As mudanças climáticas já estão moldando significativamente o cenário agrícola brasileiro. Os padrões de temperatura e os padrões de chuva estão mudando, com menos água disponível e secas mais longas. Consequentemente, há sérias implicações não apenas para a energia hidrelétrica e o uso urbano de água, mas principalmente para a agricultura.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Segundo o mais recente relatório do Grupo Banco Mundial, as mudanças climáticas, a interação entre mudanças climáticas, desmatamento e expansão de áreas de pastagens de baixa intensidade, especialmente no bioma Amazônia, é uma ameaça direta aos principais ecossistemas brasileiros.
As consequências para a agricultura são graves e podem piorar com o tempo. Com 76% das emissões do país entre 2000 e 2020 provenientes de mudanças no uso da terra, incluindo desmatamento e agricultura, o Brasil tem o desafio de reverter esse quadro e tornar a agricultura mais sustentável.
No entanto, apesar do cenário preocupante, o Brasil tem potencial para atingir seus objetivos de desenvolvimento, aumentar a resiliência e atingir a meta de zerar as emissões líquidas até 2050. Isso será possível com a implementação de medidas de investimento e políticas setoriais em três áreas essenciais de intervenção: desmatamento e agricultura; setor de energia, incluindo eletricidade; e cidades e sistemas de transporte.
No contexto da agricultura, o desmatamento ilegal é um desafio significativo, muitas vezes ocorrendo em terras não destinadas e incentivado por subsídios, políticas de crédito rural e a estrutura do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). É preciso reformar esses incentivos para que não promovam a conversão de terras para agricultura de forma insustentável.
O setor privado pode desempenhar um papel crucial na agricultura do futuro, investindo em atividades que resultem na remoção de emissões, como produção agroflorestal e restauração de pastagens. A implementação de uma agricultura inteligente para o clima e o aumento da produtividade agrícola também são áreas-chave para investimento.
Para redirecionar os recursos públicos para a ação climática, seria benéfico vincular o acesso ao crédito subsidiado à adoção da agricultura climaticamente inteligente e apoiar o registro de agricultores no CAR. O redirecionamento dos subsídios existentes, incluindo aqueles destinados à indústria de carne bovina, também poderia liberar recursos significativos para investimentos em práticas agrícolas sustentáveis.
Por fim, é importante lembrar que, embora os desafios sejam consideráveis, o Brasil tem vastas oportunidades para liderar a transição para uma agricultura sustentável e resiliente ao clima. As decisões tomadas agora moldarão o futuro do país nas próximas décadas.
Material elaborado pelo meteorologista Gabriel Rodrigues com revisão de Seane Lennon.*
