O presidente do Banco Central (BC) e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, disse na 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina que a expectativa é de que o PIB brasileiro cresça este ano 1% e o agronegócio 3,8%.  “Um por cento não é muito, mas não é um índice de recessão. Vale dizer que muitos países do mundo estão em recessão este ano, então não é um dos piores”, afirmou Loyola.

Ele destacou que o Brasil precisa de políticas públicas para um maior crescimento. “E crescimento tem a ver com produtividade. É preciso investir em tudo que está relacionado à produtividade”, pontuou o ex-presidente do Banco Central.

Ele participou do Fórum do Agronegócio, promovido pela Ric e Sociedade Rural do Paraná (SR) com outras lideranças empresariais, no Pavilhão Smart Agro da ExpoLondrina. O evento teve a mediação do jornalista José Luiz Tejon, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

Durante a palestra, Loyola destacou a empresários e lideranças rurais que o arcabouço fiscal do governo (conjunto de regras que têm como objetivo evitar o descontrole das contas públicas), embora não seja o ideal, talvez seja suficiente para permitir a queda dos juros da Taxa Selic ao longo do ano, atualmente em 13,75%, bem como a redução da inflação, que já deu sinais de queda, mas continua acima da meta. “O arcabouço é positivo no sentido de que evita uma explosão maior da dívida pública”, afirmou Loyola.

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A uma plateia atenta, o ex-presidente do BC criticou a disputa travada pelo governo contra a condução da política monetária.  “O que não pode é essa briga do presidente (Lula) com o Banco Central. Essa pressão sobre o BC leva à ideia de que o banco vai deixar de ser independente, que a inflação pode subir, gerando incertezas desnecessárias”, avaliou.

Considerando o agronegócio como a “salvação da lavoura”, Loyola projeta que o setor vai crescer 3,8%, um crescimento maior do que o do Brasil, mas isso vai depender da política de como o governo vai se relacionar com o Congresso e como vai se desenrolar a pauta da Reforma Tributária, entre outras ações.

Para ele, o mercado de commodities já se normalizou, apesar das incertezas em relação à Guerra da Ucrânia, entretanto, num cenário básico os fluxos estão mais ou menos estabelecidos. “E, obviamente, como a gente sabe, no curto prazo o preço das commodities é muito determinado pelas condições de oferta, as quais estão relacionadas às questões climáticas. Acredito numa certa estabilidade em termos reais de preços, sujeitos, obviamente, a questões de flutuações de safra, estoques, que fazem parte da gestão do dia a dia do agronegócio”, complementou.

Na visão de Loyola, a  guerra do Leste Europeu trouxe oportunidades para o Brasil. “Somos um mercado emergente que sofre muito pouco com guerras, não temos grandes problemas ambientais, nem vizinhos agressivos. O Brasil é um país imune a essas questões. Por outro lado, temos um regime político estável, apesar de tudo aquilo que a gente critica nele, do que muitos países emergentes. Temos várias oportunidades de investimentos”.

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Outro contexto internacional que favorece o país é a questão ambiental.  Segundo ele, o Brasil pode se constituir num grande player neste aspecto, pois tem ativos ambientais que podem ser rentabilizados.

“Temos que ver a preocupação socioambiental global não como uma ameaça ao Brasil, mas como uma oportunidade. Poucos países têm os ativos ambientais, condições de sequestrar carbono e de substituir matrizes energéticas de combustíveis fósseis como o Brasil tem. O que nos falta, talvez, seja uma visão de políticas que alavanquem esses potenciais que nós temos”, declarou.

Sobre o  cenário doméstico, Loyola disse que há incertezas sobre a pauta da política econômica. “Os primeiros 100 dias do governo Lula mostram alguns acertos e muitos retrocessos. Retrocessos às questões relacionadas ao marco regulatório do saneamento, por exemplo. Se fosse para dar uma nota para o governo até o momento, daria 5”,

Cadeias Produtivas

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O segundo painel do Fórum do Agronegócio contou a presença do secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken; coordenador técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Jefrey Kleine; presidente da Federação do Comércio e Industria do Paraná (Faciap), Fernando Moraes e o presidente da Sicredi Dexis, Wellington Ferreira.

Jefrey Kleine, da FAEP, destacou entre as demandas dos produtores as questões de logística e escoamento da safra no estado do Paraná. “Essa situação é conjuntural e afeta o lado estrutural. Tivemos muita chuva no início do ano que atrasou a colheita da soja. Isso gerou problema de armazenagem, além de que, o escoamento que seria o canal de viabilização da safra, vem enfrentando problemas logísticos por conta da deterioração nas estradas (rodovias 277 e 376) ”, disse Kleine, lembrando que o Porto Paranaguá funciona com fluidez desde que a carga chegue até lá.

“Esses transtornos são reflexos da demora em licitar o pedágio. De 2021 para cá, quando encerraram os contratos, houve uma deterioração das estradas. No nosso olhar, esse desbarrancamento que houve na BR 277, poderia ter sido evitado se tivesse alguma empresa fazendo o monitoramento nas rodovias”.

O presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, abordou o crescimento do cooperativismo no Paraná, que em 2015, faturava R$ 50 bilhões. A Ocepar fez um plano para chegar a R$ 100 bilhões em cinco anos. Em 2020 ultrapassamos os R$ 115 bilhões; em 2021 chegamos a R$ 150 bilhões e, em 2022, fechamos em R$ 187 bilhões. As projeções para este ano é que ultrapasse os R$ 200 bilhões”, assegurou Ricken.  Ele atribui os resultados à produção de grãos maior no estado e o surgimento de novas agroindústrias.

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As cooperativas do Paraná, prosseguiu ele, movimentam o equivalente a 64% do que se produz na agropecuária paranaense. “Isso é uma responsabilidade enorme. Metade disso tem valor agregado. Hoje, para os agricultores, se ele agregar seu produto, ele tem mais renda, por isso é interessante estar associado a uma cooperativa que tenha agroindústria”.

Sobre a questão dos problemas com o escoamento da safra, Ricken entende que o pedágio vem sendo discutido há dois anos com entidades. “As estradas ficaram sem manutenção adequada. Chegamos num ponto difícil de acessar o Porto Paranaguá”, lamentou o presidente da Ocepar.

O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigada, elencou os bons resultados das cadeias produtivas do Paraná, mas lembrou que a soja deste ano sofreu com as intempéries climáticas. “Mesmo assim teve um resultado exuberante, entregamos a maior safra da oleaginosa”, comentou.

O grande desafio, segundo ele, é continuar fortalecendo as cadeias produtivas do Paraná para que continuemos a ser um grande produtor de alimentos.

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O presidente da Faciap, Fernando Moraes, destacou o trabalho do G7, formado pelas principais entidades do setor produtivo do Estado. “Hoje com a união dos setores conseguimos ter mais voz frente aos governos estadual e federal.  E o agro é um setor forte e muito importante que conversa com todos os demais setores da economia”.

O presidente da Sicredi Dexis, Wellington Ferreira, falou sobre crédito rural e taxas de juros. Ele acredita que a redução da Selic poderá fazer com que mais agricultores recebam os recursos no próximo ano, fomentando ainda mais o setor.

Marcelo El Kadre,  presidente da SRP, destacou a importância de eventos como o Fórum do Agronegócio dentro da ExpoLondrina. “Estamos trazendo informação, conhecimento e inovação ao mostrar o que as pessoas estão fazendo no país hoje”.

 

 

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