A edição deste ano, que tem como foco o tema sustentabilidade, reúne inovações que pretendem, em breve, integrar o mercado sucroenergético
A 28ª edição da FENASUCRO & AGROCANA – maior feira do mundo dedicada exclusivamente ao setor de bioenergia – apresentará as principais tendências e novidades entre os dias 16 e 19 de agosto, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho.
E com foco na agenda de sustentabilidade que vai do campo à indústria, com base na agenda global de ESG, a feira traz em sua plataforma tecnológica as principais inovações que até atraem compradores do mercado mundial. Isso porque a edição deste ano receberá mais de 40 mil visitantes, compradores do Brasil e de 23 países, que devem movimentar R$ 5 bilhões em negócios.
Segundo o diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, muitas dessas tecnologias foram pensadas justamente para reduzir o consumo de combustíveis fósseis, minimizando o efeito estufa e a emissão de gases na camada de ozônio.
“Pensar em processos que proporcionem mais qualidade de vida e exijam menos da natureza é uma tarefa desafiadora e urgente, pois só assim teremos um planeta melhor para todos e com compromissos ambientais mais viáveis a médio e longo prazo”, define.
A Fenasucro & Agrocana contará com mais de 3.000 produtos nacionais e internacionais em sua plataforma de alternativas e soluções para o setor de bioenergia.
Entre as inovações estão:
Diesel de cana-de-açúcar: parece absurdo que os caminhões utilizados na cadeia produtiva do etanol sejam movidos a diesel, que é um derivado fóssil. Diante dessa questão, que limitaria a energia 100% limpa e sustentável fornecida pelas usinas, surgiu o diesel de cana-de-açúcar, componente químico intermediário que pode ser obtido a partir do etanol, gerando primeiro N-butanol para enriquecer o produto.
Após esse processo, é misturado com um aditivo próprio que transforma o etanol em um combustível substituto do diesel, que pode ser utilizado nos veículos atuais, sem a necessidade de modificações no motor.
O trabalho é resultado de 10 anos de pesquisas realizadas em laboratórios de universidades de Curitiba (PR) e que garantem conversão de energia semelhante ao diesel comum. Entre os benefícios está a durabilidade dos bicos injetores e motores, que é muito maior por ser um combustível limpo.
De acordo com o desenvolvedor do “diesel verde”, o custo de produção também é um ponto positivo, pois, dependendo do valor relativo do etanol em relação ao diesel fóssil, o combustível à base de cana-de-açúcar pode reduzir os custos de colheita. e transporte, que representam até 10% da receita bruta das usinas.
Hibridizador movido a etanol: Os drones movidos a bateria (equipamentos aéreos não tripulados) se popularizaram na última década e se tornaram essenciais para trabalho, pulverização e também para mapeamento de áreas rurais. Porém, como a autonomia desse equipamento costuma ser pequena (em média 15 minutos), a recarga se torna necessária com mais frequência. Pensando nessa questão, no alto custo para reciclagem e também no risco de descarte das baterias, surgiu um aparelho que transforma a energia do etanol em energia elétrica, permitindo maior aproveitamento do drone.
O equipamento de biocombustível é instalado no veículo, substituindo as baterias e fornecendo energia, por meio de um processo de combustão de microgeradores. O drone funciona instalando um dispositivo que transforma a energia química do etanol em energia elétrica. E a tecnologia também aumenta a autonomia que chega até 4 horas, garantindo mais praticidade, economia e sustentabilidade para o trabalho em campo.
Geradores de Biogás: O Brasil é um país rico em recursos naturais e com forte potencial na geração de energia limpa e renovável. E um dos caminhos possíveis vem com o biogás (a partir da decomposição do bagaço da cana), que já mostrou sua eficácia e potencial dentro da matriz energética brasileira.
Nesta edição da Fenasucro & Agrocana serão apresentados equipamentos, com engenharia brasileira e motor alemão, que facilitam os processos de operação com biogás, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e com a consequente descarbonização do setor agrícola.
E o potencial é enorme, pois, até 2030, o setor de biogás planeja investir R$ 60 bilhões para entregar 30 milhões de metros cúbicos por dia de biometano – um biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás, contribuindo assim para o uso sustentável em toda a cadeia produtiva.
São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, são os estados responsáveis pela maior produção de gás biometano. E com o uso do biogás, a emissão de carbono na superfície da Terra é zero.
A linha de geradores a biogás, que tem se destacado pela alta eficiência elétrica e rentabilidade, estará presente na Feira e será financiada pelo BNDES.
Reutilização da água industrial: Atualmente, os resíduos industriais são considerados uma das principais causas de agressão ao meio ambiente, devido ao descarte de materiais que podem ser altamente poluentes para a água e o solo.
Pela legislação brasileira, os geradores são obrigados a cuidar da gestão, transporte, tratamento e destinação final de seus resíduos, sendo essa responsabilidade contínua e ininterrupta. E diante da necessidade de processos mais limpos e que onerem minimamente o meio ambiente, será apresentado durante a Fenasucro & Agrocana um equipamento capaz de recuperar cerca de 6 mil litros de água por hora, processando principalmente resíduos industriais.
Após cinco anos de pesquisa, a aplicação consolidada – que funciona por meio de desidratação mecânica e posterior compactação de sólidos – já mostrou vantagens em relação a diversos processos, além de apresentar resultados eficazes como, por exemplo, na lavagem de cascas de laranja e tomate, nos processos de etanol de milho e, por fim, na desidratação de lodo industrial da água de lavagem de gases de caldeira na produção de açúcar e etanol.
Outra finalidade desse processo é que, dependendo do resíduo, as sobras possam ser utilizadas como fonte de nutrientes para o solo, com adubação orgânica, auxiliando na sustentabilidade ambiental, que a médio e longo prazo, trará economia para a empresa , além de ser uma responsabilidade socioambiental do empreendimento industrial.
Plantio Mecanizado Automatizado: Durante a Fenasucro & Agrocana, será apresentada a máquina mais avançada do mercado em termos de plantio mecanizado. O TT8022BR tem o diferencial de ser articulado, com uma parte fixa acoplada ao terceiro ponto do trator, separada da caçamba de mudas, garantindo mais precisão e uniformidade na distribuição do plantio, paralelismo, além de reduzir o tempo de manobra.
A máquina também possui eixo traseiro autonivelante em relação ao solo, que oferece estabilidade e segurança, e durante o plantio há maior homogeneidade, pois os alimentadores não sofrem influência da gravidade. Além disso, as asas laterais da máquina podem ser abaixadas hidraulicamente, facilitando o transporte.
Com todas essas vantagens, a tecnologia e a automação dos equipamentos garantem mais assertividade durante o plantio, o que resulta em redução de perdas, baixo índice de falhas e aumento de produtividade.