A Fazenda Roncador é maior que toda a Região Metropolitana de São Paulo, possui mais de 800 quilômetros de estradas internas e cerca de 1.000 moradores.

Escola, supermercado, igreja, quadra poliesportiva, clínica odontológica e estação de tratamento de esgoto. Não é exatamente em uma cidade que cerca de mil pessoas vivem com toda essa infraestrutura em Mato Grosso, mas na Fazenda Roncador, uma das maiores propriedades produtivas do mundo.

“Esta é uma prefeitura, com mais de 800 quilômetros de estradas em seu interior, que cuidamos com nosso próprio maquinário”, diz Guilherme Alves da Silva, gerente do imóvel, mas que poderia muito bem ser chamado de prefeito.

A área pertence a Grupo de Ronco, sócia de empresas como a concessionária de rodovias CCR, a construtora Serveng e a Zarvos, incorporadora de imóveis de alto padrão em São Paulo. O grupo também possui minas e usinas de beneficiamento de calcário, importantes para a recuperação do solo na agricultura.

A propriedade foi visitada por Caminhos de colheita 2019, no município de Querência, a 968 quilômetros da capital de Mato Grosso, na área de transição do Cerrado para a Floresta Amazônica. Dos 1,2 milhão de hectares da cidade, 600 mil são reservas indígenas. E, dos 600 mil restantes, 153 mil hectares são ocupados pela Fazenda Roncador, área maior que toda a Região Metropolitana de São Paulo.

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Da primeira à última safra, a extensão é de 120 quilômetros. Apenas do centro da cidade até a administração da fazenda fica a nada menos que 64 quilômetros em uma estrada de terra. Quando perguntamos a um reparador de pneus da cidade o caminho da estrada, ele respondeu: “pode ir lá!”

fazenda do ronco
Divulgação de fotos

A cidade de Querência também impressiona à primeira vista por temas caros ao Brasil contemporâneo: o número de igrejas e a exuberância das concessionárias de tratores e colheitadeiras.

A cidade fundada por gaúchos, que mantém suas tradições em um (Centro de Tradições Gaúchas (CTG), com articulações na cidade e no país, viveu a crise que o Brasil viveu há cinco anos e se reergueu com a ascensão preço da soja, levando produtores a migrarem da pecuária para a agricultura. Criado na década de 1970, o Roncador quis seguir esse caminho de forma diferente. Há 11 anos, o grupo decidiu aderir ao sistema de integração lavoura-pecuária, iniciando o plantio de soja, mas mantendo o gado A floresta plantada, além de gerar renda, também proporciona sombra e garante o bem-estar do rebanho.

“Por causa da soja, a cidade voltou a crescer. Antes era tudo fazenda de gado”, explica a catarinense Ivanilde Querobin, sócia da Fazenda Luar da Mata Irmãos Candiotto, que fez a mesma transição de gado para soja e milho entressafra em 3 mil hectares. Com a prosperidade da lavoura, ela e o marido Igor Candiotto investiram em dois hotéis, sendo um deles o repórter do Globo Rural. E a propriedade deve se expandir, com a compra de terrenos vizinhos.

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Lago na cidade de Querência, com uma vila de moradores ao fundo (Foto: Fernando Martinho)

A cidade, que tem um lago muito bonito na entrada, está planejada para crescer ainda mais. Há quarteirões e quarteirões de terra vazia mas com eletricidade, com postes iluminando o mato, e asfalto. Em uma pizzaria, a mais popular da região, grandes cartazes na parede mostram imagens de aviões pulverizando plantações, tratores e grãos. A música sertaneja tem grande influência, seja em alto-falantes luminosos ou em duplas que cantam nas mesas dos bares com violão de cordas de aço. Apesar dos caminhões, que na maioria das vezes cortam o asfalto ou a estrada de terra em alta velocidade, a população também utiliza muito bicicletas e e-bikes (bicicletas elétricas).

Silva, o gerente, não revela o faturamento da fazenda, mas explica que 90% do dinheiro do grupo destinado a investimentos é aplicado no agronegócio. “O agronegócio tem um percentual menor do que os demais negócios, mas é o que está na crista da onda”, diz. A implementação da gestão empresarial profissional deu um impulso à empresa anteriormente familiar, liderada por Pelerson Penido até sua morte em 2012.

Em 2014, a colheita de soja do Roncador foi de 45.010 toneladas; em 2018, cresceu para 156.338; e a projeção para 2019 é de 166.256 toneladas”

A intensificação da produção faz com que em algumas áreas da fazenda seja possível colher até três safras por ano, uma de soja, uma de milho e outra de carne. Na última safra, 11 mil hectares de área de soja sustentaram o gado durante a estação seca.

A fazenda manteve sua produção de carne praticamente estável em 5.000 toneladas desde 2009, mas viu a produção de soja subir ano a ano. Em 2014, a produção de grãos foi de 45.010 toneladas; em 2018, cresceu para 156.338; e a projeção para 2019 é crescer 6,3% para 166.256 toneladas. Isso porque 6 mil hectares de pastagens já estão sendo preparados para a produção de soja. O número de rebanhos caiu de 120.000 cabeças para 60.000 em dez anos.

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A manutenção da produtividade da carne decorre da genética animal, resultante do cruzamento de um touro espanhol com o zebu, o chamado Rubia Gallega. Hoje, o gado está pronto para o abate em um ano, enquanto na maioria das fazendas leva até três anos.

O Grupo Roncador é referência em pecuária no estado de Mato Grosso, onde trabalha com criação, recria e engorda de gado desde 1978. A Fazenda Roncador, que deu nome ao grupo, está localizada no município de Querência e possui um rebanho de cerca de 50.000 cabeças de gado, criado a pasto, em sistema integrado lavoura-pecuária, e confinamento para terminação dos animais.

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Guilherme Alves da Silva, gerente da Fazenda Roncador (MT)
Fazenda Roncador 2

Essa grande cidade rural ainda possui uma reserva legal de 72 mil hectares de mata nativa. Silva diz que não foi preciso cortar uma única árvore para dar o ritmo de crescimento da produção agrícola.

“Somos um exemplo de dez anos que não desmatamos, não derrubamos uma árvore. E nossa produção de alimentos cresceu. Tem que ter apoio financeiro para ter equipamentos mais eficientes e investir em inteligência de negócios para ser mais competitivo, não é abrir novas áreas, porque isso vai incentivar a especulação imobiliária. E nossos clientes na China e na Europa são contra o desmatamento. Isso pode aumentar nosso parque de produção, mas se você não consegue vender, não faz muito sentido.

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“Nós não derrubamos uma árvore. E nossa produção de alimentos cresceu. Nossos clientes na China e na Europa são contra o desmatamento”

jovem líder

Além da alta tecnologia, com rastreamento online de tratores e colheitadeiras e imagens de satélite, Silva, 32 anos, é um exemplo de liderança jovem com uma nova mentalidade. Aos 32 anos, ele está em desacordo com a maioria dos líderes do setor, que mal conseguem ouvir a palavra ONGs, entidades que são vistas quase como vilões pelo atual governo de extrema-direita. A Fazenda Roncador tem projetos com ONGs e preserva onças em sua floresta. Por ano, cerca de mil vacas são mortas pelos felinos.

Quem paga o prejuízo é o cliente, mas com satisfação sabendo que esse recurso estaria cobrindo os prejuízos com os ataques da onça, que são preservados. “Somos amigos da onça”, diz. A fazenda está patrocinando uma pesquisa da Embrapa sobre emissões de dióxido de carbono no setor agropecuário. A causa ambiental é vista por Silva como um investimento para deixar à sociedade um legado ambiental e de desenvolvimento sustentável.

Na pavimentação da BR-242, que deve margear os limites da Parque do Xingu, Silva diz que “tudo depende da gestão do que vai ser feito lá. O que é 15 metros de largura em cima de um parque como este? fisicamente ela [a estrada] não causa impacto. Da mesma forma que estamos entrando em uma terra indígena, o índio também vai para a cidade. No supermercado de Querência tem indígenas”.

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Sobre a cobrança de pedágio nessa rodovia, para transferir recursos para as aldeias do Xingu, o gerente da fazenda diz que “qualquer política inteligente é bem aceita. Que mal há em pagar por um negócio que nos beneficiará? Todos os pedágios que você paga em São Paulo são para dar a você uma rota mais conservada, com segurança e agilidade. Qual o problema de ter um acesso melhor, uma estrada boa? E que esse dinheiro, além de cobrir as despesas de manutenção, ajude uma instituição ou outra coisa. Eu não vejo nenhum problema. Você está pagando por um benefício.”

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Igreja dentro da Fazenda Roncador, com lago ao fundo. (Foto: Fernando Martinho)

Fonte: Globo Rural

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