Quais são as agromensais disponíveis de julho/2023 do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada?

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Boa leitura!

Cepea, 08/04/2023 – O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, disponibiliza hoje os relatórios agromestrais de julho de 2023.

Confira aqui!

Abaixo, alguns trechos das análises mensais:

AÇÚCAR: Os preços médios do açúcar cristal branco caíram em julho no mercado spot do estado de São Paulo. O clima do mês, considerado o pico da safra, foi de pouca chuva, o que favoreceu a colheita da cana e a produção nas usinas do estado. Nesse cenário, em geral, os compradores pressionam os preços das bolsas de cristal. Mesmo as retiradas de contratos previamente negociados com as usinas foram adiadas, segundo algumas indústrias de alimentos consultadas pelo Cepea. Esses agentes apontaram uma queda no consumo de produtos de varejo. A oferta do tipo de melhor qualidade (Icumsa até 150) foi baixa, devido ao aumento das exportações.


ALGODÃO: Os preços do algodão em pluma subiram durante a maior parte do mês de julho, após iniciarem o mês nos menores níveis nominais desde meados de outubro/20. Mesmo assim, a média mensal situou-se no menor patamar dos últimos três anos, em termos reais. Os preços domésticos ficaram ainda mais baixos do que a paridade de exportação, o que não é comum. Com isso, os vendedores permaneceram firmes em seus pedidos, influenciados pelos preços internacionais mais elevados, contribuindo para uma recuperação parcial dos preços.

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ARROZ: As cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul subiram em julho, influenciadas pela restrição de vendas e pelo maior interesse dos compradores, tanto para o mercado interno quanto para exportação. A média do Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos integrais e pagamento à vista) foi de R$ 84,17/saca de 50 kg em julho, 2,74% superior à de junho e 10,23% superior à de jul/22, em termos nominais. No acumulado de julho (de 30 de junho a 31 de julho), o Indicador avançou 7,17%.


BOI: Após registrar, de janeiro a junho de 2023, o segundo melhor desempenho da história em um primeiro semestre, as exportações brasileiras de carne bovina iniciaram o segundo semestre fragilizadas. E esse cenário se verificou mesmo diante da queda dos preços da carne para exportação – em julho, o preço médio pago por tonelada de proteína foi o menor desde março de 2021.


CAFETERIA: Os preços médios dos cafés Arábica e Robusta caíram significativamente entre junho e julho. Para o arábica, o Indicador CEPEA/ESALQ tipo 6, localizado na capital paulista, teve média de R$ 819,61/saca de 60 kg em julho, queda de 11,8% (ou quase R$ 110/sc) em relação ao mês anterior. Quanto ao Robusta, a média de julho foi de R$ 649,29/sc, queda de 8,07% (ou 56,97 reais/sc).


ETANOL: Os preços do etanol anidro e hidratado caíram no mercado paulista em julho, uma vez que a demanda estava muito fraca em grande parte da região Centro-Sul. Nem mesmo o ligeiro aumento da procura de combustível no final do mês devido à expectativa de aumento do preço da gasolina nas refinarias (devido à recente valorização do petróleo) e também o regresso às aulas foram suficientes para sustentar os preços.


FRANGO: A carne de frango registrou desvalorização em julho. A grande quantidade de proteína disponível no mercado interno, devido à baixa demanda interna e à queda nas exportações, resultou em preços mais baixos. No atacado paulista, o frango inteiro resfriado teve média de R$ 5,82/kg em julho, queda de 3,5% em relação a junho. Na mesma comparação, o produto congelado desvalorizou 2,8%, com média de R$ 5,86 no último mês.

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MILHO: As cotações do milho encerraram julho com queda no mercado brasileiro, devido ao avanço da safra e baixas cotações no mercado internacional em algumas partes do mês. No Brasil, as negociações seguiam em ritmo lento, pois os compradores esperavam novas quedas nos preços com o avanço da safra. Vale lembrar que a alta oferta na atual safra e o baixo pregão antecipado preocuparam os agentes, e alguns vendedores concordaram em negociar lotes em patamares mais baixos.


OVELHA: As cotações do ovino vivo apresentaram comportamento diferenciado entre os mercados monitorados pelo Cepea em julho. A Bahia foi a região com o aumento mais expressivo, de 9,3%, no preço do cordeiro vivo, com o quilo passando de R$ 18,29 em junho para R$ 20,00 em julho. Segundo funcionários do Cepea, a maior procura por carne nos restaurantes contribuiu para a valorização do animal.


MILITARES: As indústrias brasileiras foram mais ativas na aquisição de soja em julho. Esse cenário acirrou a disputa entre compradores nacionais e estrangeiros da oleaginosa, resultando em alta nos preços domésticos, que atingiram os maiores patamares reais desde março deste ano. Além disso, os sojicultores brasileiros foram retraídos nas vendas de grandes volumes. Parte dos produtores mostrou preferência por armazenar o restante da safra 2022/23 em silos-sacos ao invés de vendê-lo no mercado à vista – vale lembrar que esse tipo de armazenamento não é comum para a soja, pois pode aumentar a umidade no grão.


TRIGO: Em julho, os agentes do mercado de trigo permaneceram atentos ao desenvolvimento das lavouras, principalmente no Hemisfério Sul, enquanto os trabalhos de colheita avançavam no Hemisfério Norte. Ao mesmo tempo, esses agentes vêm acompanhando os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia, que se intensificou após o fim do acordo de exportação de grãos do Mar Negro no mês passado.

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Outras informações: [email protected] e (19) 3429 8836.

Título: Principais análises dos relatórios agromestrais de julho de 2023 divulgados pelo Cepea

Introdução:
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Esalq/USP, divulgou recentemente os relatórios agromestrais referentes ao mês de julho de 2023. Esses relatórios fornecem uma análise detalhada do desempenho dos principais setores do agronegócio nacional, trazendo informações relevantes para produtores, investidores e demais interessados no mercado agropecuário. Neste artigo, serão destacados alguns trechos das análises mensais, que trazem insights importantes sobre o mercado de açúcar, algodão, arroz, boi, cafeteria, etanol, frango, milho, ovelha, militares e trigo.

Açúcar:
No mercado spot do estado de São Paulo, os preços médios do açúcar cristal branco registraram queda em julho. A safra favorável, com pouco volume de chuvas, possibilitou uma maior colheita de cana e produção nas usinas. Diante desse cenário, os compradores pressionaram os preços nas bolsas de cristal. Além disso, houve uma queda no consumo de produtos de varejo, resultando em adiamento das retiradas de contratos firmados previamente com as usinas. Vale destacar também a baixa oferta do tipo de melhor qualidade (Icumsa até 150) devido ao aumento das exportações.

Algodão:
Os preços do algodão em pluma apresentaram aumento durante a maior parte de julho, após um período de baixa nos meses anteriores. No entanto, a média mensal ainda ficou abaixo do registrado nos últimos três anos, em termos reais. Esse cenário atípico levou os vendedores a manterem preços firmes, influenciados pelo aumento dos preços internacionais. Com isso, houve uma recuperação parcial dos preços.

Arroz:
No Rio Grande do Sul, as cotações do arroz em casca apresentaram alta em julho. Esse aumento foi influenciado pela restrição de vendas e pelo maior interesse dos compradores, tanto para o mercado interno quanto para a exportação. O Indicador CEPEA/IRGA-RS registrou uma média de R$ 84,17 por saca de 50 kg em julho, o que representa um aumento de 2,74% em relação ao mês anterior e de 10,23% em comparação a julho de 2022.

Boi:
Apesar do desempenho histórico positivo no primeiro semestre de 2023, as exportações brasileiras de carne bovina iniciaram o segundo semestre em queda. Mesmo com a diminuição dos preços da carne para exportação, o menor desde março de 2021, a fragilidade das exportações foi evidente. Esse cenário reflete a desaceleração da demanda por carne bovina no mercado internacional.

Cafeteria:
Os preços dos cafés Arábica e Robusta registraram queda significativa entre junho e julho. O Indicador CEPEA/ESALQ tipo 6, que representa o café Arábica, teve uma média de R$ 819,61 por saca de 60 kg em julho, uma queda de 11,8% em relação ao mês anterior. Já o café Robusta teve uma média de R$ 649,29 por saca, representando uma queda de 8,07%. Essa redução nos preços está relacionada aos fatores climáticos e ao aumento das exportações.

Perguntas e Respostas:

1. Quais foram os principais fatores que influenciaram a queda nos preços do açúcar em julho?
Resposta: A falta de chuvas favoráveis à safra e o aumento das exportações levaram a uma maior colheita de cana e produção nas usinas, o que resultou em uma pressão dos compradores sobre os preços do açúcar cristal branco.

2. Por que os preços do algodão em pluma apresentaram aumento em julho?
Resposta: Apesar de terem iniciado o mês nos menores níveis nominais desde outubro de 2020, os preços do algodão em pluma subiram devido ao aumento dos preços internacionais e à firmeza dos vendedores em seus pedidos.

3. Quais foram os principais fatores que contribuíram para a alta nas cotações do arroz em casca?
Resposta: A restrição de vendas e o maior interesse dos compradores, tanto no mercado interno quanto na exportação, foram os principais fatores que influenciaram o aumento das cotações do arroz no Rio Grande do Sul.

4. Por que as exportações brasileiras de carne bovina iniciaram o segundo semestre em queda?
Resposta: Mesmo com a queda dos preços da carne para exportação, a demanda internacional por carne bovina diminuiu, impactando negativamente as exportações brasileiras.

5. Quais foram os fatores responsáveis pela queda nos preços dos cafés Arábica e Robusta?
Resposta: A redução nos preços dos cafés Arábica e Robusta está relacionada a questões climáticas desfavoráveis e ao aumento das exportações dessas commodities.

Conclusão:
Os relatórios agromestrais divulgados pelo Cepea oferecem uma visão abrangente sobre o desempenho de diferentes setores do agronegócio brasileiro. Ao analisar algumas das principais análises referentes ao mês de julho de 2023, fica evidente a influência de diversos fatores, como condições climáticas, demanda interna e internacional, e aumento das exportações. Essas informações são de extrema importância para produtores, investidores e demais agentes do mercado agropecuário, auxiliando na tomada de decisões estratégicas e acompanhar as tendências do setor.
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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Fonte: Cepea

Análise mensal do setor Agro em julho de 2023

Exportações do Agro Fecham 1º Semestre com Recorde Histórico

Reflexões dos fatos e números do agro em julho e o que acompanhar em agosto

Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva e Beatriz Papa Casagrande

Na economia mundial e brasileira, em relação aos indicadores econômicos divulgados pelo Banco Central no Boletim Focus do dia 17 de julho, o IPCA para esse ano deve ficar em 4,95% (queda mensal), enquanto para 2024 a previsão é de 3,92% (baixa). Já o Produto Interno Bruto (PIB) está projetado em 2,24% para este ano e em 1,30% para o próximo (ambos em crescimento). O câmbio deve se sustentar nos R$ 5,00 (estabilidade) até o final de 2023 e em R$ 5,05 (retração) ao fim de 2024. Por fim, a taxa Selic deve finalizar este ano em 12,00% (baixa) e em 9,50% no consecutivo (manutenção).

No agro mundial e brasileiro, após aumento isolado em abril, o Índice de Preços dos Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) retraiu pelo segundo mês consecutivo, fechando em 122,3 pontos, o que configurou queda de 1,7 pontos ou 1,4% frente ao mês anterior. Mais uma vez, o indicador cai para o nível mais baixo em dois anos. Esse cenário foi liderado pelo açúcar (-3,2%) que teve a primeira retração depois de quatro meses em alta, devido ao bom andamento da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil e baixa demanda global, no entanto, os efeitos do El Niño e valorização do real limitaram maiores quedas. Além disso, cereais (-2,1%), óleos vegetais (-2,4%) e laticínios (-0,8%) também decaíram. Para os cereais, todas as culturas mapeadas sofreram desvalorização.

No cenário global, o 3º levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a safra mundial de grãos 2023/24 agitou os mercados. No milho, ao contrário do que era esperado, o órgão ampliou a produção em 1,69 milhão de t neste mês: de 1.222 bilhão de t para 1,224 bilhão de t, alta de 0,1%. Com isso, a produção global em 2023/24 será 6,4% superior à de 2022/23; teremos 73,8 milhões de t adicionais do cereal. A mudança é explicada pela elevação na produção norte americana, que agora está prevista em 389,15 milhões de t (era de 387,75 milhões de t); ou seja, 1,4 milhão de t a mais. O relatório manteve os valores para demais países de importância global: China, 280,0 milhões de t (+1,0%); Brasil com 129,0 milhões de t (-3,0%); e Argentina com 54,0 milhões de t (+58,8%).

Do lado das exportações, o USDA adicionou 1 milhão de t a previsão de embarque do Brasil, o que nos mantém na ponta como principal exportador com 58,0 milhões de t, contra 54,0 milhões de t dos Estados Unidos. Por fim, os estoques finais também foram revistos para cima e estão agora estimados em 314,12 milhões de t, um crescimento de 6,0% no comparativo com o ciclo passado.

Em um mercado cada vez mais competitivo, a soberania de décadas dos Estados Unidos nas exportações de milho perde espaço para o Brasil. Nesta safra 2023/24, os norte-americanos estão representando sua segunda menor participação no mercado mundial do cereal, sendo superada apenas pela temporada 2012/13, quando uma forte seca diminuiu significativamente a produção. Em contrapartida, o Brasil está assumindo uma fatia maior do mercado, abastecendo quase um terço (29,8%) da demanda global, principalmente por conta do apetite chinês.

No caminho contrário, o USDA reviu para baixo a produção global de soja: estava estimada em 410,70 milhões de t no mês passado e foi a 405,31 milhões de t agora em julho, queda de 1,3% ou 5,4 milhões de t a menos. O principal motivador da queda foi a redução na produção norte-americana, após as revisões na área efetivamente plantada pelos agricultores, bem como por conta do clima seco no país. A produção dos Estados Unidos foi revista de 122,74 para 117,03 milhões de t. Mesmo assim, a oferta deve ser 0,6% superior a 2022/23. Demais países de importância global seguem com mesmos volumes: Brasil com 163,0 milhões de t (+ 4,5%); Argentina com 48,0 milhões de t (+ 92,0%); e China com 20,50 milhões de t (+1,1%). Estoques também foram revistos para baixo agora em julho e estão estimados em 120,98 milhões de t; apesar da baixa, o resultado é 17,6% superior ao de 2022/23.

Apesar das lavouras norte-americanas terem sofrido com a falta de chuvas nos estágios iniciais de desenvolvimento, os produtores colherão grandes safras. Até o relatório divulgado em 18 de julho pelo USDA, o milho estava com 11% das suas lavouras em condições excelentes (13% há um ano) e 46% boas (51% em 2022). Para a soja, 8% do cultivo estava em nível excelente (contra 10% em 2022) e 47% em nível bom (2022 era 51%). As condições do algodão são melhores se comparadas ao ano anterior, 7% excelente (4% em 2022) e 38% boas (2022: 34%).

No algodão, o USDA indica que a produção da pluma deve ficar em 25,44 milhões de t, volume 0,95% inferior ao do ciclo passado ou 250 mil t a menos. Entre os principais países produtores, enquanto a China deve produzir 12,0% a menos (5,88 milhões de t), os Estados Unidos ampliarão a produção em 14,0% neste ciclo (3,59 milhões de t). No Brasil, a produção deve cair para 2,89 milhões de t, 100 mil t a menos do que 2022/23 ou 3,3% inferior. Ainda assim, o Brasil deve ampliar as exportações em 56,4%: de 1,415 milhão de t (2022/23) para 2,123 milhões de t (2023/24).

O USDA aponta que o consumo global de algodão deve fechar em 25,35 milhões de t, um crescimento de 6,1% em comparação com o ciclo passado ou 1,46 milhões de t adicionais. Mesmo com a alta no consumo, o ciclo 2023/24 deve registrar um saldo positivo no balanço oferta/demanda, resultando em um crescimento dos estoques globais em 0,6%, os quais devem totalizar 20,58 milhões de t.

Nem por isto significa que as cotações de momento sejam as mais positivas para o produtor brasileiro, basta lembrar que o preço mensal da pluma vem acumulando queda desde maio do ano passado, quando atingiu o pico histórico de R$ 7,9647/libra-peso (Cepea/Esalq). Vale o destaque para algumas cotações nos últimos 12 meses: em junho/22, a média mensal foi de R$ 7,4025/lb; em janeiro/23 foi a R$ 5,3326/lb; em junho/23 caiu para R$ 3,9499/lb; e agora em julho (até o dia 14) estava com média de R$ 3,7092/lb.

Acordo entre a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) foi renovado para aumentar as exportações de algodão. O escopo conta com um investimento de R$23 milhões e diversas ações como a participação em feiras, atração de compradores e apoio aos produtores. Além disso, a parceria com o projeto Cotton Brazil foi destacada em função de contribuir com conhecimento sobre a sustentabilidade da cadeia e agregação de valor ao nosso produto, reforçando a imagem do algodão brasileiro no cenário mundial.

O acordo de grãos no Mar Negro que permitia embarques ucranianos expirou no dia 17 de julho. A Rússia suspendeu sua participação alegando que suas demandas de exportações de grãos e fertilizantes não foram atendidas. Contudo, o presidente ucraniano relatou que as operações devem continuar, uma vez que a Ucrânia, a ONU e a Turquia são capazes de garantir as atividades do corredor e fazer inspeções nas embarcações.

No 10º levantamento sobre a safra brasileira de grãos 2022/23, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou mais uma vez a previsão de produção: de 315,8 milhões de t no relatório passado para 317,6 milhões de t neste. Com o resultado, a oferta deste ciclo deve crescer 16,5%. A melhora vem como resultado das boas condições das lavouras de milho 2ª safra, que seguem entregando bons resultados de produtividade com o avanço da colheita. O cereal deve trazer 127,8 milhões de t ao todo (+ 12,9%), sendo que 27,4 milhões de t na 1ª safra (+ 9,3%), 98,0 milhões de t na 2ª safra (+ 14,1%) e 2,4 milhões de t no 3º ciclo (+ 7,3%). Na soja, com a colheita 100% concluída no país, a produção foi consolidada em 154,6 milhões de t (+ 23,1%). Já para o algodão em pluma, a oferta prevista é de 3,0 milhões de t (+ 17,8%). Por fim, nas culturas de inverno, a produção deve totalizar 12,2 milhões de t (- 1,5%), sendo que o trigo é principal com 10,4 milhões de t (- 1,2%); a previsão de queda nos cultivos de inverno se deve especialmente a provável queda na produtividade das lavouras, em vista da falta de chuvas que deve afetar a região Sul do país, resultado das alterações trazidas pelo evento climático El Niño.

No campo, a Conab indica que a colheita do milho 2ª safra alcançou 39,3% de progresso até o último dia 15 de julho, praticamente 10 p.p. abaixo do que era registrado na mesma data do ano passado. Mato Grosso segue na ponta com o ritmo mais acelerado, 67,7% de progresso (era de 81,5% em 2022). Em Goiás, o avanço é de apenas 19,0% (contra 39,0%) e no Mato Grosso do Sul é de 7,0% (versus 16,0% em 21/22). Apesar do atraso, boa parte das lavouras de milho safrinha já se encontram em maturação no país, 39,3%, enquanto 11,9% ainda seguem em enchimento de grãos. No algodão, a colheita alcançou 18,9% até 15 de julho, contra 27,2% na mesma data de 2022. Mato Grosso e Bahia apresentam avanços de 17,5% e 20,4%, respectivamente.

No fechamento do primeiro semestre de 2023, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram o recorde de US$ 82,80 bilhões, 4,5% acima do registrado no mesmo período de 2022 (US$ 79,24 bilhões). Em junho, o valor foi de US$ 15,54 bilhões, uma queda de 0,6% no comparativo com junho do ano anterior, mesmo com o aumento na quantidade exportada (+14,2%), superado pela forte queda do índice de preços dos produtos (-12,9%). Ainda assim, tivemos recordes mensais obtidos para a soja em grãos (em volume: 13,77 milhões de t; e valor: US$ 6,89 milhões), açúcar (em valor: US$ 1,40 bilhão), celulose (em volume: 1,55 milhão de t) e carnes bovina (em volume: 193 mil t) e de frango (em volume: 422 mil t).

Olhando para o primeiro semestre do ano (janeiro a junho), os 5 setores que mais se destacaram em relação ao valor exportado foram: “complexo soja” com US$ 40,80 bilhões, 8,0% maior ao registrado no mesmo período de 2022. Desse montante, a soja em grãos representou 81,8%, atingindo a cifra recorde de US$ 33,40 bilhões (+9,4%). Em segundo lugar, as “carnes” somaram um valor de US$ 11,63 bilhões até junho. A carne bovina, apesar da queda de -21,4% nos preços, obteve uma participação de 41,8% do total (US$ 4,86 bilhões). Enquanto isso, a carne de frango foi responsável por 43,7% ou US$ 5,08 bilhões (+10,2%) e a carne suína participou em 12,0% nas vendas com US$ 1,40 bilhões (+27,4%). Na terceira posição estão os “produtos florestais” com US$ 7,48 bilhões exportados (-9,5%), sendo a diminuição nas negociações de madeira e suas obras o principal impacto da retração. O quarto lugar ficou com o “complexo sucroalcooleiro” que vendeu ao mercado externo US$ 5,94 bilhões (+36,8%), valor puxado pelas exportações de açúcar que aumentaram incríveis 39,4% em relação a 2022. Por último, a quinta posição foi ocupada pelos “cereais, farinhas e preparações” que atingiram US$ 4,68 bilhões (+53,7%), muito por conta do milho que atingiu um valor recorde de US$ 3,36 bilhões (+89,2%) representando 71,8% desse montante devido a sua quantidade embarcada significativamente maior (+85,9%).

Já para as importações, o setor agropecuário somou US$ 1,25 bilhões em junho (- 18,3%), resultando em um saldo mensal de US$ 14,3 bilhões. No fechamento do primeiro semestre de 2023, o agronegócio brasileiro importou US$ 8,32 bilhões (+2,3%) fechando a balança comercial do setor em US$ 74,5 bilhões (+4,7%).

As importações da soja brasileira pela China cresceram 24% em 2023, com 43,55 milhões de t embarcadas até junho (35,21 milhões de t em 2022). O gigante asiático é o maior comprador da nossa oleaginosa, participando de 69,35% do volume, seguido da Espanha (2,151 milhões de t|-11%) e Tailândia (1,684 milhão de t|+9,0%).

No café, as exportações caíram 10,2% em 2022/23, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Brasil exportou 35,62 milhões de sacas de 60 kg nesta temporada com uma receita praticamente estável de US$ 8,135 bilhões. A queda nos embarques é reflexo do final da safra 2022/23 e baixa disponibilidade dos últimos ciclos, que foram impactados por adversidades climáticas. Nesse sentido, a colheita de 2023/24 – ainda em fase inicial – deve ser superior às de 2021 e 2022, visto que a recuperação das lavouras foi acima do esperado.

Na atualização do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) corrigiu para baixo mais uma vez o indicador para 2023, dessa vez em R$ 1,148 trilhão, sendo R$ 13,5 bilhões a menos que o registrado em junho (R$ 1,162 trilhão), mas ainda assim, 2,6% acima do observado em 2022 (R$ 1,119 trilhão). O protagonismo do crescimento é das lavouras, que aumentaram o VBP em 4,9% entregando um montante financeiro de R$ 812,1 bilhões, situação impulsionada pelo crescimento na produtividade e recordes atingidos na safra de grãos. Por outro lado, a pecuária teve um arrefecimento de 2,4%, faturando R$ 336,6 bilhões, devido à retração da carne bovina e de frango. O ranking dos top 3 produtos agrícolas que mais tem participação nesses números começam com a soja (R$ 332,7 bilhões|+3,5%), seguida do milho (R$ 143,7 bilhões|+3,9%) e cana-de-açúcar (R$ 105,5 bilhões|+11,9%). Enquanto isso, as posições de destaque na pecuária ficam com os bovinos (R$ 134,0 bilhões|-8,6%), a carne de frango (R$ 85,5 bilhões|-7,4%) e o leite (R$ 60,5 bilhões|+8,5%).

E por falar em cadeias de proteína animal, o USDA também divulgou agora em julho as atualizações das estimativas para as carnes. Na bovina, o órgão elevou a oferta global, de 59,15 milhões de t (abril) para 59,57 milhões de t (+ 0,72%), um crescimento previsto de 0,41% em relação a 2022. A elevação foi justificada pela previsão de melhoria da oferta nos Estados Unidos e no Brasil, agora estimadas em 12,38 e 10,65 milhões de t, respectivamente. Com este resultado, a produção brasileira deve crescer 2,9% em 2023, com volume adicional de 300 mil t. Do lado das exportações, o Brasil deve entregar 3,05 milhões de t, 5,2% a mais do que o ano passado e respondendo por 25,16% da oferta global. Vale destacar, ainda, a previsão de queda nos embarques norte-americanos, de 9,3% em relação a 2022, e que deve fechar o ano com 1,43 milhão de t.

Na carne de frango, a produção global foi mantida praticamente nos mesmos níveis do último relatório: 103,52 milhões de t, alta de 1,4% em relação a 2022. O cenário nos 3 principais produtores é o seguinte: Estados Unidos ofertarão 21,39 milhões de t (+ 1,9%); Brasil, 14,88 milhões de t (+2,8%); e China 14,30 milhões de t (0,0%). Na suína, a produção foi revista para cima agora em julho, em cerca de 430 mil t, para 114,8 milhões de t (+ 0,32%). China deve entregar 56,0 milhões de t (+ 1,06%), União Europeia outros 21,65 milhões de t (- 2,8%), Estados Unidos com 12,42 milhões de t (+ 1,4%) e o Brasil com 4,47 milhões de t (+ 2,6%).

No comércio internacional, o USDA ampliou as ofertas brasileiras de carne de frango e carne suína em 2023. No frango, os embarques foram revistos de 4,75 para 4,83 milhões de t (+ 8,5%). Já as vendas da carne suína foram de 1,39 (abril) para 1,50 milhão de t (julho), alta prevista de 7,9%.

Cresce o poder de compra de fertilizantes pelo produtor rural. O índice calculado pela Mosaic Fertilizantes aumentou 12% em junho, alcançando um valor de 0,87 contra 0,99 observado em maio. É a mesma pontuação registrada em março de 2021, configurando o referencial mais baixo já registrado neste ano. Os preços desse insumo tiveram uma queda de 14% em relação ao mês passado, o que contribui para uma relação de troca mais favorável ao agricultor.

Lançado no final do último mês, o Plano Safra de 2023/24 prevê R$ 364,2 bilhões em créditos rurais para médios e grandes produtores, um aumento de 27% em relação ao anterior. O programa tem como objetivo apoiar a produção sustentável praticada no país, oferecendo empréstimos com juros mais baixos (8% ao ano para produtores do Pronamp; 12% para os demais) e premiações para quem adotar práticas mais ecológicas. Os recursos serão de R$ 272,12 bilhões para custeio e comercialização (+26%) e R$ 92,1 bilhões para investimentos (+28%). Além disso, serão disponibilizados R$ 77,7 bilhões para a agricultura familiar, somando os créditos rurais e medidas como compras públicas, assistência técnica e extensão rural, política de garantia de preços mínimos, entre outras ações.

Fechamos nossa análise do agronegócio com o balanço dos principais preços de produtos do setor na data de fechamento da nossa coluna. A soja para entrega em cooperativa do estado de São Paulo (FOB) estava em R$ 139,80/sc (60kg) e o preço futuro para mar/2024 era de R$ 123,80/sc. No milho, o preço físico era de R$ 55,00/sc e a entrega em ago/23 estava cotada em R$ 53,30/sc; na B3, a cotação do cereal para mar/24 era de R$ 66,82/sc. No algodão (base Esalq), a arroba era negociada a R$ 125,86 e o sorgo físico em R$ 41,50/sc. Outros produtos do agro cotados no Cepea/Esalq: boi gordo em R$ 254,90/@; café arábica em R$ 821,75/sc (60 kg); o trigo Paraná em R$ 1.332,63/t; e a laranja para indústria (a prazo) em R$ 43,75/cx (40,8 kg).

Os cinco fatos do agro para acompanhar em agosto são:

  1. Acompanhar o progresso da colheita de milho 2ª safra e do algodão no Brasil. A safrinha de milho segue com operações em ritmo um pouco lento, mas a produtividade das lavouras tem sido bastante positiva. Vamos observar como será a entrada deste grande volume de milho no mercado, a questão da armazenagem, logística e comercialização deste grão.
  2. Andamento da safra norte-americana de grãos: apesar dos problemas recentes com a seca, as alterações na oferta foram poucas – o milho, inclusive, com a produção revisada para cima. As condições dos campos seguem acima do ano passado e até o momento a oferta permanece firme. Mas a preocupação é grande.
  3. Término do acordo entre Rússia e Ucrânia para as exportações de grãos pelo Mar Negro e seus impactos no escoamento da já prejudicada (em mais um ano) safra ucraniana, bem como na comercialização/preços de grãos no mercado internacional. Se as dificuldades aumentarem, a Ucrânia terá que exportar por terra, usando outras rotas e erodindo margens aos produtores, dificultando a retomada da produção.
  4. Desdobramentos da gripe aviária no Brasil, novos casos, medidas de controle e eventuais respostas de países importadores. Após a detecção do 2º caso da doença em ave de subsistência no país (desta vez em Santa Catarina), o Japão suspendeu as importações da proteína animal do Brasil. Vale lembrar que o Japão foi o 3º principal importador de frango do Brasil em 2022, com 11% de participação.
  5. As previsões para a safra 2023/24 no Brasil: movimentações dos agricultores em relação a decisão de plantio (compra de insumos, etc.); as primeiras estimativas nacionais para área, produção e produtividade; e os custos de produção com base no cenário de preços estabelecido.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness Scholl (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, mestrando em Administração pela FEA-RP/USP e Instrutor “In Company” na Harven Agribusiness School. É especialista em comunicação estratégica no agro.

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

 

Jornal do campo
As exportações do setor agropecuário encerraram o primeiro semestre de 2023 com um recorde histórico, mostrando a força e importância desse segmento para a economia brasileira. No entanto, para entender o contexto atual e se preparar para os desafios do próximo mês, é necessário analisar os fatos e números do setor agropecuário no mês de julho.

De acordo com o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, as projeções indicam uma queda no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 4,95% este ano e 3,92% em 2024. Já o Produto Interno Bruto (PIB) está projetado para crescer 2,24% em 2023 e 1,30% em 2024. O câmbio deve se manter estável em torno de R$ 5,00 até o final de 2023 e apresentar uma ligeira retração em 2024, chegando a R$ 5,05. Quanto à taxa Selic, espera-se uma redução para 12% este ano e uma manutenção em 9,50% no ano seguinte.

No cenário global, o Índice de Preços dos Alimentos da FAO teve uma queda de 1,4% em relação ao mês anterior, atingindo o menor nível em dois anos. A queda foi liderada pelo açúcar, que teve sua primeira retração após quatro meses de alta, devido ao bom desempenho da safra de cana-de-açúcar no Brasil e à baixa demanda global. Além disso, cereais, óleos vegetais e laticínios também apresentaram queda.

No mercado de grãos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu terceiro levantamento para a safra mundial de grãos 2023/24. Em relação ao milho, a produção global foi ampliada em 0,1%, com destaque para o aumento na produção norte-americana. O Brasil continua como principal exportador de milho, superando os Estados Unidos. Já a produção global de soja foi revisada para baixo, principalmente devido à redução na produção norte-americana.

No setor de algodão, o Brasil registrou uma queda na produção, mas deve ampliar as exportações, impulsionado pela demanda global. No entanto, as cotações de momento não são positivas para os produtores brasileiros, com uma queda acumulada nos preços desde o ano passado. Para impulsionar as exportações de algodão, a Abrapa renovou um acordo de cooperação com a ApexBrasil.

Na área de grãos, um acordo entre a Ucrânia e a Rússia no Mar Negro expirou, mas o presidente ucraniano afirmou que as operações devem continuar com o apoio da ONU e da Turquia. Por fim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a previsão de produção brasileira de grãos para 317,6 milhões de toneladas, impulsionada pelo bom desempenho das lavouras de milho.

Em suma, o setor agropecuário brasileiro continua apresentando resultados positivos no mercado internacional, mesmo diante de desafios como a redução nos preços de alguns produtos. É importante se atentar às projeções econômicas e aos cenários global e nacional para tomar decisões estratégicas e aproveitar as oportunidades do setor agropecuário.

Perguntas e Respostas Frequentes:

1. Como estão as projeções econômicas para o setor agropecuário brasileiro?
As projeções indicam uma queda na inflação (IPCA), um leve crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), um câmbio estável e uma redução na taxa Selic.

2. Quais foram os destaques do Índice de Preços dos Alimentos da FAO?
O açúcar liderou a queda, seguido por cereais, óleos vegetais e laticínios.

3. Como está o mercado de grãos no Brasil?
O Brasil continua como principal exportador de milho, superando os Estados Unidos. Já a produção de soja foi revisada para baixo.

4. Qual é a situação do setor de algodão no Brasil?
O Brasil registrou uma queda na produção, mas espera-se um aumento nas exportações. No entanto, os preços de momento não são positivos para os produtores.

5. Quais são as perspectivas para a produção brasileira de grãos?
A Conab elevou a previsão de produção para 317,6 milhões de toneladas, impulsionada pelo bom desempenho das lavouras de milho.

Fonte
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

Mensalidade de cana em julho de 2023: uma análise

Preços do Açúcar Reagem no Mercado Internacional

Reflexões dos fatos e números da cana em julho e o que acompanhar em agosto

Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva e Beatriz Papa Casagrande

Na cana, a moagem de cana-de-açúcar da região Centro-Sul alcançou 209,79 milhões de t desde o início do ciclo até o início de julho deste ano, refletindo um avanço de 11,51% em comparação à safra 2022/23, segundo apurado pela Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia). Estamos com 257 unidades em operação, sendo que 242 utilizam a cana como matéria-prima, enquanto as outras 7 fabricam etanol a partir do milho e 8 são flex.

Por outro lado, o rendimento da cana na segunda quinzena de junho foi ligeiramente menor ao evidenciado no mesmo período do ciclo passado, sendo 133,04 kg/t, contra 137,19 kg/t (-3,02%) no mesmo período de 2022. A redução da qualidade, em decorrência de um clima mais seco, pode ser explicada pela colheita antecipada de áreas em que a planta ainda não atingiu plena maturação. A estratégia de avançar nessas áreas busca aproveitar as condições favoráveis para a colheita durante os meses mais frios, antecipando a possível escassez nos últimos meses do ciclo atual. Porém, no acumulado da safra, o indicador marca um valor de 128,29 kg de ATR por t (+0,74%).

Para o mix de produção acumulado da safra, observamos um favorecimento da cana destinada à produção de açúcar, estando em 47,68% (42,56% em 2022), enquanto o etanol está em 52,32% (era 57,44%). Enquanto isso, na última quinzena de junho o mix foi de 49,43% para açúcar e 50,57% para o etanol. A alocação de quase 50% do ATR para o adoçante estabelece o limite máximo viável de extração de sacarose do caldo, o que coloca a quinzena em uma posição pouco vista antes.

Já com relação ao mercado de CBios, dados da B3 (Bolsa de Valores Brasileira) até o dia 7 de julho sinalizam a emissão de 16,61 milhões de títulos em 2023. Em torno de 51,38 milhões de créditos de carbono foram adquiridos pela parte obrigada do programa RenovaBio, considerando o estoque de passagem em 2021 somados com os créditos adquiridos em 2022 e 2023.

No açúcar, a produção de açúcar acumulada no ciclo foi 28,85% superior, atingindo 12,23 milhões de t (contra 9,72 milhões), segundo dados da Unica. Considerando apenas o intervalo dos últimos quinze dias de junho, o volume produzido de adoçante totalizou 2,69 milhões t, enquanto em 2022 o valor era de 2,51 milhões t (+7,57%).

Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em junho, 2,87 milhões de t de açúcar foram exportadas pelas usinas brasileiras, alta de 23,1% no comparativo com o mesmo mês de 2022. Com preço médio no mês em US$ 486,00/t (+ 22,9%), as receitas totais somaram US$ 1,40 bilhão, sendo 51,3% superior ao mesmo mês de 2022. No acumulado deste ano, o Brasil já vendeu US$ 5,28 bilhões (+ 39,4%) e embarcou 11,24 milhões de t (+ 15,7%).

E na data da conclusão do texto mensal, os preços do açúcar no mercado internacional registraram nova alta com: a recuperação da economia chinesa; as preocupações com o clima (El Niño podendo trazer secas intensas na Índia e Tailândia e chances de aumentar as chuvas no Centro-Sul do Brasil); a inflação nos EUA que vieram abaixo da expectativa para junho; e a possível mudança nos preços do petróleo em 2024, com previsão recente de aumento na demanda global.

Em Nova York, o contrato de outubro/2023 estava cotado em R$ 24,32 centavos de dólar por libra-peso; o de março/2024 em R$ 24,46 cts/lb; e os de julho/2025 a R$ 19,24 cts/lb. Em Londres, os preços da tonelada embarcada para agosto/2023 fecharam em US$ 700,70; já a tela de outubro/2023 estava em US$ 685,70/t. Por outro lado, no mercado doméstico, o açúcar cristal (Indicador Cepea/Esalq) fechou em R$ 136,31/sc (50 kg), uma queda acumulada mensal de 2,56%.

No etanol, a oferta de etanol no acumulado da safra (até 1º de julho, segundo a UNICA) foi de 9,6 bilhões de litros, um incremento de 6,17% em comparação ao mesmo período de 2022. Desse volume, 5,49 bilhões se referem ao hidratado (-5,69%) e 4,11 bilhões correspondem ao anidro (+27,63%). Cerca de 1,36 bilhão de litros foi obtido a partir do milho desde o início do ciclo 2023/24, uma alta anual de 41,19% para este segmento

Em relação a comercialização do biocombustível, foram vendidos 7,02 bilhões de litros, o que configura uma pequena retração de -0,4% frente a 2022/23. Desse total, 94,62% foram comercializados no mercado doméstico (6,64 bilhões), enquanto 5,38% tiveram como destino embarques ao exterior (38 mil).

E na última semana de junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou uma rodada de prêmios visando aumentar o consumo de biocombustíveis no país, com destaque para o etanol e biodiesel. Ao todo, o governo irá disponibilizar US$ 25 milhões (ou R$ 120 milhões) para investimentos em projetos de infraestrutura permanente no setor, como tanques de armazenamento, bombas, tubulações e outros. Serão beneficiados 59 projetos em 14 estados, o que deve ampliar o acesso dos consumidores em até 590 milhões de litros de biocombustíveis (estimativa USDA). Em suma, o governo investirá cerca de 65 centavos de dólar por litro.

Ainda sobre os Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) ampliou o volume previsto para mistura de biocombustíveis em combustíveis convencionais até 2025. Para tanto, o governo estabeleceu os volumes em 20,94 bilhões de galões em 2023, 21,54 bilhões de galões em 2024 e 22,33 bilhões de galões em 2025. Apesar da alta, agentes do setor criticaram a medida, já que os volumes estabelecem uma regra de consumo de apenas 15 bilhões de litros de biocombustíveis convencionais, como o etanol de milho, nos três anos; a proposta inicial era de 15 bilhões de litros em 2023 e 15,25 bilhões de litros em 2024 e 2025. Segundo a EPA, a medida deve reduzira demanda de petróleo em 130 a 140 mil barris por dia até 2025.

Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ampliou em 2 milhões de barris diários a demanda (consumo) global do combustível fóssil para 2024, no comparativo com a estimativa do mês passado: ao todo serão 104,3 milhões de barris por dia no próximo ano. Este valor corresponde a uma taxa de crescimento quase que duas vezes maior do que a projetada pela Agência Internacional de Energia. Após a divulgação, os mercados reagiram e os preços do barril cresceram significativamente: o WTI Crude estava em US$ 71,93/barril em 19/06, foi a US$ 76,89/barril em 13/07 e estava em US$ 74,16 em 17/07 (data de fechamento da nossa coluna); já o Brent variou de US$ 76,06/barril para US$ 81,36/barril entre 19/06 e 13/07 e ficou em US$ 78,55/barril em 17/07. Vale destacar que o Brent não ultrapassava a marca de US$ 80/barril desde 28 de abril.

Olhando para o futuro, um estudo divulgado pela International Energy Agency (IEA) prevê que a demanda global de petróleo deve crescer 6% entre 2022 e 2028, atingindo 105,7 milhões de barris diários e, após esse período, deve se estagnar. Segundo a agência, o crescimento anual da demanda deve cair de 2,4 milhões para 400 mil barris por dia até 2028. Entre os fatores que indicam a estagnação, o IEA aponta a alta dos preços da commodity e as preocupações com o abastecimento global, o que deve acelerar a mudança da matriz energética global.

No Brasil, no último dia 30 de junho, a Petrobras anunciou uma nova redução no preço da gasolina para as distribuidoras: de R$ 2,65/l para R$ 2,52/l, 5,3% menor ou R$ 0,14/l a menos. Também ao final de junho, o governo federal elevou os tributos federais sobre gasolina e etanol: de R$ 0,34/l para a gasolina e de R$ 0,22/l no etanol. Vale lembrar, ainda, que no início de junho passou a valer a alteração na forma de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da gasolina nos estados, o que fixou e unificou uma alíquota de R$ 1,22 por litro. Após as alterações, os preços da gasolina subiram de R$ 5,21/l para R$ 5,63/l até o dia 14 de julho, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

E concluindo nossa análise do etanol, o preço da SCA Etanol do Brasil apontam que em 14 de julho o Hidratado ficou em R$ 2,580/l e o anidro em R$ 2,77/l ambos para Ribeirão Preto, com impostos.

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em agosto na cadeia da cana:

  1. Progresso da colheita de cana na região Centro-Sul, que segue em ritmo acelerado na comparação com o ciclo passado, bem como as previsões mais recentes para a produção total; alguns grupos e usinas do setor já reveem suas estimativas de moagem para cima. Vale lembrar que a maior oferta de matéria-prima deve ampliar também a oferta dos produtos do setor, possivelmente afetando os preços.
  2. Acompanhar as atualizações em relação ao El Niño e o clima. As previsões mais recentes apontam grande chance de secas intensas na Índia e Tailândia, o que já tem alterado as previsões da safra nestes países. No Brasil, é essencial seguir de olho nas chances de chuvas na região Centro-Sul. Ao que parece, até o momento, não tivemos impactos; vamos seguir observando.
  3. Negociações envolvendo o açúcar no mercado internacional. Os preços seguem se sustentando em níveis elevados (em torno de 24 cts/lb) com a melhora no desempenho das economias da China e Estados Unidos, bem como pelas chances de perdas na produção asiática em função do clima, como citado no item anterior.
  4. Reações do mercado internacional após as novas previsões de aumento na demanda do petróleo em 2024. Os preços do Brent voltaram a superar os US$ 80/barril em 13 de julho. Vamos acompanhar como estes se comportam a partir de agora e capturar possíveis impactos no setor sucroenergético.
  5. Por fim, seguir acompanhando a demanda e/ou opção de consumo de combustíveis no Brasil, bem como os preços do etanol e gasolina com as mudanças recentes na tributação (ICMS), a nova baixa de preços da gasolina pela Petrobras e a volta dos tributos no etanol e na gasolina. Pela característica do governo atual, novas movimentações podem ser feitas e é essencial estar preparados para estas mudanças.

Valor do ATR: o preço do Açucar Total Recuperável (ATR) fechou junho com média de R$ 1,2223/kg, alta de 2,3% na comparação com maio; ou 0,28 centavo a mais. Recordando o histórico do ciclo 2023/24: abril, iniciamos com R$ 1,2129/kg; em maio caiu para R$ 1,1943/kg; e agora em junho com R$ 1,2223/kg. Com o resultado do último mês, o acumulado está em R$ 1,2126/kg. Seguimos com nossa opinião de que o ATR deve encerrar 2023/24 entre R$ 1,20 e 1,23kg. Vamos seguir avaliando.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness Scholl (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, mestrando em Administração pela FEA-RP/USP e Instrutor “In Company” na Harven Agribusiness School. É especialista em comunicação estratégica no agro.

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

Jornal do campo
Preços do Açúcar Reagem no Mercado Internacional

Os preços do açúcar no mercado internacional têm registrado uma nova alta, impulsionados por diversos fatores. A recuperação da economia chinesa, as preocupações com o clima, a inflação nos EUA e a possível mudança nos preços do petróleo são alguns dos elementos que têm influenciado o mercado.

Na região Centro-Sul do Brasil, a moagem de cana-de-açúcar teve um crescimento de 11,51% em comparação à safra anterior. Porém, o rendimento da cana na segunda quinzena de junho foi ligeiramente menor, devido ao clima mais seco e à colheita antecipada de áreas que ainda não atingiram plena maturação.

Apesar disso, o indicador de qualidade da cana apresentou um aumento de 0,74% no acumulado da safra. O mix de produção também teve alterações, com um favorecimento da cana destinada à produção de açúcar, alcançando 47,68%.

No mercado de CBios, a emissão de créditos de carbono foi de 16,61 milhões de títulos em 2023, e cerca de 51,38 milhões de créditos foram adquiridos pelo programa RenovaBio. Já a produção de açúcar acumulada no ciclo teve um aumento de 28,85%, atingindo 12,23 milhões de toneladas.

O Brasil também teve um bom desempenho nas exportações de açúcar, com um aumento de 23,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior. As receitas totais somaram US$ 1,40 bilhão, 51,3% a mais do que em 2022. No acumulado do ano, o país já vendeu US$ 5,28 bilhões e embarcou 11,24 milhões de toneladas.

No mercado interno, o açúcar cristal teve uma queda acumulada mensal de 2,56%, fechando em R$ 136,31 por saca de 50 kg. Quanto ao etanol, a oferta no acumulado da safra teve um aumento de 6,17%, impulsionado pelo crescimento do anidro (+27,63%) e do etanol de milho (+41,19%).

Nos Estados Unidos, o governo anunciou uma rodada de prêmios para investimentos em infraestrutura do setor de biocombustíveis, totalizando US$ 25 milhões. Além disso, a Agência de Proteção Ambiental ampliou o volume previsto para mistura de biocombustíveis em combustíveis convencionais até 2025.

No contexto global, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ampliou a demanda global de petróleo para 2024 e os preços do barril registram um crescimento significativo.

É importante ficar atento a esses eventos e tendências do mercado internacional de açúcar, pois eles podem impactar diretamente os produtores e os preços do produto.

Segue abaixo, algumas perguntas frequentes sobre o tema:

1. Qual foi o aumento na moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil?
R: A moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil teve um crescimento de 11,51% em comparação à safra anterior.

2. Por que o rendimento da cana na segunda quinzena de junho foi menor?
R: O rendimento da cana na segunda quinzena de junho foi menor devido ao clima mais seco e à colheita antecipada de áreas que ainda não atingiram plena maturação.

3. Qual foi o aumento no indicador de qualidade da cana no acumulado da safra?
R: O indicador de qualidade da cana apresentou um aumento de 0,74% no acumulado da safra.

4. Qual foi o mix de produção de açúcar e etanol na safra atual?
R: O mix de produção de açúcar na safra atual foi de 47,68% e de etanol foi de 52,32%.

5. Como está o mercado internacional de açúcar?
R: Os preços do açúcar no mercado internacional têm registrado uma nova alta, impulsionados pela recuperação da economia chinesa, preocupações com o clima e possíveis mudanças nos preços do petróleo.

Fonte
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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