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ABCS: Último trimestre do ano mostra sinais de aquecimento na demanda

O mês de setembro foi marcado pela interrupção de um ciclo de alta dos preços médios mensais da carne suína em todos os mercados brasileiros. Esse ciclo teve início em maio/22, atingindo seu ápice em agosto (Gráfico 1).

Gráfico 1. Preço do suíno vivo (R$/kg) em cinco estados (MG, SP, RS, PR e SC) de 21/11 a outubro de 2022 (até 14/10/22).
Fonte: CEPEA

A queda dos preços no mercado interno em setembro coincidiu com a redução dos volumes exportados (tabela 1), que em agosto atingiu o maior recorde para um único mês.

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Tabela 1. Volumes totais exportados de carne suína brasileira in natura de janeiro a setembro de 2020, 2021 e 2022 (em toneladas) e comparação da diferença percentual entre 2022 e 2021.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Outubro demonstra um novo viés de alta nos preços do suíno no mercado independente. Tomando como referência a Bolsa de Valores de Belo Horizonte (BSEMG), que em 22/09/22 publicou uma cotação de R$ 6,40 válida para as negociações da última semana de setembro, desde a semana seguinte vem registrando alta, chegando a R$ 7,60 em 13/10 (+18,75%). Seria essa a aguardada reação sazonal da demanda de fim de ano? Vamos acompanhar as próximas semanas para confirmar esse problema.

Em relação às exportações, apesar da redução nos volumes embarcados em setembro/22 em relação a agosto/22 (-11,3%) e em relação a setembro do ano passado (-7,4%), o preço médio da carne suína in natura exportada em dólar foi o maior desde agosto de 2021, atingindo US$ 2.451 por tonelada (tabela 2), e para a China, nosso maior comprador, o preço médio em setembro foi de US$ 2.527 por tonelada (+4,6% em relação ao mês anterior), indicando um aumento na demanda de o gigante asiático.

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Tabela 2. Preço médio em dólares da carne suína brasileira exportada x mercado interno de carcaça especial em SP, de jan/2021 a set/2022.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex e CEPEA.

Para o mês de outubro/22, com dados de embarque até 14/10 (Secex), a média diária de carne suína in natura exportada pelo Brasil é de 5.688 toneladas por dia útil, com preço médio por tonelada de US$ 2.503. Esses volumes indicam que devemos fechar o mês de outubro próximo a 100 mil toneladas exportadas, quantidade bastante satisfatória e confirmando a retomada de um bom ritmo de embarques, ajudando a secar o mercado interno.

CONAB aponta novo recorde na produção de milho e soja para a safra 2022/23

A CONAB divulgou o primeiro levantamento da safra 2022/23, estimando um novo recorde para a produção de soja e milho. O aumento da produção de milho (Tabelas 3) previsto em relação à safra anterior (12,5%) baseia-se na estimativa de aumento da área plantada (3,8%) e maior produtividade (8,4%) nas três safras para a safra 2022/23 período. Para que essa previsão se concretize, ainda há muita dependência das condições climáticas até o segundo trimestre de 2023, pois as projeções de crescimento da produção de milho no Brasil se concentram principalmente na segunda safra a ser colhida em meados de 2023, que deve representar mais de 75% do volume produzido na safra 2022/23.

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Tabela 3. Balanço da oferta e demanda de MILHO no Brasil (em mil toneladas). Publicado em 22/05/10, com estoque final previsto para 31/01. Fonte: Conab
Por enquanto, o clima tem ajudado no plantio do milho primeira safra e na semeadura da soja brasileira, que deve superar em mais de 20% a produção da safra passada, com 152,3 milhões de toneladas, contra 125,5 milhões na safra 2021/22 colheita. (tabela 4).

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Tabela 4. Balanço de oferta e demanda de SOJA em grão no Brasil (em mil toneladas). Publicado em 05/10/22, com previsão de estoque final para 31/12. Fonte: Conab

O relatório da CONAB chama a atenção para o volume esperado de exportação de milho (45 milhões de toneladas) para o período de 23/02 a 24/01. O último relatório do USDA publicado em 12/10 prevê 46,5 milhões de toneladas de milho a serem exportadas pelo Brasil entre 23/03 e 24/02, compensando a redução esperada da participação da Ucrânia no mercado internacional de milho (tabela 5).

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Tabela 5. Exportações mundiais de MILHO por safra e principais exportadores (em mil toneladas).
* Estimativa 2022/23 publicada pelo USDA em 12/10/22
** período considerado para saída do Brasil entre 23/03 e 24/02
Fonte: USDA

A safra de milho norte-americana deste ano, com colheita bem adiantada (mais de 30% até 10/14), deverá ter uma redução de cerca de 15 milhões de toneladas em relação à safra anterior (359,6 x 375 milhões de toneladas); na soja, a redução da safra norte-americana deve ficar próxima a 4 milhões de toneladas (117,4 x 121,5 milhões de toneladas).

Apesar de alguma estabilidade nos preços do milho, o custo de produção de suínos, impulsionado principalmente pelo aumento do farelo de soja, continua subindo (tabela 6). As exportações brasileiras desses grãos não permitiram que os preços caíssem no mercado interno.

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Tabela 6. Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimado nos três estados do Sul (R$/kg de suíno vivo vendido), em 2022, até setembro.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e CEPEA (preço).

Segundo o CEPEA, a relação de troca de suínos com os dois principais insumos de produção caiu em setembro/22 (gráfico 2) após certa recuperação em agosto em São Paulo e Minas Gerais, indicando que essa situação de margens negativas na atividade não se restringiu a os três estados do sul.

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Gráfico 2. Relação de troca (kg de carne suína/kg de milho e kg de carne suína/kg de farelo de soja – setembro/21 a setembro/22) em SP e MG.
Fonte: CEPEA

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que historicamente o último trimestre, principalmente os meses de outubro e novembro, são de aquecimento na demanda do mercado interno por carne suína, com indústrias e varejo aumentando seus estoques para as festas de fim de ano . “A copa do mundo de futebol, que este ano começa na segunda quinzena de novembro, é outro fator que deve aquecer a demanda nas próximas semanas. Paralelamente, o valor unitário da carne suína exportada vem crescendo, o que tem ajudado a retomar os altos volumes de embarques. Por outro lado, se os custos neste momento ainda não recuarem, a expectativa de safra recorde para o próximo ano deve trazer um cenário de maior previsibilidade e estabilidade para o setor em 2023”, conclui.



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