Seleção genética, produtividade e rentabilidade

Seleção genética, produtividade e rentabilidade
Seleção genética, produtividade e rentabilidade

Depois de conversar sobre reprodução com o professor Zequinha, e sobre nutrição com Marcos Neves, chegamos ao último artigo da série especial de entrevistas com grandes nomes da pecuária leiteira.

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Agora, a Agroceres Multimix convidou o gerente do programa Semex Progressivo, Flávio Junqueira, para discutir genética, por meio de perguntas focadas na situação atual do Brasil e do mundo.

Estabelecer um planejamento genético coerente e adequado para cada propriedade.

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Prioridades devem ser estabelecidas, por exemplo: em fazendas de pastagem, que dependem de uma época de parto e fertilidade das filhas, apesar de menor herdabilidade, deve ser um dos itens mais importantes na seleção genética; e os que produzem queijo, optam por maior produção de sólidos.

Parece óbvio, mas muitas vezes a prioridade necessária não é levada em consideração. No entanto, com as ferramentas atualmente disponíveis, é possível selecionar várias características desejadas ao mesmo tempo.

Outra questão que gostaria de destacar – que considero de extrema importância para todos os produtores – seria a importância de uma criação bem feita.

Estudos epigenéticos comprovam o quanto é importante criar bem os bezerros, principalmente nos primeiros 6 meses de vida, para promover uma vaca melhor e mais eficiente no futuro.

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De fato, o ciclo de sucesso da pecuária leiteira começa nas primeiras duas horas de vida do bezerro, com a ingestão adequada de colostro.

Dessa forma, o caminho para o sucesso – a meu ver – é a combinação de manejo adequado, nutrição correta e animais com alto potencial genético.

O melhoramento da pecuária leiteira passou por uma verdadeira revolução, principalmente na última década.

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A primeira revolução foi a disseminação da inseminação artificial em 1950; e a segunda, a implementação das avaliações genômicas em 2009.

Traçar uma cronologia da história: há 100 anos, o seleção genética e a escolha dos touros foi feita por avaliação fenotípica, ou seja, uma avaliação visual das características do indivíduo.

No final da década de 1960, começaram a ser coletadas as primeiras características de produção de filhas (produção de leite e gordura) e iniciou-se o teste de progênie, que evoluiu com testes de produção de proteínas (1974), depois conformação (final de 1970) e no meados da década de 1990, implementação de evidências de saúde.

Em 2000, pode-se dizer que a avaliação da progênie de um touro gerou um teste bastante completo e, neste modelo, demorava-se, em média, 5 anos para se ter um touro comprovado.

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Essas informações acumuladas eram importantes e necessárias, e serviam como banco de dados para evidências genômicas.

Assim, com o estudo e mapeamento do DNA e o uso de marcadores, foi possível obter uma comprovação completa e confiabilidade em torno de 70%, com a leitura do genoma de cada indivíduo.

Ou seja, um bezerro recém-nascido ou bezerro testado teria sua avaliação genética imediatamente.

Assim, maior pressão de seleção, com a pronta dispensa de tourinhos, com menores testes e maior acurácia nos índices sanitários.

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No entanto, o maior impacto foi a seleção genética de pais e mães dos touros da próxima geração, muito mais jovens, o que diminuiu a diferença de gerações.

Quanto menor o intervalo de gerações, maior a velocidade do ganho genético.

Portanto, nos últimos anos, a velocidade de ganho genético – em média – quase triplicou em relação aos modelos anteriores, o que abre perspectivas muito positivas e impactantes para o melhoramento do gado leiteiro.

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Cada propriedade deve estabelecer um critério de seleção genética que é mais consistente com suas expectativas.

De fato, em todo o mundo, há uma formulação de índices em melhoramento que servem para classificar o grupo de touros que melhor combinam as características desejáveis ​​de acordo com os critérios adotados pelas associações de raça e que, indiretamente, representam os criadores e selecionadores.

Nos Estados Unidos, os índices mais populares de seleção genética para touros de classificação são GTPI (Total Performance Index) e Net Merit (Net Merit).

No Canadá, os mais comuns são o GLPI (Lifetime Performance Index) e o Pro$ (mede a rentabilidade estimada até os 6 anos de idade).

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Nos últimos tempos, o GTPI está muito globalizado e é considerado a ferramenta de seleção genética que orienta o ranking dos touros ao redor do mundo.

Para produtores com foco mais comercial, Liquid Merit tem sido mais popular.

No entanto, como há muita informação, os produtores – individualmente – podem se orientar pelos índices citados acima, mas focam em características mais relacionadas à rentabilidade de sua propriedade.

Para uma maior produção de leite, se pensarmos individualmente, são necessários potencial genético, estágio de lactação e ambiente favorável.

Portanto, rebanhos de alto desempenho possuem vacas de alto potencial genético, trabalham muito focados na reprodução para manter o SLI (dias em lactação) médios menores e ter nutrição e conforto adequados para que seus animais tenham as condições necessárias para atingir altas produções.

A seleção para a saúde é possível e – a meu ver – uma das contribuições mais importantes e relevantes que o melhoramento genético pode oferecer atualmente.

O início da seleção em saúde ocorreu em 1994 com a publicação para vida produtiva, que na época era gerada por diversas características correlacionadas.

Outro aspecto que corroborou com um maior espectro de seleção em saúde foi a pesquisa da Universidade de Guelph, mostrando a possibilidade de seleção genética para uma melhor resposta imune em bovinos.

Em abril de 2018, o CDCB (órgão que controla as publicações genéticas nos Estados Unidos) publicou evidências de resistência a cetose, mastite, retenção de placenta, hipocalcemia, metrite e deslocamento de abomasal, consideradas as doenças mais prevalentes e economicamente relevantes.

Desde 2014, o Cdn, órgão de genética do Canadá, iniciou um projeto para avaliar problemas de casco em vacas leiteiras e, em 2018, começou a publicar evidências de resistência à dermatite digital.

Por isso, hoje, existem diversos índices de seleção em saúde.

É importante ressaltar que, com a atual velocidade de ganho genético, é real e possível seleção genética ter vacas mais saudáveis, com menos necessidade de intervenções e medicamentos.

Se tivermos que resumir hoje, as características mais populares na seleção de saúde são: fecundidade das filhas (DPR), vida produtiva e CCS, pois são características divulgadas há mais tempo e, portanto, possuem maior credibilidade junto aos seletores de todo o mundo.

Concluindo e resumindo, acredito que estamos vivendo um momento muito favorável em termos de melhoramento genético do gado leiteiro, com maior velocidade de ganho genético e, portanto, com a possibilidade de selecionar animais balanceados, que combinem : alto potencial produtivo, conformação funcional adequada e boa saúde.

E, no final das contas, são esses animais que geram mais lucros, melhor qualidade de vida para o produtor e maior viabilidade econômica nas propriedades.

Ressalto também que: o melhoramento genético é um investimento, pois os ganhos genéticos são cumulativos e o progresso é permanente.

 

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