Cerveja e queijo: a alquimia dos negócios artesanais
A história de sucesso dos irmãos Bruno e Juliano Mendes nos mostra que apesar de serem produtos distintos, cerveja e queijo podem ser aliados de negócio. Especializando-se no mercado artesanal, os empreendedores se destacam ao oferecer produtos diferenciados e de qualidade, desafiando marcas comerciais.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!O início de uma transformação
Ao fundar a Eisenbahn, cervejaria de Blumenau, os Mendes revolucionaram o mercado de cervejas, apostando em sabores intensos e aromas ousados. Quando adquiriram a queijaria Pomerode, em Santa Catarina, em 2013, repetiram a fórmula de sucesso. A aposta na valorização de produtos artesanais e autênticos foi certeira, conquistando vários reconhecimentos internacionais.
*Origens e aprendizados*
O espírito empreendedor dos irmãos Mendes tem sua raiz nas gerações passadas, os quais já seguiam o mesmo caminho de diversificação dos negócios. Aproveitando a expertise adquirida com a cervejaria, os irmãos souberam explorar as oportunidades do mercado de queijos, como a valorização do produto local, identificando-se um nicho de consumidores cada vez mais em busca de produtos autênticos.
*Perspectivas para o futuro*
O desafio agora é consolidar a presença da Pomerode em diversos mercados e continuar aprimorando a qualidade dos produtos. Investimentos em marketing, expansão de vendas e manutenção da qualidade dos produtos são as principais estratégias para manter o crescimento de uma das empresas catarinenses mais respeitadas nesse setor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Qual a relação entre cerveja e queijo? Num primeiro momento, é difícil encontrar conexão entre as duas coisas – a não ser, talvez, que ambas são o alimento e a bebida predileta de muita gente por aí. E que você pode encontrar os dois na mesa de um bar: a cerveja para beber, o queijo, para beliscar.
Para os irmãos Juliano e Bruno Mendes, os dois produtos significam negócio. E mais: a possibilidade de chacoalhar o mercado.
Os irmãos Mendes são os fundadores da Eisenbahn, cervejaria de Blumenau, em Santa Catarina, que foi vendida em 2008 para o grupo paulista Schin, hoje parte da holandesa Heineken.
Cinco anos depois, compraram um laticínio e criaram a Pomerode, uma queijaria artesanal localizada na cidade de mesmo nome, a 175 quilômetros da capital Florianópolis.
Nos dois negócios, algo em comum: a tentativa de popularizar produtos artesanais, criando um mercado para disputar com os itens comerciais.
“Quando a gente começou a cerveja, as marcas comerciais que estavam no supermercado eram suaves, sem aromas, com pouco sabor. Nós trouxemos uma amarga, aromatizada, lembrando café”, diz Mendes. “Isso chocou muito. Mas hoje, a IPA é uma das mais vendidas. Com o queijo, a mesma coisa. O queijo artesanal tem um sabor mais forte, assim como seu cheiro. E o consumidor vai se acostumando”.
A Pomerode está trabalhando para fechar 2023 com um leve crescimento frente a 2022, quando enfrentou uma dificuldade setorial. Em meados do ano passado, o litro do leite chegou a passar de 10 reais em algumas regiões. “Como o queijo é, basicamente, leite, teve um impacto direto no nosso resultado”.
As receitas da empresa neste ano devem fechar em 15 milhões de reais. O crescimento estimado é de 30%. O foco para o próximo ano é lançar novos produtos originais, um diferencial da Pomerode e que fez ela ser reconhecida mundialmente.
Juliano e Bruno Mendes, da Pomerode: “Começamos a perceber que o consumidor brasileiro passou a valorizar o que é daqui” (Raphael Günther/Exame)
Como a Pomerode ganhou prêmios internacionais
Quando os irmãos Mendes compraram a queijaria em 2013 para fazer queijo, tinham um objetivo: criar queijos no Brasil com a mesma fama dos europeus. Era algo que já tinham tentado fazer (com êxito) na cervejaria.
“Queríamos quebrar a imagem de que, só porque a cerveja é alemã é melhor do que a brasileira, ou só porque o queijo é francês, é melhor do que o do Brasil”, diz Juliano. “Não é porque é estrangeiro que é melhor”.
No início, a empresa até focou sua produção em queijos do tipo europeu, como os de mofo branco (feitos pelo fungo da família dos Penicillium, como o Brie e o Camembert) e do tipo Raclette (parecida com o founde).
No final de 2019, porém, resolveu fazer o primeiro queijo com receita totalmente local. É o queijo Morro Azul. A ideia foi dar o nome de um local conhecido da cidade, algo já tradicional no universo de queijos. Brie, por exemplo, é uma comuna francesa a 28 quilômetros de Paris. Gouda, uma cidade holandesa.
E Morro Azul? É um dos principais pontos turísticos de Pomerode.
“O que é produzido no Brasil evoluiu muito, e começamos a perceber que o consumidor brasileiro passou a valorizar o que é daqui”, diz Mendes.
O reconhecimento não foi só interno. O Morro Azul foi eleito, em outubro, o melhor queijo da América Latina pela organização do 35º World Cheese Awards, que elege os melhores queijos do mundo. Com esse, já são mais de 30 prêmios para a marca catarinense.
O queijo, nas especificidades técnicas, passa por um processo de produção voltado para a retenção de umidade, com o objetivo de dar alta cremosidade. Depois, ele é salgado e posteriormente envolto em uma cinta de madeira, que garante estrutura e ajuda na composição do aroma e sabor.
Hoje, o Morro Azul já não é o único queijo local feito pela Pomerode. Recentemente, lançaram o queijo Vale do Testo, com o nome do rio que corta a cidade catarinense.
Como surgiu a oportunidade de trabalhar com queijo
Juliano Mendes, sócio e queijeiro da Pomerode, lembra que o empreendedorismo está enraizado em sua família há muito tempo.
O avô era um homem de vários negócios: madeireira, curtume, imobiliária, construtora. O pai herdou a veia empreendedora e também tocou os negócios da família. Os netos – Juliano e Bruno -, de certa forma, também seguiram o espírito empreendedor.
Quando terminaram a faculdade, os dois foram para os Estados Unidos estudar. Lá, viram um movimento de popularização de cervejas artesanais como a Samuel Adams. O ano era 2002. Ao voltarem para o Brasil, passaram a estudar a abertura da cervejaria e criaram a Eisenbahn.
“Um dos trabalhos que fazíamos com cerveja era harmonizar com a comida”, diz Mendes. “Bruno e meu pai foram para um congresso de cervejaria, e a palestra toda foi voltada para harmonização de cerveja com queijo. Foi nosso primeiro contato com o mundo dos queijos”.
Em 2008, venderam a marca para o grupo Schincariol, hoje pertencente à Heineken. Nos anos seguintes, passaram a cuidar de alguns restaurantes e consultorias na região de Blumenau e a estudar mais sobre o universo de queijos, até comprarem o laticínio em 2012 para abrir a Pomerode no ano seguinte.
Quais os próximos passos da Pomerode
Hoje com uma atuação mais forte no B2B e com uma loja física na cidade, a queijaria estuda como ganhar novos mercados e aproveitar também a raíz turística do município de Pomerode para seguir crescendo.
“Pomerode é a cidade mais alemã do Brasil”, diz. “A cidade vem se transformando num destino turístico muito forte por conta disso, assim como aconteceu em Gramado. Há eventos importantes que atraem muitas pessoas, e nossa loja está no centro da cidade. Temos que aproveitar isso”.
Na visão macro, já há boas diferenças da época na Eisenbahn. “Lá, começamos quase sozinho, com uma concorrência pequena”, diz. “Hoje, com queijo, não é assim. Temos várias queijarias artesanais pelo Brasil, num movimento que ganha força. E já há queijos regionais bem conhecidos, como os queijos da Serra da Canastra”.
O desafio, mesmo, agora é fazer com que esses queijos cheguem ao consumidor final e disputem espaço na gôndola com os queijos industriais. Processo que, aos poucos, vêm sendo superado. Quando compraram a queijaria em 2013, ela faturava 400.000 reais anuais. Agora, já passa dos 15 milhões de reais.
Como deram esse salto?
- Melhorando a parte comercial, abrindo novos clientes. “Estruturamos um time comercial que ia até os supermercados e apresentava o produto para nosso parceiro varejista”, afirma Mendes.
- Investindo em marketing, usando os aprendizados da época da cervejaria. “Cerveja tem um dos melhores marketings do Brasil, e tivemos que aprender para entrar no jogo”, diz Mendes. “Usamos esse aprendizado com o queijo”.
- Investindo na qualidade do produto. Também usando o aprendizado que tiveram com a Eisenbahn, entenderam que para o público que consome produtos artesanais, a qualidade é tópico fundamental para crescimento do negócio, porque gera recomendações e vontade das pessoas de voltarem a consumir.
- Focando na expansão. “Resolvemos retomar o investimento, estamos estruturando equipe comercial”, afirma. “Estamos abrindo distribuidores, e voltando produtos voltados para food service, como restaurantes, que a gente atua muito pouco. Vamos crescer nos próximos anos”.
As informações são da Exame, adaptadas pela equipe MilkPoint.
A relação entre cerveja e queijo é muito mais profunda do que parece à primeira vista. A princípio, esses dois produtos podem não parecer ter muito em comum, exceto pelo fato de que ambos são muito apreciados em todo o mundo. No entanto, para os irmãos Juliano e Bruno Mendes, ambos significam negócios e a possibilidade de inovar e impactar o mercado de alimentos.
Os irmãos Mendes são os fundadores da Eisenbahn, uma cervejaria localizada em Blumenau, Santa Catarina, que foi vendida ao grupo Schin em 2008. Cinco anos depois, eles adquiriram um laticínio e fundaram a Pomerode, uma queijaria artesanal que se concentra em popularizar produtos de alta qualidade e disputar espaço com os itens comerciais.
Tanto no setor de cerveja quanto no de queijos, os Mendes buscaram criar produtos diferenciados que desafiassem as opções comerciais disponíveis no mercado. Ao introduzirem cervejas amargas e aromatizadas, bem como queijos artesanais de sabor intenso, eles conseguiram chocar o mercado e conquistar os consumidores. Essa abordagem inovadora os levou a obter sucesso e reconhecimento, culminando em prêmios internacionais e um crescimento expressivo nos negócios.
A visão empreendedora dos irmãos Mendes é sustentada por um profundo apreço pelo que é produzido localmente e pela valorização do que é nativo. Ao oferecer queijos com receitas locais e identidade própria, a Pomerode conquistou uma reputação distinta e vem ganhando popularidade não apenas no Brasil, mas também em escala global.
O sucesso da empresa pode ser atribuído a diversos fatores, como a qualidade dos produtos, a ampla atuação no mercado e a visão estratégica. Além disso, a lição aprendida com a experiência anterior na cervejaria permitiu aos Mendes o uso de práticas de marketing eficazes e estratégias de expansão bem-sucedidas para impulsionarem o crescimento do negócio.
Com base em tudo isso, a empresa tem como objetivo lançar novos produtos originais, ampliar sua presença em diferentes mercados e continuar a inovar, aproveitando a rica tradição turística de Pomerode para alavancar seu sucesso. Assim, a Pomerode continua sua trajetória de crescimento e consolidação como uma das principais queijarias artesanais do país, buscando sempre perpetuar a valorização do produto local.
1. Qual a estratégia adotada pela Pomerode para popularizar seus produtos artesanais e disputar espaço com os itens comerciais?
Resposta: A Pomerode aposta na criação de produtos com sabores mais marcantes e aromas fortes, buscando influenciar o paladar dos consumidores e introduzi-los ao mundo dos queijos e cervejas artesanais.
2. Qual é a importância do reconhecimento internacional dos produtos da Pomerode, como o queijo Morro Azul, para a consolidação da marca?
Resposta: O reconhecimento internacional ajuda a posicionar a marca como referência em qualidade e originalidade, agregando valor ao produto e ampliando o prestígio da queijaria Pomerode.
3. Qual foi o insight dos irmãos Mendes para ampliar os negócios da Pomerode além da cervejaria e desenvolver a produção de queijos?
Resposta: O interesse do público brasileiro por produtos locais e a observação do potencial do mercado de queijos artesanais foram fatores determinantes para a expansão dos negócios da empresa.
4. Como a Pomerode planeja crescer e expandir seus mercados, considerando a forte influência turística da cidade em que está localizada?
Resposta: A empresa busca aproveitar a visibilidade turística de Pomerode para aumentar sua atuação no mercado, investindo em estratégias de marketing e parcerias com estabelecimentos locais.
5. Quais foram as principais estratégias adotadas pela Pomerode para alcançar um crescimento expressivo em seu faturamento anual?
Resposta: O estabelecimento de uma equipe comercial, investimentos em marketing, foco na qualidade do produto e a busca por novas parcerias e mercados foram estratégias chave para o crescimento da queijaria Pomerode.
FAQ sobre a relação entre cerveja e queijo
Qual a relação entre cerveja e queijo?
A princípio, pode parecer que não há uma conexão clara entre cerveja e queijo, mas ambos são produtos significativos para Juliano e Bruno Mendes, os fundadores da Eisenbahn e da Pomerode, respectivamente.
Como a Pomerode ganhou prêmios internacionais?
A Pomerode ganhou renome internacional ao criar queijos com qualidade semelhante aos europeus e adquirir destaque no World Cheese Awards.
Como surgiu a oportunidade de trabalhar com queijo?
Juliano e Bruno Mendes adquiriram interesse no setor de queijos após estudarem a harmonização de cerveja com comida durante um congresso de cervejaria.
Quais os próximos passos da Pomerode?
Atualmente, a Pomerode busca expandir seu alcance nos mercados tanto doméstico quanto internacional e aproveitar a base turística do município para expandir sua presença.
Como deram este salto de crescimento?
A Pomerode focou em melhoria comercial, marketing, aumento da qualidade do produto e expandiu seu setor comercial.