O impacto da broca-do-café na produção de café arábica
A broca-do-café (Hypthenemus hampei) é uma praga que afeta severamente a produção de café arábica no Brasil, trazendo prejuízos econômicos significativos. O adulto da broca-do-café é facilmente identificado, mas é somente a fêmea que é capaz de colocar seus ovos no fruto de café, onde as larvas se alimentam das sementes, comprometendo a qualidade do café.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!O ciclo de vida da broca-do-café
O ciclo de vida da broca-do-café dura cerca de 17 a 46 dias, dependendo das condições climáticas. Durante esse ciclo, as fêmeas fecundadas perfuram os frutos de café, fazendo galerias no interior e colocando seus ovos. Após a eclosão, as larvas se alimentam das sementes, causando danos às mesmas.
Os danos causados pela broca-do-café
A incidência de broca no cafeeiro pode levar à queda prematura dos frutos, redução do peso dos grãos e depreciação do tipo do café devido ao aumento de grãos brocados. Além disso, os orifícios nos grãos causados pelas larvas da broca podem servir como porta de entrada para patógenos, comprometendo a qualidade da bebida.
O monitoramento e controle da broca-do-café
Devido aos graves prejuízos causados pela broca-do-café, é essencial realizar o monitoramento e controle dessa praga. A implementação de uma estratégia de controle biológico utilizando o fungo Beauveria bassiana promete trazer vantagens significativas, tais como a redução dos custos e a preservação de insetos benéficos à lavoura.
Como montar uma armadilha para a broca-do-café?
Fazer uma armadilha caseira para a captura da broca-do-café pode ser uma forma eficaz de controle desta praga. A armadilha deve conter um atrativo para as brocas e um líquido para afogá-las, proporcionando assim um método seguro e orgânico para lidar com essa praga.
O Curso Gestão na Produção de Café Arábica
O caminho para alcançar a excelência na produção de café arábica é conhecido com o curso de Gestão na Produção de Café Arábica; ele visa aprimorar as habilidades do produtor para maximizar a qualidade, produtividade e lucratividade do café produzido.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
A broca-do-café (Hypothenemus hampei) é a segunda praga mais importante do café arábica no Brasil, pertencente à ordem Coleoptera, o adulto da broca-do-café é um besouro de coloração preta.
Os machos dessa espécie são menores que as fêmeas, com cerca de 1,18 mm de comprimento, e não voam. Já as fêmeas dessa espécie, são maiores (1,65 mm) que os machos e voam, possibilitando assim que elas voem em direção aos frutos.
Sem tempo para ler agora? Baixe este artigo em PDF!
Ciclo de vida da broca-do-café
O ciclo dessa espécie dura em torno de 17 a 46 dias de acordo com as condições climáticas, visto que em temperaturas mais altas acarreta encurtamento do ciclo dessa praga.
A fêmea fecundada perfura o fruto de café, faz uma galeria no seu interior e coloca seus ovos, de coloração branco leitosa.
Após a eclosão dos ovos, que dão origem às larvas, elas se alimentam das sementes, causando danos às mesmas.
Ciclo de vida da broca do cafeeiro. Fonte: Acervo Rehagro
Fonte: Acervo Rehagro
Quais os danos causados pela broca-do-café?
Os danos causados pela incidência de broca no cafeeiro vão de queda prematura dos frutos, redução do peso dos grãos de café dependendo da infestação e depreciação do tipo do café devido ao aumento de grãos brocados.
Na classificação física, de 2 a 5 grãos brocados é considerado um defeito.
Além disso, os orifícios nos grãos causados pelas larvas da broca podem servir como porta de entrada para patógenos, podendo assim ocorrer fermentações indesejáveis, que comprometem a qualidade da bebida.
Larvas da broca se alimentando de grãos de café e grãos brocados. Foto: Larissa Cocato
Condições favoráveis a broca-do-café
A broca-do-café sobrevive no campo de uma safra para outra nos frutos remanescentes da colheita estejam eles na planta ou no chão.
Nesse sentido, uma colheita mal feita, lavouras abandonadas próximas e um período úmido na entressafra são condições que favorecem a sobrevivência dessa praga.
Monitoramento da broca-do-café
É importante realizar o monitoramento e bom controle da broca-do-café, devido aos prejuízos causados:
- Redução de peso dos grãos;
- Queda prematura dos frutos;
- Grãos brocados são considerados defeitos na classificação física;
- Orifícios podem servir como porta de entrada de patógenos.
Além disso, o monitoramento torna-se uma ótima ferramenta devido à dificuldade de controle dessa praga no período que as larvas se encontram dentro dos frutos se alimentando das sementes.
O monitoramento deve iniciar a partir do momento que haja insetos em trânsito, que pode ser diagnosticado por armadilhas ou visualmente nas lavouras.
O “período de trânsito”, é o período em que as fêmeas adultas dessa praga perfuram os frutos verdes chumbões aquosos, na região da coroa dos frutos.
Foto: Larissa Cocato
Monitoramento da broca-do-café – Metodologia EPAMIG
Para amostragem deve-se primeiramente dividir a lavoura em talhões homogêneos. Quanto ao tamanho do talhão, deve-se evitar talhões muito extensos, preferido talhões menores. É importante caminhar em zigue-zague na lavoura.
Fonte: Larissa Cocato
Destacamos os seguintes tópicos:
- Serão observadas 30 plantas no talhão;
- Em cada planta, observar 60 frutos (6 pontos (3 de um lado e 3 de outro) e 10 frutos em cada um desses pontos).
- Esses 10 frutos devem ser observados em diversos ramos e rosetas. Desses 10 frutos, contar aqueles broqueados e anotar na planilha.
- Preencher a planilha nos 30 pontos do talhão.
- Após preenchida, somar a quantidade de frutos broqueados em cada ponto (1, 2, 3, 4, 5 e 6).
Fonte: EPAMIG, 2013
Após a soma de todos os pontos, que resultará no total de frutos broqueados nos 30 cafeeiros monitorados, dividir esse valor por 18 (fator fixo), o que dará a porcentagem de infestação.
Porcentagem de infestação = TFF/18
Metodologia Cenicafé – Colômbia
Para amostragem deve-se primeiramente dividir a lavoura em talhões homogêneos. Quanto ao tamanho do talhão, deve-se evitar talhões muito extensos, sendo melhor talhões menores.
Novamente, é importante caminhar aleatoriamente na lavoura a fim de avaliar 30 ramos de café em um talhão. Além disso, devemos considerar os seguintes tópicos:
- Avaliar cerca de 2.500 frutos;
- Em cada ramo contar o número de frutos passíveis de ataque;
- Se na rama escolhida tiver frutos brocados, devemos avaliar qual a posição da broca;
- Calcular a porcentagem de frutos brocados.
Com base no cálculo de infestação, partir para a tomada de decisão.
Controle químico da broca-do-café
Com relação ao índice de controle, tem-se na literatura de 3 a 5%, entretanto, na prática, já se entra com o controle com 1% de infestação, devido à rapidez que essa praga se desenvolve a causa prejuízos ao cafeeiro, além disso, devido a alguns produtos com efeito residual como, por exemplo, os princípios ativos: Ciantraniliprole, Clorantraniliprole + Abamectina e Espinosade, terem boa eficiência com infestações mais baixas dessa praga, de 0,5 a 2%.
Fonte: Isaza, et al., 2017
Controle biológico da broca-do-café
O controle biológico é um método de combater pragas agrícolas através da utilização de seus inimigos naturais, que podem ser insetos predadores, parasitoides e microrganismos (fungos, bactérias e vírus).
Os fungos entomopatogênicos são agentes de controle de inúmeras pragas, como a broca-do-café. Dentre os diferentes agentes de controle natural da broca está o fungo Beauveria bassiana, que foi observado em muitos países atacando esta praga.
Existem vários estudos descrevendo a eficiência de B. bassiana no combate da broca em campo. Contudo, foi observado que este fungo também pode ser um aliado no controle de outras pragas como o bicudo do algodoeiro, mosca branca, broca do rizoma da bananeira, psílideo, ácaro rajado, gorgulho-da-cana-de-açúcar entre outros.
Modo de ação do fungo B. bassiana
O fungo B. bassiana tem um estágio de desenvolvimento conhecido como conídios, especifico para disseminação e para início da infecção.
Na maioria dos casos o fungo penetra nos insetos por contato, quando viável germina sobre o inseto e por ação química e física atravessa a cutícula e penetra na cavidade geral do corpo. Posteriormente, com o objetivo de se reproduzir, o fungo atravessa o corpo do inseto e produz conídios em grande quantidade que vão ser responsáveis pela disseminação e infecção completando o ciclo.
As brocas mortas pelo fungo que esporulou, ficam geralmente na coroa do fruto e com o corpo branco.
A infecção ocorre via tegumento, onde a B. bassiana germina em um período de 12 a 18 horas, dependendo de fatores nutricionais.
Decorridas 72 horas de inoculação, o inseto apresenta-se totalmente colonizado, ocasionando a morte do inseto, devido à falta de nutrientes e ao acúmulo de substâncias toxicas liberadas pelo fungo.
Sobre o inseto morto ocorre a formação de conidióforos com uma grande quantidade de conídios, que após 7 a 10 dias são liberados no ambiente podendo contaminar novos indivíduos, reiniciando o ciclo do fungo.
O fungo contamina a broca e age antes da penetração da praga no fruto de café. Gonzaléz et al. (1993) testaram dois isolados de B. bassiana sobre a broca-do-café e comprovaram a eficiência de controle com tempo médio letal para o isolado 1 de 54,72 horas e para o isolado 2 de 92,4 horas após o contato do fungo com a praga.
Mortalidade acumulada e tempo médio letal (TL50) da Broca-do-café (Hypothenemus hampei) infectada com isolados de Beauveria bassiana. Fonte: Adaptado González et al., 1993
Condições de aplicação e manejo
A aplicação da B. bassiana é recomendada em temperaturas entre 25° a 30° C e umidade acima de 65%, preferencialmente em dias nublados. O intervalo de aplicação e a dosagem podem variar de acordo com a infestação da broca, sendo o monitoramento fundamental para a tomada de decisão.
A aplicação do fungo na lavoura utiliza o mesmo pulverizador desenvolvido para defensivos agrícolas. A calda é de 400 litros por hectare, podendo variar de acordo com as tecnologias utilizadas na aplicação, destacando a importância de se realizar uma limpeza adequada dos equipamentos antes do uso, visando a maior eficiência de calda.
Deve-se respeitar no mínimo 3 dias de carência após aplicações de fungicidas na lavoura, visto que alguns destes produtos podem atuar negativamente sobre estes microrganismos reduzindo o crescimento vegetativo, esporulação e viabilidade .
Vantagens do controle biológico
Dentre as vantagens do controle biológico, esse tipo de controle não proporciona resistência de pragas, apresenta menor toxicidade humana e ambiental e redução dos custos, podendo ser até 87% mais barato que alguns inseticidas convencionais.
Além disso, esse controle não apresenta período de carência e não acarreta eliminação de insetos benéficos à lavoura, o que em muitos casos é proporcionado por aplicações excessivas e inadequadas de produtos que resultam em morte de inimigos naturais, causando assim desequilíbrio de outras pragas.
Devido ao produtor rural ter disponível poucas ferramentas para o controle da broca-do-café atualmente, a utilização da B. bassiana passa ser mais uma opção no manejo das populações dessa praga, considerando os benefícios de se utilizar o controle biológico. Contudo, a utilização desse controle tem o intuito de aumentar a eficiência das técnicas atuais de controle através da utilização do manejo integrado de pragas.
Como montar uma armadilha para a broca-do-café?
Armadilha para a broca-do-café. Fonte: Agro Mais
Materiais que você irá precisar
Estrutura da armadilha
- Garrafa pet de 2l;
- Tesoura;
- Molde de cartolina;
- Régua;
- Arame.
Atrativo
- Frasco de vidro;
- Etanol;
- Metanol;
- Pó de café torrado e moído.
Líquido para afogar/matar a broca
Como fazer
1. Tirar do rótulo da garrafa pet limpa, colocar o molde a uma distância de 13 cm da tampa da garrafa. Corte a garrafa de acordo com o molde.
Esquemas da garrafa pet.
2. Pinte a garrafa de vermelho a fim de facilitar sua visualização no campo e para atrair a broca.
3. Faça dois furos no fundo da garrafa e passe o arame para fixar a armadilha no campo.
4. Esquente a extremidade de um arame ou prego e faça dois furos a uma distância de 21 cm da boca da garrafa, para fixar o atrativo.
5. Atrativo: misture 250 ml de etanol + 750 ml de metanol + 10 g de café torrado e moído, coloque dentro do frasco, faça um orifício na rolha e fixe o frasco na garrafa pet.
Esquemas da garrafa pet.
6. Faça o líquido para afogar a broca: 200 ml de água + a colher de sopa de detergente e adicione no fundo da armadilha.
7. As armadilhas devem ser fixadas a 1,0 – 1,5 m do solo.
8. A quantidade de armadilhas irá variar de acordo com o nível de infestação.
Em busca de mais produtividade, lucratividade e qualidade do café produzido?
Conheça o Curso Gestão na Produção de Café Arábica.
Nele, você aprenderá a alcançar a excelência em todo o processo produtivo: desde o preparo do solo até o pós-colheita. Além disso, você terá acesso a ferramentas práticas para profissionalizar toda a gestão da fazenda.
Aulas dadas por consultores de grande experiência no campo, que levam para as aulas um conteúdo atualizado e aplicável à sua realidade.
Ficou interessado?
Clique no link abaixo e saiba mais informações.
FAQ sobre a Praga da broca-do-café
1. O que é a broca-do-café e quais as características da praga?
R: A broca-do-café (Hypothenemus hampei) é a segunda praga mais importante do café arábica no Brasil. O adulto é um besouro de coloração preta, sendo que as fêmeas, que são maiores que os machos, voam e perfuram os frutos para colocar seus ovos.
2. Qual é o ciclo de vida da broca-do-café?
R: O ciclo de vida dessa espécie dura em torno de 17 a 46 dias de acordo com as condições climáticas. As fêmeas fecundadas colocam seus ovos nos frutos, e após a eclosão, as larvas se alimentam das sementes.
3. Quais os danos causados pela broca-do-café?
R: A broca-do-café pode causar queda prematura dos frutos, redução do peso dos grãos e aumentar o número de grãos brocados, o que compromete a qualidade da bebida.
4. Quais as condições favoráveis para a disseminação da broca-do-café?
R: A broca-do-café sobrevive no campo de uma safra para outra nos frutos remanescentes da colheita, especialmente em condições de colheita mal feita e lavouras abandonadas próximas.
5. Como realizar o monitoramento da broca-do-café?
R: O monitoramento pode ser feito por meio de armadilhas ou visualmente nas lavouras, especialmente durante o período de trânsito, quando as fêmeas adultas perfuram os frutos.
6. Quais são os métodos de controle da broca-do-café?
R: Além do controle químico, o controle biológico, utilizando o fungo Beauveria bassiana, é uma opção viável e sustentável para controlar a broca-do-café.
7. Como montar uma armadilha para a broca-do-café?
R: Para montar uma armadilha, você precisará de uma garrafa pet, frasco de vidro, etanol, metanol, café torrado moído, água, detergente e cartolina, além de alguns cuidados na montagem e armazenamento das armadilhas.
Ciclo de vida da broca-do-café
O ciclo dessa espécie dura em torno de 17 a 46 dias de acordo com as condições climáticas, visto que em temperaturas mais altas acarreta encurtamento do ciclo dessa praga.
A fêmea fecundada perfura o fruto de café, faz uma galeria no seu interior e coloca seus ovos, de coloração branco leitosa.
Após a eclosão dos ovos, que dão origem às larvas, elas se alimentam das sementes, causando danos às mesmas.
A broca-do-café (Hypothenemus hampei) é a segunda praga mais importante do café arábica no Brasil
Na classificação física, de 2 a 5 grãos brocados é considerado um defeito.
Além disso, os orifícios nos grãos causados pelas larvas da broca podem servir como porta de entrada para patógenos, podendo assim ocorrer fermentações indesejáveis, que comprometem a qualidade da bebida.