Uma seca histórica deteriorou a situação econômica da Argentina – que já era difícil -, acelerou a inflação e deve levar o país à recessão neste ano e no próximo. Economistas apontam que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 deve ficar entre 2,5% e 3%, enquanto a inflação pode chegar a 110%. Eles também afirmam que o déficit fiscal voltará a crescer, levando o país a romper o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Prevemos queda de 3% do PIB neste ano e, se tudo correr bem, inflação de 110%”diz o economista Lorenzo Sigaut Gravina, diretor da consultoria Equilibra.
O Itaú Unibanco também projeta queda de 3% em 2023 e 2% em 2024, além de inflação de 100% neste ano.
“A seca foi um golpe muito duro. Complicou o plano do Sergio Massa (ministro da Economia). Os desequilíbrios econômicos são muito grandes e as correções foram pequenas nos últimos meses”.diz o economista Juan Barboza, do Itaú.
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A seca reduzirá a produção de soja em 45% em relação ao esperado, resultando na pior safra das últimas 15 safras. O trigo deve cair 50%, a pior safra desde 2010, e o milho, 35%, segundo dados da Bolsa de Valores de Rosário.
O problema fica ainda mais delicado porque o setor agroindustrial responde por cerca de 65% das exportações da Argentina, que passa por uma escassez de dólares. Com a queda na produção agrícola, US$ 20 bilhões (equivalente a 23% das vendas externas em 2022) deixarão de entrar no país.
A inflação bateu recordes mesmo com o governo controlando os preços de produtos essenciais. Quase 2.000 produtos estão com preços congelados, e outros 49.800 não podem ter reajuste superior a 3,2% ao mês.
As informações são do jornal Estado de S.Paulo.
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