Chicago fecha dia, semana e mês em alta impulsionada por problemas de safra e queda de estoques
A sexta-feira (30) chega ao fim com os preços futuros do milho registrando movimentos de alta na Bolsa de Valores do Brasil (B3). As principais cotações oscilaram entre R$ 89,80 e R$ 96,99.
O vencimento novembro/22 foi cotado a R$ 89,80 com valorização de 0,86%, janeiro/23 valeu R$ 94,35 com ganho de 0,59%, março/23 foi negociado a R$ 96,99 com alta de 0,47% e maio/ 23 teve valor de R$ 95,95 com acréscimo de 0,56%.
Na comparação semanal, os contratos brasileiros de cereais acumularam valorização de 0,77% para novembro/22, 1,23% para janeiro/23, 1,36% para março/23 e 0,68% para o maio/23, em relação ao fechamento da última sexta ( 23).
No acumulado mensal de setembro, o milho B3 registrou altas de 0,37% para janeiro/23 e 0,30% para março/23, estabilidade para novembro/22 e perdas de 1,75% para setembro/22 e 0,57% para maio/23, em relação ao final de agosto.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a B3 acompanhou o mercado internacional em alta e o dólar em alta, o que deixa um cenário favorável para as exportações.
“O mercado está mais agressivo e firme no milho, com possibilidade para quem quiser vender com os portos melhorando hoje”, diz Brandalizze.
O papel das exportações também é destacado pelo consultor de grãos da Agrifatto, Stefan Podsclan, que ressalta que 40% do volume da segunda safra de milho de 2022 ainda precisa ser negociado.
“É algo em torno de 35 ou 38 milhões de toneladas ainda nas mãos do produtor. Com esse início de calendário com colheita no Hemisfério Norte e a pressão que pode vir com a colheita da soja em janeiro, podemos ver a partir de outubro e novembro um movimento de acomodação de preços, mas o cenário internacional continua orientando os preços em torno de R$ 90,00, ” ele diz.
Na visão da SAFRAS & Mercado, o mês de setembro termina com um desempenho muito positivo nas exportações brasileiras de milho. “Grandes volumes de negócios foram registrados ao longo do mês, em função do fator cambial e da valorização dos preços na Bolsa Mercantil de Chicago, que contribuíram para o aumento dos preços nos portos, viabilizando os embarques”.
O line-up, o cronograma de embarques nos portos brasileiros, indicava que 7,171 milhões de toneladas de milho poderiam ser exportadas em setembro, segundo levantamento da SAFRAS & Mercado. O volume já embarcado no mês chega a 4,806 milhões de toneladas. Para outubro, o line-up projeta embarques de 2,934 milhões de toneladas. No acumulado de fevereiro/22 a janeiro/23, o cronograma de embarques até o momento aponta para volumes de 26,915 milhões de toneladas de milho.
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho movimentou pouco no último dia da semana. A única desvalorização identificada pelo levantamento feito pela equipe do Notícias Agrícolas foi no Porto de Santos/SP. A única valorização ocorreu na praça Brasília/DF.
Confira como foram todas as cotações desta sexta-feira
Segundo análise diária da Agrifatto Consultoria, “no mercado físico de milho, a queda de braço entre compradores e vendedores manteve o cereal sendo comercializado em média R$ 84,00/sc, em Campinas/SP”.
Para o mercado interno, a SAFRAS Consultoria destaca que o mês de setembro foi marcado por um grande impasse entre compradores e vendedores nos negócios envolvendo milho, o que possibilitou um curso muito fraco de comercialização.
“Produtores e consumidores não chegaram a um consenso, tanto que o spread do preço do cereal entre compra e venda variou entre R$ 2,00 e R$ 3,00 na maior parte do mês, principalmente no Paraná e em São Paulo. . O mês de setembro também foi marcado por grandes dificuldades em termos de logística, devido às altas taxas de frete, o que prejudicou o movimento de compra de milho pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados que demandam grandes volumes do cereal e têm déficit elevado na disponibilidade de fornecer”.
Mercado externo
A Bolsa de Valores de Chicago (CBOT) também encerrou suas atividades nesta sexta-feira com as cotações internacionais do milho operando no campo positivo e acumulando ganhos tanto semanais quanto mensais.
O contrato dezembro/22 foi cotado a US$ 6,77, com valorização de 8,00 pontos, março/23 valeu US$ 6,84, com alta de 8,00 pontos, maio/23 foi negociado a US$ 6,84 com ganho de 7,00 pontos e julho/23 teve valor de US$ 6,78 com alta de 5,75 pontos.
Esses índices representaram altas, em relação ao fechamento da última quinta-feira (29), de 1,20% para dezembro/22, de 1,18% para março/23, de 1,03% para maio/23 e 0,89% para julho/23.
Na comparação semanal, os contratos de cereais norte-americanos acumularam ganho de 0,15% para dezembro/22, 0,44% para março/23, 0,29% para maio/23 e 0,44% para julho/23, em relação ao fechamento da última sexta-feira (23). .
No acumulado mensal de setembro, o milho CBOT registrou valorização de 5,35% para setembro/22, 1,04% para dezembro/22, 1,18% para março/23, 0,88% para maio/23 e 0,30% para julho/23, em relação ao fim de agosto.
Segundo informações da Reuters, o milho subiu após o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgar seu novo relatório apontando para estoques abaixo do esperado nos EUA.
“Mastigamos muito mais milho no setor pecuário por causa da seca”, explica Mike Zuzolo, presidente da Global Commodity Analytics.
O consultor de grãos da Agrifatto, Stefan Podsclan, destaca que, na virada da safra entre o ciclo 2021/22 e a safra 2022/23, os Estados Unidos terão estoques de milho de 35 milhões de toneladas, abaixo do esperado pelo mercado, que foi entre 38 e 40 milhões.
“Isso teve um impacto direto na Bolsa de Valores de Chicago e estamos vendo os futuros de milho operando no campo positivo. O mercado está na corda bamba e responde momentaneamente a esses fatores”, ressalta Podsclan.