A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, nesta terça-feira (4), da reunião da Câmara Setorial do Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, que discutiu, entre outros assuntos, o mercado brasileiro de lácteos e os impactos das importações de lácteos em 2023 e a reforma tributária.
Glauco Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, contextualizou o aumento das importações nacionais de lácteos, que chegaram a 850 milhões de litros neste ano, em grande parte provenientes de países do Mercosul que têm tarifa zero nas exportações para o Brasil.
“A conjuntura de queda dos preços internacionais e o ganho de competitividade do real frente ao dólar, além dos preços internos mais aquecidos, vêm trazendo competitividade aos produtos importados”, disse o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária Leiteira da CNA, Guilherme Dias.
Segundo ele, ao comparar a produção brasileira com a argentina, fica claro que a fragmentação da produção nacional representa um grande obstáculo para a eficiência da cadeia como um todo.
Carvalho também apresentou pontos de melhoria no setor brasileiro, como eficiência da fazenda, aumento da produtividade por vaca, melhoria da qualidade do leite e mão de obra na cadeia produtiva.
Os membros da Câmara apontaram a necessidade de disciplinar o comércio internacional entre os países para que não haja prejuízos à produção brasileira de leite, que enfrenta retrocessos significativos desde a pandemia.
Dias destaca que se propôs a elaboração de estudos sobre os critérios que precisam ser observados em relação à importação de leite, principalmente quanto ao tratamento isonômico relacionado à rotulagem de alimentos em relação ao que é exigido das indústrias brasileiras, para que o livre comércio seja mantido sem comprometendo a produção interna.
“A CNA vai pedir ao governo brasileiro que esclareça o governo argentino sobre a concessão de subsídios à produção de leite naquele país na próxima reunião do Mercosul, que ocorre entre os dias 23 e 24 de agosto.”
A Confederação também tratou da necessidade de aprovação do Projeto de Lei nº 952/2020, que visa regulamentar a validade do leite em pó importado pelo Brasil.
Em relação à reforma tributária, os membros da Câmara Setorial manifestaram grande preocupação com a aprovação da medida tal como está, principalmente em relação ao aumento da carga tributária sobre a produção de alimentos, o que representaria um repasse de custos aos consumidores, contribuindo para o aumento da inflação.
A Câmara também abordou outros assuntos como a campanha da Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABVL) de incentivo ao consumo de leite no país, a campanha da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos (ABIQ) e a da Fundação Nacional de Aprendizagem Rural Serviço (Senar), Do Pequeno ao Grande, do Campo para Você, veiculado em rede nacional de televisão e em diversas mídias.
(Com cna brasil)
(Emanuely/Sou Agro)


