O último valor divulgado pelo CEPEA/USP fechou em R$ 3,1932 no líquido “Brasil Médio” e, ao que tudo indica, o valor ainda deve continuar em alta.
Embora o mercado de laticínios esteja cercado de volatilidade e imprevisibilidade, alguns cenários podem ser analisados com antecedência possibilitando um planejamento mais assertivo e eficaz. Durante sua palestra no 13º Fórum MilkPoint Mercado, Valter Galan, do MilkPoint Mercado, abordou todo esse cenário e as conjunturas que o contemplam.
No momento atualo mercado de laticínios tem alguns pontos:
- Baixa disponibilidade de leite devido a problemas climáticos, redução de margens e mudanças estruturais na produção;
- Demanda em declínio, mas ainda abaixo da disponibilidade, gerando aumento de preços e melhoria de margens – Destaque para os auxílios do governo, que ajudam a complementar a renda da população.
em relação a preços ao produtor, o momento é de valores recordes. O último valor divulgado pelo CEPEA/USP fechou em R$ 3,1932 no líquido “Brasil Médio” e, ao que tudo indica, o valor ainda deve se manter alto até o pagamento em agosto.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquidos), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de abril/2022).
O leite localpor sua vez, caminha na direção oposta e apresenta retiro nas duas últimas quinzenas. Mesmo que a demanda não seja tão baixa quanto a disponibilidade de matéria-prima, houve queda devido aos níveis de preços de lácteos e lácteos no varejoque provocou a maior retração nas vendas ao consumidor final.
Com as perspectivas apontando para uma demanda fria, o o apetite das indústrias por matéria-prima láctea no mercado spot diminuiu, levando às quedas observadas nos preços.
Gráfico 2.Pesquisa de preços spot
Como será o cenário do leite para o resto de 2022?
A inflação A partir de preços do leite e derivativos no varejo já apresentam um aumento significativo. Em relação a 2021, o leite UHT passou um aumento de 64% no preço de varejo em relação ao ano passadopor exemplo, enquanto o mussarela subiu 31%.
Gráfico 3. Preços do leite UHT – Varejo/SP (R$/litro)
Gráfico 4. Preços da Mussarela – Varejo/SP (R$/kg)
Fonte: Palestra Valter Galan – 13º Fórum do Mercado MilkPoint – Dados: FIPE.
Embora os preços de UHT não são maiores (analisando dados deflacionados) que os preços de meados de 2006, onde houve queda acentuada na oferta de leite, nem de 2018, com a greve dos caminhoneiros; os preços praticados apresentam um aumento significativo. A a mussarela, por sua vez, já tem o maior preço desde 2015.
Gráfico 5. Preço do leite UHT e mussarela
Na última terça-feira, 08/09, o IBGE divulgou os dados da inflação no Brasil do mês de julho, e embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo tenha encerrado o sétimo mês do ano com 0,68% de deflação — a taxa mais baixa desde 1980 — o aumento dos preços dos alimentos acelerou de 0,80% em junho para 1,30% em julho, com destaque para os produtos lácteos.
O leite longa vida apresentou alta de 25,46% em julho, após alta de 10,72% em junho. Foi o maior impacto individual no resultado do IPCA: representou 0,22 ponto percentual da taxa negativa de 0,68% do IPCA.
no grupo de leite e derivadoso aumento de preços foi de 14,06% em julho, após variação de 5,68% em junho.
Gráfico 6. IPCA – Leite Longa Vida (variação mensal)
No geraltemos sinais negativos nos volumes de vendas devido ao aumento dos níveis de preços — com alguns pontos positivos (queijos e iogurtes aromatizados) — mas no geral é negativo.
Em suma, o que há para projeção até o final de 2022?
- A disponibilidade de leite cresce, devido à recuperação da produção e aumento das importações;
- Preços elevados no varejo prejudicam o consumo;
- As ajudas oficiais trazem algum apoio de mercado, mas com efeito muito menor que o de 2020 e o esperado pelo setor;
- Os preços ao produtor caíram acentuadamente após o pagamento de setembro.
O que pode mudar essa projeção?
- Efeito maior que o esperado da ajuda governamental, com maior apoio à demanda;
- Disponibilidade do Mercosul para o Brasil abaixo do projetado (desaceleração da produção e problemas políticos na fonte).
Resultado deste cenário alternativo: queda menos forte dos preços de mercado e ao produtor.
E para 2023, o que esperar?
Walter destaca a incerteza de projetar um cenário tão volátil e de longo prazo, mas estima que devido às projeções de melhoria da rentabilidade no segundo semestre de 2022, a produção iniciará 2023 em ritmo mais acelerado, embora com uma base produtiva mais enxuta. Enfatizando a economia pós-eleitoral, com mais controles de gastos do governo e menor tendência de crescimento. E ainda fala sobre a tendência de ter um pouco mais de volume e menor crescimento econômicoos preços podem sofrer aumentos com menor intensidade.
Por fim, Valter chamou a atenção para pontos que devem ser vistos com cautela e destacou La Niña e custos de produção de leite.
Fonte: Milk Point
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