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Fundos de investimento do agronegócio crescem seis vezes mais em 2022 e movimentam R$ 370 milhões em setembro; O retorno com dividendos é de até 30%

Enquanto o Selic, taxa básica de juros, segue estagnada em 13,75% ao ano, os Fiagros – fundos que investem em cadeias produtivas agroindustriais – continuam aproveitando o cenário para entregar dividendos atrativos aos investidores. O mercado Fiagro movimentou R$ 369,9 milhões em setembro, com 29,2 milhões de negócios no mês. Os dados foram divulgados pela Bolsa de Valores Brasileira, B3 (B3SA3). R$ 285 milhões foram movimentados em agosto.

Segundo levantamento de Anna Clara Tenan, CFA, especialista em Fiagros da Órama, considerando o rendimento médio pago em outubro pelos Fiagros do tipo FII (que reproduzem a estrutura dos fundos imobiliários) listados na B3, a taxa de retorno com dividendos (dividend yield) do segmento foi de 1,25% no mês.

Dado que os dividendos da Fiagros estão isentos de Imposto de Renda, o dividend yield equivalente a uma rentabilidade de 1,47%, considerando o valor bruto da tributação, superior a 130% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) no mês. Gross-up é um cálculo que permite a comparação de investimentos isentos e não isentos de impostos.

Assim, o mercado Fiagro cresceu 497% no acumulado de 2022 – R$ 61,9 milhões foram negociados no mês de janeiro. Os dados também mostram que Pessoas físicas têm 91,1% de participação na posição de custódia acumulado em setembro. Os demais foram de Investidores Institucionais (7,9%), Instituições Financeiras (0,3%), Investidores Não Residentes (0,1%) e Outros (0,6%).

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quantidade de fiagros e dividendos

Em termos de participação no volume negociado, 76% para pessoas físicas, ante 13% para institucionais, 9,2% para estrangeiros, 0,5% para instituições financeiras e 0,8% para outras.

Na visão do especialista, o cenário pode melhorar nos próximos meses, dada a queda dos juros – que, no caso da Fiagros, seria compensada pela atratividade da renda variável, aumentando o número de investidores. Segundo dados da B3, até setembro, a Fiagros listada na Bolsa contava com 116.493 investidores, sendo 115.949 pessoas físicas.

plantio de soja no bom futuro
Foto: Publicidade / Bom Futuro

O retorno com dividendos é de até 30%

A Fiagro que apresentou o maior dividend yield em outubro foi o LSAG11, do gestor Leste. O fundo entregou 1,84% no mês, com distribuição de R$ 1,92 por ação. Anna Clara explica que o LSAG11 é negociado na B3 desde abril deste ano e sempre se caracterizou por altos dividendos. Em setembro, por exemplo, o fundo pagou R$ 1,23 por cota e em agosto, R$ 1,51.

Segundo o especialista, a carteira da Fiagro tem rentabilidade de CDI mais 7,1% ao ano. O perfil das CRAs investidas é de alto risco (high yield), pois possuem dívidas dispersas, fruto de diversos produtores e cooperativas.

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Anna Clara ressalta, porém, que também existem fatores externos. O LSAG11 chegou a anunciar em setembro que havia acumulado juros de R$ 492.000, valor que, dividido entre todas as ações, corresponderia a um acréscimo de R$ 0,87 por ação, distribuídos nos meses seguintes.

A segunda maior pagadora em outubro foi a VGIA11, da Valora Investimentos. A Fiagro possui uma carteira que oferece CDI mais 5,8% ao ano, uma taxa alta na visão do especialista. Anna Clara destaca que considerando a taxa atual do CDI de 13,65% ao ano, a Fiagro tem um retorno superior a 19% ao ano.

Em outubro, a VGIA11 entregou um dividend yield de 1,55% e dividendos de R$ 0,16 por ação. Esse alto retorno também decorre de uma carteira com risco disperso, além da capacidade do gestor em originar e estruturar suas próprias CRAs.

Em terceiro lugar está o EGAF11 da Ecoagro, que teve dividend yield de 1,45% em outubro e distribuiu R$ 4,36. No entanto, Anna Clara destaca que, diferentemente dos pares, o EGAF11 paga dividendos trimestrais – em abril, julho, outubro e janeiro. Assim, os R$ 4,36 pagos seriam o acúmulo dos últimos três meses, enquanto o rendimento de 1,45% corresponde à média do período.

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Segundo o especialista, a carteira EGAF11 tem rentabilidade de CDI mais 5,5% ao ano, mas o perfil dos CRAs investidos não é de alto rendimento (alto risco). Há empresas bem conhecidas no portfólio.

“A maioria das operações do EGAF11 paga o fundo trimestralmente, semestralmente ou mesmo anualmente. Para não ter que administrar o caixa, os gestores optaram por pagar dividendos trimestralmente”, destaca. É uma desvantagem em relação à concorrência, segundo o analista, já que os pequenos investidores também têm procurado a Fiagros por conta dos dividendos mensais.

como a queda da bolsa de valores afeta o brasil
Foto: Divulgação

Por que dividendos tão altos?

A Fiagros manteve bons dividendos aos investidores devido à indexação das carteiras, majoritariamente atrelada ao CDI (principal indicador de renda fixa), que acompanha o desempenho da Selic.

Boa parte dos Fiagros, segundo Anna Clara, investe em CRAs (certificados de recebíveis do agronegócio), que historicamente possuem mais operações atreladas ao CDI. “No cenário atual de juros altos e inflação em arrefecimento (com meses de deflação pontual) essas carteiras conseguem se destacar”, explica o especialista.

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De acordo com o levantamento, em setembro, 89% das carteiras da Fiagros ofereciam CDI mais spread médio (taxa adicional) de 5,02% ao ano, retorno superior ao de agosto, que era CDI mais 4,9% ao ano. ano.

Segundo o especialista, o spread das carteiras pode ter aumentado devido a uma maior alocação de recursos captados pelos fundos. Em agosto, muitos Fiagros não poderiam ter investido os recursos arrecadados em follow-on e emissões.

A participação dos Fiagros com carteiras indexadas ao IPCA (índice de inflação) foi menor: 11% dos fundos, que ofereciam IPCA mais 8,52% ao ano, em média.

“Obviamente, devemos considerar também as despesas dos fundos, como administração, gestão, desempenho e custos de transação, que reduzem o retorno ao cotista”, destaca Anna Clara.

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O segmento, segundo o analista, tem um cenário promissor pela frente, pois integra o agronegócio, setor resiliente e defensivo que até 2021 representava 27,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Ela destaca que o crédito subsidiado não foi suficiente para atender a demanda e, por isso, o mercado de capitais tornou-se uma alternativa para empresas e produtores rurais, principalmente os de menor porte.

Com informações da SUNO e Infomoney

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