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Melhor perspectiva fiscal após 1º turno é um impulso para o real, mas…

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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar despencou ante o real nesta segunda-feira, em uma reação inicial muito positiva dos mercados ao desempenho acima do esperado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições, mas especialistas alertaram para um caminho a seguir. à frente acidentada para o câmbio, com os investidores tentando avaliar as perspectivas para a agenda econômica e fiscal doméstica em meio a um cenário internacional cada vez mais desafiador.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado na eleição de domingo, com 48,43% dos votos válidos, mas Bolsonaro superou o estimado pelas principais pesquisas de opinião e somou 43,20%.

Em mais uma demonstração de força do atual presidente, mais da metade das 27 cadeiras em jogo no Senado foram ocupadas por candidatos bolsonaristas declarados, enquanto os aliados de Bolsonaro também garantiram a vitória no primeiro turno dos governos do Rio de Janeiro, Paraná e o Distrito Federal.

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Na esteira desse resultado, a moeda spot norte-americana caiu mais de 4% nesta sessão, a 5,1770 reais, registrando sua maior queda diária desde a queda de 5,6% registrada em 8 de junho de 2018. Na ocasião, a moeda norte-americana foi desvalorizada pela intervenção do Banco Central na taxa de câmbio e teve sua queda mais significativa desde outubro de 2008.

Sinal de euforia dos investidores locais, o Ibovespa fechou em alta de mais de 5%, enquanto os principais contratos de DI negociados no mercado futuro de juros caíram acentuadamente na curva de janeiro de 2025 a janeiro de 2027.

“O desempenho mais forte do que o esperado de Bolsonaro nas eleições e no Senado/Congresso é positivo para os mercados”, disseram estrategistas do Citi em relatório na segunda-feira. “Embora um segundo turno entre os dois candidatos fosse amplamente esperado, a composição da legislatura obrigará Lula a moderar.”

Os investidores temem a intenção de Lula, muito alardeada durante sua campanha, de levantar o teto de gastos se for eleito.

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O instrumento, visto como a principal âncora fiscal do país, por limitar o crescimento dos gastos públicos à variação da inflação, já foi flexibilizado no próprio governo Bolsonaro no final do ano passado, pela PEC dos Precatórios, e, ano, as despesas com o aumento do Auxílio Brasil, foram excluídas do teto.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, diz que, com um Senado mais alinhado à direita no campo econômico, a avaliação é de que se crie uma linha de defesa maior para as agendas pró-austeridade.

Para Matheus Pizzani, economista da CM Capital, mais do que uma reação às perspectivas para a agenda fiscal, o desempenho dos mercados nesta segunda-feira está intimamente ligado aos “pilares da política econômica” do atual presidente, que, na visão do especialista , deve permanecer ao longo de um possível segundo mandato.

“Estamos falando especificamente da política de privatizações e concessões. A tendência é que outras empresas governamentais relevantes possam ser privatizadas, e há empresas muito significativas: Correios, bancos públicos e mais”, disse.

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Ainda assim, Pizzani alerta para o risco de uma volatilidade muito significativa no mercado de câmbio à frente, com investidores mais atentos às pesquisas diante da perspectiva de um segundo turno disputado.

O economista também citou incertezas sobre a eventual equipe econômica de Lula – que ainda levava vantagem sobre Bolsonaro no domingo, apesar da margem ser menor do que o esperado. Os mercados reagiram positivamente às especulações sobre a possível nomeação do liberal e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles para chefiar a pasta econômica do PT, mas fontes próximas a Lula disseram na sexta-feira que viam poucas chances de que essa nomeação se concretizasse.

Marcos Almeida, diretor da WIT Exchange, espera que o dólar flutue entre 5,15 e 5,30 reais no próximo trimestre e mostre volatilidade, já que investidores aguardam sinais sobre a configuração das equipes econômicas de possíveis novos governos.

DESAFIOS EXTERNOS

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A tensão que pairará sobre os mercados ao longo do mês será reforçada pelo complexo cenário internacional.

A maré externa começou a se deteriorar significativamente este ano, depois que os bancos centrais dos países desenvolvidos começaram a adotar um tom mais duro em suas comunicações de política monetária, sinalizando aumentos sequenciais das taxas, mesmo diante dos crescentes temores de recessão.

O Federal Reserve, por exemplo, já elevou sua taxa básica em 3 pontos percentuais desde março deste ano, o que alimentou temores de uma recessão global, impulsionando o índice do dólar contra uma cesta de peças fortes para picos em duas décadas.

“Até onde vão as taxas de juros do mundo e qual a probabilidade de recessão – acho que essa é a grande história em uma janela de tempo mais longa”, disse Caruso, do Banco Original. Ele espera que o dólar termine 2022 em 5,25 reais.

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DESTAQUE POSITIVO

Embora esteja longe das cotações mais altas do ano, o real tem sido destaque positivo absoluto nos mercados de câmbio globais até agora em 2022, de acordo com sinais de resiliência da economia brasileira combinados com um potencial retorno em renda fixa crescente – em meio a um ciclo agressivo de aperto monetário doméstico — estimulou as apostas de fluxo de investimentos para o país.

Essa perspectiva de maior entrada de dólares no país foi reforçada pela guerra da Rússia na Ucrânia, que provocou uma alta nos preços das matérias-primas das quais o Brasil é exportador. Isso elevou os chamados termos de troca – em suma, a relação entre os preços das exportações e das importações –, tornando o real ainda mais evidente entre seus pares.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, diz que, apesar do bom desempenho do real, a melhora da economia não foi totalmente precificada em ativos brasileiros por causa dos riscos.

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“O mercado prefere boas práticas, boas políticas econômicas e fiscais. Então acho que o melhor resultado (da eleição) seria o candidato vencedor ter mais clareza (definidas essas políticas: a continuidade da consolidação fiscal e a teto, mesmo que vejamos alguma flexibilidade.”

O dólar cai 7,11% frente ao real no acumulado de 2022. No menor preço de fechamento do ano, alcançado em abril, a moeda foi de 4,6075 reais. Em meados de julho, o dólar atingiu sua máxima até agora, em 5,4976 reais.

(Reportagem adicional de José de Castro)

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