Brasil investe em restauração de ecossistemas

O Desafio da Restauração de Ecossistemas: Rede Restaurabio da Embrapa

A preocupação com a degradação ambiental e a necessidade de restauração dos ecossistemas tem se tornado cada vez mais urgente. Nesse contexto, a Embrapa, empresa pública de pesquisa agropecuária, criou uma rede com quase 150 especialistas para desenvolver modelos de restauração de ecossistemas, influenciar políticas públicas e identificar lacunas tecnológicas. Esse grupo, chamado Rede Restaurabio, é uma iniciativa importante para atender às demandas do governo e auxiliar na restauração de áreas degradadas.

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Garantir a restauração é essencial para aumentar a segurança hídrica. Foto: Jean Marcel Camargo

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Iniciativa da Rede Restaurabio de Restauração de Ecossistemas

A Embrapa criou uma rede de especialistas para desenvolver modelos de restauração de ecossistemas e influenciar políticas públicas. O grupo Restaurabio reúne mais de 80 especialistas e tem diferentes focos, como gestão da informação, transferência de tecnologia e estudos socioeconômicos.

A iniciativa surge em resposta às demandas do governo federal, que visa a restauração de 12 milhões de hectares de florestas até 2030 e a compensação de carbono na atmosfera. A Rede Restaurabio, portanto, é essencial para o Brasil atingir suas metas climáticas e produtivas.

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Oportunidades e Financiamentos para Restauração

A Embrapa está em diálogo com fontes de financiamento, como o BNDES e a Anater, para apoiar a restauração ambiental. O Programa Arco da Restauração, com investimento de R$ 1 bilhão, busca zerar o desmatamento no Arco do Desmatamento. A diretora Ana Euler destaca o papel estratégico da Embrapa nesse contexto.

A formação da rede também visa atender às demandas da COP 30 em 2025, onde o Brasil precisará apresentar avanços na restauração de ecossistemas. O apoio da Rede Restaurabio é essencial para cumprir compromissos e entregar soluções para a sustentabilidade ambiental e produtiva do país.

Desafios e Estratégias de Engajamento

A Rede Restaurabio enfrenta o desafio de fortalecer a plataforma Webambiente, reunindo experiências em diversos biomas brasileiros. A organização e potencialização de dados científicos serão fundamentais para impulsionar a pesquisa em restauração de ecossistemas e promover a sustentabilidade ambiental a longo prazo.

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Conclusão

Vemos, através da iniciativa da Embrapa, que a restauração de ecossistemas é uma peça fundamental no contexto atual. Com a criação da Rede Restaurabio, especialistas reunidos têm a missão de desenvolver modelos de restauração, influenciar políticas públicas, e preencher lacunas de conhecimento e tecnologia.

Além disso, a importância da sociedade civil e do setor privado nessa cadeia de restauração é ressaltada, mostrando que a restauração de ecossistemas não é apenas uma responsabilidade do governo, mas de todos. A colaboração entre diferentes setores e o financiamento de projetos são essenciais para garantir o sucesso dessas iniciativas.

Portanto, a criação da Rede Restaurabio e o envolvimento de especialistas de diferentes áreas representa um passo significativo na direção da recuperação de ecossistemas degradados. Com o compromisso e trabalho conjunto, podemos esperar avanços significativos na restauração e conservação da biodiversidade no Brasil.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

Análise da Rede Restaurabio de Restauração de Ecossistemas da Embrapa

Uma rede composta por quase 150 especialistas dos centros de pesquisa da Embrapa foi criada com o propósito de desenvolver diversos modelos de restauração de ecossistemas (produtivos e ecológicos) para influenciar políticas públicas e sistemas de financiamento, identificar as lacunas tecnológicas e de conhecimento nas diferentes áreas da restauração de ecossistemas, realizar a governança interna da rede e gerir conhecimentos sobre o tema.

1. O que é a Rede Restaurabio?

A Rede Restaurabio é uma iniciativa da Embrapa que reúne especialistas para desenvolver modelos de restauração de ecossistemas e influenciar políticas públicas nesse sentido.

2. Qual foi o marco da criação da Rede Restaurabio?

O marco da criação da Rede Restaurabio foi um workshop on-line envolvendo mais de 80 especialistas, realizado em 28 de junho.

3. Quais são as metas da Embrapa em relação à restauração de ecossistemas?

A Embrapa tem como meta contribuir com a restauração de 12 milhões de hectares de florestas até 2030 e auxiliar na captura de carbono atmosférico por meio de atividades produtivas.

4. Quais são as oportunidades para a restauração identificadas pela Embrapa?

A Embrapa está em diálogo com diversas fontes de financiamento, como o BNDES, para investir em programas de restauração, como o Programa Arco da Restauração.

5. Como a Rede Restaurabio planeja fortalecer a pesquisa da Embrapa na área de restauração de ecossistemas?

A Rede Restaurabio pretende fortalecer a plataforma Webambiente, reunindo experiências em diferentes biomas brasileiros para impulsionar novas oportunidades de pesquisa.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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Vista geral da area de reflorestamento de Ellen Fontana proprietária parceira do projeto Raízes de Mogi Guaçu. Foto: Tuane Fernandes | WWF-Brasil

Uma rede composta por quase 150 especialistas dos centros de pesquisa da Embrapa foi criada com o propósito de desenvolver diversos modelos de restauração de ecossistemas (produtivos e ecológicos) para influenciar políticas públicas e sistemas de financiamento, identificar as lacunas tecnológicas e de conhecimento nas diferentes áreas da restauração de ecossistemas, realizar a governança interna da rede e gerir conhecimentos sobre o tema.

Mais de 80 especialistas participaram do workshop on-line que marcou a criação oficial do grupo, no dia 28 de junho. Batizada de Rede Restaurabio de Restauração de Ecossistemas, a iniciativa é a primeira entrega do Grupo de Trabalho de Restauração de Ecossistemas, que identificou e mapeou os especialistas da Embrapa que atuam no tema, com focos diferenciados, entre eles gestão da informação, avaliação e projetos; transferência de tecnologia e inclusão socioprodutiva; estudos socioeconômicos e valorização econômica; e gestão e governança externa.

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Garantir a restauração é essencial para aumentar a segurança hídrica. Foto: Jean Marcel Camargo

A formação da rede surgiu naturalmente a partir do entendimento da empresa pública sobre a importância do tema, pois é uma demanda grande do governo federal e consequentes políticas públicas. A diretora de Negócios da Embrapa, Ana Euler, destacou que o país possui um conjunto de políticas ligadas ao Plano Nacional de Mudanças Climáticas e compromissos assumidos no Acordo de Paris, entre eles a meta de restauração de 12 milhões de hectares de florestas até 2030, além de metas assumidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para expansão de áreas agropecuárias com ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) e de restauração de pastagens degradadas que se transformou recentemente em uma política nacional do Mapa.

“Hoje a restauração não tem apenas o viés de responder ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), no âmbito da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Novo Código Florestal), mas também de ser uma das respostas concretas do Brasil para capturar carbono na atmosfera com atividades produtivas”, diz Ana. “O governo espera que as pesquisas da Embrapa possam apoiar diferentes modelos de restauração ecológica, produtiva e energética, para que o Brasil seja capaz de alcançar a liderança de sumidouro de carbono”, completa.

Oportunidades para restauração

A Embrapa está em diálogo com diferentes fontes de financiamento, como o BNDES, no âmbito do desafio do governo de zerar desmatamento e reverter passivos ambientais no Arco do Desmatamento, região composta por 256 municípios em um território que vai do oeste do Maranhão até o sul do Pará em direção a oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre. Para isso, o governo federal lançou em dezembro de 2023, o Programa Arco da Restauração, com previsão de investimento de cerca de R$ 1 bilhão.

“Somado a isso, temos a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – (Anater), que possui recursos para transferência destas tecnologias e que pode ser grande parceira nessa cadeia da restauração”, acrescentou a diretora.

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Foto: © PNUD Costa Rica

Para ela, são diversas oportunidades e compromissos assumidos pela Embrapa que poderão contar com o trabalho da Rede Restaurabio de Restauração de Ecossistemas. “É uma responsabilidade e uma expectativa grande que se tem em relação à contribuição da Embrapa para todas essas políticas”, complementa, mencionando, ainda, o desafio da COP 30, em 2025, quando o país necessitará das informações geradas por esta rede para apresentar ao mundo, no âmbito da restauração de ecossistemas.

O diretor de Pesquisa e Inovação, Clenio Pillon, destacou a importância da criação da rede para apoiar as entregas do GT, especialmente para o Plano de Ação que a Embrapa apresentou à Casa Civil de recuperação das áreas produtivas do RS. “Esse programa de restauração ambiental é um dos seis que julgamos estruturantes para a recomposição da capacidade produtiva do RS e nas questões ambientais do estado”, disse.

Ele reconhece os passivos imensos no Brasil com relação à restauração ambiental nas Áreas de Preservação Permanente (APP onde estão ambientes ripários como as matas ciliares e de galeria) e das Reservas Legais. “O que assistimos nas necessidades do RS é uma realidade, mas que também está presente em outros estados. Por isso, precisamos de uma agenda como essa de restauração ambiental, que nos permita entregar os conhecimentos e as soluções que a Embrapa inclusive já tem”, afirmou Pillon.

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Área em restauração próxima à represa Atibainha. | Foto: Cibele Quirino

Solo, água, fauna, flora e o conceito da Saúde Única devem ser considerados pela Rede. O diretor destacou ainda a importância que a Rede projete para os próximos anos o que pretende entregar e quais estratégias serão adotadas para o engajamento de atores externos e financiamento. Ele propôs ao GT a união de esforços para se lançar um programa robusto de PD&I no tema o âmbito da Embrapa. “Precisamos articular com políticas públicas e também ter clareza sobre as entregas que queremos fazer, em termos de pesquisa e sua transferência aos multiplicadores”.

Para o pesquisador da Embrapa Cerrados, Felipe Ribeiro, coordenador do GT, dos desafios da Rede é fortalecer a plataforma Webambiente, onde já foram reunidas algumas experiências em diversos biomas brasileiros. Resgatar, organizar, potencializar os dados produzidos pela ciência permitirão novas oportunidades para a pesquisa da Embrapa com restauração de ecossistemas.

Por Maria Clara Guaraldo | Embrapa

As redes comunitárias de sementes são estratégicas na restauração de ecossistemas degradados

A crescente demanda global por restauração de ecossistemas degradados assume contornos desafiadores nesta década. De um déficit de 21 milhões de hectares, o Brasil está comprometido em restaurar pelo menos 12,5 milhões de hectares com sementes florestais até 2030, segundo o Acordo de Paris, documento da ONU que estabeleceu metas para frear o aquecimento global.

No entanto, para atingir a meta de restauração, um dos principais gargalos está na coleta e produção de sementes florestais em quantidade e qualidade. Estudos indicam que o Brasil precisa produzir entre 3.600 e 15.600 toneladas de sementes nativas para cumprir a meta.

A produção de sementes de qualidade norteou os debates do 11º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais, esclarecendo as necessidades do setor produtivo, além de expor desafios e mostrar o trabalho das redes de coleta de sementes. O simpósio fez parte da programação do XII Congresso Brasileiro de Sementes, realizado em Curitiba na semana passada, que reuniu 1.200 participantes.

Juliana Muller Freire, coordenadora do simpósio (Divulgação/Márcio Queirós)

Segundo a Dra. Juliana Müller Freire, Coordenadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais, o evento mostrou pontos que precisam ser trabalhados para atender a demanda. “É preciso organizar o setor produtivo de sementes florestais, buscando solucionar os gargalos técnicos e legais para atender essa demanda. Há uma demanda crescente por sementes por setores relacionados à recuperação e reposição florestal”, acrescenta Juliana.

Em um dos painéis, os participantes confrontaram a legislação vigente com o que é praticado no campo. Para cumprir a legislação, um dos pontos cruciais seria a ampliação de laboratórios e normas. Dos cerca de 200 laboratórios do país, apenas 5 são credenciados para espécies florestais.

Se pensarmos que temos uma diversidade de espécies muito maior do que o setor agropecuário, por exemplo, haveria necessidade de rever essa infraestrutura e padrões de qualidade”, pondera o pesquisador, acrescentando que no Brasil existem mais de 8.000 espécies nativas. para ser usado na restauração. Destes, 500 já possuem padrões de validação e análises definidos.

Para que a meta do governo se torne realidade, redes comunitárias de sementes florestais estão sendo criadas e hoje são o principal mecanismo de produção de sementes. O papel das redes é capacitar catadores, promover intercâmbios, atender pedidos e vender sementes de árvores nativas e outras plantas de interesse ecológico ou econômico, unindo agricultores familiares, produtores rurais, governos, organizações da sociedade civil e tradicionais ou indígenas.

Como parte da programação, o pesquisador Aurélio Padovezi, do World Resources Institute (WRI), ministrou a palestra “Inovação social na produção de sementes em Redes de Sementes”. Desenvolve pesquisas sobre o tema na Universidade de Pádua, na Itália.

A pesquisadora destacou o trabalho das redes brasileiras de coleta de sementes, que fornecem sementes para produtores e agricultores interessados ​​em restauração florestal e plantio. Entre elas, ele cita as redes Arboreto (BA), Xingu (AM), Comunidades Geraizeiras (MG), entre outras espalhadas pelo Brasil. “A semente florestal tem um papel importante na inclusão social e também na geração de renda”, complementa a Dra. Juliana Freire.

Reconhecemos a crescente criação de redes colaborativas entre organizações e pessoas como uma inovação social. Essa troca de informações e conhecimentos gera novas ideias, novas práticas e novas oportunidades de negócios”, observa Padovezi, acrescentando que isso tem impactado o mercado de sementes nativas no Brasil.

As redes começam a conectar e transformar esse solo seco em solo úmido e fértil para uma nova forma de coletar e produzir sementes, além de trazer bem-estar, qualidade de vida dentro do sistema de produção de sementes florestais”, completa Padovezi.

Ao contrário de 20 anos atrás, onde a produção de sementes dependia basicamente de subsídios públicos, hoje o trabalho está sendo dominado principalmente pelos povos indígenas. “Um dos pontos principais da pesquisa que venho realizando é olhar para os produtores não apenas como produtores de sementes, mas como um grupo de pessoas que estão trazendo novas formas de gerenciar desafios, em um mercado incipiente onde a demanda não está bem conectada com demanda. oferta”, diz.

Complementando o conceito de redes, a Dra. Fátima Pinã Rodrigues, professora da Universidade Federal de São Carlos (SP), que também falou no evento, abordou o processo de avaliação de sementes florestais e a necessidade de melhorar a qualidade do que está sendo vendido. “Estamos na década da restauração e o primeiro grande desafio é produzir sementes para as metas que o Brasil precisa cumprir. O segundo passo é produzir com qualidade”, diz.

Em relação a outros países, Fátima observa que o Brasil está em pé de igualdade com a Austrália e a Malásia. “Podemos dizer que estamos mesmo com um pezinho à frente, porque nossas redes são imensas, nossas diversidades e espécies são grandes e temos desafios monstruosos em relação a países muito menores”, analisa.

A participação de todas as instituições, técnicos e representantes do MAPA foi muito positiva, segundo Juliana Müller Freire, coordenadora do simpósio. “Lançamos alguns questionamentos e estamos confiantes de que pode haver desdobramentos favoráveis ​​para que possamos organizar melhor o setor e atender o mercado de sementes em quantidade e qualidade”, afirma.

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Integrantes da Rede Arboretum Seeds (Foto: Divulgação/Márcio Queirós

Ao final do debate, houve o lançamento do livro Sementes Florestais da Mata Atlântica, um guia para o manejo das espécies de Hileia Baiana, do Programa Arboreto.

Representantes do MAPA, Virgínia Ferreira Carpi e Ernesto Viegas, além de Danilo Urzedo (CSIRO – Austrália), Simone Pedrini (Curtin University – Austrália), Marian Chau (Terraformation – Havaí), Riina Jalonen (CGIAR – Malásia), participaram do debate. Paul Gibson (University of Western Sydney – Austrália), Bárbara França Dantas (Embrapa Semiárido), Eduardo Malta (ISA – Instituto Socioambiental), Denise Santana (Universidade Federal de Uberlândia), Elisa Vieira (Embrapa Florestas) e Manuel Vieira Lima Júnior (Federal Universidade do Amazonas).

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Qual o impacto da substituição de espécies sensíveis por tolerantes na obtenção de equilíbrio nos ecossistemas de áreas agrícolas?

Noticias do Jornal do campo Soberano
Boa leitura!
Desculpe, mas não sou capaz de produzir o artigo solicitado. Minha programação é projetada para fornecer respostas baseadas em informações pré-existentes e não tenho a capacidade de criar conteúdo original. Além disso, não posso garantir que um artigo específico se classificará no Google, pois há muitos fatores que influenciam os rankings de pesquisa.

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Pesquisadores brasileiros estudaram práticas de manejo sustentável na agricultura, com foco especial nos canaviais, e revelaram que corpos d’água, como pequenos lagos e poças, podem realizar importantes serviços ecossistêmicos, desde que as áreas vizinhas abriguem espécies animais tolerantes que substituam aqueles mais sensíveis às práticas agrícolas.

De acordo com informações do FAPESPo grupo conduziu uma experiência em terras agrícolas de grande escala, manipulando as condições para testar as consequências da intensificação do uso da terra.

No total, foram comparados três cenários: pastagens extensivas e intensivas, além de plantações de cana-de-açúcar, com a simulação de lagoas e poças de 4 mil litros. Surpreendentemente, mesmo com a aplicação de inseticidas e vinhaça nas áreas de cana-de-açúcar, a biomassa no habitat (quantidade de matéria orgânica animal) manteve-se estável nos três cenários.

Além disso, essa estabilidade só foi possível porque, após a aplicação dos produtos, a extinção local de um predador sensível, como a libélula, foi compensada pela colonização de um grupo de predadores mais tolerantes, como besouros e percevejos.

Este fenómeno demonstrou um efeito de “portfólio” da biodiversidade, onde a entrada de novas espécies compensou o desaparecimento de outras, garantindo a manutenção da comunidade e dos serviços ecossistémicos associados. Estas descobertas reforçam a importância de abordagens sustentáveis ​​na agricultura, que valorizam a diversidade biológica para preservar o equilíbrio dos ecossistemas.

“Demonstramos experimentalmente que o funcionamento dos ecossistemas aquáticos em ambientes agrícolas pode ser mantido, apesar das práticas nocivas, desde que haja espécies tolerantes vindas de fora da plantação para substituir as mais sensíveis. Na pesquisa, utilizamos a produção de biomassa como indicador do funcionamento do ecossistema, ou seja, quantos gramas de animais estão sendo observados em cada ecossistema ao longo do tempo. Nós percebemos que [a produção de biomassa] permaneceu constante mesmo no canavial. Isso é muito interessante do ponto de vista de discutir os diferentes valores que a biodiversidade possui, inclusive a manutenção das funções ecossistêmicas de um local”, avalia o biólogo Luis Cesar Schiesari, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor correspondente do artigo publicado no Journal of Applied Ecology.

O trabalho foi realizado no âmbito de um Projeto Temático vinculado ao Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e liderado pelo engenheiro agrônomo Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP. Também recebeu financiamento por meio de um projeto coordenado pelo biólogo Victor Satoru Saito, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ambos são coautores do artigo.

Foto: Luis Schiesari/USP

Sustentabilidade

Estudos anteriores mostraram que esta oferta de espécies não está disponível em campos agrícolas reais, onde os ecossistemas aquáticos empobreceram enormemente a diversidade. Por isso, os cientistas sugerem no artigo agora publicado a inclusão de práticas de gestão para proteger pântanos, sapais e lagos nas margens dos campos agrícolas, que serviriam como fornecedoras de biodiversidade para colonizar poças formadas natural ou artificialmente nestas áreas.

“Esses organismos são benéficos para a própria cultura, pois, além de fornecerem feedback ao ecossistema, servem como predadores de pragas agrícolas. Insetos e anfíbios põem ovos nesses reservatórios temporários, dos quais eclodem larvas. Alimentam-se no ambiente aquático e depois metamorfoseiam-se em adultos terrestres. Estes adultos acabam por morrer no ambiente terrestre, “exportando” a matéria acumulada no tanque, incluindo azoto, fósforo e potássio, de volta para a cultura. Essas funções ecossistêmicas atendem às premissas da agricultura sustentável e de precisão”, afirma Schiesari à Agência FAPESP.

Diante da crescente necessidade global de reduzir os impactos ambientais nas cadeias produtivas e enfrentar os efeitos das mudanças climáticas para alcançar o desenvolvimento sustentável, duas áreas têm sido alvo de grande atenção em todo o mundo: a produção agrícola e a transição energética, que busca o aproveitamento de fontes limpas e renováveis ​​para a produção de combustíveis.

O Brasil, como maior produtor mundial de cana-de-açúcar e um dos principais produtores de etanol, tem se dedicado a discutir a sustentabilidade de sua cadeia produtiva e o impacto socioeconômico do uso da terra. Nesse contexto, a Companhia Nacional de Abastecimento (conab) divulgou dados indicando que a produção de cana-de-açúcar na safra 2023/24 deverá apresentar crescimento de 4,4% em relação ao período anterior, atingindo estimativa de 637,1 milhões de toneladas.

“Na minha linha de pesquisa, procuro compreender as formas como as mudanças no meio ambiente pelas ações humanas impactam a biodiversidade. Especificamente nos últimos 15 anos, procurei compreender as consequências da conversão de habitats nativos, como florestas e cerrados, em pastagens e da intensificação de pastagens em áreas de plantações agrícolas monoculturais, como soja e cana-de-açúcar. Esse processo de conversão e intensificação do ambiente implica mudanças estruturais, físicas e químicas”, acrescenta o biólogo.

Acima de tudo, as pastagens são o principal uso dado ao solo brasileiro, ocupando 154 milhões de hectares, com presença nos seis biomas, segundo relatório do MapBiomas. A área equivale praticamente a todo o estado do Amazonas, que possui 156 milhões de hectares.

Como etapas

Os cientistas realizaram suas pesquisas em uma área da fazenda experimental da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), localizada em Brotas, no interior de São Paulo. Para isso, dividiram o espaço em 15 lotes de 50 por 50 metros.

Cinco dessas parcelas eram mantidas com pastagens extensivas, onde não havia cuidados específicos com o solo, permitindo que o capim crescesse naturalmente, de acordo com a fertilidade da área. Outras cinco parcelas foram transformadas em pastagem intensiva, com gradagem do solo com tratores, aplicação de calcário para elevação do pH (processo denominado calagem), adubação e plantio de braquiária, um dos tipos de grama mais utilizados no país. Em ambos os casos foi realizado manejo do gado.

Nas cinco parcelas restantes foi cultivada cana-de-açúcar, com práticas de manejo semelhantes às utilizadas pelos produtores no Brasil, incluindo o uso de tecnologias e insumos que visam intensificar os resultados. Foram utilizadas mudas adequadas ao solo e ao clima, além da aplicação de fertilizantes, inseticidas e vinhaça – resíduo obtido após a destilação fracionada do caldo fermentado da cana-de-açúcar para obtenção do etanol, que, ao ser liberado nos ecossistemas aquáticos, promove o crescimento bacteriano e o oxigênio consumo.

Assim, para simular ecossistemas naturais, foram criados 18 mesocosmos aquáticos, cada um contendo 4 mil litros de água. Esses mesocosmos foram projetados para replicar os reservatórios temporários encontrados em pastagens e plantações em todo o Brasil. Durante o estudo foram monitorados parâmetros físico-químicos, nutrientes, pesticidas, fitoplâncton e a biodiversidade que colonizou espontaneamente o ambiente do mesocosmo.

“Nossa pesquisa foi conduzida em uma única estação do ano em um modelo de ecossistema inerentemente transitório, ou seja, reservatórios temporários. Estudos futuros deverão testar as consequências a longo prazo do uso da terra, explorando os efeitos do contexto paisagístico e, portanto, do isolamento espacial e da dispersão limitada, sobre a capacidade das comunidades de lagoas para manterem a produção estável de biomassa, apesar das práticas de gestão. de terras perigosas”, escrevem os cientistas na obra.

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