Otimizando a Conservação de Grãos com Potencial
Quando se trata de conservação de grãos, a ensilagem é um método amplamente utilizado por suas vantagens na fermentação anaeróbica. No entanto, a ensilagem de grão úmido apresenta desafios particulares, tais como a produção de ácido lático e a necessidade de aditivos específicos.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!O Desafio da Fermentação e do pH Baixo
Para manter a qualidade dos grãos ensilados, é essencial garantir a produção adequada de ácido lático e a redução eficiente do pH. Esses processos são vitais para a conservação dos nutrientes e a integridade do material ensilado.
Incorporando Aditivos na Ensilagem de Grão Úmido
A aplicação de aditivos na ensilagem de grão úmido pode ser uma estratégia eficaz para otimizar a fermentação e melhorar a qualidade final do produto. No entanto, a escolha dos aditivos adequados e sua eficácia neste contexto específico são aspectos que requerem atenção especial.
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Desenvolvimento
Para as silagens de grão úmido, a colheita do material é realizada com a umidade entre 30 e 40%, logo após a maturação fisiológica, quando cessa a translocação de nutrientes da planta para as sementes e estas apresentam teores máximos de amido. O processo fermentativo do grão promove a proteólise e degradação da matriz proteica, tornando os grânulos de amido prontamente disponíveis para maior degradação e aproveitamento pelos microrganismos ruminais.
Aditivos Utilizados e Seus Benefícios
Os aditivos comumente utilizados para silagem de planta inteira também podem ser aplicados na ensilagem de grão úmido. Dentro destes aditivos estão os microbianos, químicos, enzimáticos e suas associações, que têm o objetivo de preservar a qualidade do material e minimizar as perdas decorrentes do processo fermentativo. Os aditivos podem inibir o crescimento de microrganismos indesejáveis, estimular a produção de ácido lático e melhorar a fermentação e qualidade final da silagem.
Microorganismos e Aditivos na Fermentação
Inoculantes microbianos, como as bactérias homofermentativas, contribuem para a intensificação da produção de ácido lático e a redução do pH das silagens. Nos casos de bactérias heterofermentativas, como o Lactobacillus buchneri, esses microrganismos utilizam ácido lático e glicose como substrato para produzir ácido acético e propiônico, sendo efetivos no controle de fungos em baixo pH durante a fase aeróbia.
Estudos Sobre a Aplicação de Aditivos na Ensilagem de Grão Úmido
Ainda que existam poucos estudos sobre os efeitos de aditivos na silagem de grão úmido, resultados mostram que o Lactobacillus buchneri pode ser uma alternativa viável para melhorar a estabilidade aeróbica desse tipo de silagem. Alguns estudos não observaram diferenças significativas no desempenho de vacas leiteiras ao substituir o milho seco pela silagem de grão úmido, mas a melhoria na eficiência alimentar é um aspecto relevante devido à melhor digestibilidade do amido.
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Conclusão: Uso de Aditivos na Ensilagem de Grão Úmido
A adoção de aditivos comumente utilizados para planta inteira na ensilagem de grão úmido deve ser avaliada com cautela, pois os benefícios nem sempre são tão evidentes. Devido às diferenças nos padrões fermentativos dos grãos, o uso equivocado de aditivos genéricos pode levar a perdas econômicas. Estudos específicos sobre aditivos para silagem de grão úmido são necessários para garantir a eficácia e eficiência do processo de conservação e utilização desse tipo de alimento para os animais.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Ensillagem de Grão Úmido: O Que Você Precisa Saber
A ensilagem de grão úmido é um método de processamento utilizado na conservação de culturas úmidas, baseado na fermentação anaeróbica. Durante esse processo, as bactérias ácido láticas desempenham um papel fundamental na produção de ácido lático, responsável por conservar o material ensilado.
FAQs sobre Ensilagem de Grão Úmido
1. Qual a umidade ideal para a colheita do grão úmido?
A colheita do grão úmido deve ser realizada com uma umidade entre 30 e 40%, logo após a maturação fisiológica das plantas.
2. Quais são os benefícios da ensilagem de grão úmido para os animais?
A ensilagem de grão úmido pode aumentar a digestibilidade do amido, tornando esse componente mais disponível e melhorando o desempenho dos animais.
3. Quais são os desafios da ensilagem de grão úmido?
Algumas características intrínsecas dos grãos, como o teor de umidade e de amido, podem afetar a produção do ácido lático, prejudicando a qualidade da silagem.
4. Como os aditivos podem influenciar na qualidade da ensilagem de grão úmido?
Os aditivos podem minimizar perdas e melhorar a fermentação, inibindo microrganismos indesejáveis e estimulando a produção de ácido lático.
5. Quais são as considerações finais sobre o uso de aditivos na ensilagem de grão úmido?
O uso de aditivos comumente utilizados para planta inteira na ensilagem de grão úmido deve ser avaliado com cautela, pois os benefícios podem não ser tão evidentes devido às diferenças nos padrões fermentativos dos grãos.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
A ensilagem é um método de conservação de culturas úmidas baseada na fermentação anaeróbica (Weinberg et al., 2010). Durante o processo fermentativo, as bactérias ácido láticas utilizam como substrato os carboidratos solúveis em água para produzir o ácido lático, que é o principal responsável por diminuir o pH da silagem (Kung, 2018), sendo esse pH baixo, responsável por conservar o material ensilado (Figura 1).
Figura 1. Processo fermentativo da silagem.
Adaptado de Collins e Owens (2003).
Para as silagens de grão úmido, a colheita do material é realizada com a umidade entre 30 e 40% (Mello, 2004), logo após a maturação fisiológica, quando cessa a translocação de nutrientes da planta para as sementes e estas apresentam teores máximos de amido, que é um dos nutrientes mais importantes para o desempenho animal (Gobetti et al., 2013). O processo fermentativo do grão promove a proteólise e degradação da matriz proteica, tornando os grânulos de amido prontamente disponíveis, o que proporciona maior degradação e aproveitamento pelos microrganismos ruminais (Hoffman et al., 2011).
Dessa forma, a ensilagem de grão úmido pode ser um método de processamento viável para aumentar a digestibilidade do amido (Ferraretto et al., 2013), tornando esse componente mais disponível ao animal e por consequência melhorando o seu desempenho produtivo. Essa técnica tem sido amplamente utilizada devido às melhorias no valor nutritivo e custos mais baixos em comparação com outros métodos de processamento de grãos (Morais et al., 2017).
Por outro lado, algumas características intrínsecas dos grãos, como teor de umidade relativamente baixo e teor de amido elevado (Kung Jr et al., 2007) alteram a produção do ácido lático afetando a rápida redução do pH, o que pode prejudicar a qualidade do material ensilado. Outra particularidade da silagem de grão úmido é que a quantidade de microrganismos homoláticos é significativamente menor quando comparado às silagens de planta inteira, uma vez que estes microrganismos se encontram em maiores quantidades nas folhas e nas partes basais da planta (Jobim et al., 2009). A fermentação homolática é a forma mais eficiente de transformar hexoses em ácido lático, sendo um processo importante na conservação do alimento (Pahlow et al., 2003).
Aditivos comumente utilizados para silagem de planta inteira, incluindo microbianos, químicos, enzimáticos e suas associações são utilizados com a finalidade de preservar a qualidade do material e podem ser uma alternativa na ensilagem de grão úmido (Muck et al., 2018). Os aditivos têm como objetivo minimizar as perdas decorrentes do processo fermentativo, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis, estimulando assim a produção de ácido lático, o que melhora a fermentação e qualidade final da silagem (Kung Jr. et al., 2007).
Inoculantes microbianos usados como aditivos incluem as bactérias homofermentativas, que representam microrganismos capazes de intensificar a produção de ácido lático e reduzir o pH das silagens. Esse grupo é composto pelos Lactobacillus plantarum, Lactobacillus acidophilus e Pediococcus cerevisiae. Já as bactérias heterofermentativas, como o Lactobacillus buchneri, são microrganismos que utilizam ácido lático e glicose como substrato para produção de ácido acético e propiônico, os quais são efetivos no controle de fungos em baixo pH durante a fase aeróbica (Pahlow et al., 2003).
As enzimas são substâncias orgânicas que decompõem moléculas compostas em unidades menores, por exemplo, o CHO em açúcares (Soares et al., 2010). A aplicação de aditivos enzimáticos na alimentação animal não tem função nutricional, mas podem ajudar no processo digestivo aumentando a disponibilidade dos nutrientes presentes na silagem (Pereira, 2020). Com relação aos aditivos químicos, eles visam a redução de fungos e leveduras, sendo o maior objetivo a elevação da estabilidade aeróbia das silagens (Schmidt et al., 2014).
Apesar do extenso conhecimento sobre o uso de aditivos na silagem de plantas inteiras, ainda existem poucos estudos sobre os efeitos de sua aplicação na ensilagem de grão úmido, além disso, os poucos trabalhos existentes trazem resultados inconsistentes.
Como exemplo, em uma meta-análise realizada por Torres et al. (2021) foi observado que os aditivos de silagem de planta inteira não apresentaram efeito sobre a qualidade da silagem de grão úmido e no desempenho de vacas leiteiras em lactação. Contudo, é importante ressaltar que os aditivos utilizados foram desenvolvidos para as condições fermentativas da planta inteira, sendo necessário estudos de aditivos específicos para a silagem de grãos.
Apesar disso, em outros estudos o Lactobacillus buchneri apresentou resultados satisfatórios na qualidade de silagens de grão úmido, tornando-se uma alternativa viável para melhorar a estabilidade aeróbica desse tipo de silagem. Isso se deve ao maior acúmulo de ácido acético nas fases posteriores da ensilagem e menor número de leveduras e bolores (Taylor; Kung Jr., 2002).
Com relação ao desempenho produtivo de vacas leiteiras, Broderick et al. (2002) não observaram diferenças na produção e na composição do leite, nem na eficiência alimentar, quando a silagem de grão úmido de milho substituiu o milho seco em dietas para vacas confinadas.
Em contrapartida, na meta-análise realizada por Torres et al. (2021), também não foi observado efeito na produção de leite quando o grão seco foi substituído por silagem de grão úmido, porém houve uma melhoria na eficiência alimentar, o que pode estar relacionado a melhor digestibilidade do amido que melhora o aporte energético aos animais.
Portanto, a adoção de aditivos comumente utilizados para planta inteira na ensilagem de grão úmido deve ser avaliada com cautela, visto que os benefícios não são tão evidentes. Além disso, devido às diferenças nos padrões fermentativos dos grãos, o uso equivocado de aditivos não específicos pode levar a perdas econômicas.
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