos (células intestinais com função de absorção de nutrientes e macromoléculas) em diferentes estágios de maturação. Isso significa que enquanto o processo de maturação dessas células intestinais não ocorrer completamente, os bezerros serão capazes de absorver essas bactérias e suas toxinas.

Uma das estratégias utilizadas pelos produtores para reduzir os riscos de transmissão dessas bactérias pela dieta líquida é a pasteurização. Quando o processo é realizado corretamente, há uma diminuição drástica na contagem de bactérias e problemas com diarreia e pneumonia. No entanto, seu uso não imediato leva a um aumento da contaminação bacteriana, em números semelhantes aos do leite não pasteurizado (Elizondo-Salazar, Jones e Heinrichs, 2010). Além disso, não elimina os problemas causados ​​pela presença de antibióticos, toxinas bacterianas e composição nutricional.

O trabalho publicado por  (2019) avaliando os efeitos da pasteurização em amostras de leite coletadas em fazendas na Alemanha, na contagem de causa a em novilhas, mostrou que mesmo após o processo de pasteurização adequado e moderno, ainda foi possível identificar o crescimento dessas bactérias, sugerindo que a contaminação bacteriana no leite residual pasteurizado não pode ser excluída.

Outro problema que não pode ser contornado com a pasteurização é a ingestão de antibióticos provenientes do tratamento de vacas para mastite e outras infecções. Embora as quantidades de antibióticos sejam baixas e variáveis ​​em leites com alto CCS, não é incomum encontrar situações em bezerros em que os animais são alimentados com este tipo de leite, levando à resistência dos bezerros aos tratamentos com antibióticos.

Diversos estudos publicados na literatura investigaram os efeitos da resistência aos antimicrobianos aos principais microrganismos causadores de doenças intestinais e respiratórias em bezerros. Maynou, Bach e Terré (2017), a partir da coleta de amostras fecais, encontraram resistência de cepas de Escherichia coli (bactérias causadoras de mastite ambiental) a ingredientes ativos como enrofloxacina, florfenicol e estreptomicina.

Nesse sentido, estudos sugerem que a alimentação de novilhas com leite de descarte leva a um aumento de bactérias resistentes a antibióticos no trato digestivo inferior (porção final do intestino delgado e intestino grosso) e diminuição de sua resposta ao combate às doenças causadas por esses microorganismos.

Finalmente, o consumo de leite com alto CCS oferece a oportunidade de ingerir grandes quantidades de endotoxinas. Essas toxinas servem como uma barreira protetora e se originam da morte e ruptura celular de bactérias gram-negativas, como Escherichia coli. A parede intestinal do bezerro, em condições normais, atua como uma barreira física que impede a passagem dessas toxinas para a corrente sanguínea. No entanto, quando a carga bacteriana excede a capacidade de proteção intestinal, observa-se um processo inflamatório que pode levar o bezerro à febre, diminuição do apetite, desidratação, perda de peso e, em casos extremos, infecção generalizada (septicemia) e morte.

O produtor não pode esquecer que além de todos os problemas que podem ser causados ​​aos bezerros pelo fornecimento de leite com alto CCS, ele também está transferindo esse problema da sala de ordenha para o bezerro. Ou seja, reduzir o número de vacas acometidas por mastite no rebanho, melhorar aspectos rotineiros de ordenha e a imunidade das vacas é uma oportunidade de criar bezerros saudáveis ​​e, no futuro, vacas mais produtivas.

Em geral, os riscos sanitários das novilhas, quando alimentadas com leite de descarte, são bastante elevados e, por isso, sempre que possível, recomenda-se fornecer uma dieta líquida, com a utilização de leite integral ou substitutos lácteos de qualidade para que, juntamente com um plano nutricional adequado, a saúde e o desempenho adequado dos animais são garantidos.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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