cuidados com vacas de alta lactação

Ruminantes – Vantagens econômicas

Ruminantes – Vantagens econômicas

A principal vantagem nutricional e econômica dos ruminantes é beneficiar-se dos produtos da digestão bacteriana da fibra e da própria massa de bactérias que cresce extraindo energia de fibra.

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Animais não possuem as enzimas necessárias para digerir celulose e hemicelulose, os carboidratos componentes da fibra e os mais abundantes na natureza.

Essa tarefa é realizada pelas bactérias do rúmen, que vivem em simbiose com o ruminante.

Na alimentação de gado de leite a fibra tem importância energética e fisiológica.

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O teor de FDN de alimentos e dietas é inversamente relacionado à densidade energética do material. Isso significa que quanto maior o teor de FDN menor será o conteúdo de energia e vice-versa.

Apesar disso, os carboidratos que compõem a FDN frequentemente representam de 25 a 35% da matéria seca (MS) de dietas de vacas leiteiras confinadas, fazendo da fibra uma fonte importante de energia para vacas em lactação. Além disso, a fibra é responsável pela manutenção das funções de mastigação, ruminação e motilidade do rúmen.

A motilidade ruminal é uma função vital, ou seja, essencial não só para a digestão, mas para a sobrevivência do ruminante. Portanto, uma certa quantidade de fibra é indispensável em dietas de vacas leiteiras para garantir a função ruminal adequada, a fermentação do alimento e o crescimento microbiano.

A quantidade e as características físicas da fibra na dieta têm efeito sobre o pH ruminal, e consequentemente sobre a saúde do animal e sobre o consumo de alimentos.

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Animais consumindo dietas ricas em concentrados rapidamente fermentáveis e com baixo teor de FDN estão expostos ao risco de acidose ruminal clínica ou subclínica, que prejudicam o desempenho e a longevidade do animal.

A fibra dietética é responsável pela formação do MAT ruminal e estratificação da digesta dentro o rúmen.

O MAT é um “colchão” situado abaixo da fase gasosa da digesta ruminal e formado por um emaranhado de partículas flutuantes de alimento, longas e recém ingeridas, em processo de digestão bacteriana.

Ruminantes – Vantagens econômicas


O MAT tem duas funções principais na fisiologia ruminal: controle do pH ruminal por estímulo físico à motilidade, ruminação e salivação; e retenção do alimento recém ingerido para que permaneça no rúmen por tempo suficiente para colonização bacteriana e digestão.

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A formação do MAT no rúmen depende do tamanho e da gravidade específica (capacidade de boiar) das partículas fibrosas. Assim, a quantidade e características da FDN da dieta de vacas leiteiras afeta diretamente a saúde ruminal e eficiência da digestão


No entanto, nem toda FDN é igual. Forragens, subprodutos da agroindústria e concentrados têm FDN em sua composição, mas dependendo da origem, as características de fermentação da fibra no rúmen variam.

A fibra oriunda de concentrados é finamente moída, o que aumenta sua velocidade de fermentação no rúmen e de passagem para o abomaso e intestinos.

A FDN de subprodutos ricos em pectina, como a polpa cítrica é rapidamente degradada no rúmen, em velocidade inclusive superior a do amido. No entanto, a pectina não é substrato para formação de ácido lático no rúmen, como o amido.

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Ruminantes - Vantagens econômicas 3

A adequação de fibra na dieta é uma tarefa complexa, devido às limitações na determinação das exigências do animal por esse componente. O NRC (2001) propôs recomendações para o balanço entre carboidratos fibrosos (FDN) e não fibrosos, especificando também a exigência mínima por FDN proveniente de forragem como uma medida de efetividade física de fibra. No entanto, essas recomendações são limitadas, pois a fibra proveniente de forragem nem sempre garante efetividade suficiente para promover mastigação e ruminação.

Quando a forragem está picada muito finamente, isso pode não acontecer. Essa capacidade da fibra em promover mastigação e motilidade ruminal é chamada de efetividade física, ou FDN fisicamente efetivo (FDNfe).


Portanto, é importante compreender que o fato da FDN de uma dieta vir de forragem não garante sua efetividade física. A fibra longa é o que é essencial para garantir mastigação, salivação e saúde ruminal. No entanto, muita fibra longa afeta negativamente o consumo, pois é digerida mais lentamente, causando enchimento ruminal. Dessa forma, fica claro que uma medida mais adequada de exigência de fibra fisicamente efetiva deve incluir a distribuição do tamanho de partículas.


A combinação de valores de FDN de uma dieta e tamanho de partícula desse FDN para estimar FDNfe é possível utilizando-se o conjunto de peneiras separadoras da PennState. O método consiste em estratificar o tamanho de partículas da amostra da dieta seguindo recomendação das peneiras e analisar o teor de FDN na subamostra retida em cada peneira.

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A FDN contida acima da peneira de 8 mm é considerada efetivo.

Uma meta-análise recente determinou recomendações para o teor de FDN (% MS) retido nas peneiras acima de 8 mm (Zebelli et al., 2012), levando em consideração não somente manutenção do pH ruminal, como também consumo de MS. Segundo esta análise, a manutenção do pH ruminal começa a ser prejudicada quando o teor de FDN acima de 8 mm passa a ser menor do que 18% MS. Por outro lado, valores acima de 14% MS já começam a afetar negativamente o consumo de MS, como mostra a figura abaixo.


Figura 1. Efeitos do teor de FDN fisicamente efetivo no pH ruminal e consumo de matéria seca.

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Dessa forma, a recomendação resultante dessa meta-análise é que o teor de FDN maior que 8 mm esteja entre 14 e 18% MS, conforme demonstrado na figura 5.

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O ajuste preciso dentro dessa faixa fica dependente de outras características da dieta relacionadas ao risco de acidose ruminal, principalmente o teor de carboidratos rapidamente fermentecíveis no rúmen.

Dietas com alto teor de amido e açúcares prontamente fermentáveis devem exigir mais FDN para garantir a saúde ruminal do que dietas compostas por ingredientes de lenta degradação. Não há consenso também quanto a influência que a digestibilidade da FDN pode exercer sobre a efetividade física da fibra.

Há pesquisas mostrando aumento do pH e tempo de mastigação com fibra de melhor digestibilidade e outras mostrando diminuição desses parâmetros ou nenhum efeito.

Outro ponto importante relacionado às recomendações de Zebelli et al. é que essa análise foi feita principalmente com estudos europeus, que utilizam dietas bem diferentes do que nós utilizamos no Brasil.

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Enquanto nossas dietas para vacas em lactação são baseadas principalmente em silagem de milho finamente picada, as dietas utilizadas na análise mencionada apresentam alta inclusão de silagens de leguminosas e capins. Com isso, é de se esperar que, por mais que o conceito do tamanho de partículas do FDN seja universal, os valores absolutos da faixa ideal serão diferentes para nossa realidade. Dessa forma, é essencial que estudos nacionais e regionais sejam conduzidos para a determinação dos valores adequados em dietas que representem a realidade de cada região.

Não é simples traçar uma recomendação geral para exigência de fibra longa para vacas leiteiras.

Esse aspecto é especialmente desafiador em vacas de alta produção em início de lactação, pois esses animais necessitam de dietas densas em energia, mas sem risco de acidose que pode levar a comprometimento da saúde e produção.

A fibra é uma necessidade do ruminante e o balanceamento de fibra para vacas leiteiras exige conhecimento e avaliação rotineira dos resultados do rebanho

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