Novas variedades de gramas são ideais para uso em aeroportos e ferrovias

Novas variedades de gramas são ideais para uso em aeroportos e ferrovias

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A Embrapa apresenta ao mercado três variedades de gramíneas tropicais nativas do Brasil com potencial para uso em pistas de aeroportos, beiras de estradas e ferrovias, jardins públicos e domésticos. Denominadas de Aruaí, Curica e Tuim, são adequadas para cobertura vegetal de superfícies de solo, com menores custos de manutenção, relacionados à poda, quando comparadas à braquiária. Estas são as primeiras cultivares de gramíneas nativas adaptadas às diferentes condições de solo e clima do Brasil e têm um mercado potencial no país estimado em 500 milhões de reais por ano. O lançamento acontece durante as comemorações dos 50 anos da Companhia, no dia 26 de abril de 2023, em Brasília, DF.

A demanda por gramíneas tropicais nativas é forte e envolve diversos setores no Brasil. Isso porque há uma pequena oferta de cultivares adaptadas ao manejo mínimo de adubação e irrigação, e que apresentam demanda reduzida de podas.

A disponibilidade dessas cultivares para uso comercial, registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), contribui para a redução do comércio paralelo, que é muito forte nesse setor. A extração ilegal de plantas nativas, como o capim-batata, causa impactos ambientais relevantes nas áreas onde os materiais são coletados, como degradação do solo e erosão.

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Segundo o pesquisador aposentado da Embrapa Pecuária Sudeste (SP) Francisco Dübbern de Souza, que coordenou a pesquisa de 2011 a 2017, a licença dessas três gramas resulta no uso sustentável dos recursos naturais, na valorização de materiais genéticos nativos, na redução dos impactos ambientais danos, diversificação da flora cultivada e abertura de novas possibilidades de negócios e parcerias.

A pesquisadora também destaca a originalidade do projeto e o potencial de mercado. “Esse esforço representou a primeira iniciativa de desenvolvimento de cultivares de gramíneas tropicais no Brasil. Esses três produtos vão participar de um mercado potencial brasileiro estimado em 500 milhões de reais por ano”, enfatiza Souza.

Para o vice-presidente da Associação Nacional da Grama Legal, Maurício Zanon, as novas variedades se enquadram nas características que validam uma espécie de gramínea a ser produzida. “Eles se encaixam em nosso sistema de produção, técnicas; são formados em tempo razoável e produzem um bom tapete, o que nos permite entregar um produto de qualidade aos nossos consumidores. Já temos informações de mercado e por isso apostamos nessas variedades”, observa Zanon.

Produtos contribuem para diminuir o mercado ilegal de gramas no Brasil

O Aruaí já está sendo comercializado, sob demanda, por produtores credenciados. Indicado principalmente para locais com menor suporte tecnológico, que requerem cultivares mais rústicas, o Aruaí (Paspalum notatum var. notatum) apresenta bom desenvolvimento em condições de baixa fertilidade do solo e boa tolerância a períodos de estiagem. “É semelhante ao capim Mato Grosso, vendido principalmente no estado do Mato Grosso do Sul. Cobre rapidamente o solo, tem um verde muito intenso, tem baixa densidade de pelos (responsáveis ​​pelo prurido), o que o diferencia do capim-batata comum, é bastante vigoroso, tolera a infestação de pragas e ervas daninhas e tem tolerância moderada ao sombreamento. Outra característica importante é sua rápida recuperação vegetativa. Todas as gramíneas tropicais perenes, no inverno, entram em dormência. Aruaí retoma o desenvolvimento vegetativo no final do inverno e início da primavera, nas primeiras chuvas”, diz o pesquisador Marcos Gusmão, atualmente coordenador do projeto.

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Um ponto desfavorável é que, em experimento no Rio Grande do Sul, foi caracterizada sua baixa tolerância à geada.

O capimicultor e agrônomo Eduardo Miranda, de Campo Grande (MS), aposta em Aruaí. Ele enfatiza a qualidade, origem genética e padrão do material. “Existem variedades extrativistas muito parecidas com a Aruaí, mas não padronizadas; são colhidas à mão e misturadas com pragas. Faltava uma cultivar nacional, nativa, rústica, que permitisse a produção de tapetes padronizados”, explica Miranda.

Tuim e Curica estão registrados e devem estar à disposição do mercado em um prazo maior. Tuim também é uma cultivar de Paspalum notatum var. notatum, mas um ecótipo de folha estreita. Tem potencial para ser utilizado como gramado para cobertura do solo em diversas regiões do Brasil. Pode ser cultivada, por exemplo, em jardins públicos, domésticos e industriais e ao longo de estradas, ferrovias e pistas de aeroportos. Serve anti-erosão e também fins ornamentais.

“O Tuim tem um grande potencial. A aparência é mais delicada que Aruaí. Além disso, é resistente e possui rusticidade semelhante ao Aruaí. Outro ponto positivo é a resistência a herbicidas”, diz Miranda.

O produtor de capim acredita que a barreira para a produção de capim hoje é a falta de espaço físico para a expansão dessa cultivar.

Curica (Axonopus parodii) pode ser cultivada para controlar a erosão, supressão de plantas invasoras e demandar um número reduzido de podas. Sua coloração é verde escura, possui baixa produção de matéria seca e densa cobertura da superfície do solo. É recomendado para regiões úmidas do Brasil. No entanto, a resistência devido à tolerância às cigarrinhas típicas de pastagens contribui para o aumento da população desses insetos.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)



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