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As redes comunitárias de sementes são estratégicas na restauração de ecossistemas degradados

As redes comunitarias de sementes sao estrategicas na restauracao de

A crescente demanda global por restauração de ecossistemas degradados assume contornos desafiadores nesta década. De um déficit de 21 milhões de hectares, o Brasil está comprometido em restaurar pelo menos 12,5 milhões de hectares com sementes florestais até 2030, segundo o Acordo de Paris, documento da ONU que estabeleceu metas para frear o aquecimento global.

No entanto, para atingir a meta de restauração, um dos principais gargalos está na coleta e produção de sementes florestais em quantidade e qualidade. Estudos indicam que o Brasil precisa produzir entre 3.600 e 15.600 toneladas de sementes nativas para cumprir a meta.

A produção de sementes de qualidade norteou os debates do 11º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais, esclarecendo as necessidades do setor produtivo, além de expor desafios e mostrar o trabalho das redes de coleta de sementes. O simpósio fez parte da programação do XII Congresso Brasileiro de Sementes, realizado em Curitiba na semana passada, que reuniu 1.200 participantes.

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Juliana Muller Freire, coordenadora do simpósio (Divulgação/Márcio Queirós)

Segundo a Dra. Juliana Müller Freire, Coordenadora do Comitê Técnico de Sementes Florestais, o evento mostrou pontos que precisam ser trabalhados para atender a demanda. “É preciso organizar o setor produtivo de sementes florestais, buscando solucionar os gargalos técnicos e legais para atender essa demanda. Há uma demanda crescente por sementes por setores relacionados à recuperação e reposição florestal”, acrescenta Juliana.

Em um dos painéis, os participantes confrontaram a legislação vigente com o que é praticado no campo. Para cumprir a legislação, um dos pontos cruciais seria a ampliação de laboratórios e normas. Dos cerca de 200 laboratórios do país, apenas 5 são credenciados para espécies florestais.

Se pensarmos que temos uma diversidade de espécies muito maior do que o setor agropecuário, por exemplo, haveria necessidade de rever essa infraestrutura e padrões de qualidade”, pondera o pesquisador, acrescentando que no Brasil existem mais de 8.000 espécies nativas. para ser usado na restauração. Destes, 500 já possuem padrões de validação e análises definidos.

Para que a meta do governo se torne realidade, redes comunitárias de sementes florestais estão sendo criadas e hoje são o principal mecanismo de produção de sementes. O papel das redes é capacitar catadores, promover intercâmbios, atender pedidos e vender sementes de árvores nativas e outras plantas de interesse ecológico ou econômico, unindo agricultores familiares, produtores rurais, governos, organizações da sociedade civil e tradicionais ou indígenas.

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Como parte da programação, o pesquisador Aurélio Padovezi, do World Resources Institute (WRI), ministrou a palestra “Inovação social na produção de sementes em Redes de Sementes”. Desenvolve pesquisas sobre o tema na Universidade de Pádua, na Itália.

A pesquisadora destacou o trabalho das redes brasileiras de coleta de sementes, que fornecem sementes para produtores e agricultores interessados ​​em restauração florestal e plantio. Entre elas, ele cita as redes Arboreto (BA), Xingu (AM), Comunidades Geraizeiras (MG), entre outras espalhadas pelo Brasil. “A semente florestal tem um papel importante na inclusão social e também na geração de renda”, complementa a Dra. Juliana Freire.

Reconhecemos a crescente criação de redes colaborativas entre organizações e pessoas como uma inovação social. Essa troca de informações e conhecimentos gera novas ideias, novas práticas e novas oportunidades de negócios”, observa Padovezi, acrescentando que isso tem impactado o mercado de sementes nativas no Brasil.

As redes começam a conectar e transformar esse solo seco em solo úmido e fértil para uma nova forma de coletar e produzir sementes, além de trazer bem-estar, qualidade de vida dentro do sistema de produção de sementes florestais”, completa Padovezi.

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Ao contrário de 20 anos atrás, onde a produção de sementes dependia basicamente de subsídios públicos, hoje o trabalho está sendo dominado principalmente pelos povos indígenas. “Um dos pontos principais da pesquisa que venho realizando é olhar para os produtores não apenas como produtores de sementes, mas como um grupo de pessoas que estão trazendo novas formas de gerenciar desafios, em um mercado incipiente onde a demanda não está bem conectada com demanda. oferta”, diz.

Complementando o conceito de redes, a Dra. Fátima Pinã Rodrigues, professora da Universidade Federal de São Carlos (SP), que também falou no evento, abordou o processo de avaliação de sementes florestais e a necessidade de melhorar a qualidade do que está sendo vendido. “Estamos na década da restauração e o primeiro grande desafio é produzir sementes para as metas que o Brasil precisa cumprir. O segundo passo é produzir com qualidade”, diz.

Em relação a outros países, Fátima observa que o Brasil está em pé de igualdade com a Austrália e a Malásia. “Podemos dizer que estamos mesmo com um pezinho à frente, porque nossas redes são imensas, nossas diversidades e espécies são grandes e temos desafios monstruosos em relação a países muito menores”, analisa.

A participação de todas as instituições, técnicos e representantes do MAPA foi muito positiva, segundo Juliana Müller Freire, coordenadora do simpósio. “Lançamos alguns questionamentos e estamos confiantes de que pode haver desdobramentos favoráveis ​​para que possamos organizar melhor o setor e atender o mercado de sementes em quantidade e qualidade”, afirma.

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simposio florestais
Integrantes da Rede Arboretum Seeds (Foto: Divulgação/Márcio Queirós

Ao final do debate, houve o lançamento do livro Sementes Florestais da Mata Atlântica, um guia para o manejo das espécies de Hileia Baiana, do Programa Arboreto.

Representantes do MAPA, Virgínia Ferreira Carpi e Ernesto Viegas, além de Danilo Urzedo (CSIRO – Austrália), Simone Pedrini (Curtin University – Austrália), Marian Chau (Terraformation – Havaí), Riina Jalonen (CGIAR – Malásia), participaram do debate. Paul Gibson (University of Western Sydney – Austrália), Bárbara França Dantas (Embrapa Semiárido), Eduardo Malta (ISA – Instituto Socioambiental), Denise Santana (Universidade Federal de Uberlândia), Elisa Vieira (Embrapa Florestas) e Manuel Vieira Lima Júnior (Federal Universidade do Amazonas).

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