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Saiba quais Capins que Podem Matar Cavalos e como Manejá-los Corretamente

Capins do gênero Panicum, quando bem desenvolvidos, são prejudiciais ao trato gastrointestinal dos equinos; silagem mal fabricada e conservada também pode ser fatal

Além das cólicas e da acidose, os volumosos, quando mal manejados, podem levar até à morte o seu cavalo.

O alerta sobre o trato alimentar adequado para os animais da tropa foi tema central de mais um episódio da série especial de reportagens do Giro do Boi sobre cavalos.

O médico veterinário especialista em equinos Mário Duarte começou a falar sobre o tema alertando para as espécies de forrageira que podem causar o óbito dos animais.

“Nós temos que tomar muito cuidado porque são capins excelentes. Eles são verdadeiras máquinas de fazer comida. Acontece que quando nós colocamos esses capins, os Panicuns, e aí não só o Massai, a gente poderia incluir também o Mombaça e Tanzânia nesse time, o que acontece é que eles são muito eficientes. E se você colocar numa condição ideal, que seria uma terra fértil, condição climática ideal, estando mais ao Norte do nosso país, onde eles recebem bastante luz e calor, esses capins crescem, se desenvolvem ao máximo. O que acontece é que o processo de fotossíntese acaba produzindo mais energia, mais glicose do que a planta precisa e ela acumula essa energia na forma de amido. Esse excesso de amido, ou o que nós chamamos de carboidrato solúvel, quando os cavalos comem em excesso eles não conseguem ser digeridos ali pelo começo do trato gastrointestinal e caem mais na região do ceco e do cólon. O cavalo vai desenvolver aquele quadro terrível que nós vimos há pouco tempo, que eram os animais morrendo com cólica”, explicou Duarte.

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Mas então os capins devem ser rejeitados pelo pecuarista na hora de formar um piquete dedicado à tropa? O ideal é que sim, embora seja possível manejá-los de modo a reduzir seu risco para os equinos.

“Se ele for utilizar esses capins de alta produção, como esses três que nós falamos, o ideal é manejar baixo. A gente observa, por exemplo, que no estado de São Paulo isso não é um problema. O nosso clima é bom, mas ele não é tão favorável assim ao capim. Quer dizer que o capim não consegue acumular esses carboidratos solúveis. Mas chegando mais próximo (à Linha) do Equador, talvez mais ao norte do Mato Grosso, Pará, Região Amazônica, esse capim encontra condições ideais de desenvolvimento. É aí que ele vai acumular esses carboidratos solúveis. É aí que ele é mais potencialmente lesivo”, alertou.

Outro alerta que o veterinário fez com o uso de volumoso na dieta dos cavalos foi com relação ao feno e silagem de modo geral. Feno velho, empoeirado, seco demais e com cheiro de bolor não é recomendado. Com relação à silagem, é necessário observar coloração, aroma, consistência ao apertar na mão e o cheiro, validando se há bons teores de matéria seca, boa compactação e boa vedação no processo de fabricação.

“A silagem também é uma ferramenta útil. A gente tem observado um crescimento aqui no Sudeste muito grande do uso de silagem. Ela foi potencializada por um inverno difícil, que encareceu demais o feno, e os produtores optaram por usar silagem para os cavalos.

Mas a gente observa alguns problemas, como desequilíbrio mineral, que é inerente ao silo de milho. Nós observamos silagens mal feitas, que propiciam o desenvolvimento de fungos.

Esses fungos podem produzir micotoxinas e a micotoxina é muito lesiva para o cavalo. Ela é muito silenciosa, a gente não percebe, mas ela é bastante lesiva para os cavalos. Inclusive, também, podendo levar à morte”, advertiu o veterinário.

Segundo Duarte, uma alternativa mais segura para os equinos são os pré-secados.

“O pré-secado é uma alternativa melhor do que a silagem. Você sabe que a diferença entre o pré-secado e o silo é a quantidade de matéria seca. Geralmente acima de 50% são os pré-secados, abaixo são os silos.

Nós achamos que os pré-secados são mais seguros do que as silagens e os pré-secados de capins são adequados para se usar nos cavalos.

É claro que os cuidados a gente tem que ter, principalmente com o plástico que envolve aquelas bolas, aqueles fardos. Ele não pode ter nenhuma solução de continuidade, não pode ter furos, e normalmente esses plásticos são feitos para durar até um ano.

Quer dizer que esse produto precisa ser consumido em até um ano. E geralmente produtos bem inoculados, que recebem inoculantes adequados, costumam se preservar muito bem, sendo seguro para o uso nos cavalos.

Nesse caso, nós estamos falando de pré-secado de capins ou, por exemplo, de azevém”, apontou Mário.

O especialista sugeriu as melhores matérias primas para a fabricação dos pré-secados que servem também para a formação dos piquetes da tropa.

“Ao fazer um pré-secado, deve-se sempre usar um produto de qualidade, pensando que os cavalos precisam ingerir determinados tipos de capins.

Se pudesse dar preferência para os Cynodons seria mais interessante.

Nós temos excelentes opções, como o Tifton, o Coast Cross, o Jiggs.

Depois deve escolher o ponto de maturidade correto, em que o capim concentrou quantidades de nutrientes, mas ele ainda não está lenhoso, quando ele possui uma boa relação folha x haste, porque assim a digestibilidade será maior.

Ele deve usar bons equipamentos para fazer bons fardos que vão ser plastificados, não deixar de usar o inoculante, armazenar as bolas na posição vertical e tomar muito cuidado para não perfurar o plástico, principalmente quando fizer a descarga”, sugeriu.

O assunto foi destaque esse ano com o alerta para o correto manejo do capim Massai (Panicum) em piquetes para a tropa de cavalos.

Veja!!

“O capim Massai foi desenvolvido para ser uma forrageira de bastante folha e pouco talo, e o animal deve comer bastante folha com o mínimo de talo. Quando o cavalo tem acesso e há a ingestão do capim já com muitos talos, ocorre a constipação do sistema digestivo, lembrando que cavalos não vomitam, então só há uma via para sair. Isto gera cólica e a morte dos animais”, resumiu.

Segundo o professor da Esalq-USP, Cláudio Haddad, há muitos casos de mortalidade de equinos em piquetes cobertos pela forrageira.

Mas o professor ofereceu uma saída para o problema. “A solução básica é dividir o piquete em duas, três, até quatro unidades e manejá-las para que haja sempre pastejo em cima de folhas, não de talos. Como ele consegue isso?

Quando vai se perdendo o momento ideal de pastejo do cavalo, com o crescimento rápido do capim e pela formação de talos, pode-se fazer o uso da roçadeira. Isto vai estimular novo crescimento de folhas, que são inócuas à saúde do animal e possuem alto valor nutritivo”, indicou.

”Jamais deixe formar talo de massai em piquete com cavalo em cima.”

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Photo by seppe machielsen on Pexels.com

O cultivo Massai foi liberado em 2001. Massai é um híbrido espontâneo entre Panicum maximum e P. infestum, e foi coletado na Tanzânia, África, pelo Institut de Recherche pour le Développement (IRD).

A planta tem como característica o crescimento formando touceiras com altura média de 60 cm. Possui excelente produção de forragem com grande velocidade de estabelecimento e de rebrota, com média tolerância ao frio e boa resistência ao fogo.

Quando comparada a outras cultivares de P. maximum, o capim-massai apresenta-se mais adaptado às condições de baixa fertilidade do solo, com boa resistência ao ataque da cigarrinha-das-pastagens.

Avaliado em pastejo rotacionado por quatro anos, suportou 3,1 e 1,2 UA/ha durante o período das águas e da seca, respectivamente, apresentando ganho médio de 620 kg de peso vivo por hectare ao ano.

É importante, especialmente os pecuaristas, ficarem alertas.

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