A expectativa de queda no preço pago aos produtores de leite, o recorde no valor da saca de trigo, a alta produtividade do arroz e o bom desempenho das exportações de frango em 2022 são alguns dos destaques do Boletim Agrícola de agosto. O documento é elaborado mensalmente pela Epagri/Cepa com uma análise das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
Leite
Em agosto, o IBGE divulgou números que mostram que no primeiro semestre de 2022 a quantidade de leite cru adquirido pelas indústrias fiscalizadas no Brasil foi 9,1% menor do que no mesmo período de 2021. Essa redução significativa na oferta interna é a principal explicação para os preços internos aumentaram significativamente de maio a meados de julho. Desde então, os preços caíram. Com isso, os preços recebidos pelos produtores, que foram recordes em agosto, tendem a cair significativamente daqui para frente.
Frango
Neste ano, Santa Catarina exportou 595,09 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), com faturamento de US$ 1,26 bilhão, alta de 2% e 25,7%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. . Até agora, o estado foi responsável por 22,9% da receita gerada pelas exportações brasileiras de carne de frango em 2022.
Em julho, as exportações catarinenses dessa proteína ficaram em 87.350 toneladas, queda de 2,5% em relação às exportações do mês anterior e de 4,1% em relação a julho de 2021. A receita, por sua vez, foi de US$ 203,20 milhões, queda de 3,9% em relação ao mês anterior, mas um aumento de 17,9% em relação a julho de 2021.
porco
Santa Catarina exportou 51,35 mil toneladas de carne suína (in natura, processada e miúdos) em julho, alta de 1,3% em relação às exportações do mês anterior, mas queda de 3,3% na comparação com julho de 2021. A receita foi de US$ 123,48 milhões, queda de 0,5% na comparação ao mês anterior e 7,4% em relação a julho de 2021.
No ano, o estado exportou 330,72 mil toneladas de carne suína, com receita de US$ 754,63 milhões, queda de 1,6% em quantidade e 10% em valor em relação ao mesmo período de 2021. Santa Catarina respondeu por 57,1% da receita e 55,6 % do volume de carne suína exportado pelo Brasil este ano.
gado
Nas primeiras semanas de agosto, o preço médio do boi gordo em Santa Catarina apresentou pequena alta de 0,2% em relação ao mês anterior, diferente do movimento predominante nacionalmente, que foi de queda. Na comparação entre os preços atuais e os de agosto de 2021, há um aumento de 1,2% na média estadual.
Por outro lado, os preços da carne bovina no atacado caíram nas primeiras semanas de agosto, em relação ao mês anterior: -2,4% para o dianteiro e -1,7% para o traseiro. Ao comparar os valores atuais com os de agosto de 2021, observa-se um decréscimo de 0,4% para a carne do dianteiro e um aumento de 5,7% para a do traseiro, com média de 2,6%.
Trigo
Os preços do trigo no mercado catarinense em julho tiveram variação positiva de 2,82%, fechando a média mensal em R$ 107,59 por saca de 60kg, o maior valor nominal da série histórica divulgada pela Epagri/Cepa. Com o anúncio de uma possível retomada das exportações de trigo da Ucrânia, os preços no mercado internacional recuaram, porém, permaneceram firmes para a grande maioria dos estados monitorados.
Os custos de produção para esta cultura são extremamente elevados. Para abril, o preço de nivelamento para culturas com produtividade média de 3.600kg/ha foi de R$ 91,44 por saca de 60kg, ou seja, para cobrir os custos de produção, esse é o preço mínimo que o produtor deve receber por cada saca produzida. Para produtividade de 4.200kg/ha, o preço de nivelamento sobe para R$ 100,44 por saca de 60kg.
Arroz
O fim da safra de arroz catarinense trouxe uma boa notícia: a alta produtividade das lavouras catarinenses. Regiões como Rio do Sul, Ituporanga e Blumenau ultrapassaram a marca de 9 toneladas de produtividade média por hectare. A produtividade média do Estado aproximou-se de 8,5 toneladas por hectare.
Com relação aos preços, eles devem continuar subindo nos próximos meses, comportamento típico da época do ano. A tendência é clara nos valores praticados entre julho e a primeira quinzena de agosto, quando se mantiveram firmes.
Feijão
O preço médio do feijão carioca voltou a cair em julho, caindo 10,13% em relação a junho, fechando a média mensal em R$ 265,01 por saca de 60kg. Para o feijão preto, variação negativa de 5,45% no último mês, fechando a média mensal em R$ 179,60 por saca de 60kg. A expectativa do setor é que o mercado reaja com aumento do consumo, porém, mesmo com as promoções do feijão nas gôndolas dos supermercados, não há aumento nas compras dos consumidores.
Neste momento, em que ainda estamos comercializando a safra 2021/22 de feijão, a preocupação é que os baixos preços praticados atualmente possam reduzir a intenção de plantio por parte dos produtores para a próxima safra. Com os preços da soja em alta, muitos produtores poderão aumentar suas áreas de cultivo de grãos em detrimento do feijão primeira safra, concentrando seu plantio de feijão na segunda safra, a partir de janeiro de 2023.
Milho
Os preços do milho caíram 20% desde março, quando chegaram a R$ 100,00 a saca. O principal motivo que norteia os preços internos é a boa segunda safra nacional. Nos últimos três meses, os preços foram pressionados para baixo por uma maior oferta no mercado interno. Outros fatores que continuam influenciando são o câmbio, as repercussões do conflito Rússia-Ucrânia e o desenvolvimento da safra norte-americana.
Para a safra 2022/23, o produtor terá uma nova realidade, com aumento significativo nos custos de produção. Após as duas últimas safras com estiagens que comprometeram a produção, espera-se que os fatores climáticos sejam favoráveis para uma safra normal.
Soja
Observou-se uma reversão da trajetória ascendente dos preços das commodities. Desde junho, os preços oscilaram entre R$ 175,00 e R$ 185,00 por saca, bem abaixo dos R$ 200,00 por saca registrados em março. Na Bolsa de Chicago, a soja, na primeira quinzena de agosto, oscilou entre US$ 13,80/bushel a 14,60/bushel.
Os subprodutos da soja apresentaram diferentes movimentos. Os preços do farelo de soja subiram no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto os preços do óleo de soja caíram em julho, associados à desvalorização ou queda dos preços do petróleo. Os fatores associados levam a uma maior volatilidade das cotações no período.
Alho
Em julho, a Epagri/Cepa atualizou os dados de produção estimados para a safra de alho 2022/23. Assim, no estado, devem ser plantados 1.490 hectares de hortaliças, uma redução de 21,47% em relação à safra anterior. Em termos de produção, a redução esperada é de 19,1%, passando de 19.129 para 16.060 toneladas.
A lavoura catarinense está totalmente implantada, conforme informações de campo do Projeto Epagri/Cepa Safras. As condições das lavouras são boas a muito boas para o início do ciclo produtivo.
As importações em julho atingiram 8,43 mil toneladas, redução de 62,98% em relação a junho. O volume internalizado nos primeiros sete meses é de 85,60 mil toneladas, com redução de 14,47% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram importadas 100,07 mil toneladas.
Cebola
A atualização das estimativas da Epagri/Cepa constatou aumento da área plantada com cebola nos municípios de Campos Novos e Monte Carlo, totalizando mais 106 hectares, impactando um aumento de 0,52% na área em relação ao mês anterior. Assim, mantendo a produtividade média esperada de 29.798/kg/ha, a produção estimada do estado passa de 523 mil toneladas para 525 mil toneladas.
A implantação das lavouras no mês de julho foi favorecida pela boa condição de umidade do solo e maior disponibilidade de mão de obra para transplante, principalmente na principal região produtora do estado, o Alto Vale do Itajaí. Em Santa Catarina, já foram plantados 14.215 hectares, ou aproximadamente 80,56% da área de plantio prevista para a safra 2022/23.
De janeiro a julho de 2022, o Brasil importou 128.744 toneladas da hortaliça, cerca de 12,25% a mais que no mesmo período do ano passado, sendo a Argentina o principal fornecedor, seguido pelo Chile.
Banana
Entre junho e julho de 2022 houve valorização dos preços da banana-caturra, após redução entre maio e junho. O preço de julho de 2022 também foi maior em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na comparação entre os primeiros semestres de 2021 e 2022 também houve aumento médio de preços. Com oferta reduzida da fruta no mercado nacional, a expectativa é de manutenção do preço da variedade, que está nos patamares de 2019.
A banana prata também registrou valorização dos preços entre junho e julho de 2022 e em relação aos valores praticados há um ano. Mas, na comparação entre o primeiro semestre de 2021 e 2022, houve uma desvalorização dos preços. O aumento da demanda e a melhora na qualidade da fruta devem manter a valorização da variedade nos próximos meses.
No atacado, a oferta nacional da fruta segue abaixo da média, com perspectiva de valorização nos preços das bananas de melhor qualidade e maior volume ofertado.