As importações brasileiras de leite aumentaram quase 43% em maio, representando 208,8 milhões de litros. A informação está na edição de junho do Boletim do Leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O volume importado no mês passado é 3,2 vezes maior que o adquirido em maio de 2022.
Ainda segundo o Cepea, no acumulado deste ano (janeiro a maio), “as compras externas somaram quase 878 milhões de litros de leite equivalente, superando em 213,4% (ou seja, pouco mais de 3 vezes) o volume registrado no mesmo período do ano passado”.
O grande volume de leite importado, principalmente da Argentina e do Uruguai, preocupa entidades representativas dos produtores de leite, como a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando).
Em nota divulgada recentemente, a associação informou que a importação volumosa desequilibra o mercado interno, prejudicando os produtores de leite. A entidade defende que o governo federal limite ou tribute a importação do produto.
Resolução de 2022
A redução da tarifa de importação de leite e outros derivados foi determinada pelo governo Bolsonaro, por meio da Resolução nº 353, publicada no Diário Oficial da União de 23 de maio de 2022 pela Diretoria Executiva da Câmara de Comércio Exterior, do Ministério da Economiaagora o Ministério das Finanças.
A Resolução nº 353 entrou em vigor em 1º de junho do ano passado e é válida até 31 de dezembro de 2023. Desde que a medida entrou em vigor, as importações de leite não pararam de crescer.
Leia, a seguir, a nota do Cepea sobre o aumento das importações brasileiras de leite:
Importações aumentam 43% em maio e triplicam em um ano
Valentina R. Francischeti e Natália Grigol//Da Equipe Cepea Leite
“Após queda em abril, as importações de lácteos subiram 42,95% em maio, totalizando 208,8 milhões de litros de leite equivalente, segundo dados da Secex. Esse volume é 3,2 vezes maior que o adquirido em maio/22. No acumulado do ano (janeiro a maio/23), as compras externas somam quase 878 milhões de litros de leite equivalente, superando em 213,4% (ou seja, pouco mais de 3 vezes) o volume registrado no mesmo período do ano passado.
O aumento das importações foi observado para todas as principais categorias de lácteos e continua sendo impulsionado pela menor oferta interna, afetada pela entressafra da matéria-prima, e pelos preços nacionais superiores aos internacionais.
Dados da Secex mostram que as compras externas de leite em pó (que representaram 79,4% do total importado em maio) subiram 46,8% em relação ao mês anterior, com média de US$ 3,82/kg, alta de 1,33% na mesma comparação. As compras de queijo (que representaram 19,7% do total importado) tiveram alta de 28,8%, e o preço médio caiu 8,6% em relação a abril, para US$ 8,55/kg. Vale destacar também que as importações de soro de leite e manteiga dobraram na comparação mensal.
Já as exportações de lácteos somaram 7,8 milhões de litros equivalentes de leite, maior volume mensal comercializado em 2023, com alta de 18% em relação a abril. A quantidade embarcada, no entanto, ainda é 36% menor que a registrada no mesmo período de 2022.
Os queijos foram os lácteos mais exportados pelo Brasil em maio, seguidos pelo leite condensado, com participações de 32,7% e 31,5% do volume total embarcado, respectivamente. Em média, os queijos foram vendidos a US$ 11,63/kg e o leite condensado a US$ 3,30/kg, quedas de 2,6% e 15,9% em relação a abril.
Apesar do aumento das exportações, maio apresentou aumento de 52% no déficit da balança comercial, fechando com saldo negativo de US$ 103 milhões. Em volume, o déficit cresceu 44,1%, chegando a 201 milhões de litros equivalentes de leite.”