Preço do leite Pago em agosto pode subir 10%

Embrapa prevê cenário complicado para leite nos próximos meses

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Foto: Divulgação

O cenário do mercado de leite para os próximos meses é complicado, alerta o Centro de Inteligência do Leite (CILeite), da Embrapa Gado de Leite, em nota conjuntural divulgada nesta segunda-feira (15). Segundo o CILeite, a tendência é de queda nos preços das matérias-primas. Isso pode prejudicar ainda mais a atividade dos produtores, cujas margens continuam apertadas devido ao aumento dos custos de produção, que subiram 18,1% de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período de 2021.

“Continuamos com um mercado com pouca oferta e ainda na entressafra no Sudeste e Centro-Oeste. Mas há um reajuste de preços com tendência de queda. A aproximação da safra, o crescimento do volume de leite ofertado na região Sul do Brasil, o aumento das importações e a fraca demanda interna por lácteos são as bases do cenário atual”, diz a nota.

Ainda de acordo com o CILeite, os custos continuam elevados. “Se houver quedas mais intensas nos preços ao produtor nos próximos meses, um novo desequilíbrio de oferta poderá ocorrer em 2023, após um mercado altamente volátil e difícil gerenciamento de risco”.

Leia, abaixo, o comunicado completo da situação do CILeite no mercado lácteo para os próximos meses, elaborado por Glauco Carvalho, Alziro Carneiro, José Bellini, Lorildo Stock, Manuela Lana, Marcos Hott, Paulo Martins, Ricardo Andrade, Samuel Magalhães e Walter Magalhães , pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite:

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Nota de Conjuntura Mercado de Leite e Derivados – Agosto de 2022

“Nos últimos meses, o preço dos produtos lácteos ao consumidor tem sido tema de diversos meios de comunicação em todas as regiões do Brasil. Na última divulgação do IBGE, referente à inflação de julho, o leite UHT registrou alta de 25,5% para o consumidor. O grupo de leite e derivados apresentou alta de 14%, enquanto a inflação oficial recuou 0,68%. A causa desse aumento nos laticínios é o desequilíbrio entre oferta e demanda, já que a produção de leite caiu 9% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo semestre do ano passado, prejudicada pelo aumento de custos e queda de margens. O período mais complicado em termos de rentabilidade foi o segundo semestre de 2021 e início de 2022. Com pouco leite no campo, havia forte concorrência entre os lácteos na compra do produto, elevando o preço da matéria-prima. Foi também o momento de forçar os repasses para o mercado atacadista, aproveitando o momento de escassez para recuperar margens. Os meses de maio/2022 a agosto/2022 foram melhores para a rentabilidade do setor.

No entanto, o nível de incerteza e preocupação com os preços vem ganhando espaço nos últimos dias. No mercado internacional, o cenário de crescimento econômico piorou. O risco de recessão nos EUA aumentou, as previsões de crescimento europeu são piores e a China está mostrando sinais de desaceleração do crescimento. Os grandes fundos de hedge estão reduzindo sua exposição às commodities, contribuindo para a queda dos preços, sejam metálicos, energéticos ou agrícolas. Os preços do milho caíram de US$ 8/bushel para cerca de US$ 6/bushel no mercado norte-americano entre maio e agosto. Os laticínios também caíram nos leilões recentes da plataforma GDT, com o leite em pó integral custando US$ 3.544/t em 2 de agosto, o menor preço desde 17 de agosto de 2021.

No mercado interno, em termos de custos de produção, a notícia é positiva. Em relação à evolução dos preços e das importações, o cenário é mais complicado.

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O custo de produção, medido pelo ICPLite/Embrapa, caiu pelo terceiro mês consecutivo. Em 2022, o aumento foi de apenas 1,28%. No entanto, comparando a média de janeiro a julho de 2022 com o mesmo período de 2021, chega-se a um aumento de 18,1%. Ou seja, na comparação anual, os custos continuam maiores, apesar da desaceleração recente. Nos últimos meses, a queda nos preços de concentrados, fertilizantes e combustíveis contribuiu para uma menor pressão sobre o custo de produção do leite.

No mercado atacadista de lácteos, o comportamento dos preços no início de agosto foi de queda. O leite UHT no atacado paulista registrou queda de 13% nos primeiros 10 dias de agosto, enquanto o queijo mussarela caiu cerca de 10%, segundo o Cepea. A queda no UHT foi de 70 centavos por litro e na mussarela 3 reais por quilo. No mercado spot também houve retração, pois, neste momento de aproximação da colheita, os lácteos tendem a dar preferência ao leite de seus próprios fornecedores.

Por fim, no caso da balança comercial, tivemos um julho com importações crescentes, que foi o maior volume mensal do ano. Já as exportações terminaram com o menor volume mensal do ano. A variação do preço relativo entre o produto no Brasil e o preço internacional dos produtos lácteos acabou tornando as importações mais competitivas.

De qualquer forma, continuamos com um mercado com pouca oferta e ainda na entressafra no Sudeste e Centro-Oeste. Mas há um reajuste de preços com tendência de queda. A aproximação da safra, o crescimento do volume de leite ofertado na região Sul do Brasil, o aumento das importações e a fraca demanda interna por lácteos são as bases do cenário atual. Vale destacar que os custos continuam elevados e, caso ocorram quedas mais intensas nos preços ao produtor nos próximos meses, um novo desequilíbrio de oferta poderá ocorrer em 2023, continuando com um mercado de alta volatilidade e difícil gerenciamento de riscos.”

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