O presidente Lula embarca em viagem oficial à China no domingo (26) com uma missão em prol da agricultura nacional: tratar do fim do protocolo sanitário que determina o autoembargo pelo Brasil às exportações de carne bovina em caso de detecção de Doença da vaca louca.
+ ‘China deve voltar comprando bem’, avalia especialista
A informação de que o presidente brasileiro tratará do assunto foi divulgada pela primeira vez na tarde desta sexta-feira (24), por Miguel Daoud, comentarista do Canal Rural. Ele falou sobre esse desafio presidencial ao participar do telejornal ‘Mercado & Empresa’.
“O presidente Lula vai à China no domingo e uma das coisas que vai pedir ao governo chinês é que mude o protocolo nessa questão da vaca louca quando o caso for individual”, disse Daoud ao conversar com a jornalista e apresentadora Flávia Macedo. “E foi o que aconteceu”, continuou, referindo-se à situação registrada em 23 de fevereiro no Pará.
“Pode ser que o presidente traga na bagagem a modificação deste protocolo, que suspende automaticamente a exportação de carne em caso isolado de vaca louca”, continuou o comentarista. Nesse sentido, observou: será uma boa notícia para a agricultura nacional.
O caso isolado citado por Daoud refere-se à forma atípica da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), doença popularmente conhecida como doença da vaca louca. Ao contrário do tipo clássico, o caso atípico acomete animais em idade avançada e não representa risco de contaminação aos rebanhos e não afeta a saúde dos seres humanos.
Mesmo assim, o atual protocolo sanitário-comercial vigente entre Brasil e China determina o autoembargo automático das exportações de carne bovina em caso de doença da vaca louca, mesmo que a tipologia seja atípica. Pecuaristas e entidades do setor produtivo defendem que esse acordo seja revisto pelos dois países.
China, Brasil, EUA, Lula, autoembargo e Carlos Fávaro
Carlos Fávaro é Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil | Foto: Guilherme Martimon/Mapa
Em sua participação na edição desta sexta-feira do ‘Mercado & Companhia’, Miguel Daoud abordou outros dois temas, mas que também envolvem as relações entre Brasil e China. Primeiro, ele chamou a atenção para o acirramento das tensões entre chineses e Estados Unidos, o que pode fazer a agricultura nacional ganhar ainda mais espaço no abastecimento do mercado do país asiático.
Daoud também elogiou o trabalho do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que chefia a delegação que está em Pequim desde o início da semana. Na quinta-feira, Fávaro liderou as negociações que resultaram na fim da suspensão das importações chinesas de carne bovina brasileira — que estava parado desde 23 de fevereiro, quando justamente o Brasil foi notificado de um caso atípico de doença da vaca louca.
“[Carlos Fávaro] começa a prestar serviço e a ganhar a confiança dos produtores” — Miguel Daoud
“Ele [Fávaro] não só mostrar serviço com o patrão [Lula], mas também melhora muito sua imagem junto ao agronegócio”, disse Daoud. “Ele começa a prestar serviço e a ganhar a confiança dos produtores”, acrescentou o comentarista do Canal Rural.
_____________
Editado por: Anderson Scardoelli.
_____________
Aprenda em primeira mão informações sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo. Acompanhe o Canal Rural no Google Notícias.
Foto: Abiec