“BRS 7180 IPRO é um material com grande diferencial para a região do Cerrado” – assim define o pesquisador André Pereira a nova cultivar de soja lançada pela Embrapa. Ele se refere à resistência aos nematoides-das-galha Meloidogyne incognita e M. javanica, principais limitantes da produtividade presentes apenas em nosso país.
Ferreira explica que quanto mais a produção se intensifica, mais se agravam os problemas causados pelos pelos nematóides formadores de galhas, vermes nativos de dois sistemas de produção brasileiros. Uma das estratégias para reduzir sua população é justamente o uso de variedades resistentes, como a desenvolvida pela Embrapa.
Uma cultivar apresenta alto potencial produtivo, ultrapassando 70 sacas em áreas de alta fertilidade. O pesquisador relata que produtores que enfrentavam dificuldades devido à presença de dois nematóides em suas propriedades conseguiram colher mais 20 safras por hectare, onde antes não colhiam mais de 40. Os nematóides atacam as raízes e reduzem sua capacidade de absorção de água e nutrientes, comprometendo a produtividade das plantas.
Com ciclo de 120 dias, a BRS 7180 IPRO possibilita o plantio da segunda safra com milho ou outras culturas, seguida da produção de capim para alimentação animal. “Essa é uma característica importante dentro do atual cenário de produção do Cerrado, pois a janela de chuvas da região permite que seja feita na segunda safra, já que materiais utilizados de ciclo curto na primeira safra”, característica apresentada pelo nova cultivar. Ela também pode ser utilizada como componente de dois sistemas integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e a Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O período ideal de semeadura é da segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de novembro. As sementes estarão disponíveis para plantio a partir da próxima safra.
lançar
Uma nova cultivar da Embrapa foi lançada na última quinta feira (25), durante a feira AgroBrasília 2023. É fruto de uma parceria com a Fundação Cerrados.
Ilson Alves Afonso, diretor técnico da Fundação Cerrados, instituição que apóia o programa de melhoramento da soja para o bioma, destaca a importância de os associados terem a cada ano novos materiais para atender às demandas do mercado. Afonso reforça que o principal diferencial das cultivares desenvolvidas pela Fundação Cerradas e pela Embrapa é a resistência a nematóides, característica não encontrada em nossos materiais oferecidos pelas multinacionais: “O nematóide é conhecido em todo o País e atinge praticamente todos os produtores brasileiros. Então esse é um diferencial interessante que garante nossa competitividade no mercado”.
Durante o evento, o chefe-geral da Embrapa, também pesquisador da soja, destacou que os nematóides são inimigos silenciosos. “De todos os problemas que tentamos resolver por meio da pesquisa, os relacionados à raiz da planta, aqueles que estão só embaixo, são os mais difíceis. O nematóide é um inimigo silencioso e hoje apresentamos uma solução para o produtor brasileiro. A Embrapa faz suas pesquisas para atender o setor produtivo e, às vezes, levantamos questões que ainda não estão nos olhos do produtor”.
Luiz Fiorese, presidente da Fundação Cerrados Além do lançamento, outras cultivares – BRS 7582, BRS 7781, BRS 7180 IPRO e BRS 8383 IPRO – estão na Mostra de Tecnologia da Embrapa na AgroBrasília. As duas primeiras são variedades convencionais que atingem boa produtividade e com possibilidade de obtenção de maior valor de mercado para atender a demanda internacional. “Os europeus dão justamente a soja para nós e fazem justamente o Brasil. Eles produzem duas mil toneladas de soja convencional por ano, mais do que o consumo é de onze mil toneladas. E ainda existe a possibilidade de a Europa pagar pelo sequestro de carbono para produtores que tenham sistemas convencionais certificados”, explica Luiz Fiorese, presidente da Fundação Cerrados.
Fonte: Embrapa