Artigo dos agrônomos Alcides Torres e Jéssica Olivier e da zootecnista Marina Mioto
As exportações de carne fecharam 2022 com bom desempenho. O Brasil foi o líder mundial em embarques de carne bovina e de frango e o quarto em carne suína. Em 2021, foi o quarto exportador de carne de tilápia.
Em 2022, em relação a 2021, os embarques de carne bovina, suína, de frango e tilápia cresceram 26,7% e a receita foi de US$ 45,4 bilhões.
O volume exportado caiu nos últimos cinco anos, apesar do protagonismo brasileiro, mas assistimos a uma recuperação. A expectativa é que, em 2023, as exportações sejam comparativamente maiores.
Carne bovina in natura
Observando o desempenho dos últimos cinco anos, as exportações de carne bovina só caíram em 2021. Após a confirmação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da “vaca louca”, as exportações para a China foram embargadas pelas autoridades brasileiras. A China é o principal importador de carne bovina doméstica.
Em pouco mais de 100 dias de suspensão, o Brasil deixou de embarcar cerca de 200 mil toneladas de carne, o que corresponde a US$ 1 bilhão.
Figura 1. exportação de carne bovina in natura.
Fonte: Secex / Elaboração Scot Consultoria
Em 2022, as exportações foram recordes em volume e receita. Apenas nos meses de maio, julho e novembro o desempenho caiu em volume – em relação aos seus pares nos anos anteriores.
Carne de porco
De 2018 a 2022, exportações de carne suína in natura aumentou 84,2% em volume. Esse crescimento se deve à China, maior importador da carne suína brasileira.
Em 2018, o rebanho suíno chinês sofreu um surto de peste suína africana (PSA), reduzindo drasticamente o rebanho. Por ser a principal carne consumida pelos chineses, a importação era um paliativo.
Assim, até 2020, as importações chinesas aumentaram. Com a recuperação gradual do rebanho suíno, a demanda chinesa por carne do Brasil vem diminuindo.
Figura 2. exportação de carne de porco in natura.
Fonte: Secex / Elaboração Scot Consultoria
Carne de frango
A China também é o principal comprador da carne de frango brasileira. No entanto, o volume importado está diminuindo. Em 2022, compraram 539,7 mil toneladas e, em relação a 2020 (672,7 mil toneladas), a queda foi de 19,8%.
A Arábia Saudita, também grande importadora, reduziu as compras. A queda foi de 27,2% na mesma comparação, totalizando 340,1 mil toneladas em 2022.
Mesmo assim, o volume exportado continuou crescendo ano a ano. Mercados foram conquistados, com outros países importando, por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Coreia do Sul, Holanda, Cingapura e México.
Tabela 1. Volume exportado para os 10 maiores compradores de carne de frango, em mil toneladas
Fonte: Secex / Elaboração Scot Consultoria
Em 2020, a pandemia de gripe (covid-19), que se alastrou a partir do primeiro trimestre do ano, afetou os embarques de carne de frango em relação ao ano anterior, cuja redução foi de aproximadamente 50 mil toneladas (1,19%).
Em 2021/22, a gripe aviária estimulou as exportações, pois os países produtores tiveram que abater grandes quantidades de frangos. O Brasil não teve ou registrou casos da doença.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que fazem parte do grupo dos 10 maiores exportadores de carne de frango, também foi um dos motivos para o recorde de exportação, já que outros países recorreram ao Brasil como alternativa.
Assim, as exportações aumentaram 4,2% em volume em 2022, em relação a 2021.
Figura 3. Exportação de carne de frango, ano a ano.
Fonte: Secex / Elaboração Scot Consultoria
carne de tilapia
A exportação de carne de tilápia, que inclui peixe inteiro ou seu filé, refrigerado ou congelado, rendeu US$ 21,6 milhões referentes a embarques de 6,67 mil toneladas em 2022. Em relação ao ano anterior, as vendas e embarques cresceram 50,9% e 56,2%, em a mesma ordem.
O principal comprador são os Estados Unidos da América, representando 85,4% do volume exportado. As compras norte-americanas aumentaram 335,5% em 2022, em relação a 2021, e totalizaram 5,7 mil toneladas.
Figura 4. Exportação de carne de tilápia, ano a ano.
Fonte: Secex / Elaboração Scot Consultoria
Expectativa para 2023
A expectativa é que o Brasil aumente as exportações de carnes. Para a carne bovina, a projeção é de que seja consumido um volume de 2,2 milhões de toneladas pelo mercado externo, para carne de frango, 4,85 milhões de toneladas, e tilápia, 11 mil toneladas.
As exportações de carne suína devem crescer, mas com um aumento menor, totalizando cerca de 1,1 milhão de toneladas.
São números exuberantes que revelam o esforço dessas cadeias produtivas em manter e melhorar a produtividade e, assim, ter produção suficiente para atender o mercado interno e atender o mercado externo, amenizando os déficits da produção de alimentos no planeta.
Referências
- ASSOCIAÇÃO Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. 2023. Disponível em: https://www.abiec.com.br/. Acessado em: 24 de janeiro de 2023
- ANUÁRIO 2022: Peixe BR da Piscicultura. Peixe BR da Piscicultura. 2022. Disponível em: https://www.peixebr.com.br/anuario2022/. Acessado em: 23 de janeiro de 2023.
- COMEXSTAT. 2023. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral. Acessado em: 24 de janeiro de 2023.
- INFORMATIVO Piscicultura Comércio Exterior. 2023. Disponível em https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1151200/exportacoes-da-piscicultura-brasileira-cresceram-15-em-2022. Acessado em: 23 de janeiro de 2023.
- Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. 2023. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery. Acessado em: 23 de janeiro de 2023.
- Scot Consultancy, banco de dados
Fonte: Scot Consultancy
