Agricultores enviam 99 das embalagens de agroquimicos para reciclagem

Agricultores enviam 99% das embalagens de agroquímicos para reciclagem

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Foto: Divulgação

No Paraná, a taxa de reciclagem é superior à média nacional. Das 100 embalagens vendidas, 99 voltam ao ciclo produtivo como matéria-prima.

Há anos, o produtor rural Luis Carlos Hübner, de Teixeira Soares, no Centro-Sul do Paraná, já incorporou um processo à sua rotina dentro do portão. Ele separa as embalagens vazias de agroquímicos usadas em sua lavoura para a destinação correta. Para facilitar ainda mais o agricultor, a entrega é feita de forma itinerante, em conjunto com as equipes das centrais do Sistema Campo Limpo, que se deslocam para locais previamente determinados, para simplificar o retorno dos produtores de municípios mais distantes.

“Entregamos no sistema itinerante da Assocampos [Associação dos Revendedores de Insumos Agropecuários dos Campos Gerais]. Eles têm três datas e locais ao longo do ano, sendo dois mais próximos da propriedade. Esse modelo é excelente e muito bem organizado, e ajuda muito os produtores que não possuem um veículo adequado ou que, por algum motivo, têm dificuldade de levá-lo até as unidades”, afirma.

A Hübner faz parte de um universo de milhares de agricultores paranaenses que, desde 2021, descartaram corretamente mais de 7.000 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos, segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). Isso representa 13% do volume total do Brasil, o que coloca o Estado em segundo lugar no ranking de adesão ao Sistema Campo Limpo. A devolução das embalagens é uma obrigação legal do produtor rural, assim como a guarda da nota fiscal de compra.

Desde o início das operações, em 2002, o Sistema Campo Limpo vem se expandindo por todo o território brasileiro, consolidando o país como referência mundial na logística reversa de embalagens vazias e sobras de agroquímicos pós-consumo. Nesse período, o programa já recebeu mais de 670 mil toneladas de contêineres, o que corresponde a 94% das embalagens plásticas primárias colocadas no mercado. Ou seja, a cada 100 embalagens utilizadas no agronegócio brasileiro, 94 são descartadas de forma ambientalmente correta. Desse volume, 93% são encaminhados para reciclagem – apenas 7% são incinerados.

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No Paraná, a taxa de reciclagem é superior à média nacional. Das 100 embalagens vendidas, 99 voltam ao ciclo produtivo como matéria-prima para outros produtos, sejam novas embalagens para agroquímicos ou artefatos para outras indústrias, como automotiva e energética. Se elevarmos a comparação com outros países, o agricultor paranaense também sai na frente. Segundo levantamento do inpEV, na França, o índice de reaproveitamento é de 77%; no Canadá e na Alemanha, 73%; no Japão, 50%, e nos Estados Unidos, essa taxa é de apenas 33%.

O Programa Terra Limpa, iniciativa do governo estadual durante a gestão do ex-governador Jaime Lerner, colocou o Paraná na vanguarda da coleta, armazenamento e reciclagem de embalagens de agroquímicos. Segundo Fabio Macul, coordenador regional de operações do inpEV, isso pode ser considerado o pontapé inicial de um sistema de logística reversa. “A Terra Limpa, no entanto, esbarrou no fato de não ter feito o descarte adequado das embalagens. Com a legislação federal, em que cada elo tem suas obrigações, fechou-se o ciclo de responsabilidades com as embalagens”, destaca.

Na opinião de José Antônio Borghi, presidente da Comissão Técnica (CT) de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, os números do Paraná são fruto de um esforço conjunto. “Quando todos falam a mesma língua, temos os elos da cadeia trabalhando para alcançar os melhores resultados. O próprio produtor aguardava essa alternativa, que resolveu um problema na propriedade e a questão ambiental. Todos ganharam, principalmente a sociedade”, diz.

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Compromisso do Paraná

Segundo Rui Leão Mueller, engenheiro agrônomo do Instituto Água e Terra (IAT), que atua na coordenação do Sistema Campo Limpo, o Estado investe na capacitação das equipes responsáveis ​​pelo recebimento das embalagens, em parceria com o inpEV. “Os erros estão caindo drasticamente. Além do treinamento, controlamos processos e fiscalizamos as unidades receptoras, em conjunto com cooperativas e revendedores. Todo esse sistema foi criado para ajudar o agricultor, principal interessado”, destaca.

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O Estado possui 12 centrais de recebimento de embalagens vazias, administradas pelo inpEV, e 65 pontos de recebimento distribuídos em todas as regiões, geralmente administrados por associações de distribuidores ou cooperativas. De acordo com o IAT, existem 17 associações de concessionárias no Paraná, com 100% de participação de empresas.

Nos centros, as embalagens são prensadas e separadas após o recebimento, o que ajuda a reduzir o volume enviado ao destino final para reciclagem ou incineração. “Para as associações, é uma vantagem, pois podem direcionar suas atividades estratégicas para os pontos de recebimento e recebimentos itinerantes, importantes para os médios e pequenos agricultores”, explica Macul.

Diretrizes para produtores

Todos os cursos do Senar-PR relacionados à aplicação de agrotóxicos possuem módulos específicos sobre a destinação correta das embalagens vazias. “Os participantes recebem todas as instruções sobre os tipos de embalagens, como lavar e onde entregar. Sempre que possível, fazemos visitas aos centros e postos de recepção”, explica Flaviane Medeiros, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema Faep/Senar-PR.

Na propriedade do produtor Carlos Eduardo dos Santos Luhm, de Guarapuava, todos os funcionários foram treinados pelo Senar-PR. “Depois de perfuradas, as embalagens são armazenadas em um container e, quando atinge um determinado volume, programo a entrega, pelo menos duas vezes ao ano”, conta. “É um sistema muito eficiente que deixa o produtor à vontade, pois não há acúmulo, nem na propriedade nem na natureza”, conclui.

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Fonte: Ascom Faep/Senar-PR

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