Os 250.000 hectares dedicados à produção de grãos, somados a um rebanho bovino de aproximadamente 400.000 animais, tornam o município de brasnorte uma das referências em agricultura no noroeste mato-grossense. Em 2022, o município arrecadou cerca de R$ 29 milhões com o Fundo Estadual de Transportes e Habitação (Fethab) e mesmo com essa relevância no setor, as reclamações sobre as condições da MT-170 continuam.
A estrada serve como um corredor para escoar a produção local. E os produtores rurais cobram Poder Executivo e empresas responsáveis por manter mais comprometimento, agilidade e qualidade no trecho de 190 quilômetros da rodovia.
Os desafios da MT-170 são tema de episódio 81 de Patrulha Agro.
Foto: Pedro Silvestre | Canal Mato Grosso Rural
Segundo Márcio de Almeida Silva, caminhoneiro que precisa passar pela estrada, os animais acabam mortos nas jaulas dos matadouros porque a estrada é ruim. Ele ressalta que a carga viva acaba sendo pior que a carga seca quando há necessidade de desviar os furos.
“Os companheiros que vêm na direção oposta, desviam do buraco e às vezes vão até você. Então, há muitos buracos nessa região. É aqui que temos que desacelerar mais, prestar mais atenção. A carga de trabalho acaba ultrapassando, então você acaba não tendo agilidade no trabalho”, diz o caminhoneiro.
Estrada ruim causa prejuízos incalculáveis
Para o produtor rural Aldo Rezende Telles, esses problemas geram prejuízos para os produtores, para o estado e para os caminhoneiros. Ele explica que o percurso deve ser de boa qualidade.
“As coisas não evoluíram, passamos por um período de chuva que não foi tão intenso. Assim como em outros anos, eu poderia ter trabalhado muito mais. E você vê que o progresso, a evolução da recuperação do asfalto é muito lenta. Com a distância, a qualidade do asfalto reduz a rentabilidade de qualquer atividade, seja ela agrícola ou pecuária.”
A família Rezende Telles tem um rebanho de quase 15 mil cabeças de gado na fazenda de Brasnorte. Seu foco é o sistema de criação e engorda em integração com a agricultura. Além do rebanho bovino, a fazenda investe na produção de grãos e possui quatro mil hectares de soja e dois mil hectares de milho.
Foto: Pedro Silvestre | Canal Mato Grosso Rural
A produtora rural Mariana Vilarindo Matias explica que o gado perde renda por ficar muito tempo na estrada. E que com o grão dá para conservar melhor, mas que mesmo assim há perdas.
“Começamos a ter uma pequena ideia de quanto custa este tipo de transporte. Aumenta em cerca de 10% o custo de manutenção dos caminhões. Então, tudo isso tem que ser colocado na conta do grão. Investimos, investimos, investimos e parece que quando saímos daqui não somos retribuídos”, diz Mariana.
Três empresas realizam as obras
A MT-170 tem uma extensão de 190 quilômetros pavimentados que corta todo o município de Brasnorte. Há cerca de um ano, através de concursos, três empresas assumiram a responsabilidade pelas obras de manutenção da estrada. A empreiteira da última parte do trecho conta com os serviços mais avançados.
O engenheiro civil do grupo Cavalca Construções e Mineração LTDAAparecida de Cássia, esclarece que o embasamento da estrada está bom e que necessita de alguns reparos.
Foto: Pedro Silvestre | Canal Mato Grosso Rural
“Alguns pontos centralizados, tivemos que modificar o projeto e fazer um patch profundo porque já estava comprometido, estamos trabalhando desde agosto do ano. A maior dificuldade aqui é a chuva e o trânsito, porque infelizmente o excesso de carga é muito prejudicial”, aponta.
A equipe de reportagem do Patrulheiro Agrícola entrou em contato com as outras duas empresas responsáveis pelas obras nos outros dois trechos da rodovia. Até a publicação da matéria, eles não se manifestaram.
A Secretaria de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra-MT) informou em nota que as empresas vencedoras da licitação para pavimentação da MT-170 estão trabalhando diariamente. Portanto, isso garantirá o melhor tráfego na estrada.
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