A crise na produção de leite no Brasil preocupa
A produção de leite no Brasil está enfrentando um cenário preocupante. A partida de produtores, principalmente os de pequeno e médio porte, e a diminuição do rebanho são observações alarmantes. Essa análise é fruto do estudo realizado por Rosana de Oliveira Pithan e Silva, pesquisadora atuante no Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Segundo a especialista, o abandono da atividade e a crescente centralização da produção estão em ascensão no Brasil. Esse movimento de concentração da produção em poucas mãos pode resultar em diminuição da concorrência, condução do mercado conforme interesses das empresas e aumento dos preços. Diante desse cenário, é fundamental pensar em políticas públicas que possam apoiar os produtores de leite, principalmente os de pequeno porte, evitando um grande problema social.
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Diminuição da concorrência
No estudo publicado pelo IEA, a pesquisadora aponta que essa ampla produção na mão de poucos pode aumentar daqui para frente. Como consequência, pode-se ter condução do mercado e diminuição da concorrência, atuando conforme interesse das empresas e, muitas vezes, com restrição da oferta de produtos e preços mais altos. “É importante frisar que esse modelo concentrador já ocorreu em vários setores do agro. Isso mostra a necessidade de políticas públicas aos médios e pequenos produtores, principalmente aqueles da agricultura familiar, como os assentados, que buscam uma atividade que dá garantia de uma renda mensal. A redução de sua participação na produção poderá, a curto e a médio prazo, tirá-los do mercado, trazendo grande problema social, que deve ser pensado antes que ocorra de fato”, alerta Rosana.
Aumento dos preços

O ano de 2022 foi marcado por um aumento significativo nos preços do leite, que se agravou durante a entressafra. Isso teve um impacto negativo no consumo da população, devido à situação econômica do país, caracterizada por um cenário de desemprego e redução nos salários dos trabalhadores. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou uma notável variação de 22,1% no grupo “Leites e derivados”, contrastando com uma inflação anual de 5,8%.
Os principais fatores que influenciaram diretamente os preços praticados foram:
- Redução da produção nacional com a baixa oferta de leite cru;
- Alta dos preços dos principais itens da alimentação do gado (milho e soja);
- Crescente abandono da atividade (desde 2021) com consequente queda da captação de leite pela indústria, ano após ano;
- O fenômeno La Niña, que por três anos provocou seca intensa no Sul do país (importante região produtora do produto), afetando o pasto e ainda o solo para a produção de milho;
- A mudança crescente de parte do sistema produtivo do gado para confinamento, que exige maior volume de insumos alimentares;
- Chuvas fortes na região Sudeste, que deixaram pastos extremamente úmidos; a inflação; o aumento dos preços dos combustíveis;
- A ascensão da cotação do dólar; e
- O conflito entre Ucrânia e Rússia, que trouxe distúrbios no mercado internacional.
Produção de leite


Quanto à produção de leite industrializado, houve, em 2022, uma redução de 5% em relação ao ano anterior, com quase 1 bilhão de litros a menos, o que levou à necessidade de aumento nas importações em 26,3%, especialmente da Argentina e Uruguai.
“Isso representa 10% do total consumido internamente, o que é muito preocupante”, disse a pesquisadora.
Além disso, a redução da produção de leite não é um fator isolado ao Brasil, mas vem ocorrendo em países como a Nova Zelândia (maior exportador de leite do mundo), que está com sua produção estagnada. Acontece o mesmo na União Europeia, e países da América Latina também têm tido crescimento pífio nos últimos anos. Apenas nos Estados Unidos tem havido aumento. Dessa forma, outro ponto a ser considerado é com relação à crescente adoção do confinamento na produção de leite, revelando-se uma tendência proeminente.
Esse modelo implica na exigência de maiores investimentos na nutrição do gado, priorizando alternativas alimentares. Isso se deve ao fato de que o cultivo intensificado de milho e soja acarretaria em aumentos na produção e cultivo desses grãos. “É preciso investimentos na área produtiva ou, no caso do confinamento, em tecnologia para sua implantação e alcançar maior produtividade e eficiência o que, nem sempre, o pequeno produtor tem conhecimento desses tópicos por falta de assistência técnica pública e acesso a financiamentos, ou seja, há necessidade de políticas públicas efetivas para atender esses produtores, orientando-os e propondo técnicas e tecnologias acessíveis que o ajudem, aumentando a qualidade e a produtividade do leite, sem a necessidade de altos investimentos, garantindo sua sobrevivência”, finaliza Rosana.
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O impacto da redução da produção de leite e suas implicações
Em resumo, a redução da produção de leite no Brasil, associada ao aumento dos preços e à concentração da atividade, apresenta sérios desafios para os produtores, a economia e o consumo interno. A diminuição da concorrência e o aumento dos preços podem resultar em desequilíbrios de mercado, prejudicando os pequenos e médios produtores, e impactando negativamente a população que consome o produto.
Além disso, o mercado internacional também enfrenta desafios semelhantes, com a estagnação ou baixa na produção de leite em vários países. A necessidade de investimentos em tecnologias e técnicas acessíveis é crucial para garantir a sobrevivência e a prosperidade dos produtores.
Diante desse cenário, é fundamental a implementação de políticas públicas eficazes que apoiem os pequenos e médios produtores, oferecendo assistência técnica, acesso a financiamentos e orientação para aumentar a qualidade e a produtividade do leite. Somente assim será possível enfrentar os desafios relacionados à redução da produção de leite e garantir a sustentabilidade do setor.
Desafios e oportunidades para a produção de leite no Brasil e no mundo
Garanta a sobrevivência e prosperidade dos produtores de leite, aposte em políticas públicas eficazes.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
**Produção de Leite no Brasil: Desafios e Tendências para o Futuro**
Em 2023, a produção de leite no Brasil está passando por desafios significativos, como a partida de produtores e a diminuição do rebanho. Segundo a pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Rosana de Oliveira Pithan e Silva, a centralização da produção está em ascensão, com apenas 2% dos estabelecimentos do país produzindo 30% do leite. Este cenário levanta questões sobre o futuro da atividade leiteira e seus impactos.
### FAQ sobre Produção de Leite no Brasil
#### 1. Qual é a tendência atual da produção de leite no Brasil?
De acordo com a pesquisadora Rosana de Oliveira, a produção de leite está cada vez mais centralizada, com apenas 2% dos estabelecimentos respondendo por 30% da produção nacional.
#### 2. Quais são os principais desafios enfrentados pelos produtores de leite?
A diminuição da concorrência, o aumento dos preços dos insumos e a redução da produção nacional são alguns dos desafios enfrentados pelos produtores de leite no Brasil.
#### 3. O que está influenciando os preços do leite no mercado?
Diversos fatores, como a redução da produção nacional, o aumento dos preços dos insumos agrícolas e fenômenos climáticos, estão impactando diretamente os preços do leite para os consumidores.
#### 4. Como a produção de leite industrializado está sendo afetada?
A produção de leite industrializado reduziu em 5% em relação ao ano anterior, o que levou a um aumento nas importações, representando 10% do total consumido no país.
#### 5. Quais são as perspectivas para o futuro da produção de leite no Brasil?
Com a crescente adoção do confinamento na produção de leite e a necessidade de políticas públicas voltadas para os pequenos produtores, o futuro da produção de leite no Brasil apresenta desafios e oportunidades.
A análise da produção de leite no Brasil revela desafios significativos, mas também aponta para tendências que podem moldar o futuro dessa atividade tão importante para o país. A centralização da produção, o aumento dos preços e a necessidade de políticas públicas efetivas são temas importantes a serem considerados. Como o cenário da produção de leite continua a evoluir, é essencial acompanhar de perto essas tendências e buscar soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelos produtores.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Em 2023, a produção de leite no país é preocupante. O cenário é caracterizado pela partida de produtores – principalmente os de pequeno e médio porte – e pela diminuição do rebanho.
Essas alarmantes observações provêm da análise de Rosana de Oliveira Pithan e Silva, pesquisadora atuante no Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Conforme a especialista, o abandono da atividade e a crescente centralização da produção, que historicamente esteve arraigada na esfera da agricultura familiar, estão em ascensão no Brasil.
“É uma tendência mundial, que funciona como uma estratégia que busca maior eficiência, com necessidade de escala para reduzir custos e ter rentabilidade maior”, explica.
Contudo, ainda há sinais de que a concentração da atividade ocorre na propriedade com maior escala e redução de rebanho, segundo a Embrapa. Atualmente, 2% dos estabelecimentos produzem 30% do leite do país.
Diminuição da concorrência
No estudo, publicado pelo IEA, a pesquisadora aponta que essa ampla produção na mão de poucos pode aumentar daqui para frente.
Como consequência, pode-se ter condução do mercado e diminuição da concorrência, atuando conforme interesse das empresas e, muitas vezes, com restrição da oferta de produtos e preços mais altos.
“É importante frisar que esse modelo concentrador já ocorreu em vários setores do agro. Isso mostra a necessidade de políticas públicas aos médios e pequenos produtores, principalmente aqueles da agricultura familiar, como os assentados, que buscam uma atividade que dá garantia de uma renda mensal. A redução de sua participação na produção poderá, a curto e a médio prazo, tirá-los do mercado, trazendo grande problema social, que deve ser pensado antes que ocorra de fato”, alerta Rosana.
Aumento dos preços

O ano de 2022 foi marcado por um aumento significativo nos preços do leite, que se agravou durante a entressafra. Isso teve um impacto negativo no consumo da população, devido à situação econômica do país, caracterizada por um cenário de desemprego e redução nos salários dos trabalhadores.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou uma notável variação de 22,1% no grupo “Leites e derivados”, contrastando com uma inflação anual de 5,8%.
Os principais fatores que influenciaram diretamente os preços praticados foram:
- Redução da produção nacional com a baixa oferta de leite cru;
- Alta dos preços dos principais itens da alimentação do gado (milho e soja);
- Crescente abandono da atividade (desde 2021) com consequente queda da captação de leite pela indústria, ano após ano;
- O fenômeno La Niña, que por três anos provocou seca intensa no Sul do país (importante região produtora do produto), afetando o pasto e ainda o solo para a produção de milho;
- A mudança crescente de parte do sistema produtivo do gado para confinamento, que exige maior volume de insumos alimentares;
- Chuvas fortes na região Sudeste, que deixaram pastos extremamente úmidos; a inflação; o aumento dos preços dos combustíveis;
- A ascensão da cotação do dólar; e
- O conflito entre Ucrânia e Rússia, que trouxe distúrbios no mercado internacional.
Produção de leite


Quanto à produção de leite industrializado, houve, em 2022, uma redução de 5% em relação ao ano anterior, com quase 1 bilhão de litros a menos, o que levou à necessidade de aumento nas importações em 26,3%, especialmente da Argentina e Uruguai.
“Isso representa 10% do total consumido internamente, o que é muito preocupante”, disse a pesquisadora.
Além disso, a redução da produção de leite não é um fator isolado ao Brasil, mas vem ocorrendo em países como a Nova Zelândia (maior exportador de leite do mundo), que está com sua produção estagnada. Acontece o mesmo na União Europeia, e países da América Latina também têm tido crescimento pífio nos últimos anos. Apenas nos Estados Unidos tem havido aumento.
Dessa forma, outro ponto a ser considerado é com relação à crescente adoção do confinamento na produção de leite, revelando-se uma tendência proeminente.
Esse modelo implica na exigência de maiores investimentos na nutrição do gado, priorizando alternativas alimentares. Isso se deve ao fato de que o cultivo intensificado de milho e soja acarretaria em aumentos na produção e cultivo desses grãos.
“É preciso investimentos na área produtiva ou, no caso do confinamento, em tecnologia para sua implantação e alcançar maior produtividade e eficiência o que, nem sempre, o pequeno produtor tem conhecimento desses tópicos por falta de assistência técnica pública e acesso a financiamentos, ou seja, há necessidade de políticas públicas efetivas para atender esses produtores, orientando-os e propondo técnicas e tecnologias acessíveis que o ajudem, aumentando a qualidade e a produtividade do leite, sem a necessidade de altos investimentos, garantindo sua sobrevivência”, finaliza Rosana.
