No Brasil, 80% do solo de pastagem apresenta algum grau de degradação e a forragem pode ser uma alternativa em períodos de estresse hídrico; O novo híbrido de Brachiaria é altamente resistente!
Um novo material híbrido de Brachiaria, conhecido como Brachiaria Híbrida Mavunocriado em laboratório, provou ser altamente resiliente ao estresse hídrico e solo pobre em nutrientes. É o que revela um estudo do grupo de pesquisa em Ecofisiologia de Plantas Tropicais do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Novo híbrido de Brachiaria é altamente resistente à seca!
Usado como alimento para o gado no pasto, brachiaria é uma planta forrageira originária da África e trazida para o Brasil na década de 1960. Inicialmente utilizado no Cerrado, ocorreu e é conhecida hoje como a principal fonte de alimento para o gado na produção de carne e leite.
Este novo híbrido, do cruzamento de espécies Brachiaria brizantha x Brachiaria ruziziensis é o resultado de 18 anos de pesquisa e desenvolvimento genético realizado pela empresa Wolf Sementes, com sede em Ribeirão Preto (SP). Criada com a intenção de ser resistente às secas, a planta tornou-se uma opção para produtores e pecuaristas.
Sua alta resistência a períodos de estiagem está ligada às suas raízes mais longas que a maioria das braquiárias cultivadas no Brasil, permitindo buscar água em camadas mais profundas da terra e gerando maior eficiência. Também é responsável pela alta produtividade em relação a outros tipos de forrageiras, devido aos seus níveis nutricionais mais elevados.
A pesquisa sobre braquiária resistente à seca
O Grupo de Pesquisa em Ecofisiologia de Plantas Tropicais Existe há 20 anos e tem como objeto de estudo as mudanças climáticas e seus impactos no desempenho das plantas forrageiras, espécies conhecidas por servirem como forragem para pastagens e, consequentemente, como alimento para animais.
de acordo com pesquisador e pós-doutorando da USP, o biólogo Eduardo Habermann, o experimento colocou à prova esse novo híbrido, que, apesar de bem aceito no mercado, carecia de estudos fisiológicos. “Decidimos colocar a espécie à prova e realmente ver o quão resistente ela é e quais mecanismos fisiológicos podem estar associados a ela. “, diz Habermann.
“Decidimos testar a espécie e realmente ver o quão resistente ela é e quais mecanismos fisiológicos podem estar associados a ela”, diz Habermann.
O estudo foi realizado com plantio em vasos e não em campo por um curto período simulando estações secas. “O experimento consistiu em deixar metade das plantas constantemente irrigadas e a outra parte ter o abastecimento de água cortado após 30 dias, diminuindo a umidade, forçando o estresse hídrico nessas plantas. Por estar em uma panela, era uma condição artificial que levava a uma seca muito mais rápida e intensa do que normalmente encontrada em um ambiente natural.”, explica.
Durante esse período de estiagem, o estudo acompanhou a fotossíntese das plantas até chegar a zero, além de outros parâmetros fisiológicos. Em seguida, retomou-se a irrigação com o objetivo de seguir o padrão de recuperação para entender como, com que velocidade e se essas plantas conseguem se recuperar.
Dentro da divisão entre plantas irrigadas e não irrigadas, foram criados subgrupos. Em ambos os casos, houve Brachiaria que recebeu adubação NPK, principal composto agrícola à base de nitrogênio, fósforo e potássio. O outro subgrupo não recebeu adubação, criando um ambiente mais complexo e estressante.
A hipótese era que plantas não fertilizadas teriam menor capacidade de se recuperar do evento de seca. “Sabemos que quando uma pastagem não é bem adubada, o solo não é bem manejado, a produtividade será muito menor, que é o que acontece com a maior área de pastagens do Brasil.”
Levantamento da Embrapa mostra que cerca de 80% das áreas de pastagem apresentam algum grau de degradação, sendo 50% com forte degradação e outros 30% com médio grau de degradação. Apenas 20% de todas as áreas de pastagem do país estão em boas condições, diz ele.
Confirmação de Brachiaria resistente à seca
Os resultados confirmaram a característica da espécie ser resistente ao estresse abiótico, ou seja, submetida à seca e com baixo teor de nutrientes.
“Embora a produtividade seja menor devido à deficiência de nutrientes, a capacidade de resiliência da planta é grande. Outra característica é que essa espécie híbrida possui raízes fortes capazes de captar água em camadas mais profundas do solo e um sistema fotossintético e resistente, permitindo uma recuperação acelerada e a redução de áreas de pastagens degradadas”, diz Habermann.
O O estudo foi orientado pelo professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Carlos Alberto Martinez y Huaman.
Segundo o professor, um dos problemas da pecuária brasileira é a falta de biomassa para alimentar o gado durante a estação seca e que qualquer alternativa é bem-vinda; no entanto, ele ressalta que os estudos devem continuar, desta vez com plantio em campo, testando os efeitos combinados da alta temperatura e do estresse hídrico em um futuro experimento de simulação climática.
Já O coordenador técnico da Wolf, Edson de Castro Júnior, diz que as novas sementes são uma grande aliada no combate ao aumento das temperaturas no campo e com o poder de rápida rebrota da planta, o retorno dos animais ao pasto será mais rápido. “Essa tecnologia, aliada ao gerenciamento, gera rentabilidade e uma economia importante no bolso do pecuarista”, conclui.
Compre Rural com informações de Revista USPpor Filipe Locatelli
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