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Boa leitura!
No seminário “Enfrentando a resistência antimicrobiana: evidências para avançar em uma única saúde”, o Proteção Animal Mundial discutiram os desafios relacionados com resistência antimicrobiana (RAM) com especialistas e profissionais de saúde. O evento marcou o lançamento de um estudo desenvolvido em parceria com a Universidade de Bolonha sobre o uso de antibióticos na pecuária industrial intensiva e os efeitos da RAM na saúde humana, no meio ambiente e na sociedade.
De acordo com a pesquisa, realizada no Leste Asiático e Pacífico, Europa e Ásia Central, América Latina e Caribe, Oriente Médio e Norte da África, América do Norte, Sul da Ásia e África Subsaariana, o uso de antimicrobianos em animais de produção tem consumo na medicina humana, representando entre 60% e cerca de 75% do uso global de antibióticos.
Segundo a entidade, “este é um assunto preocupante para a saúde pública, uma vez que as RAM tornam-se cada vez mais difíceis de tratar, causando um aumento significativo no custo global da saúde e, em muitos casos, nas mortes evitáveis”.
A pesquisa concentrou-se nas três principais espécies terrestres (bovinos, suínos e aves) e nas seis principais espécies aquáticas (carpa, bagre, salmão, camarão, tilápia e truta) criadas em fazendas industriais, com base nas estatísticas das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“Os resultados deste estudo são um alerta urgente para o problema do uso de antibióticos na pecuária industrial intensiva. A resistência antimicrobiana é uma ameaça à saúde pública e precisa ser enfrentada com ações concretas e imediatas”, enfatiza Karina Ishida, coordenadora de Food Systems Campaigns da World Animal Protection.
O material aponta que 80% dos antibióticos usados em animais de produção são administrados em concentrações não terapêuticas. “A disseminação da RAM pode ser atribuída diretamente ao uso não terapêutico de antibióticos em animais, como promotores de crescimento e preventivos. Isso coloca em risco não só a saúde humana, mas também o bem-estar animal e o meio ambiente”, acrescenta o executivo.
A pesquisa também revelou que, entre 2018 e 2020, as fazendas industriais foram responsáveis pela produção mundial de aves (74,4%), suínos (66,9%) e bovinos (41,9%), com consumo anual de 80.541 toneladas de antibióticos, das quais 58,5 % (47.156 toneladas) foram usados nessas fazendas.
“É essencial que governo, indústria e sociedade como um todo trabalhem juntos para adotar práticas sustentáveis e responsáveis na produção animal, a fim de garantir a preservação da eficácia dos antibióticos e proteger a saúde de todos.” Karina.
Impacto
Em 2019, globalmente, as RAM causaram 403 mil mortes atribuíveis e 1,6 milhão de mortes associadas, gerando uma carga de 13,65 milhões de Disability-Adjusted Life Years (DALYs) – número de mortes e anos de vida ajustados à incapacidade) atribuíveis – e 56,84 milhões associados DALYs.
O estudo conclui que é possível reduzir significativamente o uso excessivo de antibióticos em fazendas industriais globalmente nas próximas décadas, mesmo após o crescimento populacional e o comércio internacional de produtos de origem animal.
A experiência europeia demonstra que tal redução é alcançável, e o cenário mais racional de uso de antibióticos poderia levar a uma economia global de até US$ 17,7 trilhões entre 2019 e 2050 em perda de produtividade e custos associados à resistência antimicrobiana.
Para mais informações e detalhes sobre o estudo, acesse aqui.
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**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**
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