A China, maior compradora de soja do mundo, vem questionando a qualidade dos grãos. Análises de agências agropecuárias mostram que o Brasil está à frente em termos de teor de proteína.
As novas exigências que a China – maior comprador de soja do mundo – está solicitando de seus fornecedores grãos com 40% a 44% de proteína e 20% a 22% de óleo. Conforme já destacado pelo Projeto Soja Brasil, a País asiático apresentou documento à Organização Mundial do Comércio (OMC), que, se aceito pelos membros, exigirá grandes esforços do Brasil, Estados Unidos e Argentinaos principais produtores da commodity agrícola.
Segundo os asiáticos, alguns “problemas” na padronização e qualidade dos grãos entreguesvocês obrigados a aderir à OMC com um documento que visa melhorar padronização da classificação de grãos.
Se a proposta comercial for firmada entre o país asiático e seus fornecedores – o que ainda não há prazo para que isso aconteça – os processos de toda a cadeia da soja serão fortemente impactados e o produtor terá que trabalhar muito para atendê-los.
O maior desafio, segundo fontes ouvidas, será responder aos padrões proteicos, que estão consideravelmente abaixo do exigido. Análises de agências agrícolas dos três principais produtores de soja do mundo (Brasil, Argentina e EUA) mostram que quem sai na frente em relação ao teor de proteína é, justamente, o Brasil.
De acordo com o pesquisador Irineu Lorini, líder do projeto Qualigrãos da Embrapa Soja, pequenas variações nos teores médios de proteína são consideradas normais, inerentes ao sistema de produção da soja, pois existem inúmeros fatores que interferem no teor médio de proteína da soja, como a cultura em si, o clima, as cultivares, o manejo da cultura, a região de produção, para citar alguns exemplos.
“Os números brasileiros têm ficado em torno de 37%, o que indica uma estabilidade do conteúdo médio no país”, explica.
A análise de Embrapa Soja mostra o grão nacional com teor médio de 36,69%, nas safras 2014/15 a 2016/17 em dez estados que, juntos, são responsáveis por cerca de 93% da produção brasileira. O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) mostra que o nível da substância na oleaginosa argentina atingiu apenas 34,7% em 2017.

Essa porcentagem é exatamente a mesma alcançada pelo grão norte-americanocomo avaliado pelo Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos realizado entre 2006 e 2015. Lá, o desempenho do grão foi ainda menor em 2017, com apenas 34,1%.
Cada tonelada de soja brasileira tem cerca de 2% mais proteína em relação aos grãos argentinos e norte-americanos. Quanto ao petróleo, análises argentinas e brasileiras colocam a soja de ambos em patamares semelhantes: de 20% a 24%, suficiente para atender às novas demandas chinesas, se aprovadas.
Cada tonelada de soja brasileira tem cerca de 2% mais proteína em relação aos grãos argentinos e norte-americanos.
Ainda de acordo com as pesquisas sobre a qualidade do produto, quanto ao óleo, análises argentinas e brasileiras colocam a soja de ambos em patamares semelhantes: de 20% a 24%suficiente para atender às novas demandas chinesas, se aprovadas.
Qualidade brasileira e desafio global para a soja
Apesar de parecer distante e de grande impacto para os agricultores, a Embrapa apresenta a seguir os dados que mostram que essa realidade é tangível. Outro ponto que precisamos levar em consideração é o preço que será pago por esse grão de maior qualidade.

A soja é valorizada principalmente por seu alto teor de proteína, superior ao de outras oleaginosas. Assim, o grão tornou-se uma matéria-prima indispensável para a produção de farelo proteico, utilizado principalmente na fabricação de ração para aves, suínos, bovinos e pequenos animais. A qualidade é um aspecto favorável, tanto para a indústria consumidora de soja brasileira quanto para países que importam o grão em grande escala, como a China.”, explica o analista econômico da Embrapa Marcelo Hirakuri.
Para o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNARicardo Arioli, e o presidente licenciado da Aprosoja BrasilAntônio Galvan, o pedido do China é legítimo, pois o cliente tem o direito de exigir mais qualidade no produto que compra.
Sobre a questão do teor de proteína do grão, fontes do setor ouvidas pela reportagem endossam a opinião de Arioli de que nos últimos 40 anos as empresas de melhoramento genético priorizaram a produtividade, característica que tem relação inversa com o teor de proteína.
“Ninguém no mundo tem os níveis que estão sendo exigidos. Já estive algumas vezes na China em reuniões do Ministério da Agricultura chinês com outros países produtores de soja, e os chineses sempre reclamaram da qualidade da soja.”disse o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli
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