“O mundo caminha para um cenário de insegurança alimentar gravíssima e nosso Brasil é um ator importante na redução desse risco. Não é muito dizer que o planeta depende do Brasil para alimentação e o trigo é essencial nesse cenário”, disse o ministro.
A cerimónia que marcou o fim dos trabalhos do 29ª edição do Congresso Internacional da Indústria do Trigoevento promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo – abitrigoem Foz do Iguaçu (PR), contou com a presença Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montesque destacou em seu discurso a importância da pesquisa e do trabalho da cadeia no crescimento da produção nacional de trigo, que, segundo ele, “é o maior desafio do Brasil e talvez do mundo”.
Após mais de 10 horas de conteúdo, nesta terça-feira foi concluída uma edição que deixará uma grande lição e muitas lições aprendidas para refletir ao longo desta colheita. O Presidente da Embrapa, Celso Morettitambém esteve presente no encerramento do Congresso e destacou a pesquisa sobre a tropicalização do cereal desenvolvida pela entidade, que será fundamental para a expansão do cultivo de cereais no Brasil.
“O mundo caminha para um cenário de insegurança alimentar gravíssima e nosso país é um ator importante na redução desse risco. Não é muito dizer que o planeta depende do Brasil para alimentação e o trigo é essencial nesse cenário”, disse Montes.
De acordo com o ministro, o trabalho de pesquisa e desenvolvimento visando aumentar a produção de grãos em solo nacional tem alcançado bons resultados e mostra um futuro promissor. “Encontramos um caminho que nos levará não apenas à autossuficiência, mas também à exportação, elevando ainda mais a importância do Brasil como produtor de alimentos no mundo. Temos muitos desafios, mas estamos trabalhando para que o país fique cada vez menos dependente do trigo estrangeiro e o apoio do setor é muito importante nesse processo”.
O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, também esteve presente no encerramento do Congresso e destacou a pesquisa sobre a tropicalização do trigo desenvolvida pela entidade, que será fundamental para a expansão do cultivo de cereais no Brasil.
“Há algumas décadas, o Brasil passou de importador a exportador de alimentos, e com o trigo não será diferente. A pesquisa ajudará a superar os desafios enfrentados pelo produtor no campo para que o país possa produzir mais e melhor e, com isso, exercer sua vocação de alimentar o mundo”.
LIMITES EXTERNOS ALTOS SEM QUEDA DE PREÇO BR
Os preços do trigo seguem em queda no Brasil, influenciados pelas expectativas de produção recorde no país e início da safra 2022/23, principalmente no Paraná e em São Paulo. Os triticultores do Rio Grande do Sul também aguardam uma colheita volumosa, dado o clima favorável às lavouras. No entanto, a queda interna foi limitada pelo avanço dos preços externos do trigo.
Nesse caso, estimativas que indicam transações internacionais recordes e déficit hídrico em parte das lavouras de trigo na Argentina e nas planícies do sul dos Estados Unidos impulsionaram os valores externos do cereal. A escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, que poderia dificultar o fluxo de grãos pelo Mar Negro, também reforçou o movimento ascendente.
Mulheres na indústria do trigo
Uma das atrações do Congresso foi o painel “A visão da mulher na gestão do negócio do trigo”, que trouxe uma visão holística do cenário do setor e destacou a importância da comunicação para fortalecer o posicionamento do agronegócio em todas as suas esferas.
Moderada pela jornalista e diretora da Attuale Comunicação, Mariele Previdi, a sessão contou com a presença da CEO do Mulheres do Agronegócio Brasil, Andrea Cordeiro; Dorcy Zorzo Casarin, CEO do Dallas Group; a Diretora Geral e Vice-Presidente da Buaiz Alimentos, Eduarda Buaiz, e a Presidente do Moinho Globo, Paloma Venturelli.
Os executivos compartilharam os desafios na gestão das usinas que administram, principalmente no que diz respeito às questões financeiras, desafios para a aquisição da matéria-prima trigo, que representa cerca de 80% dos custos de produção e a necessidade de as usinas estarem mais atentas ao posicionamento da marca, comunicação e gestão de Pessoas.
“Sempre insisto na comunicação, porque vejo uma deficiência nesse sentido. Precisamos nos comunicar para pleitear o que é necessário para a ascensão da cadeia produtiva do trigo”, analisou Andrea Cordeiro, destacando a importância de olhar para as questões ESG (ambiental, social e governança corporativa). “Estamos colocando todos os nossos esforços na sustentabilidade, mas precisamos ter um equilíbrio entre a responsabilidade social e a questão econômica. Também precisamos criar uma parceria construtiva com associações e até com concorrentes, pois precisamos nos fortalecer como grupo para fortalecer a cadeia produtiva”, defendeu Andrea.
O CEO do Grupo Dallas, Dorcy Zorzo Casarin, que fica no Mato Grosso do Sul, destacou os desafios na aquisição de matéria-prima para a indústria. “Estamos longe dos portos, mas criamos nossas soluções e, devido à nossa distância do Paraguai, fizemos uma grande parceria para adquirir o trigo paraguaio. Investimos também na armazenagem e hoje temos capacidade para armazenar cerca de 150 mil toneladas de grãos, o que nos dá tranquilidade no abastecimento”, relatou Dorcy.
Diferentemente do cenário sul de Mato Grosso, o abastecimento da Buaiz Alimentos, localizada no estado do Espírito Santo, vem da Argentina. “A usina fica em frente ao Porto de Vitória e a localização facilita a logística. Apesar de importarmos o trigo argentino, incentivamos os produtores do interior do estado, comprando grande parte de sua safra e ainda não desistimos de adquirir produções do Brasil. Para isso, buscamos soluções para tornar o envio mais barato e fácil”, disse Eduarda Buaiz.
Paloma Venturelli, cuja empresa está localizada no Paraná, diz que a produção no Paraná e no vizinho Rio Grande do Sul supre a maior parte das necessidades da empresa. “O trigo paranaense tem excelente qualidade e incentivamos os produtores desde 1954, quando o moinho foi inaugurado. Desde então, realizamos, por meio de parcerias, a disseminação do conhecimento e o incentivo à inserção de novos produtores dessa cultura no Paraná”, reforçou o presidente do Moinho Globo.
Para a CEO do Mulheres do Agronegócio Brasil, Andrea Cordeiro, toda essa visão feminina sobre a cadeia produtiva do trigo e o foco desses profissionais farão a diferença no futuro do agronegócio.
“Precisamos continuar abrindo espaço para mulheres e jovens para que tenhamos uma visão mais ampla de todo o negócio. O que propomos não é uma competição, mas sim uma aliança com várias visões, vertentes, valores e competências únicas de cada um dos representantes da cadeia, para que, juntos, possamos encontrar as melhores soluções para o sucesso do setor” , apontou. .
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