Assim que os produtores rurais pararam se preocupe com La Niñaque afetou diversas culturas no Brasil nos últimos anos, e já há notícias sobre o chegada do El Niño. Os dois eventos estão relacionados e resultam do fenômeno atmosférico oceânico El Niño-Oscilação Sul (ENSO). Mas quais são suas diferenças e como elas afetam o agronegócio brasileiro?
Situações opostas do mesmo fenômeno
El Niño e La Niña são fenômenos resultantes da interação entre a temperatura do oceano e a circulação do ar na atmosfera. São eventos naturais e estão mapeados há quase um século, porém, os efeitos do aquecimento global podem fazer com que eles aconteçam com mais frequência, durem mais e ocorram com maior intensidade.
Os fenômenos ocorrem devido à mudança na intensidade dos ventos na região equatorial do Oceano Pacífico, chamados de ventos alísios, e devido à mudança na temperatura da água. Quando estão em ação, provocam mudanças nos regimes de chuvas e temperaturas em diferentes partes do globo. Assim, podem causar secas ou enchentes e prejudicar o plantio e a colheita em diversas regiões.
Ainda não há consenso sobre as causas exatas dos fenômenos, e estudos indicam que até mesmo a radiação solar pode afetar a frequência dos eventos.
O que é e quais são os efeitos do El Niño?
Em períodos de ocorrência de El Niño, os ventos de superfície na região equatorial perdem força, o que faz com que o Oceano Pacífico tenha um aumento da temperatura média. A água quente evapora mais rápido, formando mais nuvens de chuva. Outro efeito é a diminuição da ressurgência em águas profundas, que diminui os nutrientes presentes na água e afeta a população de peixes.
Um maior grau de evaporação da água não significa que vai chover mais em todos os lugares. À medida que os ventos perdem força e, em alguns casos, até invertem a direção, há uma mudança nos padrões de precipitação no planeta. Durante o El Niño há maior incidência de secas na Austrália e chuvas acima do normal na costa oeste da América do Sul.
No Brasil, o El Niño provoca chuvas intensas ou acima da média histórica nas regiões Sul e Sudeste, e secas nas regiões Norte e Nordeste.
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O que é e quais são os efeitos do La Niña?
O Lá Nãoem um é o fenômeno oposto do El Niño. Durante seu período de ocorrência, os ventos alísios ganham força, aumentando a ressurgência das águas profundas do Oceano Pacífico, que trazem mais nutrientes e aumentam a população de peixes, melhorando a produtividade da pesca local.
A mudança dos ventos faz com que a água quente se acumule no oeste do Oceano Pacífico Equatorial, enquanto a água mais fria se acumula no Pacífico oriental, perto do Peru e do Equador. Os efeitos do La Niña são opostos aos do El Niño, as chuvas tornam-se mais intensas na Austrália e na Colômbia e podem ocorrer inundações.
No Brasil, o La Niña provoca chuvas acima da média histórica nas regiões Norte e Nordeste e secas nas regiões Sul e Sudeste. Nas últimas safras, produtores do sul do país sofreu com a seca, que afetou algumas das mais importantes lavouras dos Estados. O excesso de chuvas nas regiões Norte e Nordeste também é prejudicial, pois o volume pode se concentrar em poucos dias, prejudicando a época de plantio e dificultando a entrada e movimentação de máquinas durante a colheita.
Efeitos humanos que agravam os fenômenos
El Niño e La Niña são fenômenos naturais, porém, alguns efeitos da ação humana e do aquecimento global podem afetar sua intensidade. Com a poluição, ocorre o aumento do efeito estufa, que provoca o derretimento das calotas polares, por exemplo. O gelo de água doce não se mistura automaticamente com os oceanos de água salgada, e a temperatura também causa mudanças nos ciclos oceânicos.
A derrubada de florestas e os incêndios também podem afetar os fenômenos, pois geram a chamada desertificação. O ar quente dessas áreas começa a afetar o ciclo normal de deslocamento de ar causado pela pressão atmosférica. Tanto o El Niño quanto o La Niña têm duração média entre 2 e 7 anos, com efeitos mais intensos no início e perdendo força no final. Nos últimos anos, os fenômenos têm ocorrido com maior frequência e intensidade (mais chuvas ou secas), e duram mais tempo.
Combater o aquecimento global através de uma agronegócio mais sustentável é fundamental para a própria manutenção da agricultura na Terra.
Fontes: One Planet, Ecycle, Inpe, NOAA, Climate.gov
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2412600verificação de cookiesEntenda as diferenças entre os fenômenos El Niño e La Niña