Com o objetivo de promover a gastronomia aos turistas e visitantes, valorizar os produtores locais, incentivar os negócios e estimular o turismo e o desenvolvimento territorial sustentável, a Embrapa Alimentos e Territórios participou do 1º Festival Gastronômico de Piranhas (AL), realizado nos dias 26 e 27 de agosto. O evento foi idealizado por diversas instituições parceiras, como o Sebrae Alagoas e a prefeitura, e também buscou promover novas experiências para o público, formadores de opinião e toda a cadeia que compõe a gastronomia regional.

Na abertura, o chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), Ricardo Elesbão, falou sobre a conexão entre o festival e a atuação do centro de pesquisa da Embrapa, focado no desenvolvimento territorial e na preservação da biodiversidade, patrimônio e cultura. alimentos, que têm uma forte relação com a cadeia agroalimentar e o turismo. “Esta relação é extremamente importante porque liga a produção agrícola, os pescadores, a restauração e o turismo, de forma a potenciar ainda mais o potencial que a cidade já tem”, disse.

Vitor Pereira, subgerente da Agência de Atendimento Integrado do Sebrae em Delmiro Gouveia (AL), informou que havia uma base de preparação para a realização do festival. Em um esforço conjunto entre os parceiros, foram disponibilizados serviços de consultoria aos expositores participantes, relacionados à segurança alimentar, formação de preços de venda e atendimento inclusivo.

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“O festival é o culminar de todo o trabalho que foi feito. Conseguimos fazê-lo através do envolvimento destes diversos parceiros importantes, através da união de esforços. Como Sebrae, estamos muito felizes em dar essa oportunidade aos empreendimentos presentes, envolvendo bares, restaurantes, cervejarias, além do artesanato local e produção associada. É uma riqueza muito grande que será mais trabalhada pelas entidades parceiras”, destacou o gerente.

Um painel com representantes do Sebrae Alagoas, Embrapa, Abrasel, Prefeitura e a jornalista Nide Lins discutiu estratégias para fomentar a economia local, potencializando a produção de alimentos, gastronomia e turismo em Piranhas. A Embrapa Alimentos e Territórios coordena o projeto de inovação Paisagens Alimentares, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem como foco o turismo gastronômico e as relações com a agricultura, os povos do território e a vivência no meio rural. Por meio de convênio de cooperação técnica com o Ministério do Turismo e o Instituto Federal de Brasília, a Embrapa também colaborou no Plano Nacional de Turismo Gastronômico, lançado este ano, para fortalecer o desenvolvimento do setor no país.

A gastronomia como ciência

Para o supervisor de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Aluísio Goulart, essas discussões possibilitam aproximar o público e mostrar a gastronomia como ciência, o que de fato é. Ele falou sobre o conceito de paisagens gastronômicas na mesa redonda sobre como desenvolver o turismo gastronômico na região do cânion. “De um alimento, vários patrimônios são destacados, valorizando a cultura local, o saber fazer, a cultura alimentar e considerando todos esses patrimônios para transformar o território.”

Há muito potencial na região e o município de Piranhas é de grande importância para o turismo gastronômico, com produtos apícolas e uma variedade de outros produtos agroalimentares. São vários ingredientes, bolos, biscoitos e mel com grande potencial gastronômico, segundo o supervisor. “Esperamos incluir a região no projeto, com a inclusão socioprodutiva dos produtores, numa associação entre os nexos território, turismo e gastronomia, aproximando o consumidor do produtor rural nesta visão de um turismo de experiência”, disse Goulart.

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A valorização da cultura alimentar associada aos produtos regionais e ao turismo é essencial para que o desenvolvimento territorial ocorra. “Este evento é um exemplo de como a coordenação pode fazer a diferença e aproximar produção e mercado”, disse o pesquisador da Embrapa Renato Manzini. Para ele, “é preciso que ações desse tipo ganhem escala e se tornem mais fortes”.

Ele destacou o esforço dos organizadores do festival para dar visibilidade aos produtos regionais e destacou a importância de os produtores terem acesso a informações sobre as condições comerciais e expectativas de oferta de cada canal de comercialização, da mesma forma que os mercados precisam entender a dinâmica dos pequenos produção em escala e criar condições para que os produtos cheguem ao consumidor. “Assim, os diferentes atores da cadeia produtiva podem incorporar essas informações em suas estratégias e melhorar as relações comerciais”, destacou.

Valorização Territorial e Conservação de Espécies

Uma roda de conversa realizada no sábado (27) envolveu produtores locais, agentes de desenvolvimento, pesquisadores e chefs da gastronomia local, com o objetivo de trocar experiências e fortalecer negócios. Além de Elesbão, Goulart e Manzini, conversaram com os participantes as pesquisadoras Priscila Zaczuk Bassinello e Semiramis Ramos, da Embrapa Alimentos e Territórios.

O chefe de PD&I abordou a multidisciplinaridade da equipe técnica da Unidade e o caráter diferenciado do centro de pesquisa, que tem esse olhar para os territórios numa perspectiva de inclusão dos produtores locais, conectando as pessoas com o meio rural, reconhecendo o tradicional e interagindo com o turismo , principalmente em Alagoas e região. “É muito importante consolidar esses trabalhos locais e é uma oportunidade para a equipe interagir e aprender também”, reforçou.

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Semiramis Ramos lembrou a variedade de produtos e espécies vegetais da região manejados pelos agricultores e que precisam ser conservados. Essas espécies podem conter características diferenciadas que enriquecem o alimento. “Além das estratégias de conservação das espécies no campo, é importante conhecer e avaliar suas características, a qualidade do que será transformado em nosso alimento, aproveitando melhor essas características”, explicou.

Ela também destacou a importância de conhecer muito bem as plantas que estão dando origem a esse produto que será comercializado e consumido. “Ao mesmo tempo, é interessante promover ações que apoiem a conservação e resgate desse material e valorizar grupos tradicionais, agricultores e agricultores familiares que trabalham com essas espécies”, avaliou.

Segundo a pesquisadora, a conservação e o uso de espécies com tradição de consumo, bem como a introdução de novas espécies, permitem pensar sobre a natureza da inovação, como a elaboração de novos preparos, a produção de pratos diferenciados ou produtos, seja um biscoito feito de sementes de abóbora ou um feijão mais colorido ou mais nutritivo, por exemplo.

Para ela, são possibilidades e estratégias interessantes a serem consideradas tanto pela área de pesquisa quanto pelos produtores. Ao mesmo tempo, a produção e introdução de espécies de alto valor agregado podem trazer melhores retornos financeiros aos agricultores. “Essas são as questões sobre as quais precisamos refletir – primeiro, a importância da conservação e uso amplo do material tradicional e, segundo, é possível ir além e inovar?”, observou Ramos.

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Experiências diferenciadas

“Nosso consumidor final está mudando”, alertou a pesquisadora Priscila Bassinello. Ela falou sobre sua experiência de observação como turista na região e lembrou como os atrativos que são únicos em determinados lugares permitem que os turistas levem as histórias, incentivando outros a conhecer esses lugares. “O Brasil é uma riqueza de cultura, etnias e produtos agroalimentares. Como valorizar, resgatar e mostrar tudo isso? E eu conheço a história do que estou oferecendo?” ela a provocou.

Nessa perspectiva, Bassinello incentivou os produtores a refletir sobre como tornar os passeios à região muito mais interessantes para os turistas, indo além da paisagem e trazendo uma experiência gastronômica diferente, com um produto que o turista já conhece, mas preparado de uma forma diferente. que nunca imaginaram, levando-os a se surpreender com sabores, aromas e visuais resultantes de novas combinações de cores e ingredientes.

A pesquisadora também contou sobre sua pesquisa desenvolvida com arroz vermelho, em parceria com a Embrapa Meio Norte, desde quando trabalhava na Embrapa Arroz e Feijão, e uma antiga experiência com produtores da Paraíba. No passado, parte deles queria ganhar espaço no mercado de arroz branco e acabou descaracterizando o produto, tornando-o menos avermelhado devido ao polimento excessivo. No entanto, a diferença estava exatamente na cor do farelo, com substâncias benéficas à saúde e sabor peculiar.

Com orientações técnicas, foi possível corrigir problemas de embalagem e a falta ou adequação de equipamentos para processamento, adotando também boas práticas de colheita e pós-colheita. “Às vezes, práticas simples podem trazer melhorias no produto final para atender um mercado mais exigente, sem perder as características tradicionais”, alertou.

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No festival, os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer uma série de produtos típicos do Sertão Alagoano. Entre eles, mel da Associação da Juventude Rural (Terra Jovem), mel e biscoitos à base do produto da Cooperativa dos Produtores de Mel, Insumos e Produtos da Agricultura Familiar (Coopeapis), licuri de coco, pães e doces da Associação do Sítio Baixa do Galo , cocadas da Associação de Cooperação Agrícola Assentamento Lameirão, doces de leite de cabra da cooperativa Cafisa, além de geleias de umbu.

Outros destaques foram o artesanato regional, como o bordado Redendê de Entremontes, diversos acessórios de couro de tilápia da Estação Cangaço, além de apresentações culturais de Xaxado e da banda Pífano. O 1º Festival Gastronômico de Piranhas foi realizado pela Prefeitura Municipal de Piranhas, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Sebrae Alagoas, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AL) e Embrapa Alimentos e Territórios.



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