Infestações de nematoides em áreas de sequeiro reduziram drasticamente a produtividade de soja e algodão no Oeste da Bahia (BA). O painel Nematóides em Áreas Secas, liderado pelo professor Pedro Soares, durante o 37º Congresso Brasileiro de Nematologia, realizado em Ribeirão Preto, abordou as perdas de safra e apontou os melhores métodos de manejo.
Segundo Pedro Soares, no oeste da Bahia, as perdas de produtividade associadas à presença de nematoides têm ultrapassado 50% nas lavouras de soja e algodão. Esses parasitas atacam as raízes das plantas e prejudicam a absorção de água e nutrientes. O agronegócio nacional contabiliza anualmente perdas de mais de R$ 70 bilhões com o parasita.
“Temos áreas algodoeiras na Bahia onde a produtividade foi superior a 300 arrobas por hectare, mas após a infestação de nematoides o produtor colheu apenas 100 arrobas por hectare”, exemplificou Pedro Soares.
Na safra de soja, ele diz que há produtores rurais que perdem 50% da safra. “Onde a colheita média seria de 70 sacas de soja por hectare, o produtor colheu apenas 50%”, diz.
As espécies com maior importância econômica no algodão são os nematóides das galhas.Meloidogyne incógnita), o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematóide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).
Pedro Soares sugere uma gestão integrada para melhores resultados. “O solo manejado favorece a formação de raízes mais profundas e volumosas, a escolha da cultivar de acordo com as espécies presentes, predominantes e/ou mais nocivas à cultura, aliada ao uso de produtos químicos e biológicos, visando a proteção do raízes”, observa a professora.
O primeiro passo, antes de definir as práticas a serem utilizadas, é fazer um bom diagnóstico, identificando quais espécies são predominantes e mais nocivas às culturas presentes na área. “Será necessário coletar amostras de solo e raízes, fazer uma análise nematológica, feita em laboratório confiável, bem como, devemos considerar o histórico de cultivos na área”, avalia.
“O primeiro sinal de nematóides no campo é a diminuição da produtividade das culturas. Caso não sejam utilizadas as práticas para reverter esta situação, aparecerão os sintomas tradicionais de ocorrência do nematoide, tais como: ocorrência de serapilheira, com plantas anãs, com deficiência de nutrientes, raízes pouco desenvolvidas e com sintomas de estar doente, devido à presença dos nematóides. As perdas neste caso serão superiores a 30%, em geral”, analisa.
Segundo ele, apesar da identificação visual, a forma mais precisa e eficiente de detectar a alta presença de nematoides na cultura é por meio de testes laboratoriais com coleta de solo e possivelmente raízes infestadas.
“Dessa forma, é possível ter certeza das espécies predominantes e mais prejudiciais às lavouras, para posterior definição das práticas mais eficientes que proporcionarão maior produtividade e rentabilidade”, enfatiza.
Entre as ações que podem auxiliar no controle de nematoides no campo, Pedro Soares destaca a rotação de culturas com espécies ou plantas de cobertura resistentes, imunes e de baixo FR (fator de reprodução), correção do solo e adubação balanceada, escolha da cultivar adequada em função das espécies predominantes, uso de controle biológico e químico. “A brachiaria é uma excelente alternativa de cobertura e tem boa aceitação nesta região”.
Três consultores também participaram do painel. A consultora e gerente da Gran7 (BA), Maria Ângela Gorgem, destacou as práticas de manejo para minimizar as infestações de nematoides, incluindo intervenção mecânica para manutenção das curvas de nível; correção do solo porque os baixos níveis de cálcio aumentaram o problema do nematoide; o uso de variedades resistentes, produtos biológicos, tecnologias fitoquímicas nematicidas, que não interferem na macrobiota do solo e o uso de fertilizantes, que têm efeito sobre os nematóides, entre outras práticas. “Não adianta investir em fertilizantes, em nutrição se tem um bichinho comendo a raiz”, completa.
O consultor Israel José da Silva, da Multicrop, da Bahia, defende um conjunto de práticas que contenham ferramentas biológicas e químicas e, sobretudo, uma boa cultivar. “Essas práticas aliadas ao manejo integrado do solo têm sido utilizadas com bons resultados.
Também participou do evento o agrônomo e consultor Henry Sato, da Datafarm, de Campinas, que recomendou plantas de cobertura para manejo do solo com foco na eficiência produtiva e sustentabilidade ambiental.
Quem não pôde comparecer ao 37º Congresso Brasileiro de Nematologia pode acessar as palestras mediante inscrição por R$ 300 pelo site do evento https://37cbn.com.br. As palestras foram todas gravadas e ficarão disponíveis por até seis meses após o evento, que aconteceu de 1º a 4 de agosto de 2022.
Esta é uma grande oportunidade para conhecer as melhores inovações e tecnologias aliadas ao manejo integrado de nematoides.
SERVIÇO
37º Congresso Brasileiro de Nematologia 2022
Tema: Nematoides: Ciência, Tecnologia e Inovação
Aulas gravadas disponíveis em versão digital: até 02/05/2023
Inscrições: Inscreva-se através do link https://www.37cbn.com.br/ por apenas R$ 300.