Nova cultivar de amendoim forrageiro tem alto teor de proteina

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Mudas da cultivar BRS Oquira (Foto: Célio Roberto Maia)

Desenvolvida pela Embrapa, a BRS Oquira é uma cultivar de amendoim forrageiro recomendada para pastagens consorciadas nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.

Rica em proteína e com alta produção de forragem, a tecnologia é uma alternativa para intensificar a produção de carne e leite e possibilitar uma pecuária mais sustentável a pasto.

Estudos têm demonstrado que, em lavouras adubadas e irrigadas, o teor de proteína bruta na planta chega a 29%, valor que garante alimentação de qualidade para o rebanho e melhora a produtividade animal.

Como resultado da avaliação e seleção de materiais genéticos, a nova cultivar foi testada nas condições de clima e solo dos três biomas e, entre outros aspectos, destaca-se principalmente pela alta produtividade de forragem e maior tolerância à seca.

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A pesquisa de 15 anos foi realizada em parceria com a Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Gado de Corte (MS).

A pesquisadora da Embrapa Acre Giselle de Assis, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético do Amendoim Forrageiro, explica que, diferentemente de outras leguminosas que concentram proteína nas folhas, o amendoim forrageiro também possui um alto teor de proteína nos colmos, característica dessa alta qualidade.

Nos experimentos sem adubação e irrigação, a cultivar BRS Oquira apresenta 22% de proteína bruta, teor de fibra em torno de 43% e 68% de digestibilidade da matéria seca (forragem).

“Quando adubada e irrigada, o percentual de proteína na planta pode chegar a 29%, com digestibilidade de 75%, valores semelhantes aos da alfafa (Medicago sativa), uma das leguminosas mais utilizadas no mundo devido à excelência da forragem produzida. As pastagens consorciadas com essa leguminosa fornecem aos animais os nutrientes necessários para produzir carne ou leite no pasto, aumentam a produtividade do rebanho e ajudam a tornar esses sistemas pecuários mais eficientes e competitivos.”enfatiza Assis.

Mais ração para o gado – Por ser nutritivo e palatável, o amendoim forrageiro pode ser utilizado na dieta de bovinos, equinos e ovinos, sob pastejo direto, em pastagens consorciadas com gramíneas, em plantios puros que funcionam como bancos de proteína ou fornecidos no cocho como forragem verde picada, feno e silagem.

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BRS Oquira também apresentou alto desempenho na produtividade de forragem, em relação às demais cultivares de amendoim forrageiro.

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Viveiro de amendoim forrageiro (Foto: Giselle de Assis)

Nas lavouras sem adubação e irrigação, a cultivar produziu entre 13 e 16 toneladas de massa seca de forragem por hectare/ano na Amazônia, enquanto, no Cerrado, a produção variou de 10 a 13 toneladas por hectare/ano.

No bioma Mata Atlântica, experimentos adubados e irrigados produziram entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare/ano. “Esse desempenho representa um aumento que varia de 10% a 44% na produtividade da forragem, capaz de proporcionar ganhos reais na produtividade do rebanho”aponta.

Alta resistência e longevidade – Além do alto valor nutricional e alto desempenho na produção de forragem, os estudos revelaram alta superioridade da BRS Oquira em outros aspectos que influenciam na eficiência da tecnologia.

“Em todas as avaliações comparativas, a cultivar apresentou maior tolerância à seca. Em localidades do Cerrado, onde a estação seca é mais longa, em torno de cinco meses, e severa, perdeu folhas e apresentou ressecamento dos caules, mas rebrotou vigorosamente com o retorno das chuvas. Essa alta capacidade de reprodução vegetativa faz com que a planta permaneça no pasto por muitos anos, sem a necessidade de replantio”diz o pesquisador.

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Outra característica que confere perenidade às pastagens consorciadas com a cultivar é que, mesmo associado a gramíneas maiores, sob condições de sombreamento, desenvolve-se bem.

Além disso, por ser uma espécie estolonífera (possui caule com vários pontos de enraizamento), pode se multiplicar rapidamente no pasto e cobrir completamente o solo, aspecto que evita processos erosivos e confere persistência no pastejo e pisoteio pelo gado. .

Os resultados da pesquisa também mostraram que a nova cultivar de amendoim forrageiro também é tolerante a solos encharcados.

Essa característica permite o consórcio com gramíneas adaptadas a essa condição, em áreas acometidas pela síndrome da morte do braquiarão, doença associada ao encharcamento do solo e ao ataque de fungos, considerado o principal fator de degradação das pastagens na Amazônia.

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Impactos na produtividade animal – O consórcio de gramíneas com a cultivar de amendoim forrageiro BRS Oquira também melhora o desempenho produtivo do rebanho.

Resultados parciais de estudos em andamento mostram que, enquanto em pastagens formadas apenas com gramíneas os animais ganharam 450 gramas por dia, em pastagens consorciadas com BRS Oquira o ganho de peso aumentou para 566 gramas/animal/dia, um aumento de 25% na produtividade do rebanho.

Segundo Sales, o tempo de permanência dos animais manejados em pastagens consorciadas com amendoim forrageiro reduz em cerca de 35%, em relação aos manejados em pastagens exclusivas, ganho substancial que minimiza gastos com insumos e cuidados com o rebanho, que influenciam diretamente na produção custo.

“Os números mostram que, além do potencial de aumentar a produção de arrobas de peso vivo por hectare/ano, o BRS Oquira tem o diferencial de acelerar o ganho de peso dos animais e tornar os sistemas de criação e engorda do gado mais eficientes”notas.

Recomendações para consórcio – BRS Oquira é altamente compatível com todas as cultivares de gramíneas do gênero Brachiaria, Cynodon e Panicum maximum.

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Recomendada para cultivo em solos úmidos de média fertilidade, com texturas que variam de argilosa a arenosa, a tecnologia pode ser adotada por pequenos, médios e grandes empreendimentos rurais.

Carlos Maurício Andrade, também pesquisador da Embrapa Acre, explica que a formação de pastagens em parceria com a BRS Oquira pode ser feita com o plantio simultâneo de gramíneas com a leguminosa, durante a reforma da pastagem, ou com o plantio em pastagens já estabelecidas.

A cultivar deve ser plantada durante a estação chuvosa, quando há chuvas regulares e o solo está úmido. O primeiro passo é adquirir mudas certificadas para formação de viveiros na propriedade, multiplicação de plantas e posterior plantio.

“A formação de pastagens consorciadas com amendoim forrageiro requer um pouco mais de atenção e planejamento do que pastagens de capim puro. A realização de todas as etapas deste processo de acordo com as recomendações técnicas é essencial para garantir a máxima eficiência da tecnologia. O esforço do produtor será recompensado a médio e longo prazo, com uma pastagem mais produtiva e persistente, autossuficiente em nitrogênio e com baixo custo de manutenção”enfatiza o pesquisador.

Fertilizante natural para pastagens – A cultivar BRS Oquira também é capaz de realizar a fixação biológica de nitrogênio em pastagens, processo que melhora a fertilidade do solo e contribui para o desenvolvimento das plantas.

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Segundo o pesquisador da Embrapa Acre Maykel Sales, por meio da associação com bactérias que vivem no solo e se alojam em suas raízes, a leguminosa capta nitrogênio do ar e o disponibiliza para as plantas.

“Em pastagens consorciadas, implantadas de acordo com as recomendações da pesquisa, a planta pode incorporar até 150 quilos de nitrogênio por hectare/ano, um ganho que corresponde a 300 quilos de uréia por hectare/ano. Essa adubação natural, fornecida continuamente ao pasto, aumenta a produção de forragem e a produtividade dos rebanhos, tanto na pecuária de corte quanto nos sistemas leiteiros, com redução nos gastos com fertilizantes nitrogenados, como uréia e sulfato de amônio, e nos custos produção do sistema”enfatiza o pesquisador.

Lançamento de tecnologia – A cultivar BRS Oquira será lançada no dia 8 de novembro, durante um dia de campo na área experimental da Embrapa Acre, com a participação de produtores rurais, gestores de fazendas, viveiros e técnicos que atuam no apoio à pecuária.

A tecnologia é registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e será comercializada por viveiristas de quatro estados (Acre, São Paulo, Minas Gerais e Ceará), credenciados pelo Mapa e licenciados pela Embrapa.

No Acre, a produção estimada de mudas da cultivar é de 16 toneladas por ano, com colheita a cada quatro meses.

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Segundo Paulo Beber, proprietário do viveiro Agro Yaco, a colheita do primeiro lote está prevista para o final de novembro. Ter mudas de qualidade é essencial para ampliar o uso da tecnologia, mas para aproveitar suas vantagens é necessário realizar o plantio e o manejo de forma adequada.

“Com os materiais comercializados, vamos repassar essas e outras diretrizes de pesquisa que ajudam a manter a qualidade genética e o bom desenvolvimento da cultivar. Seguir essas recomendações beneficia os produtores, que terão pastagens mais produtivas; as empresas parceiras, que poderão ampliar a produção de mudas; e tecnologia, que será cada vez mais difundida”diz.

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