Florestas Urbanas e Mudanças Climáticas
Contribuição das Florestas para o Microclima

Uma das mais bem preservadas florestas urbanas da capital paranaense, o Bosque Reinhard Maack, foi alvo de um estudo realizado pela Embrapa Florestas (PR) ao longo de três anos. Os resultados destacam a redução significativa da temperatura média no interior da floresta, evidenciando a importância dos remanescentes florestais urbanos no enfrentamento das mudanças climáticas.

Estudo Abrangente e Impactante
O amplo escopo do estudo da Embrapa, aliado ao monitoramento da área urbana, proporcionou resultados importantes que reforçam a importância de conservar os espaços verdes em centros urbanos. Resultados sugerem políticas públicas para a conservação destes espaços.

Bosque Reinhard Maack: Um Remanescente Importante
Localizado no sul da capital paranaense, o bosque é um remanescente de Floresta Ombrófila Mista, sendo um dos poucos espaços verdes em uma região onde a arborização urbana é escassa.

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Benefícios do Bosque
Os resultados mostraram a redução da temperatura do ar em áreas sombreadas pelas árvores do bosque. Estudos anteriores em outras cidades reforçam esses benefícios, destacando a contribuição das florestas na atenuação da temperatura e conforto térmico.

Importância para o Futuro
Os mecanismos de atenuação térmica e resfriamento ambiental proporcionados pelas florestas urbanas justificam a importância de políticas públicas que visem à conservação e ampliação desses espaços para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

Uma das mais bem preservadas florestas urbanas da capital paranaense, o Bosque Reinhard Maack, foi cenário de um estudo realizado, ao longo de três anos, pela Embrapa Florestas (PR) para avaliar a temperatura e o fluxo de gases de efeito estufa (GEE).

Com o tema contribuição de uma floresta urbana na atenuação da temperatura do ar para enfrentamento da mudança do clima: caso do Bosque Reinhard Maack, o trabalho apresenta resultados importantes, com destaque para a significativa redução da temperatura média do ano no interior da floresta, de até 4°C, quando comparada com áreas externas próximas ao bosque.

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Os dados mostram e reiteram a importância dos remanescentes florestais urbanos, no âmbito dos microclimas, para o enfrentamento de mudanças climáticas, diante das altas emissões de gases de efeito estufa nas cidades.

Esses resultados provêm de um amplo estudo componente da Rede Saltus, no projeto “Dinâmica de gases de efeito estufa e dos estoques de carbono em florestas naturais e plantadas: práticas silviculturais para mitigação e adaptação à mudança climática”.

De forma complementar, outro estudo associado a esse que avaliou a temperatura e identificou a possível contribuição do bosque para o microclima local foi o trabalho de conclusão de curso (TCC) da aluna de agronomia Laura Malage, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Embrapa Florestas.

Nesse estudo foi feita a fitossociologia da área para indicar as espécies florestais de maior ocorrência, além da avaliação dos gases de efeito estufa e a determinação do estoque de carbono no solo e na vegetação, considerando a sua relação com a estrutura e a composição do remanescente florestal.

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Os dados finais permitiram avaliar o potencial do bosque na mitigação de GEE. Segundo os pesquisadores da Embrapa responsáveis pelo estudo, Marcos Rachwal (foto) e Josiléia Zanatta, o diferencial desse trabalho se dá pelo amplo escopo de aspectos avaliados e pelo tempo de monitoramento da área urbana.

O bosque urbano Reinhard Maack, onde o estudo foi desenvolvido, é um remanescente de Floresta Ombrófila Mista (FOM), também conhecido como floresta com araucária ou pinheiral, localizado ao sul da capital paranaense.

Em 1989, ano de sua implantação, o principal objetivo era a promoção da educação ambiental. “O alto grau de conservação desse bosque, aliado ao fato de estar localizado em uma região onde os remanescentes florestais nativos e arborização urbana são escassos, foi um dos motivos da escolha”, explica Rachwal.

Resultados sugerem políticas públicas de conservação desses espaços em centros urbanos

As temperaturas no bosque foram monitoradas entre abril de 2019 e junho de 2022, em quatro locais preestabelecidos: na rua externa ao bosque, no estacionamento externo, na borda próxima à entrada da trilha, e no interior da mata.

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No período observado, a amplitude térmica nas áreas avaliadas foi de 8,7 °C a 33,6 °C, com variações em função das diferentes posições e estações do ano. No interior, a temperatura média anual foi de 17,1 °C.

Na entrada do remanescente, o valor médio foi de 19,1 °C. No estacionamento, posicionado um pouco mais longe do bosque, mas com algum sombreamento de árvores, a temperatura foi de 19,7 °C. No local mais afastado, em frente a um sobrado residencial, na esquina do bosque, o valor médio de temperatura foi de 20,9 °C.

“No caso desse estudo, a presença de árvores no estacionamento e mesmo na borda da mata nativa já amenizou a temperatura do ar observada na rua, em mais de 1 ºC, em praticamente todas as estações”, observa Rachwal. “É importante que tenhamos mais áreas verdes para multiplicar o efeito de arrefecimento da temperatura, mesmo em uma escala local”, complementa Zanatta.

Além desse trabalho, poucos estudos abordaram o potencial de contribuição dos bosques urbanos. Entre eles, está o que avaliou o parque Chapultepec, no México, ao apresentar no interior da floresta urbana uma redução de 2 ºC a 3 ºC de temperatura, comparada aos arredores construídos.

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Outra avaliação feita em praças de Maringá (PR) apontou diferenças de 2 ºC a 3,8 ºC entre áreas sombreadas pelas árvores e áreas com radiação direta. Também em Curitiba, mais um trabalho mostrou temperaturas de 2,3 ºC maiores em áreas da cidade do que no interior de florestas urbanas. Esses estudos e outros que vêm sendo realizados reforçam a diferença microclimática proporcionada pela vegetação nos centros urbanos.

De acordo com os pesquisadores, é perceptível um padrão de redução da temperatura à medida que a mata nativa se torna mais próxima. Isso se deve à interceptação da radiação pela copa das árvores, que converte a energia em calor, proporciona sombreamento e assim reduz as temperaturas das superfícies dos objetos sombreados.

Também ocorre a liberação de água pela respiração das folhas, resfriando o ambiente. “Esses mecanismos são exemplos de como os ecossistemas florestais urbanos atuam em diferentes esferas no enfrentamento às mudanças climáticas, seja para atenuação da temperatura e conforto térmico, ou para infiltração e armazenamento de água no solo.

Esses aspectos justificam a necessidade de políticas públicas que estimulem a conservação e ampliação desses espaços, visando atenuar os impactos da mudança do clima”, destaca Rachwal.

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Imagem corresponde ao ano de 1952. Fonte: Adaptado de IPPUC (2021).
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Imagem corresponde ao ano de 1990. Fonte: Adaptado de IPPUC (2021).

Figura 1 – Ao longo dos anos a urbanização na região próxima ao Bosque Reinhard Maack transformou a paisagem, com a conversão de áreas naturais em estruturas urbanas.

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Figura 2 – Imagem 3D do Bosque Reinhard Maack e indicação dos pontos de investigação da temperatura do ar. (1) Rua externa ao bosque, esquina das ruas Waldemar Kost e Conde de São João das Duas Barras; (2) estacionamento externo do bosque; (3) borda do bosque próxima à entrada da trilha; e (4) interior da mata. Fonte: Adaptado de IPPUC (2019).

FAQ sobre o Estudo do Bosque Reinhard Maack

1. Qual foi a principal descoberta do estudo realizado no Bosque Reinhard Maack?

A principal descoberta foi a significativa redução da temperatura média do ar no interior da floresta, de até 4°C, quando comparada com áreas externas próximas ao bosque.

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2. Por que o Bosque Reinhard Maack foi escolhido para o estudo?

O alto grau de conservação do bosque, aliado ao fato de estar localizado em uma região onde os remanescentes florestais nativos e arborização urbana são escassos, foi um dos motivos da escolha.

3. Qual é a importância dos remanescentes florestais urbanos para o enfrentamento de mudanças climáticas?

Os resultados do estudo reiteram a importância dos remanescentes florestais urbanos, no âmbito dos microclimas, para o enfrentamento de mudanças climáticas, diante das altas emissões de gases de efeito estufa nas cidades.

4. Qual é o potencial do bosque na mitigação de gases de efeito estufa?

O estudo permitiu avaliar o potencial do bosque na mitigação de GEE, indicando sua possível contribuição para o microclima local e a redução das temperaturas.

5. O que esse estudo sugere em termos de políticas públicas?

Os dados obtidos sugerem a necessidade de políticas públicas que estimulem a conservação e ampliação de espaços verdes urbanos, visando atenuar os impactos da mudança do clima.

Conclusão

Uma das mais bem preservadas florestas urbanas da capital paranaense, o Bosque Reinhard Maack, desempenha um papel crucial na atenuação da temperatura do ar e contribuição para enfrentamento da mudança do clima. Os resultados do estudo destacam a importância da conservação e ampliação de espaços verdes urbanos para o enfrentamento das mudanças climáticas e a redução de gases de efeito estufa.

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