Ao longo de setembro, as empresas de lácteos tiveram dificuldades em negociar derivativos com os canais de distribuição, pois o consumo permaneceu fraco.
O preço do leite coletado em agosto e pago aos produtores em setembro registrou queda de 14,4% (ou 51 centavos de dólar por litro) em relação ao mês anterior, chegando a R$ 3,0476/litro no “Brasil Médio” líquido do Cepea. . Em relação à média de setembro do ano passado, porém, há um aumento de 19,4%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro/22). Essa diferença anual pode diminuir até o final do ano, já que o movimento de queda deve se intensificar em outubro – pesquisa do Cepea em andamento indica possível queda acima de 5% no “Brasil Médio”.
A reversão do movimento de alta, que durou de fevereiro a agosto, esteve atrelada ao enfraquecimento da demanda por lácteos – que vem pressionando os preços em toda a cadeia – e ao aumento da oferta – tanto pelo aumento da produção aumento das importações. . Esse contexto deve sustentar a tendência de queda dos preços ao produtor nos próximos meses.
Com maiores volumes de estoques de derivativos, as negociações de leite à vista também perderam força – o valor médio de Minas Gerais caiu 20,3% de agosto a setembro, atingindo R$ 2,50/litro, o menor desde fevereiro.
Ao mesmo tempo, é fato que a oferta de leite e derivados cresceu nesse período. Por um lado, houve aumento das importações, o que contribuiu para aumentar a disponibilidade de lácteos no mercado interno. Segundo dados da Secex, em setembro, o volume de lácteos importado aumentou 14,9% em relação a agosto, de modo que o déficit da balança comercial atingiu 195,4 milhões de litros em leite equivalente (ver Mercado Internacional, na página 5).
Além disso, a produção de leite se recuperou nos últimos meses. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) aumentou 4,8% de julho a agosto, quarto aumento mensal consecutivo. Com isso, desde janeiro, o ICAP-L acumula alta de 6,3% e, desde agosto de 2021, de 9,5%.
O crescimento da produção de leite deve-se aos maiores investimentos na atividade – que, por sua vez, foram viabilizados pelo expressivo aumento dos preços ao produtor (especialmente entre junho e agosto) e pela queda nos custos de produção (ver seção Custos de Produção, na página 6).
COE da pecuária leiteira cai pelo terceiro mês consecutivo
Em setembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira – considerando o “Brasil Médio” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) – caiu 0,34%. Este é o terceiro mês consecutivo de queda. Combustíveis, fertilizantes e defensivos foram os grupos de custos que caíram e, portanto, influenciaram a queda do COE no mês. De julho a setembro, o custo acumula retração de 1,17%, mas, em 2022, ainda há avanço, de 3,13%. Ressalte-se, no entanto, que a receita (preço do leite pago ao produtor) também caiu nos últimos meses.
As despesas com operações mecanizadas realizadas na propriedade continuaram em queda em setembro, situando-se em 3,08% no “Brasil Médio” – embora acentuada, essa retração foi inferior à observada em agosto, de 4,81%. A queda está ligada à queda nos preços dos combustíveis, principalmente do diesel. Mesmo assim, no acumulado do ano, esse grupo de custos apresenta alta de 3,37%.
Já para fertilizantes e corretivos, houve retração de 0,68% em setembro no “Brasil Médio”, com as quedas mais intensas sendo observadas em Goiás e São Paulo. A pressão veio da maior disponibilidade doméstica, dado o crescente volume importado pelas empresas de fertilizantes.
No caso do concentrado, principal item de custo das fazendas leiteiras, houve leve alta de 0,07% em setembro na “média Brasil”. Esse movimento deve-se ao aumento dos preços dos grãos em Santa Catarina, Goiás e Minas Gerais, que resultaram em aumentos de 0,53%, 0,34% e 0,31%, respectivamente, nos preços dos concentrados. No Rio Grande do Sul e em São Paulo, o concentrado apresentou desvalorização de 0,20% e 1,79%, respectivamente, limitando a alta da média nacional. Os diferentes movimentos de preços foram influenciados pelas diferentes condições de oferta e demanda de grãos nos mercados regionais, especialmente o milho. No ano, os concentrados registraram valorização acumulada de 1,28% no “Brasil Médio.
Diante disso, cálculos do Cepea mostram que, em setembro, o pecuarista precisou de 27,5 litros de leite para comprar uma saca de milho, contra 23,1 litros no mês anterior, mostrando uma piora no poder aquisitivo. Em setembro do ano passado, o produtor precisava de 38,8 litros para fazer a mesma aquisição.
Fonte: Compre Rural
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