Sérgio é administrador de empresas e empresário. Atuou por 12 anos como membro do conselho de administração de uma das principais empresas de apoio portuário do Brasil. Em 2017, mudou de filial e passou a trabalhar com distribuição de frutas, entrando em contato com agentes do setor e pesquisando as principais dificuldades de cada um dos elos dessa cadeia. Com base nessas informações, e percebendo a necessidade de facilitar e fortalecer negócios para pequenos e médios produtores, fundou a Campolink em 2021.
Quando se pensa em agricultura no Brasil, muitas vezes vem à mente a imagem de grandes propriedades com plantações de soja e cana-de-açúcar ou pecuária. No entanto, devido às suas características econômico-financeiras, o setor de frutas e hortaliças ocorre principalmente em pequenas e médias propriedades. Este segmento enfrenta um cenário bastante desafiador, com grande desequilíbrio entre relevância e importância x suporte e capacidade de crescimento.
Os grandes produtores têm força para administrar seus negócios com maior solidez administrativa, financeira e comercial, além de ferramentas de acesso ao financiamento agrícola com garantias a oferecer. Eles são capazes de absorver quaisquer impactos financeiros negativos em seus negócios, o que para pequenas e médias empresas pode ser fatal.
Além disso, embora o segmento de frutas e hortaliças esteja crescendo, ele vem sofrendo pressões inflacionárias sobre insumos e embalagens, além de possíveis desabastecimentos. Os produtores estão sendo obrigados a desenvolver novos fornecedores e inovar em embalagens feitas com diferentes tipos de produtos.
Por outro lado, o mercado vem enfrentando grande dificuldade em encontrar os mais variados produtos, tanto para consumo quanto para a indústria de polpas, sucos e farinhas. Algumas fábricas estão com capacidade ociosa por falta de insumos e, não raramente, precisam percorrer 2.000 km para obter sua matéria-prima. Em outras palavras, é imperativo que todos proporcionem o crescimento na produção dos diversos produtos que são em sua maioria produzidos por pequenos e médios produtores rurais.
Um dos maiores desafios está na ponta da venda, a ponta da linha que vai definir o futuro do produtor. Isso porque quem produz frutas e hortaliças enfrenta grande dificuldade em ter opções na comercialização de sua produção. Dependência de intermediários, falta de condições para acompanhar as entregas, falta de informações precisas e atualizadas sobre a variação de preços do setor são alguns dos principais desafios.
Não é fácil para os produtores desenvolver e estabelecer uma relação de confiança com novos compradores e contratar fretes com bons preços e segurança. Para garantir a entrega de sua produção, é fundamental que tenham acesso a tecnologias de monitoramento do transporte em tempo real, além de receberem suporte operacional nas entregas para todas as Ceasas do país, já que o Brasil tem dimensões continentais e sofre com problemas de infraestrutura , como a qualidade das estradas. Para os pequenos e médios agricultores, a parte burocrática, que inclui a documentação comprobatória da entrega dos produtos e todos os demais procedimentos administrativos e financeiros envolvidos na venda e entrega, pode constituir uma barreira considerável. Todo esse processo, aliado à impossibilidade de estar presente na entrega da carga, devido às longas distâncias entre os locais de produção e os grandes centros de distribuição e consumo, facilita a fraude e a inadimplência.
Os varejistas e atacadistas que comercializam frutas e hortaliças também enfrentam dificuldades, como identificar e estabelecer relacionamentos com novos e bons fornecedores de produtos e reduzir os custos gerados por gargalos logísticos. Além disso, muitas vezes são obrigados a realizar compras em volumes superiores à sua capacidade de venda, gerando desperdício de produtos ou inibindo a possibilidade de desenvolver a compra e venda de novos produtos. Desta vez, inúmeros atacadistas sofrem com a falta de oportunidade de comprar produtos em menor escala sem perder competitividade. Sem falar na competição predatória, praticada por maus jogadores que se aproveitam das fragilidades dos produtores, comprometendo o giro dos produtos e a lucratividade dos estabelecimentos.
Diante das dificuldades, nota-se que a produção de alimentos no Brasil ainda tem muito espaço para crescer com a devida reorganização e choque de gestão do setor. O Brasil é o celeiro do mundo, com economia em crescimento e grande espaço para melhorar a qualidade da alimentação de seus mais de 200 milhões de habitantes. Culturalmente, os brasileiros gostam de consumir produtos naturais e estão sempre inovando com sucos, bebidas e comidas tropicais. Se o setor receber a devida atenção, é possível ampliar a produção e solucionar as dificuldades dos produtores de frutas e hortaliças no Brasil, beneficiando, em última instância, o consumidor.
A solução para essas dificuldades passa, sem dúvida, pela tecnologia, por meio do uso de um aplicativo que facilita as negociações entre produtores e atacadistas, com acompanhamento de entrega e serviço completo de coleta. Essa reorganização da cadeia só pode se tornar viável com a adoção de tecnologia de ponta aliada à aplicação de mão de obra intensa e especializada nos mais variados pontos sensíveis desse setor.